sábado, 24 de maio de 2008

Porque hoje é sábado

Preciso dizer que te amo
(Dé, Bebel e Cazuza)
Quando a gente conversa
Contando casos, besteiras
Tanta coisa em comum
Deixando escapar segredos
E eu nem sei em que hora dizer
Me da um medo ( que medo )

É que eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
É eu preciso dizer que eu te amo
Tanto

E ate o tempo passa arrastado
Só pra eu ficar do teu lado
Voce me chora dores de outro amor
Se abre e acaba comigo
e nessa novela eu não quero ser teu amigo

É que eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
Eu preciso dizer que eu te amo
Tanto

Eu ja nao sei se eu to misturando
Ah, eu perco o sono
Lembrando em cada riso teu qualquer bandeira
Fechando e abrindo a geladeira a noite inteira

É que eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
É eu preciso dizer que eu te amo
Tanto

Quando a gente conversa
Contando casos besteiras
Tanta coisa em comum
Deixando escapar segredos
Eu nao sei em que hora dizer
Tenho medo

É, que eu preciso dizer que te amo
Te ganhar ou perder sem engano
Eu preciso dizer que eu te amo
Tanto

E até o tempo passa arrastado
Só pra eu ficar do teu lado
Voce chora dores de outro amor
Se abre e acaba comigo

E nessa novela baby eu não quero ser teu amigo
Não

E que eu preciso dizer que te amo
Te ganhar ou perder sem engano...
E que eu preciso dizer que te amo
Eu ja não sei se eu tô misturando..

Ah eu perco o sono...
Lembrando em cada riso teu qualquer bobeira...

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Espaço Aberto - Globo News

Ontem (22), no programa Espaço Aberto apresentado por Míriam Leitão, transmitido pela Globo News, o futuro ministro do Meio Ambiente falou sobre os problemas enfrentados por sua antecessora e futuras ações no novo "serviço". Leia a análise da entrevista.
A cinco dias de ser empossado ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc depara-se com dados perturbadores sobre o desmatamento na Amazônia. A história se repete. E Minc parece atravessar o mesmo percalço que trouxe à luz os entraves à atuação do Ministério do Meio Ambiente – e um dos símbolos de derrota de sua antecessora, a ex-ministra Marina Silva. Os recentes embates entre o futuro ministro e o governador do Estado do Mato Grosso, Blairo Maggi (PR-MT) – primeiro sobre a guarda ambiental, com a qual Maggi diz que não vai cooperar; depois sobre o desmatamento da Amazônia, do qual 60% dizem respeito ao Mato Grosso – mostram que os desafios que Minc terá de enfrentar estão longe de serem simples.

Além de colocar em prática atributos que demonstra ter para levar adiante uma competente gestão, o futuro ministro terá de estar atento. Quatro meses depois de Marina ter anunciado o registro feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre o aumento do desmatamento na Amazônia entre novembro e dezembro de 2007 – e ter irritado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por tê-lo feito sem a sua autorização prévia – Minc veio a público anteontem para falar sobre novas estatísticas do desflorestamento na região. Os números – a serem divulgados pelo Inpe na semana que vem – beiram o assombro: o índice de Mato Grosso cresceu mais de 60% nos primeiros cinco meses deste ano em relação ao mesmo período no ano passado.

Será preciso maestria na articulação com setores distintos para que o constrangimento por qual passou sua antecessora não se repita. Em janeiro, o alerta sobre o aumento do desmatamento na Amazônia – 3.235 km² de floresta nos últimos cinco meses do ano passado – gerou embate entre Maggi e a ex-ministra. Na época, Marina foi chamada de despreparada por ele depois de ter apontado o aumento da produção de soja e carne como responsáveis pelos índices.

Diante de divergências grandiosas, portanto, é imprescindível cooperação entre governo local, Ministério do Meio Ambiente e, não menos importante, o ministro para Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Mangabeira Unger – coordenador do Plano Amazônia Sustentável (PAS). Importa dizer que não são poucos os receosos de que tal coordenação reduza a autoridade do Ministério do Meio Ambiente sobre a agenda de desenvolvimento sustentável da Amazônia. Em recente análise publicada no site O Eco, o cientista político Sérgio Abranches avalia que essa atuação é "ameaça ao avanço de idéias que permitam preservação e discussão de uma nova agenda para a região, contemporânea e compatível aos desafios deste século".

Maestria não menos relevante será importante para um dos pontos iniciais da política ambientalista – a decisão do Conselho Monetário Nacional de bloquear o crédito de produtores sem regularização ambiental na Amazônia. Convém compreensão abrangente dos setores do governo para a região. A decisão que entrará em vigor em 1º de julho sofre possibilidade de recuo – teme-se que setores agrícolas trabalhem por sua anulação.

Para pesquisadores, o lamentável índice mato-grossense, segundo dados de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), não chega a ser surpresa. Adalberto Veríssimo, pesquisador da instituição Imazon, observou que os números seguem a tendência de crescimento do índice de desmatamento observada desde agosto do ano passado. "As medidas tomadas pelo governo para combater a devastação ainda são insuficientes", disse.

Que a troca e o tempo de adaptação da nova gestão no Ministério do Meio Ambiente não seja a senha para grileiros, desmatadores, madeireiros, sojeiros e pecuaristas atuarem livremente na região. Investir contra a Amazônia legal, seja por parte de lideranças políticas ou empresariais, é querer autorização para ocupar e desmatar. Inadimissível.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Muitas contradições

A primeira vítima do dia de ontem na CPI foi a língua portuguesa. A pobrezinha foi surrada sem dó nem piedade pelas excelências presentes.

Do governo e da oposição.“Percalço” em vez de “encalço”. “Vinculado” no lugar de “veiculado”, “expiação” em vez de “especulação”, “defamar” em vez de “difamar”. E por aí foram, garbosos e cheios de si.

O ponto alto foi um deputado obeso, que vociferava, colérico, à beira de um enfarte: “Vou empregar o pretérito perfeito!” e imediatamente começou a empregar o verbo no... futuro do pretérito!

No mais, um show de grosseria, prepotência, maus modos e falta de educação. Gritaria, gritaria, e resultado próximo de zero.

Como diz Shakespeare, discursos “cheios de som e fúria, e significando nada”.

Nada sobre quem mandou fazer o dossiê, nada sobre quem o elaborou.

Uma jornada muito penosa.

André Fernandes e José Aparecido mentiram. Várias afirmações contraditórias constituíram razões suficientes para a realização de uma acareação entre os dois.

Só alguns exemplos.

1. André afirma que não pediu emprego a José Aparecido. Aparecido apresentou um currículo de André recebido por e-mail.

2. André diz que jamais sugeriu que Aparecido procurasse a revista Veja. Aparecido afirma que André é amigo de um repórter da Veja e insistiu para que Aparecido o procurasse.

3. André diz que romperam em 2004 durante a CPI do Banestado porque se sentiu usado por Aparecido. Aparecido alega que romperam em 2003 por conta de uma história sem pé nem cabeça.

4. André afirma que Aparecido apontou Erenice Guerra como a mandante do dossiê. Aparecido afirma que André mente.

A tática dos governistas foi a de desqualificar André Fernandes, seu depoimento e seu caráter. Como não dá para inocentar Aparecido – já indiciado pela Polícia Federal –, a tática governista foi a de tentar construir uma espécie de conluio perverso entre os dois funcionários experientes e conhecedores das manhas da política, que se teriam unido com um propósito desconhecido.

A intenção do governo é virar esta página rapidinho. Mas se a chapa esquentar, entre expor a ministra Dilma Roussef a um constrangimento ainda maior e entregar na bandeja a cabeça de Erenice Guerra, adivinhem qual vai ser a atitude do governo Lula!

O presidente Lula já teve que abrir mão de auxiliares muito mais preciosos, amigos e companheiros que vinham com ele há 30 anos, e que fora, em grande parte, responsáveis por sua vitória em 2002.

Vai preservar a cabeça de uma assessora de Dilma Roussef e deixar a ministra ao relento?

Pelo sim pelo não, é melhor Erenice Guerra começar a preparar o pescoço.

(Texto extraído do comentário da cientista política Lucia Hippolíto)

Para recordar o dia de ontem

Declarações estapafúrdias na CPMI dos Cartões Corporativos


Da Rádio CBN

Trechos dos depoimentos do Zé Aparecido e do assessor André.













terça-feira, 20 de maio de 2008

Os depoimentos denotam o vazamento do dossiê

Dossiê contra FHC - A consagração do "Eu não sabia"

José Aparecido, ex-chefe da Secretaria de Controle Interno da Casa Civil, é o exemplar mais ilustre da categoria dos homens que "não sabiam", uma das marcas futuras do governo Lula.

Ele simplesmente desconhecia tudo e qualquer coisa.

Não sabia para que lhe pediram a cessão de dois funcionários. Não sabia que um dossiê estava sendo produzido. E não sabia que remetera o dossiê (ou melhor: "banco de dados") para André Fernandes, assessor do senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
Como não sabia que mandara o dossiê, não poderia saber que ele o recebera.

Acompanhe a sessão da CPI pela Globo News.

Cairá no colo do Congresso

Para bancar novas despesas da saúde geradas com a regulamentação da Emenda 29, o governo cogitava recriar Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Mas, ontem, o ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, se reuniu com Lula no Palácio do Planalto e saiu de lá dizendo que o Congresso é que vai ter que decidir sobre isso, sem a interferência do governo:

- O governo não vai interferir. Em dezembro, o governo mobilizou aliados (para votar a CPMF) e não tivemos sucesso. Não queremos entrar em queda de braço com a Casa. Ninguém esqueceu aquilo - disse o ministro, em referência à proposta de prorrogação da CPMF até 2011, com alíquota de 0,38 %, derrubada pelo Congresso.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Novas tarifas bancárias

As novas tarifas bancárias que deverão ser cobradas pelos bancos começam a valer a partir desta quarta-feira (30). Elas só poderão ser reajustadas a cada seis meses.

O Banco Central determinou que todas as instituições financeiras devem ter siglas e descrições padronizadas. O objetivo é facilitar a comparação entre os valores cobrados pelos bancos.

A padronização das tarifas foi determinada pela resolução 3.518 do Conselho Monetário Nacional (CMN), de dezembro de 2007.

Serviços essenciais
A categoria de "serviços essenciais", na qual não podem ser cobradas tarifas, está relacionada às contas-correntes de depósito à vista e contas de depósito poupança. Os bancos são obrigados a oferecer esta categoria de serviços.
No caso de conta-corrente de depósitos à vista, estão listados os seguintes serviços gratuitos:

- fornecimento de cartão com função de débito
- fornecimento de dez folhas de cheque por mês (desde que o cliente reúna os pré-requisitos necessários para utilizar cheques)
- fornecimento de segunda via do cartão como função de débito (exceto por perda, roubo e danificação, entre outros)
- realização de até quatro saques por mês, em guichê de caixa, inclusive por meio de cheque avulso, ou em terminal de auto-atendimento
- realização de duas transferências de recursos entre contas da própria instituição por mês, em guichê de caixa, em terminal de auto-atendimento ou pela internet
- compensação de cheques
- consultas mediante utilização da internet
- fornecimento de até dois extratos contendo a movimentação do mês

Para conta de depósitos de poupança, os seguintes serviços serão grátis:

- fornecimento de cartão com função de movimentação
- fornecimento de segunda via do cartão movimentação, exceto nos casos de pedidos de reposição formulados pelo correntista, decorrentes de roubo ou furto e danificação entre outros
- realização de até dois saques, por mês, em guichês de caixa ou terminal de auto-atendimento
- consultas mediante utilização de internet
- fornecimento de até dois extratos contendo a movimentação do mês

Serviços prioritários

Já a categoria de serviços prioritários, segundo o BC, envolve 90% dos itens que envolvem movimentação de conta corrente e poupança de pessoas físicas. Na tabela citada pelo BC, constam 20 serviços que poderão ser cobrados dentro da categoria de serviços prioritários. São eles:

- confecção de cadastro para início de relacionamento
- renovação de cadastro
- fornecimento de segunda via de cartão com função de débito
- fornecimento de segunda via de cartão com função de movimentação de conta-corrente
- exclusão do cadastro de emitentes de cheques sem fundos (CCF)
- contra-ordem (ou revogação) e oposição (ou sustação) ao pagamento de cheque
- fornecimento de folhas de cheque
- cheque administrativo
- cheque de transferência bancária (TB e TBG)
- cheque visado
- saque de conta de depósitos à vista e poupança
- depósito identificado
- fornecimento de extrato mensal de conta de depósitos à vista e de poupança
- fornecimento de extrato mensal de conta de depósitos à vista e de poupança para um período
- fornecimento de cópia de microfilme, microficha ou assemelhado
- transferência por meio de DOC/TED
- transferência agendada por meio de DOC/TED
- transferência entre contas na própria instituição
- ordem de pagamento
- concessão de adiantamento a depositante

Serviços especiais
Na categoria de serviços especiais, estão aqueles que são objeto de legislação e regulamentação a parte, e não sofreram alterações. Abrangem, por exemplo, o crédito imobiliário, crédito rural e microfinanças, entre outros, e podem ser cobrados.

Serviços diferenciados

Estes serviços, também sujeitos a pagamento, não estão associados à movimentação de conta corrente ou de poupança e são objeto de contrato explícito entre clientes e instituições financeiras. Exemplo: entrega em domicílio e aluguel de cofre.

Na página da Federação Brasileira de Bancos na internet é possível comparar as tarifas cobradas pelos bancos. Clique aqui para ver.

Aumento do IPI sobre cigarros

A oposição diz que a idéia de o governo recriar a CPMF não passa de chantagem. Seria uma forma de o Planalto pressionar contra a aprovação da Emenda 29, que obriga a União a subir os gastos com saúde de 7% para 10% do Orçamento.

A CPMF teria uma alíquota muito menor, de 0,08%. Mas não podemos esquecer que da primeira vez ela foi criada com alíquota pequena, mas o percentual foi crescendo e crescendo até chegar a 0,38%.

O mais engraçado dessa história, como já comentei aqui no blog, é que o governo a toda hora diz que tem excesso de receita: quer criar fundo soberano, dar subsídios a empresários, fazer pacote industrial. Ou tem dinheiro demais ou não tem dinheiro para cumprir ume emenda constitucional. Há ruído demais nesta história e fica difícil entender.

Só há uma coisa boa nesta idéia, que é o aumento de IPI sobre cigarros e bebidas, e isso pode ser feito sem passar pelo Congresso. Como a Saúde gasta muito dinheiro para tratar da conseqüência desses consumos, nada mais justo que haja recursos destinados só para ela.

domingo, 18 de maio de 2008

O fantasma da CPMF

O governo vai decidir amanhã, durante reunião de coordenação política, uma forma de aumentar a arrecadação da área de saúde, segundo informou o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro.

O objetivo é compensar o fim da CPMF e a provável aprovação da Emenda à Constituição nº 29, que obriga o governo a investir R$ 20 bilhões em saúde até 2010. O texto já foi aprovado no Senado e deve entrar na pauta da Câmara após o feriado de Corpus Christi.

A intenção do governo já sofre resistência entre empresários, que classificam a medida de 'retrocesso', e dizem que isso é 'página virada'.

- Não tem nada definido, o que estamos fazendo é um levantamento, uma avaliação - disse Múcio.

No entanto, o ministro confirmou que o governo estuda criar um novo imposto sobre movimentações financeiras, com alíquota de 0,08%, e elevar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) cobrado sobre o fumo.

A volta da CPMF já foi defendida abertamente pelo líder do governo na Câmara e integrante da Frente Parlamentar da Saúde, Henrique Fontana (PT-RS), e está agora sendo articulada pelo PMDB. O partido foi ao ministro Mantega avisar que o governo precisava se precaver. As articulações têm envolvido o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP); o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN); e os ministros José Gomes Temporão, da Saúde - que é do PMDB -, José Múcio e Dilma Rousseff, da Casa Civil.

Impostos sobre cigarros e bebidas podem aumentar

Pela proposta de setores do PMDB, a CPMF seria recriada com alíquota de 0,05% ou 0,06%, o que renderia mais R$ 5 bilhões ou R$ 6 bilhões. Mas há um problema político: como explicar que é necessário criar um novo imposto diante de recordes de arrecadação e da rejeição social à CPMF?

Por isso a Fazenda se comprometeu a apresentar uma proposta terça-feira. Uma das alternativas é destinar parte da arrecadação dos impostos de cigarros e bebidas para a saúde. O cigarro teve sua carga tributária aumentada em 30% em 2007, elevando a arrecadação em cerca de R$ 1 bilhão. No caso das bebidas, a idéia é desviar parte da arrecadação para o setor, o que daria mais R$ 1 bilhão.

O Planalto já avisou que Lula vetará a regulamentação da Emenda 29 caso ela seja aprovada sem fonte.

País tem registrado recordes na arrecadação de impostos

As previsões catastróficas do governo sobre o fim da CPMF não se confirmaram. Desde o ano passado vêm sendo registrados recordes sucessivos na arrecadação de impostos, numa carga tributária que chega a 36% do PIB. Somente nos três primeiros meses do ano, o volume foi de R$ 162,6 bilhões, R$ 18,7 bilhões acima do arrecadado no mesmo período do ano passado - quase meia antiga CPMF, que renderia este ano R$ 40 bilhões.

Quando o Senado discutia a prorrogação da CPMF, os ministros da Fazenda, Guido Mantega, do Planejamento, Paulo Bernardo, e o próprio presidente Lula afirmaram que as contas públicas não suportariam perder R$ 40 bilhões e que a saúde pública estaria comprometida. Agora, o governo alega que o excedente já está comprometido com outras ações.

A existência da CPMF não era garantia de verba para a saúde. O governo vinha usando o imposto para fazer superávit primário e ajudar nas contas. Da alíquota de 0,38%, apenas 0,20% iam para a Saúde, 42% do arrecadado (seriam R$ 16 bilhões em 2008).

A CPMF foi criada no governo Itamar, em 1993, a pedido do ministro da Saúde Adib Jatene. No governo Fernando Henrique, foi recriada e sua validade foi sendo prorrogada até o fim de 2007, quando foi extinta pelo Senado, numa das maiores derrotas do governo Lula.

Panorama Econômico - Jornal O Globo

O X de Eike

(leia a coluna publicada no Globo, neste domingo)

O empresário Eike Batista diz que deve reduzir seus investimentos em siderurgia por causa dos problemas causados pelo uso de carvão vegetal; diz que, se a Funai não autorizar a remoção dos índios de Peruíbe, vai abandonar o projeto do porto. Seu próximo negócio: produção de madeira certificada da Amazônia. Envolvido em várias controvérsias ambientais, Eike garante que pensa o Brasil do futuro.

Eike Batista é um empreendedor nato, gosta de correr riscos, capta bilhões no exterior, compete por prazer. Está em várias áreas: prospecção de petróleo, mineração, siderurgia, hotelaria, energia, restaurantes, portos. Suas empresas, EBX, MMX, várias, todas com X no nome, poderiam ser o novo capitalismo, mas o xis da questão com Eike Batista é que ele está envolvido em várias controvérsias ambientais e defende a ajuda do Estado aos empresários, como o modelo coreano dos anos 70.

Os 23 minutos da entrevista que gravei com ele na Globonews foram poucos para tanta polêmica. Uma delas é o carvão usado por sua siderúrgica no Pantanal. Na última semana, o Ibama multou cinco carvoarias que produziam carvão ilegal e que fornecem para empresas de Corumbá, entre elas, a de Eike. Ele disse que não soube do fato, mas garantiu:

— Só compramos carvão certificado de Mato Grosso. As pessoas esquecem que, quando se está desmatando, o errado é tacar fogo e tudo virar cinzas, poluir rios. Nas áreas que estão sendo desmatadas, é preciso fazer o carvão vegetal, para ter um uso efetivo. A nossa produção de ferro-gusa de Corumbá, está lastreada em eucalipto que está sendo plantado em 500 hectares.

Ele disse que, enquanto o eucalipto cresce, usa madeira da região.

— O projeto foi concebido baseado no potencial existente de área de madeira certificada na região, se não, não faríamos o projeto. É um negócio pequeno, tínhamos jazida lá, e a produção de gusa é velha demanda da região. O gusa se faz com carvão vegetal. Estamos recebendo madeira hoje dessa fronteira agrícola que está sendo desmatada.

Perguntei se é, então, sócio do desmatamento. Ele respondeu que é sócio da madeira tirada de forma legal, mas informou que está quase desistindo do negócio.

— Achamos que essa área cria tanto problema e é tão pequena no contexto, que vamos inverter isso.

Eike selou, nesta última semana, as pazes com o governo boliviano e hoje até justifica ter sido expulso da Bolívia. Comentou que, se fosse estadista, faria a mesma coisa.

— O presidente Evo assumiu depois de 400 anos de exploração, de muita corrupção. É natural que quisesse romper com o passado e começar do zero. É um pensamento revolucionário.

Ele contou que foi atingido porque seu projeto siderúrgico estava na área controlada por um inimigo político de Evo Morales, mas que ouviu agora do vice-presidente boliviano, Álvaro Linera, que é bem-vindo ao país. Mesmo assim, vai desistir do projeto.

— Por causa de todos esses ataques que sofremos pelo carvão, não me interessa mais fazer essa unidade. Vou reduzir a presença na siderurgia.

Outra polêmica: ele está construindo uma termelétrica a carvão mineral no Ceará, e o temor é a poluição causada por essa fonte de energia.

— É importante esclarecer que é uma nova forma de geração térmica a carvão. A queima limpa do carvão, que eleva o custo do projeto. Em vez de gastar 1.500 dólares o megawatt, são 2.500 dólares para pôr todos os filtros e cumprir exigência do mais alto padrão — afirma.

Ele repetiu, na entrevista, que olha e pensa "o Brasil daqui a 100 anos, o Brasil para os meus filhos". Quis saber, então, por que escolhe setores tão velhos.

— Estamos aqui gastando um monte de energia. De onde vem essa energia? É um erro achar que energia solar e eólica são viáveis. O custo vai valer a pena em 2010, 2011. A energia nuclear voltou a ser aceita. A inteligência humana vai encontrar uma solução para seqüestrar o carbono emitido por carvão. Uma empresa espanhola está desenvolvendo um projeto de um catalisador, há a idéia de um tanque com algas que seqüestram carbono.

Eike contou também que vai investir na Amazônia, em produção de madeira certificada, em áreas públicas arrendadas. Não quis dizer o local exato.

Em Peruíbe, São Paulo, ele tem o projeto de um porto, mas um grupo de 52 famílias de índios se instalou no local. Eike ofereceu aos índios a troca por um hotel fazenda, onde há uma plantação de palmito, mas tudo depende da autorização da Funai.

— Se a Funai não deixar, não fazemos o porto.

O empresário aproveita o mercado de capitais daqui e do exterior.

— Conseguimos captar, antes dos projetos estarem funcionando, em escala de bilhão.

Mesmo assim, concorda com os subsídios aos empresários brasileiros.

— Os coreanos criaram a Samsung, a Hyundai através dos "chaebols" (conglomerados). Se o Brasil quiser dominar o mundo, ser líder, precisa dessa força do Estado, faz sentido refazer este modelo, a guerra é muito bruta.

Eike está otimista e diz que estão no Brasil 93% dos seus investimentos.

— É o melhor país do mundo, a plataforma do Brasil tem capacidade de gerar muita riqueza.

Garante que seus projetos são todos ambientalmente corretos, pois, do contrário, não conseguiria financiamento.

— Para você estar hoje na Bolsa de Valores, tem que ser assim. Tem cliente do mundo inteiro, fundo de pensão, você é vigiado em 360 graus, não dá para fazer o errado. Eu, que viajo pelo Brasil, fico envergonhado. Na época da queimada, viajo quase uma hora de avião no meio da fumaça, entre Campo Grande e Corumbá.