sábado, 27 de setembro de 2008

Debate Americano - comentário meu

O debate político americano, veiculado pela Globo News, ontem, mostrou que em vez de termos dois competidores pela Casa Branca, parecia mais que tínhamos uma união para não falar sobre a crise americana.

São duas pessoas completamente diferentes, com pensamentos diferentes, mas quando o tema era a crise financeira dos EUA não demonstravam nenhum interesse em comentar.

Tanto Obama quanto McCain demostraram que a crise não era dos EUA, mas sim do governo Bush, portanto, quem deveria fazer considerações e explicar como a crise irá acabar seria o próprio.

Não trouxeram para si os problemas que a partir de janeiro eles é quem irão enfrentar. Isso é muito ruim, pois revela fragilidade tanto da parte dos Democratas quanto da parte dos Republicanos, trantando-se de como receberão do governo Bush, as diversas catástrofes econômicas.

Agora, quando tratou-se do tema Segurança Nacional, ambos classificaram os EUA como potência segura, conquista feita após os atentados de 11 de setembro de 2001.

Quanto a guerra no Iraque, o fato de Obama marcar um dia para a retirada de tropas americanas foi motivo de chacota para McCain, declarando que seria impossível este feito.

Obama retrucou dizendo que é melhor focalizar na situação do Afeganistão do que explorar o Iraque, pois o problema não é o Iraque e sim os precursores do terrorismo que estão na Al Qaeda.

Um outro detalhe muito interessante merece destaque: em nenhum momento McCain olhou diretamente para Obama, situação contrária para o Democrata que o tempo todo demostrava-se muito a vontade no debate, pois ele queria que os eleitores enchergassem segurança em suas declarações.

Em suma, foi um debate muito proveitoso, apesar de o Republicano ter pensado em desistir e apesar de a crise nos EUA não ser focalizados nas discussões, foi interessante. Não dá para informar quem dos dois ganhou com o debate, no entanto quem sempre ganha é o eleitor.

Panorama Econômico

A coluna da Míriam Leitão em O Globo deste sábado.

Erros do pacote

Eleitor nenhum gosta de pacotes de ajuda a bancos. De cada 10 telefonemas que os deputados americanos recebem dos eleitores, sete condenam o projeto. Mas em relação ao pacote específico, que está no meio do tiroteio em Washington, há críticas técnicas a ele. Economistas de tendências diferentes vêm mostrando uma série de erros. Ele é mal concebido, dizem vários deles.

Para qualquer pessoa que tenha perdido sua casa porque o banco foi implacável, e milhões passaram por isso nos EUA desde o início da atual crise, fica incompreensível que justamente os bancos sejam ajudados. É difícil passar para qualquer leigo a idéia de que o desmonte do mercado financeiro tem um efeito demolidor que afeta toda a economia. Mas o pacote de Paulson tem sido criticado até por profissionais.

Os eleitores entopem os e-mails e telefones dos deputados, que por sua vez estão em plena disputa eleitoral. Grande parte do Congresso será renovada e a tendência é de os republicanos perderem as eleições parlamentares. Isso, em parte, explica por que foi dos republicanos a pior reação ao pacote do próprio governo republicano. Eles estavam tentando responder à reação dos eleitores.

No primeiro contato com parlamentares, semana passada, o secretário Henry Paulson e o presidente do Fed, Ben Bernanke, foram bem sucedidos em assustá-los. Usaram expressões fortes, como a de que a economia estava às vésperas de um ataque cardíaco, que poderia ser na semana seguinte. Ao longo desta semana, no entanto, os deputados e senadores saíram do estado de choque e ganharam musculatura no debate. Argumentos contrários foram se somando e sendo avalizados por uma série de economistas conhecidos. Os deputados ficaram com a munição da reação popular e da crítica racional. Isso os fortaleceu na discussão.

A Economist sustenta que há mais diferenças que semelhanças da situação atual com a de 1929, o grande fantasma que tem sido agitado para derreter resistências. O desemprego chegou a 25% naquela época e, agora, mesmo crescendo, está em 6%. A inadimplência chegou a 40% em 29. Segundo a revista, há o risco de se pagar demais pelos ativos bancários, elevando-se o déficit fiscal americano à estratosfera e ameaçando seriamente o dólar. Ela lembra que US$ 700 bilhões é mais do que todo o dinheiro depositado no FDIC, o fundo que garante os depósitos dos correntistas americanos.

O grande problema que tem sido apontado por economistas é que, em todos os precedentes de crises bancárias, o processo de compra de ativos podres aconteceu depois que os bancos quebraram. As Savings&Loan quebraram no começo dos anos 80 e a Resolution Trust Corporation foi criada apenas em 1989. No Japão, os bancos quebraram no começo de 90 e a reestruturação aconteceu no fim da década. Esse tipo de ação preventiva, ao estilo de George Bush, levanta uma série de dificuldades, e a pior delas é a da precificação. Glenn Hubbard, reitor da Columbia Business School e ex-presidente do Conselho de Consultores Econômicos de Bush, diz o seguinte: “Isso pode ser feito de forma mais eficiente, por meio da injeção de ações preferenciais do governo. Então o mercado poderia precificar os ativos”.

Duzentos economistas acadêmicos assinaram um documento enviado ao Congresso, organizado pela Universidade de Chicago, dizendo que o plano de Paulson cria “incentivos perversos”, é “muito vago” e seus efeitos não estão claros.

Eles admitem que a economia corre riscos se houver congelamento do fluxo de crédito. Frederic Mishkin, economista da Columbia, que foi membro do FED até o mês passado, lembrou que quando as coisas saem do controle, “o custo para consertá-las mais tarde sobe exponencialmente”. O problema é que, mesmo admitindo o risco, os economistas estão alertando que o caminho escolhido pode trazer também inúmeras distorções.

Luiz Zigale, da Universidade de Chicago, diz que o programa de Paulson “comprará ativos podres a preços inflados, criando uma instituição de caridade que provê assistência social para os ricos às custas dos contribuintes”. Ele fala que é também a violação do princípio capitalista de que “os ganhos devem garantir as perdas”. Na época das S&L, os depósitos estavam segurados e o governo teve que pagar o custo. Agora, como garantir o mesmo benefício para credores de bancos de investimento que nem estavam sob supervisão bancária?

Alguns dos críticos, como Alan Blinder, acham que o governo está sendo açodado e que nada disso precisa ser decido esta semana. Outros, que o governo está fazendo um caminho longo demais se o que quer é, de fato, socorrer cidadãos comuns que não estão conseguindo pagar o banco. O prêmio Nobel Joseph Stiglitz acha que o erro é que o plano parte do princípio de que se o governo prover moeda suficiente aos mercados financeiros, o problema vai desaparecer. “Mas isso não ataca o problema fundamental da sangria de ações de despejo e dos buracos nos balanços dos bancos”.

Edward Leamer, da Universidade da Califórnia, toca no ponto nevrálgico: Henry Paulson não terá de responder na Justiça por seus atos. “Quando li isso pela primeira vez, pensei que era uma piada”.

É difícil encontrar algum economista, fora do mercado financeiro, que diga que o plano de Paulson resolverá a crise financeira.

Revista ÉPOCA

Em Época desta semana, Ricardo Amaral, fala sobre O Grande Laboratório de Transfusão de Votos.

As eleições municipais têm sido o laboratório de testes de um interessante fenômeno: a transfusão de votos de governantes populares para candidatos pouco conhecidos pelos eleitores. É o que explica o sucesso dos candidatos oficiais em Belo Horizonte e no Recife, entre outros. Vale a pena analisar os casos, de olho na sucessão de 2010. Mas cuidado: assim como a transfusão de sangue, a transferência de prestígio tem suas regras e mistérios. Não funciona sempre, nem com qualquer um.

Numa conjuntura de partidos políticos pouco prestigiados, para dizer o mínimo, é natural que governantes e lideranças reconhecidas assumam o papel de guias do eleitorado. Do presidente Lula nem se fala. Até candidatos de legendas oposicionistas disputam sua bênção nas bases municipais. A mais recente pesquisa CNT/Sensus mostrou que o presidente influencia direta ou indiretamente a opção de voto de 44% dos eleitores nas cidades. Esses eleitores declararam que votam ou podem votar no candidato à Prefeitura apoiado por Lula.

Governadores e prefeitos bem avaliados também impulsionam seus candidatos. Em Belo Horizonte, o governador Aécio Neves e o prefeito Fernando Pimentel, ambos nas alturas de 80% de aprovação, devem eleger seu candidato comum – Marcio Lacerda, do PSB, um estreante em eleições. Para facilitar a tarefa, não há adversários locais de peso. Em Pernambuco, a parceria do governador Eduardo Campos (PSB) com o prefeito João Paulo (PT) deu a liderança nas pesquisas ao petista João da Costa. Em Minas e em Pernambuco, adversários acusam os favoritos de ser beneficiados pela máquina pública – um velho vício do qual ninguém está livre. Nos dois casos, porém, o fator decisivo é que o eleitor percebe afinidade política, administrativa, e até pessoal, entre os candidatos e seus padrinhos.

O caso mais espetacular de transfusão de prestígio ocorreu em 1996, em São Paulo: o ex-prefeito Paulo Maluf elegeu para suceder-lhe o secretário de Finanças, Celso Pitta, virgem de votos. Neste ano, o governador tucano José Serra planejava transferir seu capital de votos ao prefeito Gilberto Kassab, do DEM. A afinidade administrativa entre governador e prefeito parece óbvia, ambos são bem avaliados, mas surgiu a candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin. Disputando pelo mesmo PSDB de Serra, Alckmin bloqueou a transfusão de votos para Kassab e emitiu um sinal confuso para o eleitor: quem seria, afinal, o candidato de Serra? O preço dessa desarmonia será cobrado no segundo turno.

O caso de São Paulo demonstra que as transfusões são mais complicadas onde as máquinas partidárias têm maior vigor. A histórica animosidade entre PT e PSDB na capital paulista impediu um arranjo semelhante ao de Belo Horizonte, onde Aécio e Pimentel neutralizaram a resistência de petistas e tucanos ao acordo que beneficia o candidato do PSB. No Rio de Janeiro, onde há muito tempo a sociedade e os partidos se divorciaram, o governador Sérgio Cabral (PMDB) está levando ao segundo turno o ex-deputado Eduardo Paes, que já esteve em cinco legendas e não se prendeu a nenhuma. É lícito supor que Cabral levaria qualquer outro candidato a uma boa posição na disputa.

Não existe um padrão definido, mas as transfusões eleitorais estão ocorrendo num momento favorável a governadores e prefeitos, por causa do bom desempenho da economia e da arrecadação. Elas são mais eficazes onde o arranjo partidário é natural (caso do Recife) ou decorre de acertos de cúpula (Belo Horizonte) – nos dois casos, com adversários frágeis e uma promessa de continuidade administrativa. Também ocorrem em cenários de miséria política (Rio), mas tornam-se mais complicadas onde o grande eleitor não controla sua base partidária (São Paulo).

Lula fará uma vigorosa transfusão de votos para Dilma Rousseff ou qualquer outro candidato que vier a indicar, em 2010. A eficácia da transferência vai depender, no entanto, da situação da economia; da unidade entre os partidos da base do governo; do desempenho da candidata, e, é claro, da qualidade dos adversários. Com a liderança que sustenta nas pesquisas, Serra é mais que uma pedra no caminho da candidata de Lula. Por enquanto, o que temos são testes. O jogo ainda vai começar.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Por Dentro da Política

A Lucia Hippolito, hoje, no Jornal da CBN, comentou sobre as 'deixas' da Lei Eleitoral.

Justiça Eleitoral ajuda “fichas-sujas”

Até este ano, um entendimento do TSE a respeito da impugnação de candidaturas era importante instrumento dos TREs no esforço para barrar os candidatos com ficha suja.

Explico: desde 2006, o TRE do Estado do Rio vinham impugnando candidaturas. Claro que o candidato podia recorrer ao TSE. Mas enquanto o plenário do TRE decidia e enquanto o TSE não julgava o último recurso, o candidato estava proibido de fazer campanha.

Não resolvia o problema do candidato com ficha suja, mas ajudava.

Nas eleições de 2006, por exemplo, no Estado do Rio nenhum candidato envolvido na máfia das sanguessugas foi reeleito. Ponto para a Justiça Eleitoral. Ponto para o eleitor.

Amparado neste exemplo, o presidente do TRE-RJ convenceu os presidentes de todos os TREs a encamparem a campanha contra o “ficha-suja”.

O colégio de presidentes de TREs tomou várias resoluções a esse respeito.

Mas o TSE entendeu que a presunção da inocência deveria valer também para matéria eleitoral (contrariando opinião do próprio presidente da casa, ministro Carlos Ayres Britto). Com isso, os “ficha-suja” relaxaram. E continuaram alegremente a fazer suas campanhas.

Os presidentes de TREs, por sua vez, não desistiram de impugnar candidaturas, porque contavam com o entendimento de que, enquanto o processo não é julgado, o candidato não pode fazer campanha.

Pois para as eleições de 2008, o TSE decidiu facilitar ainda mais a vida dos candidatos “ficha-suja”. Baixou resolução permitindo que os candidatos mantenham suas campanhas ativas, enquanto o TSE não decide.

A Resolução nº 22.718-08 do TSE diz, em seu Artigo 16: “O candidato cujo registro esteja sub judice poderá efetuar todos os atos relativos à sua campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral gratuito para sua propaganda, no rádio e na televisão.”

Ou seja, a Justiça Eleitoral acabou com qualquer esperança do eleitor de ver dificultada a campanha de candidatos com ficha suja.

A situação é a seguinte: os partidos políticos não recusam as candidaturas de pessoas com ficha suja.

A Justiça comum não pune os candidatos com ficha suja.

O TSE não cria qualquer dificuldade às campanhas dos candidatos com ficha suja.

E aí, a Justiça Eleitoral vai ao rádio e à TV enfatizar a grande responsabilidade do eleitor na escolha de seus candidatos.

Com o sistema eleitoral que temos, completamente distorcido, um sistema que leva o eleitor a votar num candidato honestíssimo... e ver seu voto usado para eleger um bandido, não é justo jogar toda a responsabilidade nos ombros do eleitor.

O eleitor brasileiro é o único inocente nesta história.

Vou repetir. Partidos que não filtram candidaturas, justiça comum que não pune malfeitores, justiça eleitoral que premia candidatos com ficha suja, sistema eleitoral falido, que pune o eleitor, pune o candidato honesto e premia o bandido.

E depois o eleitor brasileiro é que não sabe votar?!

Não é justo mesmo.

Agenda Econômica de hoje

* O CMN realiza reunião mensal e define a nova TJLP.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Agenda Econômica de hoje

* A FGV divulga o IPCA-15 de setembro, às 8h.

* O Bacen divulga nota da dívida mobiliária de agosto, às 10h30.

*Nos EUA, saem dados de vendas de imóveis usados de agosto, às 11h.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Agenda Econômica de hoje

* A FGV divulga o IPC-S da terceira semana de setembro e faz sua sondagem do consumidor, às 8h.

* O Bacen revela o desempenho das contas externas em agosto, às 10h30.

* Henry Paulson, secretário de Tesouro dos EUA, e Ben Bernanke, presidente do Fed, fazem depoimentos públicos, às 11h.

Terceiro mandato! Será?

Estava pesquisando o que escreve e lembrei de uma postagem feita no dia 02 de abril deste ano http://ellyelsantos.blogspot.com/2008/04/o-fantasma-do-terceiro-mandato.html, exatamente falando sobre o possível projeto de um terceiro mandato para o presidente Lula.

É preocupante, pois a onda de continuímo está atingindo praticamente toda a América Latina.

Daqui a pouco, até o Brasil, possuidor de uma democracia invejável entrará nesse bonde.

Vale a pena recordar o que foi escrito a cinco meses atrás.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Pesquisa CNT/Sensus

A popularidade de Lula já chega a 77%.

A maior de toda história política brasileira.

O Estado de São Paulo

Em O Estado de São Paulo, a repórter Cida Fontes, relata o desrespeito do presidente Lula por Micarla de Souza. Ele esteve em Natal na última sexta-feira (19).

Os ataques diretos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à candidata do PV, Micarla de Sousa, acirrou ainda mais a disputa para a prefeitura de Natal. "Eu esperava que o presidente tivesse mais respeito por mim. Ele não tem direito de falar do meu caráter", reagiu magoada a deputada estadual, que tem apoio de cinco partidos da base aliada de Lula.

No comício da candidata do PT, deputada federal Fátima Bezerra, o presidente criticou o fato de Micarla ser apresentadora de um programa de notícias em sua emissora de TV, o que a tornou popular na cidade. "Não basta ter televisão para ganhar eleição, é preciso ter caráter e honradez", disparou Lula, na noite de sexta-feira. E ainda: "É mais fácil ser apresentadora de TV porque fica lendo um teleprompter. Se beleza ganhasse voto eu não teria passado do segundo ou terceiro lugar".

Micarla, uma jovem de classe média alta e bonita, se sentiu pessoalmente agredida com as palavras do presidente, principalmente quando ele enfatizou que, se a candidata verde fosse "boa mesmo" estaria ao lado da petista. Ou seja, apoiaria a aliança entre PT, PMDB e PSB - adversários tradicionais no Estado - e não aceitaria o DEM como aliado

domingo, 21 de setembro de 2008

O que há de melhor em um domingo


É ler um livro escrito por Dias Gomes, um dos melhores autores da Literatura Brasileira.
Sucupira: ame-a ou deixe-a é uma obra que trata de maneira alegre, zombeteira e hilariante da política no Brasil.
Observa-se durante toda sua magnitude textual o espírito da gozação e da galhofa.
É composto por sete episódios, destacado da grandiosa obra O Bem-Amado.
São histórias que ainda encontramos hoje nas pequenas cidades de interior, onde o coronelismo ainda está presente.
Indico e desejo-lhes uma excelente leitura, pois estou aproveitando este domingo e lendo este êxito literário.
Boa leitura!!!!