sábado, 18 de outubro de 2008

O que há de melhor em um final de semana!!! (continuação da leitura)


Estou lendo um livro sensacional.

Tijolão, mais de 800 páginas, mas excelente. Emocionante mesmo.

Prosa escorreita, atraente. Tratamento acadêmico sem pernosticismo. Pesquisa exaustiva, referências bibliográficas sérias, índice onomástico (vital, numa obra extensa como essa).

Enredo fantástico.

Trata-se de Pós-guerra. Uma história da Europa desde 1945, de Tony Judt (Objetiva, 2008).

O autor, historiador consagrado, dedicou quase dez anos a este livro. Ele percorre a história de 34 países durante 60 anos de mudanças políticas a culturais.

Devastada em 1945, a Europa se reergue das cinzas, como uma fênix mitológica, altaneira, inovadora e apostando no futuro.

Fruto de 50 anos de delicadas e pacientes negociações, a União Européia se ergue sobre os escombros da Segunda Guerra Mundial. E sobre os cadáveres de milênios de guerra, desentendimento e devastação.

Grande lição para momentos de desesperança. Grande leitura.

Recomendo a vocês com entusiasmo.

Bandinha do Jornal da CBN 1ª Edição

Uma campanha baixa e desonesta

Christopher Hitchens é escritor, colunista da revista Vanity Fair, autor e colaborador regular do New York Times e The New York Review of Books. Escreve quinzenalmente em ÉPOCA

Eu costumava concordar com quem diz: “Vamos discutir os temas, e não as personalidades”. Parecia óbvio que, em política, fazer a distinção entre ambos eleva o nível do debate. Nos meus tempos de escola, na Inglaterra, havia um ditado esportivo segundo o qual um jogador deve “atacar a bola, não o homem”. Acreditei nisso por algum tempo – na verdade, até as primárias de New Hampshire, em 1992, quando passei a me perguntar se a “personalidade” de um candidato seria por si só um “tema”.

Descobri com Bill Clinton que um candidato pode mudar sua posição sobre temas como a Bósnia ou o acesso à saúde. Mas ele não pode mudar o fato – se for realmente um fato – de que é um mentiroso patológico ou um ignorante orgulhoso.

Nas últimas semanas, os “debates” entre os dois candidatos à Presidência dos Estados Unidos mostram que há pouca diferença entre as propostas de cada um para enfrentar as questões concretas. Mas a diferença de caráter e temperamento tornou-se evidente. O senador republicano John McCain apareceu como alguém que sofre de um crescente e embaraçoso déficit cognitivo e físico. Os únicos eventos públicos que mostraram sua escolha absurda de ter Sarah Palin como vice exibiram uma mulher enganadora e inescrupulosa, sem nenhuma noção do discurso político necessário, mas facilmente adestrável para mentir. McCain ocasionalmente se lembra de usar argumentos como honra para se livrar de insinuações e calúnias, mas isso apenas faz com que ele pareça mais senil e cínico, uma vez que são exatamente esses – desonra e calúnia – os expedientes usados pela vice que ele mesmo escolheu.

Pode-se dizer que a escolha de palavras excêntricas para descrever McCain, pela campanha de Obama, também seja uma insinuação. Mas é apenas eufemismo. Qualquer um com olhos para ver e ouvidos para ouvir sentiu pena do velho leão em sua última caçada. Eu não sentia tanta pena de alguém desde que o falecido Almirante James Stockdale se humilhou como vice de Ross Perot. E eu me sinto mal por ter de dizer isso, mas Stockdale também se desgraçou na guerra mais desastrosa e vergonhosa da América, e isso não o qualificou naquele tempo, como também não qualifica McCain agora.

A coisa mais insultante que um político pode fazer é obrigar você a se perguntar: “O que ele pensa que eu sou?”. Essa questão é provocada pela escolha da governadora do Alasca, Sarah Palin, como vice na chapa de McCain. Não é correto dar um desconto para ela por ser uma mulher de origens provincianas, sem mencionar sua propensão para usar a sensualidade. Sua conduta tem sido uma desgraça nacional. No fim das contas, suas primeiras reivindicações por mais coragem política não eram baseadas em fatos. Para piorar, muitos dos rumores sobre ela – sua vingança contra o cunhado, suas bizarras afiliações políticas e religiosas – eram verdade. Além do mais, tendo em vista a tarefa abjeta de impressionar os malucos direitistas e de reciclar falácias sobre a posição de Obama diante do Afeganistão, ela teve de se concentrar nos únicos talentos que parece possuir.

Parece que o Partido Republicano convidou não só a derrota, mas também o descrédito neste ano. Parece também que ambos os indicados para os postos mais altos no país deveriam ser repudiados, com quaisquer senadores, deputados ou governadores que os apóiem.

Na minha opinião, Obama é supervalorizado, mas a chapa dele não é a que precisa pedir desculpas, nem a que mostra sinais de querer enriquecer na Casa Branca. Eleger McCain parece que não levará a grandes mudanças. Falar de Palin nessa hora é até covardia. Eu só queria que a eleição acabasse agora e um veredicto digno fosse anunciado, para poupar a democracia da degradação, em vez de ser submetido aos últimos dias de uma campanha baixa e desonesta.

Marta virou um pit bull de baton

Ruth de Aquino, na edição desta semana da Revista Época

Não vi ninguém sair em defesa de Marta Suplicy, a não ser ela mesma e assessores. O ex-marido, que lhe deu o sobrenome, a criticou. As perguntas do PT – “Você conhece o (prefeito Gilberto) Kassab? Ele é casado? Tem filhos?” – queimaram o filme de uma sexóloga que sempre se disse liberal, liberada e discriminada. Amiga dos gays, mãe de roqueiro. Perguntaram ao prefeito, em sabatina num jornal, se ele era homossexual. Kassab respondeu: “Não, não sou”. Sinceramente, e daí?

Foi baixaria de Marta. Lula não deve ter aprovado, ele sabe o que é jogo sujo. Logo Marta, acusada grosseiramente de adúltera em 2001. Logo ela, que se indigna com razão quando alguém pergunta sobre sua vida familiar. Ninguém tem nada a ver com sua separação do senador Eduardo Suplicy logo após se eleger prefeita de São Paulo há sete anos. Nem com a paixão madura por seu conselheiro argentino de campanha, consumada em cerimônia high society. Uma opção de mulher, não de prefeita. O desespero com o favoritismo de Kassab transformou Marta na Sarah Palin brasileira: um pit bull de batom. Foi como se comportou ao indagar sobre a vida particular do adversário.

Uma polêmica nacional seguiu-se. No Rio de Janeiro, o sexo também entrou de gaiato na campanha por causa de fotos de Fernando Gabeira, de sunga e toalha-túnica na piscina do clube Flamengo. Um sungão casto se comparado à tanga de crochê lilás de 1979.

Diante de tamanha excitação, eu me pergunto até onde um gay assumido pode ir no Brasil. O prefeito de Paris, Bertrand Delanoë, é homossexual declarado e foi eleito e reeleito. Não por ser gay, mas por suas qualidades como administrador. A questão gay é uma não-questão para os eleitores parisienses. Berlim também tem prefeito gay, Klaus Wowereit. O que nós, brasileiros, achamos disso?

O Brasil celebra as cores do arco-íris com paradas gigantescas. Só falta governadores beijarem transformistas na rua. A legislação é cada vez mais progressista. Lula defendeu no mês passado a união civil entre homossexuais: “Temos de parar com hipocrisia, porque a gente sabe que tem homem morando com homem, mulher morando com mulher, e muitas vezes vivem bem, de forma extraordinária”.

Vamos combinar que, no Brasil, a homossexualidade é vista com naturalidade em alguns redutos. Em outros, continua sendo tabu. Cantor pode ser gay ou bissexual, mas prefeito ou governador não. Ator de teatro pode ser gay, mas galã de telenovela não. Artista plástico pode assumir que é gay, mas economista do governo não. Designer ou decorador pode ir às festas enganchado ao namorado, mas diplomata não. Bancário sim, mas banqueiro não. Jogador de futebol, piloto ou ginasta, de jeito nenhum, esses precisam negar até o fim. Militares então... aí nem depende de patente. Acabam punidos se saírem do armário – o sargento Laci de Araújo é o exemplo mais recente.

O antropólogo Roberto DaMatta, de 72 anos, arguto observador das transformações na sociedade, recorda que, há menos de meio século, mulheres desquitadas não eram convidadas às casas de família. O divórcio era ilegal no Brasil. “Homossexuais eram uns ‘invertidos’. Policiais sentiam prazer nas batidas para prender gays”, diz. As convenções mudaram muito, felizmente. “Mas, de alguma forma, a homossexualidade ainda é considerada por conservadores uma traição. Daí a expressão ‘jogar no outro time’.” DaMatta diz que as perguntas impertinentes de Marta a Kassab “desmascaram o falso moralismo dos radicais”. “O que pega na Marta é uma espécie de desequilíbrio. Ela se acha politicamente correta, mas não aceita outra verdade.”

Foi atribuída ao gênio da física Albert Einstein (1879-1955) a frase “é mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito”. Num momento em que os Estados Unidos podem eleger como presidente o primeiro mulato de sua história, derrubando um preconceito de raça que parecia intransponível, é válido perguntar até quando a opção sexual de um político poderá provocar constrangimento ou virar assunto de campanha. “A política é muito suja”, disse Marta Suplicy. É, companheira.

Por que o segundo turno faz diferença para a cidade

Fernando Abrucio, da Revista Época na edição desta semana

Em 29 cidades brasileiras haverá segundo turno. Onze são capitais, incluindo aí as quatro mais populosas – São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Belo Horizonte. O eleitor será chamado de novo às urnas e muitos se perguntam: por que votar de novo? Não teria sido melhor ter dado a Prefeitura àquele que teve mais votos na primeira etapa? A sensação de cansaço em relação à política move esse questionamento. É importante frisar que o segundo turno é uma das melhores regras da nossa democracia.

O segundo turno possibilita quatro processos positivos para a democracia. O primeiro ganho tem a ver com o aumento da legitimidade do vitorioso. Isso porque o vencedor terá a maior parte do eleitorado a seu lado, evitando a eleição de candidatos que obtenham apenas uma maioria simples. A vitória de Luiza Erundina em São Paulo, em 1988, é um caso clássico do desastre que pode ser produzido pelo pleito com um turno só. Ela ganhou com cerca de 30% dos votos. Isso criou dificuldades para o seu governo, pois a maior parte da população a rejeitava. Se Erundina tivesse sido eleita numa segunda votação, teria tido menos problemas e seria evitada a polarização que contaminou a cidade durante quatro anos.

A necessidade de obter a maioria do eleitorado traz outro bem à democracia: o vencedor terá de levar em conta não só suas idéias, mas também precisará incorporar, em alguma medida, a visão de seus adversários e de outros grupos sociais. Com isso, reduz-se a radicalização eleitoral que pode levar à instabilidade política. Elevam-se também as chances de propostas mais consensuais entrarem na agenda de todos os concorrentes, aumentando o compromisso dos políticos com ações de longo prazo.

Um estudo mostra que os municípios com segundo turno
têm um gasto público de melhor qualidade
Os dois candidatos que chegam à reta final também se vêem obrigados a apresentar de forma mais detalhada suas idéias e os meios para implementá-las. O eleitor tem informações mais precisas para definir seu voto. Além disso, aumenta sua capacidade de pressionar o próximo governante a prestar contas à sociedade com base em propostas.

O segundo turno tem ainda uma quarta qualidade. Uma nova rodada eleitoral permite ao candidato derrotado ter bastante tempo de exposição de suas idéias, de modo que ele possa apresentar um projeto que possa ser visto como alternativo. Com base nisso, poderá haver oposição ao longo do mandato e, sobretudo, tal proposta poderá ser retomada quatro anos depois e posta em comparação com o que o governante conseguiu fazer. Desse modo, o segundo turno pode facilitar a construção de trajetórias políticas diferentes, que os eleitores poderiam testar ao longo do tempo. Se souber fazer uma boa campanha, o perdedor se torna um líder político.

Tomando como base a listagem das qualidades do segundo turno, a campanha de Marta Suplicy é um contra-senso. Ela está perdendo a oportunidade de marcar posições históricas de seu partido e de realçar seu governo, melhor que os quatro anteriores. Todos os holofotes se voltaram a seu ataque à vida pessoal do prefeito Gilberto Kassab. Com esse ato, pode-se perder um enorme capital político adquirido em São Paulo, que poderia ressurgir noutra ocasião. O petismo só ganhou em 2000 porque soube construir sua trajetória em eleições e segundos turnos sucessivos.

A despeito desse e de outros desatinos da campanha atual, há uma boa notícia para a democracia. Os cientistas políticos Marcos Chamon, João de Mello e Sérgio Firpo compararam as cidades com segundo turno às que não têm e concluíram duas coisas. Primeiro, há maior competição política nas localidades com dois turnos. Segundo, os municípios com segundo turno têm um gasto público de mais qualidade, privilegiando investimentos, em vez de despesas correntes, com destaque para a maior construção de escolas.

Em resumo, o segundo turno ajuda a produzir uma revolução silenciosa na forma de governar uma parte importante dos municípios.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Globo News

No programa Espaço Aberto de hoje Alexandre Garcia entrevista o ministro da Justiça, Tarso Genro.

Acompanhe, às 21h 30m.

Análise do Debate

O debate, veiculado e promovido pela CBN, foi muito interessante, elevado e civilizado.

Essa como é uma campanha muito disputada, voto a voto, faz dessa cidade que é uma cidade tão grande, grandiosa e generosa acabar no segundo turno das eleições 2008.

O eleitor carioca, como é muito soberano, saberá como decidir.

Foi um debate relevante, pois como não tivemos debate no primeiro turno, dessa vez fará um diferencial.

A CBN prestou um ótimo serviço público ao seu ouvinte.

Foi um debate muito interessante.

Debate - CBN - Eduardo Paes X Fernando Gabeira

CBN - Debate no Rio


Debate entre Fernando Gabeira (PV) e Eduardo Paes (PMDB)


Hoje a CBN Rio promove debate entre os dois candidatos a prefeito do Rio de Janeiro.

O âncora será Sidney Resende, e eu vou acompanhar.

O formato do debate foi discutido e aprovado entre a CBN e as assessorias dos candidatos.


Começa daqui a pouco. Vamos acompanhar!

Debate na CBN

Já está tudo pronto para o debate entre os candidatos a prefeito do Rio.

Começa às 11h e vou acompanhar tudo.


Já estou on line com CBN do Rio.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Espaço Aberto


A Míriam Leitão entrevista, hoje, o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan.


Começa daqui a pouco, às 21h 30m, na Globo News.


Ele explicará sobre os detalhes dessa crise que mexe com os mercados nacionais e internacionais.

Eleições Americanas - Debate

O debate político americano, veiculado ontem pela Globo News, não apresentou nenhuma novidade, apenas reinterações de caráter.

Foi chatíssimo.

Esse foi o último debate antes das eleições em novembro e McCain precisava mostrar-se mais feroz e mais concreto. Mostrou-se, mas não reverteu a situação.

McCain, preocupado anotava, com frequência, as informações do seu oponente.

Os temas destacados para o debate, além de economia, foi sistema previdenciário, liderança na campanha, comportamento dos vice-presidentes, energia, saúde e educação, todos nessa ordem.

Os pontos mais importantes e que merecem destaque foram estes:

Para McCain:

Congelamento dos gastos públicos;
Equilíbrio do orçamento;
Eliminar a dependência do petróleo da Venezuela e do Oriente Médio;
Uso de enrgias alternativas como eólica, gás natural, tecnologia limpa de carvão, biomassa;
Aperfeiçoar acordos comerciais de livre comércio;
Empréstimos escolares.

Para Obama:

Programas de subsídios serão cortados;
Apenas programas que funcionam continuarão;
Déficit será enfrentado;
Não aceitará conselhos de radicais;
Em dez anos, este é o prazo realista para ter a dependência do petróleo reduzida;
Expandir a produção doméstica;
Mais recursos para fontes alternativas de energia;
Acordos comerciais serão revistos;
Investimento pesado na educação.

Em suma, ambos mostram propostas muito interativas, mas quem sempre leva a melhor é o Democrata. Ele é muito interado e seguro com números e os temas abordados.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Eleições Americanas - Debate


Daqui a pouco começa o último debate das eleições americanas.

Obama X McCain

Promete ser muito emocionante! E mais uma vez o tema principal será a Crise Mundial.
O republicano John McCain precisa de um bom desempenho no debate desta noite para tentar reverter a vantagem do democrata Barack Obama nas pesquisas. Confronto será o último antes das eleições.

Vamos acompanhar atentamente. www.g1.com.br/globonews
As eleições americanas acontecerão em novembro.

IBOVESPA

A Bovespa acaba de fechar com queda de 11,40% e 36.833 pontos.

A tarde, por volta das 14h 24m, o Circuit Breaker foi acionado e a Bovespa parou de operar por meia hora.

Bovespa

A Bolsa de Valores de São Paulo acaba de acionar o circuit breaker. A queda passou de 10%.

* Circuit Breaker - Artifício de segurança acionado nas bolsas de valores para interromper o pregão. Na Bovespa isso acontece quando o índice Bovespa (IBOVESPA) cai em 10%. Soa-se enão uma sirene que pára as negociações durante meia hora. O sistema volta a funcionar se a queda persistir e chegar a 15%.

Atualizado às 15h 14m: A Bovespa votou a operar, mas ainda está em queda.

Eleições Americanas - Debate

Hoje a noite, a partir das 22h, teremos o último debate entre os candidatos a presidente dos Estados Unidos.

Será veiculado pela Globo News, e o formato deste será igual o primeiro, isto é, o mediador fará as perguntas aos candidatos.

Vamos acompanhar! O site da Globo News transmitirá ao vivo. Basta clicar em www.g1.com.br/globonews

Se não terminar muito tarde farei uma análise ainda hoje.

Eleições 2008 - São Paulo

O milagre de Dona Marta

Nunca antes na história deste país os mais destacados blogueiros haviam falado a mesma língua, defendido o mesmo ponto de vista e investido na mesma direção. Pois isso ocorreu ontem - e talvez jamais se repita. Credite-se a proeza a Marta Suplicy, candidata do PT à prefeita de São Paulo, e ao comercial de sua campanha que perguntou sobre a condição civil de Gilberto Kassab (DEM).

De Ricardo Kostcho, ex-porta-voz do governo Lula:
"Pensei que este tempo de levar a campanha eleitoral para a lama, quando as pesquisas mostram um cenário desfavorável, tivesse ficado para trás e nunca mais eu fosse obrigado a escrever sobre este esgoto da política que, na falta de argumentos, parte para atacar a vida pessoal do adversário.
(...) "É casado? Tem filhos?” O que quis dizer a campanha de Marta ao ficar martelando estas perguntas sobre a vida de Gilberto Kassab? Por acaso tem algum eleitor em São Paulo que não saiba que o atual prefeito candidato à reeleição é solteiro e não tem filhos?
Qual é o problema? O que isso tem a ver com a decisão dos eleitores na hora de votar para escolher o candidato ou a candidata que considerem melhor para administrar a cidade?"

De Rosane de Oliveira, colunista do jornal Zero Hora, de Porto Alegre:
"Que fim levou aquela Marta Suplicy que conhecemos defendendo as minorias? A sexóloga sem preconceitos? A mulher que fez do casamento entre homossexuais (ou união civil) uma das suas bandeira?
A perspectiva de perder a eleição no segundo turno (está 17 pontos percentuais atrás do adversário na pesquisa do Datafolha) transformou aquela Marta numa candidata que apela para o que sempre condenou: a exploração da vida pessoal do adversário. Pior, com insinuações que nada têm a ver com a capacidade de Gilberto Kassab (DEM) para administrar uma metrópole complicada como São Paulo".

De Reinaldo Azevedo na VEJA online:
"Caberia ao DEM indagar se, quando Marta namorou aquele argentino pela primeira vez, já havia rompido formalmente o casamento com Eduardo Suplicy? Eu acho que não. Eis aí. Eis o PT que diz combater preconceitos. Eis o PT de Lula, que ele diz ser alvo de discriminação.”

De Kennedy Alencar na Folha Online:
"Comercial político do PT paulistano indaga se o prefeito Gilberto Kassab (DEM) é casado e se tem filhos. Ora, qual a relevância disso para quem é candidato? Qual a importância para administrar a maior cidade do país se ele é casado, solteiro, viúvo, tico-tico no fubá?”

De Gilberto Dimenstein na Folha Online:
"Não sei o que fica pior: ela [Marta] ser a responsável ou dizer que não sabia que algo tão grave iria para o ar e, depois, defender a baixaria. Só posso entender o fato pelo desespero de quem vê a eleição escorrer pelas mãos.
Ficaria muito melhor para a biografia dela (uma biografia que considero respeitável) pedir simplesmente desculpas. Se ela vencer a eleição na base desse tipo de impropriedade, pode ganhar mas, de verdade, perdeu."

De Cristiana Lobo no G1:
"Não pegou nada bem para Marta o tom de seu programa na estréia do horário eleitoral na televisão. Os eleitores de Marta usam como defesa de sua candidata exatamente aquilo que se imaginava que ela era: uma mulher moderna, de cabeça aberta, alguém que sempre frequentou as paradas gays em São Paulo, defensora do casamento entre pessoas do mesmo sexo. E, de repente, aparece outra Marta. Com insinuações sobre a sexualidade alheia".

De Josias de Souza no UOL:
“O curioso é que a própria Marta, quando trocou o senador Suplicy pelo argentino Favre, foi vítima de odiosas insinuações. Pena que o desespero momentâneo a tenha desnudado. Lamentável que o flerte com a derrota a tenha conduzido para a sarjeta eleitoral.”

De Lauro Jardim na VEJA online:
“Num programa que já virou histórico pelo grau de apelação, insinuação e baixaria, um locutor pergunta ao paulistano, tendo ao fundo uma foto de Kassab: ‘É casado? Tem filhos?’. Em seguida, aconselha: ‘Para decidir certo, é preciso conhecer bem’.

De Fábio Campana:
"Kassab é solteiro. Marta insinua. Diz que a população tem o direito de saber se ele é casado e tem filhos. Logo a Marta, sexóloga, primeira mulher a tratar do assunto abertamente na TV e sempre avessa à esse tipo de questionamento.

De Pedro Dória:
"Marta não tem o direito de fazer uma insinuação assim tão grosseira. Não ela, que tem histórico de lutar pela igualdade de direitos entre homossexuais e heterossexuais. (...) Parece dizer: às favas os princípios, o que vale é vencer.
(...) O argumento (cínico) para justificar um ataque desses é que o eleitor tem o direito de saber tudo sobre seu candidato. Mas isso não é verdade. Não é da conta do eleitor quantas vezes Marta pulou a cerca quando era casada com Eduardo, ou vice-versa. Não importa ao eleitor que jogos eróticos lhes agradavam ou desagradavam. Houve o tempo em que considerava-se que perder a virgindade dizia algo a respeito do caráter de uma mulher solteira. Pois opção sexual não diz rigorosamente nada a respeito do caráter, bom ou mau, de Gilberto Kassab."

De Daniel Piza, no site do jornal O Estadão de S. Paulo:
"Uma coisa, porém, já é extremamente lamentável nesta campanha de segundo turno: o tom pessoal da propaganda de TV petista, que entre outras coisas pergunta se Kassab é casado e tem filhos. E daí se tem ou não? Lula sofreu com a história de Miriam Cordeiro em 1989 e a própria Marta com a de Luis Favre em 2000. Que use o mesmo expediente não deixa de ser sinal dos maus tempos".

De Guilherme Fiuza no site da revista ÉPOCA:
"A sexóloga está insinuando que o prefeito de São Paulo é gay. Faz isso no mesmo discurso em que o acusa de ligação com Celso Pitta, processado por corrupção. Para a Marta de hoje, homossexualismo e desonestidade estão do mesmo lado.
A vida é assim, as pessoas mudam seus credos. Não há mal nenhum nisso.
Mas o esclarecimento é importante. Na próxima vez que Marta recomendar a você que relaxe e goze, não vá interpretando ao pé da letra. Confira primeiro a sua situação conjugal."

CBN - Eleições 2008 - Debate no Rio



Debate entre Fernando Gabeira (PV) e Eduardo Paes (PMDB)

Na próxima sexta-feira, dia 17 de outubro, entre 11h e meio-dia, a CBN Rio vai promover debate entre os dois candidatos a prefeito do Rio de Janeiro.

O âncora será Sidney Resende, e eu vou acompanhar.

O formato do debate foi discutido e aprovado entre a CBN e as assessorias dos candidatos.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Dinheiro liberado no Brasil

Os governos estão liberando dinheiro em todo o mundo para conter a crise, mas o dinheiro que o Banco Central está disponibilizando aqui no Brasil é totalmente diferente do dinheiro dos EUA e da Europa. Nossa situação é outra, e, por isso, a manobra também. Lá eles usam dinheiro do contribuinte – sai dos cofres do Tesouro. Aqui o que se faz é usar uma ferramenta clássica de política monetária: liberar compulsório.

O compulsório é o seguinte: o cliente põe o dinheiro no banco em aplicação ou na conta corrente. O banco tem que recolher parte desse dinheiro ao Banco Central. Chama-se compulsório porque ele é obrigado a fazer isso. A política monetária usa o compulsório como uma rédea: as vezes solta, as vezes puxa. Agora ele está soltando porque a situação não é normal no mercado de crédito, e o normal é que ele solte a rédea agora.

Assim, o BC controla a quantidade de dinheiro na economia. O que o Banco Central está fazendo agora é liberando parte desse dinheiro de volta para o sistema. O que ele quer? Que os bancos emprestem e o dinheiro circule. Isso derrubaria a taxa de juros bancária e facilitaria o crédito.

O risco é haver o que os economistas chamam de “empoçamento de liquidez”. Em vez de emprestar, o banco usa o dinheiro e compra título do governo. O banco tem que ter confiança na economia para voltar a emprestar e cobrar menos pelo dinheiro.

Sobre o pacote europeu, há um dado político interessante. Os governos da Europa colocaram US$ 2,4 trilhões, o equivalente a um PIB da França, na porta dos bancos para evitar a quebradeira. Mais importante que a montanha de dinheiro em si foi a sensação de que o mundo tem uma liderança. Não é americana. É européia, mais precisamente, britânica.

Gordon Brown fez um plano mais simples que convenceu os mercados. Brown foi ministro das Finanças do carismático Tony Blair. Ele próprio não em carisma: estava com baixa popularidade, mas foi resgatado pela crise.

Nos Estados Unidos, o secretário Henry Paulson deu meia volta volver na idéia de compra de ativos podres e seguiu a Inglaterra. Chamou os bancos ontem e disse que vai comprar ações de milhares de bancos, mas a metade do dinheiro vai para os nove maiores: Citibank, Bank of America, Morgan Stanley, JP morgan Chase e outros.

Ficou claro mais uma vez que a quebra do Lehman Brothers foi uma barbeiragem. E foi a quebra do Lehman que detonou a crise de confiança da qual parece estar se saindo agora.

O plano de Brown pode funcionar, mas é meio grosseiro. Significa, na prática, estatizar os bancos. Ironia: justamente na terra que inventou a última onda de privatização. Isso tem um precedente histórico. Em 1932, por causa da crise de 1929, os Estados Unidos estatizaram os bancos.

O nosso Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro Nacional) foi muito mais sofisticado: aqui, os banqueiros perderam seus bancos, e a ajuda do Banco Central foi para quem ficou com o banco quebrado e garantiu os depósitos dos clientes. Mas, vejam só, os que fizeram o Proer aqui respondem hoje a processos na Justiça.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

2º turno

Marta x Kassab
Lucia Hippolito

Tremendo barraco

O debate entre Marta Suplicy e Gilberto Kassab ontem à noite na TV Bandeirantes quase descamba para grossa pancadaria.

Marta escolheu uma estratégia arriscadíssima: atacar, atacar, atacar, como homem.

Tudo para desestabilizar Kassab e obrigá-lo a reagir. Aí, ela se defenderia como mulher, vítima de uma grosseria, um preconceito.

Bom, se este era o objetivo, a tentativa foi coroada de fracasso.

Marta ganhou o primeiro bloco. Apanhou o adversário de surpresa, repisando na pergunta: qual é o verdadeiro Kassab, o prefeito que veta determinados projetos importantes para a população de São Paulo, ou o candidato da propaganda, que promete levar a população de São Paulo ao paraíso?

Conseguiu colocar Kassab na defensiva, tendo que explicar vetos e propostas.

Mas aí, ao voltar para o segundo bloco, Marta errou a mão. Não fez mais nada do que repisar e repisar a pergunta, transformando-a num bordão cuja eficácia se perdeu. E mais: começou a acusar o adversário de mentir.

Kassab reagiu. E ganhou. Conseguiu não agredir Marta, impedindo-a de se vitimizar. Quem saiu de vítima foi o prefeito, quando Marta o acusou de mentiroso. Pediu direito de resposta e levou.

Respondendo a uma acusação de Marta sobre as companhias em que ele andava, Kassab a acusou de andar na companhia de Delúbio Soares e de petistas que carregam dólares na cueca, de gente envolvida no mensalão.

Marta pediu dois direitos de resposta. Não conseguiu. Perdeu a serenidade. E perdeu o debate.

Irritadíssima, passou a tratar o adversário com desdém, gesticulando muito, e com a voz visivelmente alterada.

Apelou para o presidente Lula, elogiou rasgadamente sua administração, tentou nacionalizar o debate. Tudo em vão. Ela errou feio na dosagem do ataque e da agressão.

Não custa repetir: ataque pessoal não é para amadores. É recurso perigoso, que só pode ser usado por quem sabe que tem uma bomba nas mãos. Caso contrário, vitimiza o adversário.

Nas considerações finais, Marta foi constrangedora. Falou pequeno, mesquinho, medíocre mesmo. Não estava à altura do que a cidade de São Paulo espera de seu prefeito.

Ah, uma última palavra. Que roupinha mais chinfrinzinha! Marta é uma mulher sempre preocupada com o guarda-roupa, preocupada nos mínimos detalhes. Pois hoje parecia uma sombra: blaser cinza, rosto cinza, cabelo cinza.

O retrato do desânimo.