sexta-feira, 4 de junho de 2010

Semana em Resumo

Miriam Leitão

Mercado de trabalho americano
Saiu um dado hoje que parece bom, mas não é. O desemprego caiu de 9,9% para 9,7% e foram criadas 431 mil vagas, o melhor resultado desde 2000. Mas quase tudo isso representa emprego temporário do censo americano. O setor privado criou muito menos, 41 mil vagas. Isso aumentou o pessimismo, porque mostra a capacidade de recuperação da economia americana, o ritmo e a sustentabilidade dessa recuperação, que está acontecendo, mas o que as pessoas querem saber é se a grande economia do mundo vai continuar crescendo. O dado foi um banho de água fria.

Produção industrial brasileira
Nesta semana, foi divulgado o dado da produção industrial de abril. O número caiu um pouco em relação a março (0,7%), mas desta vez, não é ruim como parece. Já se esperava e até se queria uma redução do ritmo, porque estava crescendo muito forte, o que traz a preocupação de inflação. A queda foi menor do que se esperava. O IBGE também mudou o dado de março de 2,8% para 3,4%. Se não tivesse feito isso, o indicador teria caído só 0,1%, sendo que os bancos previam queda de 1,1%. Foi só uma acomodação, um ajuste de estoque, não uma mudança de tendência de crescimento da economia brasileira, que continua forte este ano. Quando olhamos os dados acumulados em 12 meses, podemos dizer que agora se deixou para trás o ano recessivo de 2009, porque o número volta a ser positivo.

Carga tributária
Houve um debate nesta semana sobre carga tributária, porque o presidente Lula disse que ela tinha que ser alta mesmo, pois todo país que tem Estado forte tem carga alta. Mas ele falou isso num dia infeliz, quando o impostômetro, que calcula a quantidade de dinheiro que os brasileiros mandam para o governo, chegou a R$ 500 bilhões. O presidente está equivocado. Há 20 anos, a carga tributária sobe, e os serviços não estão melhores por causa disso.

Hungria preocupa
Existe a preocupação de que a Hungria seja uma nova Grécia, porque, aparentemente, manipulou os dados de déficit e de dívida pública x PIB. O novo governo está olhando os dados. Pior do que ter números ruins é ter manipulado o número, o que significa que pode ser muito pior. A Bolsa da Espanha, por exemplo, caiu forte por causa disso (-3,80%).

Primeiro-ministro do Japão renuncia
Ninguém se preocupou com a queda do ex-ministro do Japão, Yukio Hatoyama, porque é o quarto premier em quatro anos. Foi sucedido pelo ministro das Finanças, Naoto Kan.

Vazamento no Golfo do México - Nesta semana, fracassou mais uma tentativa de parar o vazamento da BP no Golfo do México. A cada semana, o assunto fica pior. A grande solução não deu certo.

Ataque de Israel
Aumentou a tensão com o ataque de Israel à embarcação de ajuda humanitária. É uma tragédia de longo prazo: o bloqueio à Gaza que deixa a população sem alimento, sem nada. A flotilha turca tentava furar o bloqueio que Israel decretou. Tem uma população no mundo que hoje é confinada.

Balanço do PAC
Se tirarmos os empréstimos de pessoas físicas para empréstimos imobiliários, em 40 meses, foram cumpridos apenas 22% do PAC.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Economia: Mercado Futuro

Mercado futuro é um mercado em que se negociam compromissos de compra e venda que só serão realizados no futuro. O objetivo desse tipo de negócio não é receber o produto final, mas ganhar dinheiro com a variação dos preços, que mudam diariamente.

Nesse mercado, são negociados contratos: neles, uma das partes se compromete a vender e a outra a comprar um determinada mercadoria por um preço específico a ser cobrado em uma data futura.

O produto negociado nesses contratos é um ativo financeiro, como ações de uma empresa, ou commodities. As mercadorias negociadas nesse mercado precisam seguir padrões comuns aos mercados do mundo todo, para que o investidor possa negociá-la à distância e sem escolher cada produto ou ativo individualmente.

Economia: Oferta e Demanda

Oferta é a quantidade de um produto ou serviço disponível para compra. Demanda, por sua vez, é a quantidade de produtos ou serviços que os consumidores estão dispostos a comprar.

Quando a demanda é maior do que a oferta, os preços dos produtos tendem a subir, já que os consumidores se dispõem a pagar mais para obter um determinado item. Por outro lado, quando a oferta é maior do que a demanda, os preços tendem a cair.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Economia: Comércio Exterior

Comércio exterior é o conjunto das compras e vendas de bens e serviços feitos entre países.

Quando um país vende um bem ou serviço a outro, a operação é chamada de importação. Quando compra de outro país, efetua realiza uma exportação.

A balança comercial, por sua vez, é o resultado dos valores recebidos pelas exportações, menos os valores pagos pelas importações. Quando as exportações superam as importações, a balança é superavitária. Quando as importações somam mais que as importações, a balança é deficitária.

Os governos estimulam as importações porque elas representam a entrada de recursos na economia do país.

Em 2009, as exportações brasileiras somaram US$ 152,25 bilhões, e as exportações, US$ 127,63 bilhões. Com isso, a balança comercial brasileira ficou superavitária em US$ 24,61 bilhões.

Em maio deste ano, a balança comercial já registra superávit de US$ 3,44 bilhões.

Resumo dos principais jornais do país

Política
1. Lula libera R$ 6,6 milhões a emenda de Ciro Gomes
O deputado federal – e ex-aspirante à candidatura de vice na chapa de Dilma Rousseff – Ciro Gomes (PSB-CE) foi agraciado pelo governo com a liberação de R$ 6,6 milhões em recursos. De acordo com reportagem da Folha, o valor é o mais alto pago individualmente a um congressista no ano. Coincidentemente, a liberação do valor ocorreu no mesmo dia em que o PSB confirmou seu apoio a Dilma. Ciro não quis comentar a liberação recorde de sua emenda pelo governo. Segundo sua assessoria, ele está nos Estados Unidos.

2. Governo corta R$ 1,28 bi de investimentos em educação
O ministério da Educação será o mais afetado com o corte de gastos anunciado recentemente pelo ministro da Fazenda Guido Mantega. Segundo o jornal Estadão, a pasta de Educação terá R$ 1,28 bilhão a menos para investir em 2010. Outras áreas também terão cortes. No total, o Executivo está reduzindo despesas no valor de R$ 7,5 bilhões. Para alcançar o valor do corte de R$ 10 bilhões, anunciado no dia 13 de maio, o governo diminuiu também a estimativa de gastos com pessoal e subsídios em R$ 2,4 bilhões. O Legislativo e o Judiciário terão uma redução nas despesas de R$ 125 milhões.

Sociedade
3. PMs são suspeitos de mais 12 mortes em São Paulo
Grupo de extermínio formado por policiais da zona leste de São Paulo é suspeito de mais 12 mortes e 17 tentativas de assassinato. Pelo menos cinco policiais suspeitos de participação nos crimes estão sendo investigados pela polícia civil. Segundo reportagem da Folha, até então a suspeita era de que o grupo tivesse matado 11 pessoas. Agora, as mortes investigadas já chegam a 23. Para o novo corregedor da Polícia Militar, coronel Admir Gervásio Moreira, os grupos de extermínio supostamente formados por policiais militares “são casos pontuais, conduta individual, e não conduta institucional”.

4. Autorizada construção de Angra 3
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) liberou ontem a licença de construção de Angra 3, que permite o início das obras do prédio do reator da usina. Segundo reportagem do Estadão, a licença foi liberada com 30 condicionantes. A maior parte são adaptações que permitam ao projeto de Angra 3 segurança semelhante ou maior do que a de Angra 2. A previsão para a operação da usina, porém, é entre 2015 e início de 2016.

5. Bolsa-Família não vence extrema pobreza
Estudo encomendado pelo governo aponta que o programa Bolsa-Família não garante que famílias das regiões Norte e Nordeste superem a condição de pobreza extrema, na qual os membros da família recebem pelo menos R$ 70 por mês cada um. Segundo reportagem do Estadão, cerca de 7,5 milhões de famílias beneficiárias do Nordeste e do Norte têm renda média de R$ 65,29 e R$ 66,21. De acordo com o ministério do Desenvolvimento Social, mais de 2 milhões das 12,4 milhões de famílias que recebem o benefício ainda são consideradas extremamente pobres.

6. Falta vacina H1N1 em clínicas particulares
A vacina contra a gripe H1N1 está em falta nas principais clínicas particulares do país. A reportagem da Folha (para assinantes) ligou para 13 clínicas certificadas pela Sociedade Brasileira de Imunizações para conferir a situação das vacinas para adultos. De acordo com o jornal, a falta de estoque é problema em todas elas. Para compensar a falta, o Ministério da Saúde comprou 113 milhões de doses e quer vacinar 71 milhões de pessoas até amanhã, quando termina a campanha nacional.

Mundo
7. Para Israel, condenação da ONU a ataque é hipócrita
Israel anunciou hoje pela manhã que considera hipócrita a condenação do Conselho de Segurança da ONU ao ataque israelense à frota de navios que levava ajuda humanitária à Faixa de Gaza. Para Yigal Palmor, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores israelense a “condenação constitui um gesto automático baseado unicamente em determinadas imagens televisivas e não em um conhecimento dos fatos, além de uma dose impressionante de hipocrisia.” Segundo reportagem da Folha, o ataque causou pelo menos nove mortes e ferimentos em dezenas de pessoas.

8. Desemprego na zona do euro é o maior em 12 anos
Reportagem do jornal americano New York Times mostra que o desemprego em abril foi o pior resultado registrado na zona do euro em quase 12 anos. Segundo a reportagem, o motivo foi a piora no mercado de trabalho de Espanha, Portugal e Itália. A agência de estatísticas Eurostat informou nesta terça-feira que o número de desempregados na região subiu para 10,1%, ou 15,860 milhões de pessoas. É o maior patamar desde agosto de 1998 quando a taxa alcançou 9,9%.

Economia
9. Receita prevê cobrança de R$ 5,5 bi da BM&FBovespa
Investigação aberta pela Receita Federal contra a BM&FBovespa suspeita que a bolsa tenha tenha criado benefícios fiscais fictícios para deixar de pagar tributos federais. A BM&FBovespa nega as irregularidades, que estão sendo investigadas por uma equipe especial de quatro auditores. Segundo reportagem da Folha (para assinantes), o valor pode chegar a mais de R$ 5,5 bilhões.

10. Empresas bilionárias abertas no Brasil somam 85
Reportagem do jornal Valor Econômico mostra que o Brasil possui 85 empresas de capital aberto com receita líquida annual superior a US$ 1 bilhão. Essas companhias já faturam o equivalente a 30% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, ou US$ 470,4 bilhões em 2009. Dez anos atrás o Brasil tinha 39 empresas com faturamento líquido superior a US$ 1 bilhão. Segundo o jornal o crescimento é graças à estabilidade político-econômica, captação de recursos na bolsa e crescimento doméstico.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Economia: Commodity

Commodity é uma mercadoria de importância mundial, que tem seu preço determinado pela oferta e pela procura internacional.

Para ser considerado uma commodity, um produto precisa seguir algum tipo de padronização, ou seja, precisa ser similar em todas as partes onde é negociado. Em geral, uma commodity tem um grau pequeno de industrialização, como a soja, a carne, o minério de ferro etc.

Resumo dos principais jornais

Política
1. Mesmo após redemocratização, governo seguiu investigando críticos
Reportagem da Folha mostra que mesmo após o fim da ditadura, o governo do ex-presidente José Sarney continuou espionando grupos da oposição. Segundo documentos liberados ao jornal pelo Arquivo Nacional, o governo interceptou cartas, infiltrou agentes e produziu listas de nome e endereços de grupos de esquerda entre eles o PT, os sem-terra, sindicatos e membros de entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

2. Por voto, Serra e Dilma buscam alianças constrangedoras
No vale-tudo da corrida presidencial os dois principais candidatos à presidência da República recorrem a alianças constrangedoras. Reportagem do Estadão relata que a candidata do PT, Dilma Rousseff, distribuiu afagos ao ex-governador do Rio, Anthony Garotinho, investigado por suposto envolvimento em corrupção, enquanto o candidato do PSDB, José Serra, tem o apoio declarado do presidente do PTB, Roberto Jefferson, que teve o mandato de deputado cassado por envolvimento no escândalo do mensalão.

Sociedade
3. Quase metade dos médicos receita o que fábrica indica
Pesquisa inédita do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) aponta que 48% dos médicos paulistas que recebem visitas de propagandistas de laboratórios prescreve medicamentos sugeridos pelos fabricantes. Segundo reportagem da Folha, a pesquisa aponta que 93% dos médicos afirmam ter recebido presentes de até R$ 500. Outros 37% declaram que ganharam benefícios como cursos e viagens para congressos internacionais. Para o Cremesp, cerca de um terço dos médicos mantém uma “relação contaminada com a indústria farmacêutica e de equipamentos, que ultrapassa os limites éticos”.

4. Fumo é responsável por 40% das mortes de mulheres com menos de 65 anos
Levantamento do Instituto Nacional do Câncer (Inca), 40% das mortes de mulheres com menos de 65 anos são causadas pelo consumo de tabaco. Por causa do dado alarmante, o Dia Mundial sem Tabaco, comemorado hoje, terá como alvo as mulheres. Segundo reportagem da Folha, o objetivo é alertar sobre as estratégias que a indústria do tabaco usa para atingir o público feminino e os males que o cigarro causa à saúde e ao meio ambiente. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o cigarro mata por ano mais de cinco milhões de pessoas – entre as quais, 1,5 milhão de mulheres.

5. Vacina contra câncer de mama deve ser testada em um ano
Reportagem publicada no jornal britânico Daily Telegraph mostra que uma vacina contra o câncer de mama deverá ir a teste dentro de um ano. Se for eficiente, a droga poderá acabar com mais de 70% dos cânceres de mama, salvando mais de oito mil vidas por ano somente no Reino Unido. De acordo com a reportagem, a vacina poderá ser oferecida a mulheres antes de alcançarem meados de 40 anos, época em que o risco de câncer de mama começa a subir.

Mundo
6. Israel ataca barcos que levavam ajuda à Gaza
O Exército de Israel atacou na madrugada de hoje um comboio de barcos organizado por ONG humanitária. Segundo reportagem do jornal americano New York Times, o ataque ocorreu a uma flotilha liderada por uma embarcação turca, que transportava mais de 600 pessoas e 10 mil toneladas de ajuda humanitária para a faixa de Gaza. Segundo o jornal, pelo menos dez pessoas foram mortas em decorrência do ataque.

7. Vazamento de óleo pode durar até agosto
Ontem a British Petroleum (BP) anunciou mais uma tentativa fracassada de interromper o vazamento de petróleo que já dura mais de um mês no Golfo do México. Autoridades americanas já admitem que o óleo continuará fluindo do fundo do oceano pelo menos até agosto. Segundo reportagem do Estadão, a crise atinge diretamente o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, acusado de lentidão e mau gerenciamento do processo.

Economia
8. Inadimplência empresarial cai 15,3%
Levantamento realizado pelo Serasa mostra que a inadimplência das empresas brasileiras registrou queda de 15,3% na comparação do mês de abril em relação a março deste ano. Segundo reportagem da Folha, foi a maior queda para a relação entre estes mesmos meses desde 2004, quando houve recuo de 15,1%. De acordo com o Serasa, o principal motivo da queda foi a diminuição das dificuldades dos negócios em decorrência do aquecimento do mercado interno.

9. Venda de TV dispara às vésperas da Copa
Às vésperas do início da Copa do Mundo, um dos artigos eletrônicos mais vendidos pelo comércio são as televisões. Segundo reportagem do Estadão, grandes redes varejistas mais que dobraram o número de unidades comercializadas na comparação com mesmo período do ano passado. Apesar do forte ritmo do consumo, lojistas informam que, por enquanto, não faltam produtos nas prateleiras.

10. Brasil deverá ter segundo maior crescimento global
Previsões do mercado financeiro mostram que o Brasil deve ocupar no primeiro trimestre o segundo lugar no ranking das maiores taxas de crescimento do mundo. Estimativas do Produto Interno Bruto (PIB) apontam crescimento de 3% nos três primeiros meses do ano, o equivalente a 12,6% ao ano. Segundo reportagem do Estadão, o líder do ranking deve ser a Índia, que avançou a uma taxa anual de 13,4%. A China deverá ocupar a terceira colocação, com alta de 11,2% entre janeiro e março.

Quanto o Governo toma do trabalhador

Carlos Alberto Sardenberg

Em um salário de 2 mil, o governo leva R$ 837

O Brasil é um país ainda relativamente jovem, com uma imensa força de trabalho. Isso é um bônus, uma vantagem, por exemplo, em relação a países que estão envelhecendo e nos quais a população economicamente ativa está diminuindo. Aqui, temos mais gente para produzir as riquezas. Logo, deve ser prioridade do país facilitar a abertura de postos de trabalho.

Certo?

Antes de responder, considere o seguinte cálculo, referente ao contra-cheque de um trabalhador solteiro, CLT, com carteira assinada, na qual está registrado um salário de R$ 2 mil mensais. O objetivo é verificar quanto a empresa paga efetivamente e quanto o empregado leva para casa, levando-se em consideração apenas dois tipos de impostos, de renda e contribuições para a seguridade social.

Na vida real, a empresa tem custos mais elevados aqui. Mas consideramos apenas esses dois tipos de impostos para fazer a comparação com outros países, conforme os critérios definidos pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Assim, sobre os R$ 2 mil da carteira do empregado brasileiro, a empresa recolhe 20% de INSS e mais 7,8%, assim divididos: 2,5% por conta de Sistema S (Senai, Sesc, etc.) 2,5% para o salário-educação 2% de contribuição para acidentes e doenças do trabalho (RAT) 0,6% para o Sebrae e 0,2% para o Incra (sim, é isso mesmo que o senhor e a senhora estão pensando, a folha de salários financia a reforma agrária).

Portanto, a empresa paga R$ 2 mil, mais R$ 440 para o INSS e mais R$ 156 para o Sistema S, no total de R$ 2.596.

Já o trabalhador desconta direto no contra-cheque mais 11% para o INSS e o imposto de renda, conforme a tabela progressiva. No caso, R$ 2 mil menos R$ 21 de IR e R$ 220 de INSS, ficando com R$ 1.759.

Tudo somado e subtraído, no nosso exemplo, o governo leva nada menos que R$ 837 em cima de um salário de R$ 2 mil. Ou, quase 33% do total pago pela empresa. Essa é a cunha fiscal no salário, de novo considerando apenas os impostos de renda e para a seguridade social. Fazendo os mesmos cálculos para salários mais altos, até R$ 5 mil, a cunha fiscal restrita chega a absurdos 40%.

É muito ou é pouco?

É preciso comparar. A carga aqui é menor do que em países europeus mais desenvolvidos, como Alemanha e França, que chegam 50% de cunha fiscal. O trabalhador leva para casa metade do que a empresa paga.

Mas os nossos 33% a 40% de carga superam, por exemplo, os valores cobrados em outros países igualmente ricos, como Inglaterra, Canadá, Estados Unidos, Suíça, Japão, Austrália e Coréia do Sul (nesta, os impostos sobre o salário são de apenas 20%).

Há mais. Os serviços prestados pelo setor público em todos esses países são superiores aos brasileiros. Por exemplo, o trabalhador na Alemanha, França, Inglaterra ou Canadá não precisa gastar um tostão com saúde. Já no Brasil, além de pagarem o imposto que financia o SUS, cerca de 35 milhões de trabalhadores ainda pagam planos de saúde, custo em geral também descontado no contra-cheque. A maior parte desses planos é co-financiada pelas empresas, de modo que estas também têm esse custo adicional. Comparando: na Inglaterra, apenas 5% dos trabalhadores pagam seguro saúde privado.

Além disso, o professor Hélio Zylberstajn, que preparou os cálculos, afirma que o FGTS deve ser incluído nesse cunha fiscal. É verdade que, em algum momento, o trabalhador leva para casa o dinheiro do Fundo. Por outro lado, trata-se de um pagamento mensal da empresa e que fica, durante certo tempo, como receita do governo, utilizada de diversas maneiras. Incluindo-se o FGTS, a cunha fiscal em um salário de R$ 2 mil sobe para 35%. Em um salário de R$ 4 mil, vai a 39%,.

Tem mais. Ao pagar suas contas e fazer suas compras, o trabalhador morre de novo com impostos elevados, como os 35% mais ou menos que estão no telefone ou na luz.

Finalmente, na nossa conta, não consideramos outros itens pagos pela empresa, como 13º., férias, abonos, licenças, dinheiro ou benefícios que acabam indo para o trabalhador, mas que encarecem a folha salarial.

E então? Parece um país que precisa oferecer empregos formais? Dá para entender por que quase metade da mão de obra está na informalidade?

Os impostos e encargos sobre a folha salarial constituem um dos maiores absurdos da economia brasileira. O ministro Mantega, logo que assumiu, disse que uma de suas metas era reduzir os encargos sobre a folha. Nada fez. Por que é tão difícil?

Por três motivos principais. Primeiro, porque o governo precisa do dinheiro para gastos sempre em expansão, embora nem sempre eficientes. Segundo, porque a arrecadação é muito simples. A empresa deposita direto na conta da Receita. E, terceiro, porque o dinheiro vai para setores de peso político. Exemplo: federações da indústria e do comércio do país afora que recebem os 2,5% do sistema S.

Passo a passo para abrir uma empresa

domingo, 30 de maio de 2010

Reforma Tributária é tema entre os presidenciáveis

AE - Agência Estado

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva pode terminar sem que tenha sido aprovada a reforma tributária. Assim, Lula terá sido o quarto presidente, em sete mandatos, a ser derrotado pela resistência do sistema de impostos e contribuições brasileiro estabelecido na Constituição de 1988.

As chances de promover ampla reforma no tributo considerado mais problemático, o Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), de competência dos Estados, são reduzidas, na avaliação de especialistas. "A reforma não sai se não houver uma garantia muito firme de que não haverá perdas nos Estados", afirmou o secretário de Fazenda de Minas Gerais, Simão Cirineu. Para o ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel, reformar radicalmente o ICMS é um problema que não tem solução, pois os governadores não abrirão mão de receitas nem do poder de criar políticas por meio da tributação. "O conflito central é federativo, não é algo que se resolva nesta encarnação."

Harmonizar a legislação do ICMS é o centro de todas as propostas de reforma tributária que foram enviadas ao Congresso Nacional desde 1988. Os três principais pré-candidatos à Presidência da República - Marina Silva (PV), Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) - defendem a reforma tributária.

Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro, o futuro presidente terá chances de avançar com a reforma se propuser a alteração logo no início do mandato, utilizando o capital político da eleição, e se construir uma proposta que reconheça as dificuldades que o federalismo impõe. "A vantagem é que temos muitas coisas já testadas e não começaremos de uma base inteiramente nova", afirmou Monteiro."