sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Resumo da Semana

Míriam Leitão
Erenice cai - Novas denúncias de tráfico de influência envolvendo Erenice Guerra levaram o presidente Lula a demitir a ministra, que era braço-direito de Dilma Rousseff, candidata à Presidência. A demissão de Erenice não desobriga o governo de investigar o caso. As denúncias levantadas pela imprensa envolvem muita gente da família, há indícios fortes de mau comportamento, denúncia de que foi pedido um percentual para liberar empréstimo no BNDES. O banco negou através de nota. A queda de Erenice derruba a tese de que as notícias publicadas na "Veja", "Folha" e outros jornais eram briga eleitoral. Não. Está no capítulo da seriedade com as questões públicas.

José Dirceu e o PT - Num encontro com petroleiros na Bahia, José Dirceu, disse que, com Dilma, o PT vai mandar mais do que com Lula e fazer o seu "projeto". Ele disse ainda que Lula é duas vezes maior do que o partido. Já Dilma, ele define como uma liderança que não tinha "grande expressão popular, eleitoral, nem raiz histórica no país". Criticou várias vezes a imprensa, dizendo que era preciso se preparar para a disputa com os meios de comunicação. Pode-se criticar jornais, jornalistas, empresas. Nada disso é assustador. O que assusta é achar que é preciso controlar a imprensa por haver um, como ele disse, “excesso” de liberdade e “abuso” do direito de informar.

Crise completa dois anos - Dois anos depois da quebra do Lehman Brothers, os chamados países ricos estão ainda engasgados com a crise. Entre os emergentes, China e Índia reduziram o ritmo de crescimento; a Rússia teve grande recessão; e o Brasil, pequena. Mas teve um momento de muito susto por aqui. Devemos essa saída rápida da crise ao BC, que percebeu o tamanho do problema e o que deveria fazer. Tínhamos algumas vantagens: o país tinha uma regulação mais rigorosa, porque havia passado pela crise dos anos 90; além disso, o mercado financeiro era relativamente isolado do resto. O Brasil, no governo Lula, acumulou também muitas reservas, e o BC pode usá-las para fazer um colchão que amorteceu a crise. O Brasil se saiu bem, mas passou por dois trimestres de sufoco. Nos Estados Unidos está havendo um impacto político da crise com o fortalecimento da extrema direita do Partido Republicano.

Regulação financeira - Foi fechado um acordo internacional, em Basileia, na Suíça, para a terceira rodada de regras de proteção dos bancos contra as crises. Haverá, agora, colchões de proteção, nova definição do que seja capital, novos limites de alavancagem e os bancos grandes terão de ser mais rigorosos.

América Latina na "The Economist" - A reportagem de capa da revista britânica - com o mapa invertido das Américas e o título: "Quintal de ninguém" - falou dos avanços e problemas da América Latina. A notícia para comemorar é que a região está crescendo este ano. Só Venezuela, Cuba e Haiti não crescem. Eles falam também do círculo virtuoso que está beneficiando a região: diante da crise da dívida, a região fez reformas importantes, passou a ter muito mais responsabilidade fiscal, combateu a inflação, regulou o sistema bancário de forma mais rígida. Tudo isso fez bem agora às economias da América Latina. A revista diz que é exemplo para o sul da Europa, que enfrenta dívida alta. Mas afirma que o risco aqui é a complacência com erros antigos: temos baixa taxa de poupança e de investimento, a educação ainda é deficiente e investimos pouco em inovação. O excesso de informalidade, provocado por uma legislação trabalhista antiga, seria outro problema. Eles dizem que a relação com os EUA deve ser atualizada. Acham que o Brasil tem de fazer isso, mas que os EUA também devem mudar em relação à América Latina.

Queda do dólar - No Brasil e no mundo todo, o dólar vem caindo. Por aqui, foram dez pregões seguidos com a moeda americana em baixa. No Brasil, há bons motivos para que o real se valorize: o país tem juros altos e o fato novo é a capitalização da Petrobras, que traz mais dinheiro para cá. O ministro Guido Mantega disse que o governo vai comprar, através do Fundo Soberano, todo dólar que entrar pela capitalização para neutralizar esse efeito. Como os EUA não conseguem sair da crise, o governo terá de injetar mais dólar na economia. Está prevendo recomprar 1 trilhão de dólares de papéis do Tesouro. A tendência, então, é de queda do dólar.

Novo recorde de emprego - Dados do Caged mostram que em agosto foram criados mais de 299 mil postos de trabalho, principalmente no setor de serviços, o que representa o maior resultado para o mês. De janeiro a agosto, já foram abertas 1,95 milhão de vagas. O dados mostram que parte disso é recuperação do que foi perdido nos piores meses de 2009.

Mudanças em Cuba - O país anunciou que vai demitir meio milhão de funcionários públicos, 10% dos trabalhadores do país, e aumentar o número de permissão para trabalhos por conta própria. Cuba está com uma grande crise econômica. O Estado paternalista que faz tudo e dá empregos não funciona mais. Agora, estão tentando encontrar uma saída.

Educação - Hoje, o IBGE divulgou a "Síntese dos Indicadores Sociais" que traz dados interessantes. De novo, está comprovado que a mulher tem mais escolaridade do que o homem, mas tem salários menores, 70% do que o homem ganha. O dado que o GLOBO está destacando é assustador: nós temos a maior taxa de evasão escolar e de reprovação do Mercosul - lideramos também na comparação com outros países, como Chile e Venezuela. A única batalha que não podemos perder – a educação - temos perdido insistentemente.