sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Bandinha do Jornal CBN 1ª Edição

Bandinha CBN

A partir desta sexta-feira, a CBN disponibilizou a Bandinha, sátira política com fragmentos de entrevistas veiculadas durante a semana.

E como inauguração já temos a primeira de muitas.

Nepotismo nos Três Poderes

O Supremo Tribunal Federal (STF) acaba de aprovar, por unanimidade, a 13ª Súmula Vinculante da Corte, que veda o nepotismo nos Três Poderes, no âmbito da União, dos Estados e dos municípios. O dispositivo tem de ser seguido por todos os órgãos públicos e, na prática, proíbe a contratação de parentes de autoridades e de funcionários para cargos de confiança, de comissão e de função gratificada no serviço público.

A súmula também veda o nepotismo cruzado, que ocorre quando dois agentes públicos empregam familiares um do outro como troca de favor. Ficam de fora do alcance da súmula os cargos de caráter político, exercido por agentes políticos.

Com a publicação da súmula, que deverá ocorrer em breve, será possível contestar, no próprio STF, por meio de reclamação, a contratação de parentes para cargos da administração pública direta e indireta no Judiciário, no Executivo e no Legislativo de todos os níveis da federação.

Confira o enunciado da Súmula Vinculante nº 13:

“A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.”

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Panorama Econômico

Leia a coluna desta quinta-feira em O Globo

Licença de dividir

O aumento da licença-maternidade divide o tema dos direitos da mulher. Parece um avanço e pode ser um retrocesso. É tema polêmico, de mil faces e que não comporta simplificações. Hoje, nos países onde a população está diminuindo, há incentivos à natalidade, mas, como disse a demógrafa Ana Amélia Camarano, são mais bem sucedidos os programas em que os benefícios são também para o pai.

Pessoalmente acho a ampliação da licença-maternidade um perigo para as mulheres. Sei da importância da relação mãe-filho, claro, porém acho que isso vai aumentar a discriminação contra as mulheres jovens. As brasileiras hoje têm mais escolaridade que os homens, mas só 11% dos cargos executivos das 500 maiores empresas brasileiras estão ocupados por mulheres, segundo pesquisa do Instituto Ethos. Pior é a diferença salarial. Se a mulher tem três anos de escolaridade, ganha 82% do que os homens ganham. Se tem 15 anos ou mais de estudo, tem que se contentar com 56%. Isso é forte indício de que elas estão sendo barradas em suas carreiras. Será que essa ampliação da licença será mais uma desculpa para novas barreiras? Temo que sim; muitas mulheres jovens que se manifestaram no blog acham que não. Ouvi Ana Amélia Camarano, e ela acredita que, sim, há riscos:

— Licença-maternidade maior pode ser um peso a mais para a mulher e aumentar as diferenças no mercado de trabalho. O mundo inteiro está discutindo isso. Na Itália, as feministas brigam contra a elevação da licença. As políticas pró-natalistas mais bem sucedidas são as da Escandinávia, que repartem os benefícios, dando licença inicial de um mês para ambos e depois uma licença de até um ano, mas que pode ser tirada por quem cuida da criança: ele ou ela. A licença não se chama “de maternidade”, porém, sim, de “cuidado com a criança”.

Em alguns países, as populações estão diminuindo, como Japão, Rússia, Itália, Portugal, França e Alemanha. A Rússia está encolhendo em 700 mil pessoas por ano. A Alemanha perde quase 100 mil pessoas anualmente. O Brasil começará a reduzir o número absoluto de pessoas a partir de 2025. As projeções de Ana Amélia são de que nós chegaremos a 225 milhões em 2025, contudo, em 2030, seremos 219 milhões.

As políticas natalistas que incluem a visão de gênero, explica a demógrafa, conseguem pacificar os dois sonhos: do cuidado com o bebê e dos avanços da mulher. O progresso é exatamente o de promover o conceito de que gerar e cuidar dos futuros brasileiros não é uma tarefa exclusiva da mulher.

A discussão sobre o tema pegou fogo no blog. De início, os homens é que começaram a opinar e, entre eles, ficou meio a meio os que concordavam com a mudança e os que eram contra. Com a entrada das mulheres, a balança pendeu a favor da ampliação. Mesmo assim, ainda entre as mulheres, houve discordância: algumas acharam que era tempo demais para se ficar afastada do trabalho; já outras querem mais tempo para ficarem dedicadas ao bebê. Alguns homens se preocupam com o aumento do custo da empresa. Outros leitores e leitoras preferiram dar destaque à importância da mudança para a sociedade e, até mesmo, aos custos do Estado com a saúde. Alguns leitores, de ambos os sexos, opinaram reforçando o papel estereotipado da mulher.

Débora Thomé, que trabalha aqui comigo na coluna, está grávida. O bebê chega no próximo mês; assim está ainda mais ligada ao tema. Ela argumenta que, se seis meses é o tempo que os técnicos de saúde — OMS, Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Pediatria — dizem que é o mínimo necessário para a amamentação, é esse o tempo que a mãe deve ter de licença. Ela concorda com a ampliação. Alvaro Gribel, que trabalha no site, e outros leitores, são da tese de que as empresas não têm mais como abdicar da presença feminina, inclusive, em cargos de chefia, portanto não haveria o risco que eu acredito que existe de se criarem mais obstáculos ao avanço da mulher na carreira. Juliana Rosa, jornalista que trabalha comigo na Globonews, disse que seis meses é tempo demais para ficar em casa. E contou que, nos primeiros meses do seu filho, ela dividiu com o marido os cuidados com a criança. Recebeu e-mails de colegas com críticas. Uma das leitoras argumentou que as novas tecnologias poderiam ajudar muito parte das mulheres a trabalharem mais tempo de casa (por um período, que fosse). Isso é verdade: a tecnologia é mesmo uma aliada. O diretor de RH da Nokia-Siemens mandou de Munique um comentário contando que, na Alemanha, a licença é de um ano. Deu vários exemplos de países onde a licença é grande, e diz que não há discriminação contra as mulheres. No entanto confirmou que os homens também tiram licença e realmente cuidam da criança. Não há a cultura da babá.

Assunto cheio de controvérsias. O custo das empresas é, em parte, repassado para o Estado. As pequenas têm um custo intangível, mais difícil de enfrentar. A renúncia fiscal é o de menos, porque, afinal, é muito mais meritório o gasto público em garantir a saúde das futuras gerações de brasileiros que a renúncia fiscal para a indústria que o governo aprovou recentemente. O caminho, como ensina Ana Amélia Camarano, é sair da idéia de licença “maternidade” para a de licença de “cuidado com a criança”, em que os homens sejam incentivados a participar mais desse direito e tarefa.

O resultado foi ruim, mas o esforço valeu


Foto: Agência O Globo

Diferentemente dos jogadores brasileiros, as meninas deram um show de esforço em grupo. Apesar de perder de 1 a 0 para as americanas, lutaram do começo ao fim para trazer o ouro para o Brasil.
Ficamos com a prata, mas mostramos um bom futebol.
Valeu meninas!!!

A campanha eleitoral em municípios metropolitanos

Enviado por Bruno Lima Rocha

Começa a campanha eleitoral gratuita no rádio e televisão e talvez a corrida esquente. Nas capitais e em cidades pólo do interior ao menos os eleitores ficarão sabendo o nome dos candidatos majoritários. Já nas centenas de cidades metropolitanas brasileiras, o problema é de fundo e parece não ter solução. Ainda que sejam grandes colegiados, estes lugares não contam com a campanha eleitoral da mídia eletrônica. Em uma sociedade midiatizada como a nossa, isso é problema na certa.

No quesito comportamento eleitoral, os pleitos municipais podem ser considerados o "fim da várzea". Se aplicados, os clássicos estudos de cultura política apontariam a prevalência da mentalidade paroquiana. Ou seja, o conjunto de valores, normas e regras (formais e informais) privilegiam o curto prazo, as relações pessoais, os interesses imediatos e a ausência de visão cívica de longo prazo, tanto de eleitores como de possíveis eleitos. Considerando isto, como alterar a realidade sem a campanha eleitoral gratuita?

Por piores que sejam os programas, toda e qualquer forma pública é melhor do que a difusão privada. É certo que a desinformação estrutural que sofre o brasileiro médio faz com que candidatos repitam frases óbvias pouco variando o repertório. Também é correto afirmar que na maioria das vezes a estética supera o conteúdo programático. Mesmo assim, uma campanha que universaliza o acesso dos candidatos a eleitores é a menos injusta.

Eis o problema sem fim. Como tornar público o debate político se nos municípios mais populosos, grudados nas capitais, com problemas estruturais e de auto-estima de seus moradores, não existe campanha eleitoral gratuita no rádio e TV? Agora já não há o que fazer a não ser aprender com os erros. Considero corretas as limitações impostas pelo TSE para evitar o abuso econômico. A mesma lei deveria exigir que todos os meios de comunicação eletrônica dessem difusão para o debate público nos municípios. Enquanto isso não ocorrer, ficaremos à mercê das relações de clientela. Na ausência de informação resta apenas mais do mesmo.

Bruno Lima Rocha é cientista político

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Eventos para Administradores

SETEMBRO
• XL Simpósio Brasileiro de Pesquisa OperacionalData: 02 a 05 de setembroLocal: João Pessoa, PB

• XV ENLA – Encontro Latino-americano de Administração e V Mundial – Congresso Mundial de AdministraçãoData: 3 a 6 de setembroLocal: Porto Alegre/RS

• SEPRONE – Eng. De Produção da UFCGSubmissão de trabalhos: até 31 de maioEvento: 04 a 06 de Setembro em Campina Grande

• XXXII Encontro da ANPAD (EnANPAD 2008) Data: 6 a 10 de setembroLocal: Rio de Janeiro

• XIV Congresso Latino Ibero Americano de Investigação Operacional - CLAIOData: 09 – 12 de setembroLocal: Cartagena de Indias - Colombia

• SIMGEN – Simpósio de Gestão e Estratégia em NegóciosSubmissão de trabalhos: até 02 de junhoEvento: 12 a 14 de setembro no Rio de Janeiro

• XV Congresso Panamericano de Engenharia de Trânsito e Transporte Data: 14-17 de Setembro Local: Cartagena de Indias - Colombia

• ENANPADSubmissão de trabalhos: até 28 de abrilEvento: 22 a 26 de setembro no Rio de Janeiro

• 11º Encontro nacional de Professores de AdministraçãoData: 25 de setembro Local: Centro de Convenções de Goiânia (GO)

• XIII CONAD - Congresso Nacional de AdministraçãoData: 25 a 27 de setembro Local: Centro de Convenções de Goiânia/GO

• V Fórum RH RioData: Setembro/2008Local: Rio de Janeiro

• Congresso Nacional de Terceirização de Serviços Data: Setembro/2008 Local: Rio de Janeiro

OUTUBRO

• XIX ENANGRADSubmissão de trabalhos: até 30 de junho Evento: 1 a 3 de outubro - Curitiba/PR

• ENEGEP – Encontro Nacional de Eng. De ProduçãoSubmissão de trabalhos: até 04 de maioEvento: 09 a 11 de Outubro em Foz do Iguaçu

• ICIEOM - International Conference on Industrial Engineering and Operations ManagementSubmissão de trabalhos: até 04 de maioEvento: 09 a 11 de Outubro em Foz do Iguaçu

• Simpósito de Excelência em Gestão e TecnologiaData: 20 a 22 de outubroLocal: Campus da AEDB - Resende/RJ

• EnADI – Encontro de Administração da InformaçãoSubmissão de trabalhos: até 19 de junho Evento: 24 a 26 de outubro em Florianópolis

• CLADEASubmissão de trabalhos: até 15 de Abril Evento: 28 à 30 de outubro na Flórida (Miami)

NOVEMBRO

• SIMPÓSIO NACIONAL DE TECNOLOGIA E SOCIEDADESubmissão de Trabalhos: até 08 de julho Evento: 05 a 08 de novembro de 2008

• SIMPEP – Eng. De Produção UNESPSubmissão de trabalhos: até 24 de agosto Evento: 05 a 07 de Novembro em Bauru SP

• XV Congresso Brasileiro de CustosData: 12 – 14 novembro Local: Curitiba, PR

• ENGEMA – Encontro Nacional sobre Gestão Empresarial e Meio AmbienteSubmissão de trabalhos: até 10 de Abril (apenas o resumo) Evento: 19 à 21 de novembro em Curitiba

EnEPQ – Encontro de Ensino e Pesquisa em Administração e ContabilidadeSubmissão de trabalhos: até 28 de maio (apenas o resumo) Evento: 21 a 23 de novembro em Recife

• KM Brasil – Congresso Anual da Sociedade Brasileira de Gestão do ConhecimentoSubmissão de Trabalhos: até 20 de setembro Evento: 29 e 30 de novembro em São Paulo

• CORP RH (Congresso e Exposição Corporativa de RH)Data: Novembro/2008 Local: Rio de Janeiro

DEZEMBRO

• Quanti & Quali 2008 - I Encontro Brasileiro sobre Pesquisa e Análise de Dados Quantitativos e QualitativosData: 04/12 - 05/12 Local: Canoas / RS

• IAM - 5th Conferencia Internacional de la Iberoamerican Academy of ManagementSubmissão de trabalhos: até 30 de abril Evento: 06 A 09 de dezembro em Boca Chica (República Dominicana)

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Panorama Econômico

A telebriga

(Leia a coluna desta terça-feira no Jornal O Globo)

O presidente da Oi/Telemar, Luiz Falco, contou que sua empresa comprou a Brasil Telecom na confiança de que o Plano Geral de Outorgas será mudado até o fim do ano. “Corremos riscos de pagamento de multa se o negócio não sair.” Falco disse que tem com Daniel Dantas um contrato de compra e venda: “Se ele está preso ou solto, não faz diferença para mim.” E rebate outras críticas que têm sido feitas ao negócio.

Para Falco, a impressão de que a criação da chamada “supertele” vai aumentar a concentração é totalmente errada. Para ele, vai aumentar a competição e o ganho do consumidor. Discorda até da expressão “supertele”.

— Não será “super”, será tele. O negócio de telefonia tem que ter escala. As empresas da área têm uma base de 100 milhões de clientes. A mexicana tem 180 milhões no mundo e 37 milhões no Brasil. A espanhola tem 226 milhões no mundo e 51 milhões no Brasil. Nós teremos 49 milhões depois da compra.

A explicação dele para provar que não haverá concentração, e, sim, mais competição, é a seguinte: na telefonia fixa, o que acontecerá será apenas uma ampliação da base, um ganho de escala. Hoje, a empresa vem de Manaus ao Rio; passará a oferecer o mesmo serviço também no Sul e no Centro-Oeste. No celular e na banda larga, haverá aumento de competição. No celular, a Oi, que é operadora do Norte-Nordeste e parte do Sudeste, poderá oferecer o mesmo serviço em São Paulo, onde a empresa acabou de comprar uma licença, no Sul e no Centro-Oeste.

— Para quem viaja para São Paulo e Brasília, o uso da Oi ficava em roaming, mais caro. Agora haverá outra opção a Vivo, Claro e Tim. O consumidor terá quatro escolhas, em vez de três. O cliente corporativo que precisa de link de dados no Brasil, no longa distância, passa a ter também outra opção; portanto mais competição.

Falco explica que, no segmento de tarifas — assinatura ou longa distância —, o cliente também ganha porque a empresa terá um aumento de produtividade.

— E o repasse do ganho de produtividade para o cliente não é uma questão de desejo ou não da empresa, é uma fórmula matemática que tenho que seguir. Se aumentar a produtividade, isso se reflete na tarifa — diz ele.

A compra da Brasil Telecom pela Oi foi defendida pelo governo, principalmente pelo ministro das Comunicações, com argumentos nacionalistas. Seria a forma de fazer uma grande operadora verde-e-amarela. Para isso, foi encomendada uma mudança no Plano Geral de Outorgas. Este é um dos problemas da operação: uma mudança na regulação para justificar um negócio.

— O PGO já deveria ter mudado há muito tempo — argumenta Falco.

Ele diz que as grandes operadoras que estão no Brasil são espanhola e mexicana, e que se consolidaram em seus países para depois crescerem em outros locais.

— O Brasil tem massa crítica para ter uma operadora nacional que inclusive vá depois para fora. Se a mudança do PGO acontecesse antes da consolidação (da compra da Brasil Telecom), nós é que seríamos comprados.

Mas como comprar antes da mudança no decreto que permitirá a compra?

— Estamos correndo riscos. Se a autorização não sair até o fim do ano, terei que pagar uma multa de R$ 500 milhões aos vendedores; além disso, já compramos R$ 3,5 bilhões em ações da Brasil Telecom em mercado e, se o negócio não fechar, o acionista pode nos perguntar como colocamos tanto dinheiro numa operadora que não será nossa. Por fim, a empresa já pagou à Brasil Telecom R$ 300 milhões para encerrar litígios entre os sócios e não teremos como reaver esse dinheiro. Se comprarmos, o fim desses litígios aumentará o valor da companhia.

A situação está no seguinte pé: o assunto foi à consulta pública por 45 dias. Houve pouco mais de 400 sugestões da sociedade. A Anatel está produzindo um informe, que depois passará pela Procuradoria da Anatel, que dirá se, nas sugestões, há alguma não aceitável juridicamente. Aí irá para ser votado no Conselho Diretor, que atualmente tem quatro membros.

Outras polêmicas cercam a empresa. Uma delas seria o financiamento dado pelo BNDES e pelo Banco do Brasil e outra seria o fato de que um dos vendedores é o polêmico banqueiro Daniel Dantas.

— Vou ser franco. Do ponto de vista empresarial, nós temos um contrato de compra e venda com o Opportunity, que é um dos sócios da Brasil Telecom. Se ele está preso ou solto, não faz a menor diferença para mim. Sei que não há nada escuso nas nossas negociações.

Falco rebate também que haja dinheiro público na operação. O BNDES financiou o descruzamento das ações. Citibank, Opportunity, GP, as seguradoras do Banco do Brasil e uma parte do BNDESpar venderam as ações que tinham na Oi. Isso foi financiado pelo BNDES: R$ 2,7 bilhões. Outra coisa é a compra da Brasil Telecom, a qual terá também, como dois dos vendedores, o Citibank e o Opportunity.

— Isso será pago com dinheiro do caixa da empresa e empréstimo tomado com um grupo de bancos, no qual está o Banco do Brasil, como também bancos privados. Não é dinheiro público. É uma operação de financiamento feita no mercado.

Neste espaço, já criticamos vários aspectos dessa operação. A conversa com Luiz Falco ajuda a iluminar a visão da empresa.

Reforma Política

Vão tentar de novo

Comentário da Lucia Hippolito à CBN

Novamente, o Palácio do Planalto atropela o presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia, e se intromete em assuntos do Legislativo.

Agora é a vez da reforma política.

É muito curioso. Quando a sociedade, os governadores e os empresários reclamam do excesso de impostos, o governo lança o canto de sereia da reforma tributária.

O pacote vai para o Congresso... e lá desaparece num poço profundo. Deve existir um museu de propostas de reforma tributária dentro do Congresso brasileiro.

Quando a chantagem política da base aliada atinge níveis insuportáveis para o governo, ou quando a Justiça Eleitoral decide preencher os vácuos de legislação, lança-se a isca da reforma política.

O cardápio atual de reforma política abrange voto em lista, financiamento público exclusivo ou financiamento público misturado com doação de pessoas físicas, inelegibilidades, fidelidade partidária e coligações.

A última pesquisa de opinião que se conhece a respeito de alguns desses temas é uma Pesquisa CNT/Sensus divulgada no ano passado.

Entre os entrevistados, 74% eram contra o voto em lista de candidatos apresentados pelos partidos, enquanto 16,5% eram a favor.

Sobre o financiamento público exclusivo das campanhas, 75,2% eram contra, enquanto só 18,7% eram a favor. Finalmente, sobre a fidelidade partidária, 50,5% eram a favor, enquanto 40,5% eram contra.

E o que mais anda dizendo o eleitor brasileiro?

Que quer maior proximidade entre ele e os eleitos. Que quer controlar mais o exercício do mandato de seu representante. Que não quer deputados trabalhando dois dias e meio por semana.

Que não quer deputados e senadores ganhando salários astronômicos e não pagando imposto de renda sobre todos os ganhos. Que não quer relações espúrias entre políticos e lobistas, ou entre políticos e bicheiros.

Mas o Palácio do Planalto decidiu ignorar tudo isto e quer empurrar pela goela do eleitor abaixo uma reforma política que pode modificar profundamente a forma como os eleitores escolhem seus representantes.

E acha que pode fazer isto tudo sem consultar o eleitor.

O Palácio quer mudar alguma coisa para que nada mude.

Quer voto em lista fechada para perpetuar o poder dos caciques e dos aparelhos partidários.Quer financiar campanhas com o nosso dinheiro.

Mas nem tudo é ruim na proposta. Acabar com as coligações em eleições proporcionais é fundamental para diminuir um pouco a extrema distorção do atual sistema eleitoral brasileiro.

Aumentar as restrições à elegibilidade de cidadãos com ficha suja é outra proposta alvissareira.

Reforçar a fidelidade partidária pode compor o tripé de boas propostas.

No entanto, a forma escolhida pelo Palácio do Planalto é a mais equivocada possível.

Novamente atropelando o Legislativo. Novamente ignorando a vontade do eleitor.

Nova regra

Filho com mais de 18 anos poderá receber pensão.

Antes do cancelamento da pensão, filhos devem ser ouvidos para saber se ainda há necessidade do pagamento.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) aprovou uma súmula que prevê o direito de filho com mais de 18 anos ser ouvido antes do cancelamento da pensão alimentícia. A polêmica em torno do fim do pagamento das pensões surgiu porque o atual Código Civil, de 2003, reduziu a maioridade civil de 21 para 18 anos.

Teoricamente, os pais poderiam deixar de pagar a pensão quando o filho completasse 18 anos. Porém, o STJ entendeu que antes do cancelamento deve ser garantido ao filho o direito de se manifestar sobre a possibilidade de ele arcar com a própria manutenção.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Agricultura e o aquecimento global

O aquecimento global vai mudar a geografia da agricultura brasileira.

O que, onde e como plantar?

Tudo isso vai mudar muito nos próximos anos pelo efeito das mudanças climáticas. Estudiosos da Embrapa e da Unicamp estudaram sete culturas brasileiras para dizer, em cada cenário, o que aconteceria.

Começando com as boas e poucas notícias, a situação melhora para a cana-de-açúcar e mandioca. No entanto, a notícia é ruim para as culturas como soja e café, estas perderão áreas que hoje são boas para o plantio.

Ouvi os comentários de dois autores desse estudo, o Eduardo Assad, pesquisador pela Embrapa e o Hilton Silveira Pinto, pesquisador pela Unicamp.

Eles concordam, por unanimidade, que os cenários futuros para a agricultura, infelizmente, não são os dos melhores e completam suas análises mostrando que os governantes, principalmente no Nordeste, região que merece mais atenção, devem se preocupar como os próximos 70 anos.

A situação é delicada e merece a máxima atenção. Segundo Hilton Silveira, o sertão deixará ter clima semi-árido e passará a ter clima árido, seco, uma grande deserto e com pouquíssimas chuvas.

Portanto, mais do que nunca devemos estar preocupados com a situação climática no nosso país, rico em biodiversidade.

Vai ser dada a largada

Comentário da Lucia Hippolito à CBN

As Olimpíadas vão caminhando para seu desfecho, e a campanha eleitoral passa a ocupar, a partir da próxima semana, toda a atenção da imprensa.

Como as Olimpíadas começaram atrasadas este ano, a campanha eleitoral vai ser mais curta. O que é ótimo, porque as campanhas brasileiras são longuíssimas. E caríssimas.

Amanhã tem início a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV. Esperança para os candidatos menos conhecidos, de se apresentar ao eleitor.

E aposta dos líderes das pesquisas. Uns tentam manter a dianteira, outros tentam diminuir os índices de rejeição.

É interessante registrar a posição relativa dos candidatos antes do início da propaganda no rádio e na TV para depois comparar com a performance dos candidatos na eleição.

No Triângulo das Bermudas (SP, RJ e BH), por exemplo, temos dinâmicas diferentes. Em São Paulo, uma polarização entre PT e PSDB vai, por enquanto, confirmando Marta e Alckmin no segundo turno.

O problema de Marta é, ao mesmo tempo em que consolida sua liderança, tentar diminuir os índices de rejeição, que são altíssimos, quase empatando com as intenções de voto.

Já para Alckmin o desafio é estancar a queda e trazer de volta os desgarrados do PSDB, sobretudo vereadores, que aderiram a Kassab num primeiro momento.

Mas Kassab é dono o maior tempo de propaganda. Vamos ver como vai usar esse tempo todo.

No Rio, a fragmentação da base aliada do governo federal vai consolidando a liderança de Marcelo Crivella, mas o segundo lugar ainda não está muito claro. Eduardo Paes e Jandira Feghali estão empatados, mas Eduardo Paes apresenta um “viés” de alta.

O problema de Crivella é o mesmo de Marta: altíssimo índice de rejeição.

Belo Horizonte é a principal incógnita. A hegemonia do governador Aécio Neves ainda não se reflete em intenções de voto para o seu candidato, Márcio Lacerda, que permanece em terceiro lugar.

Segundo informações da campanha de Lacerda, os programas de rádio e TV vão abusar de fotos com o presidente Lula, o governador e o prefeito Fernando Pimentel.

Com isso, seus marqueteiros esperam alavancar a candidatura de Márcio Lacerda.

Por tudo isto, alguma expectativa cerca o início do horário eleitoral amanhã. Não que os programas sejam campeões de audiência. Mas indiscutivelmente, jogam um pouco mais de adrenalina na campanha.

Deu em O Globo

Aliados campeões de recursos

Governo federal repassou mais verbas de convênios para prefeitos de PT e PMDB no Rio

De Leila Suwwan:

As maiores cidades do Rio de Janeiro assistiram nos últimos anos a um escoamento desproporcional das verbas de convênios do governo federal para prefeituras aliadas. Levantamento dos contratos firmados entre prefeitos e ministros do governo Lula, de 2005 até hoje, mostra que os municípios comandados pelo PT ou pela ala governista do PMDB tiveram de duas a quatro vezes mais recursos destinados a projetos de saúde, educação, infra-estrutura, esporte ou turismo etc. Nova Iguaçu, do petista Lindberg Farias,conseguiu quatro vezes mais dinheiro que a capital, comandada por Cesar Maia (DEM), por exemplo.

Entre os 11 maiores municípios do estado, Nova Iguaçu é recordista: foram R$ 225,90 per capita firmados com a Esplanada, segundo o Portal da Transparência. Os outros "campeões" são Volta Redonda (PMDB), Itaboraí (PT), Niterói (PT) e Duque de Caxias (PMDB), que têm média de mais de R$ 110 por habitante em contratos feitos no período. Os dois peemedebistas em questão, Gothardo Netto e Washington Reis, são alinhados com o governador Sérgio Cabral.

As cidades onde os interesses políticos esbarram com os do PT nesta eleição, ou se desalinham da base aliada nacional, tiveram pior desempenho, com média de menos de R$ 60 por pessoa em recursos de convênios federais. São elas: São João de Meriti, Petrópolis, Rio, Belford Roxo e São Gonçalo. Na primeira, o prefeito Uzias Mocotó, ex-PMDB e atual PSC, é próximo a Garotinho. Em São Gonçalo, a prefeita Aparecida Panisset (PDT) se aliou ao DEM para enfrentar o PMDB nas eleições. Em Belford Roxo, a prefeita Maria Lúcia dos Santos (PMDB) quer fazer a sucessora contra o PT. Leia mais em O Globo

Enfim, uma eleição municipal de verdade

Enviado por RICARDO AMARAL, repórter especial de ÉPOCA em Brasília.

Começa nesta semana a propaganda eleitoral de uma campanha que promete ser o que o nome diz: municipal. Cerca de 15 mil candidatos a prefeito devem falar muito ao eleitor sobre suas cidades e relativamente pouco sobre temas “nacionais”. Parece óbvio, mas não é comum em nossa democracia. No passado, eleições para vereador foram engolidas pela polarização política originada em Brasília. Isso não deve ocorrer agora – e é uma boa notícia para as eleições e para o futuro das cidades.

Por motivos distintos, nem o Planalto nem a oposição quiseram transformar as eleições municipais num plebiscito ou numa prévia da sucessão presidencial. Ao governo não interessa antecipar o debate de 2010 antes de consolidar o nome do candidato oficial – ou da candidata, como parece ser o caso – e correr o risco de desarrumar, na disputa pelas cidades, a complicada coalizão partidária que o sustenta no Congresso. A oposição nada tem a ganhar nacionalizando o debate eleitoral, num momento em que o presidente Lula desfruta índices recordes de aprovação. Por isso, são raros na paisagem de 2008 os candidatos “de protesto”, assim como as chapas formadas na intenção de esticar até as prefeituras o longo braço do governo federal.

Em 2004, o PT tentou fazer das eleições municipais a plataforma de um ambicioso projeto de poder nacional. Além de errar no objetivo, o comando petista comprometeu-se com a estratégia de comprar aliados entre os partidos médios. O primeiro resultado foi um redondo fracasso político – resumido na vitória, em São Paulo, do tucano José Serra, o adversário batido por Lula na eleição presidencial de 2002. A segunda conseqüência da megalomania petista foi o escândalo do mensalão, que apareceu no estouro da contabilidade clandestina do partido com os parceiros PTB, PL e PP.

Escaldado no desastre de 2004, o presidente Lula barrou as pretensões exclusivistas do PT e obrigou seu partido a aceitar a disputa democrática com os aliados, nas cidades onde os acordos não puderam ser feitos naturalmente. Por isso, há uma dispersão de candidatos de partidos governistas, de norte a sul, e apenas uma vaga expectativa de unidade no segundo turno. No outro extremo, os principais partidos de oposição, PSDB e DEM, apresentaram-se descasados na maioria das grandes cidades, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

Em São Paulo, a candidatura do prefeito Gilberto Kassab (DEM) à reeleição expõe também uma divisão local do PSDB, entre o governador Serra e o candidato do partido, Geraldo Alckmin. No Rio, o PSDB entregou-se em aliança ao candidato do PV, Fernando Gabeira, contra a candidata do DEM, Solange Amaral, apoiada pelo prefeito Cesar Maia. Em Belo Horizonte, o governador tucano Aécio Neves aliou-se ao prefeito petista Fernando Pimentel, ambos apoiando um candidato terceirizado: Marcio Lacerda, do PSB. Ali, o DEM ficou isolado e apresentou um candidato sem chances.

Evidentemente, o mapa político resultante das eleições de outubro vai orientar a corrida presidencial. Mas esse impacto será menos visível que os efeitos sobre as disputas regionais. Geraldo Alckmin é candidato para garantir sua presença na política, provavelmente para tentar voltar ao governo do Estado, embora amigos de Serra vejam aí um obstáculo no caminho do governador rumo ao Planalto. A união de Aécio a Pimentel em Minas favorece as pretensões nacionais do tucano. Mas quem arrisca o próprio futuro é o prefeito petista, que depende da vitória para disputar o governo do Estado em 2010. No Rio, a eleição é uma batalha de Cesar Maia, pela sobrevivência, e do governador Sérgio Cabral (PMDB), pela consolidação de sua força política regional.

Houve momentos em que o debate de problemas gerais, como inflação e desemprego, se impôs e contaminou eleições municipais. Felizmente, é a exceção, não a regra. Por isso, o eleitor tem agora a oportunidade de exigir dos candidatos a prefeito e vereador um debate qualificado sobre as cidades que eles querem administrar nos próximos quatro anos.