sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Sugestão de leitura

Estou lendo este livro excelente!

O psicoterapeuta Flávio Gikovate está acostumado a ouvir. E a dar sua opinião, sempre gentil, nem sempre melodiosa aos ouvidos de quem pergunta.

Quase sempre, com o intuito de não perder a objetividade de vista, ele bate firme em assuntos delicados,como traição.

O livro 'No divã do Gikovate', que a Editora Globo lança com o selo CBN Livros, traz centenas de questões que tanto incomodam o ouvinte e respostas diretas, que levam à compreensão do problema.

São oito capítulos, divididos por temas: ciúme, inveja e vaidade, paixão e amor, relacionamentos afetivos, problemas na relação a dois, sexo, traição e distúrbios mentais.

Só para ter ideia em uma das partes do livro Gikovate diz que o ciumento é aquela pessoa que fantasia, vê histórias onde não existe.

Para ele, ciúme não é prova de amor, mas de insegurança de quem ama.

E, com sua experiência clínica, classifica dois tipos de ciúme: o sentimental, que faz alguém querer ser exclusivo na vida do outro, e o sexual, que provoca medo de ser trocado pelo parceiro.


Muito bomm!!!

Preço: Em torno de R$ 20,00 (em algumas livrarias já encontra-se por menos)

União Homossexual - A luta continua

Lucia Hippolito

Um dos pontos mais importantes do Programa Nacional de Direitos Humanos, criado por decreto assinado pelo presidente da República – e que tanta celeuma está causando nos meios militares – é a proposta de retomada da discussão sobre a união civil entre pessoas do mesmo sexo.

Este é um debate crucial, que não pode ficar restrito ao Congresso Nacional, que deverá votar uma lei para regular o assunto.

É uma discussão que interessa a toda a sociedade brasileira.

O século XX foi o século da luta por direitos civis. Começou, a rigor, no século XIX, com a luta pelo voto feminino.

A Nova Zelândia foi o primeiro país a conceder o voto às mulheres, em 1893; a Inglaterra em 1918, os Estados Unidos em 1920 e o Brasil em 1933.

Em seguida, a luta disseminou-se para combater a segregação racial, ampliar os direitos da minorias, incluir os excluídos. A partir da década de 1960, acirrou-se a luta por mais direitos civis, com muitas conquistas importantes.

E chegamos ao século XXI.

De certa forma, a eleição de Lula em 2002 e depois a eleição de Obama em 2008 encerram um importante capítulo na luta pelos direitos civis.

Vitória da inclusão, da tolerância, da aceitação do outro, do convívio entre diferentes.

Agora é preciso avançar. E a união civil entre pessoas do mesmo sexo está na ordem do dia.

Vários países já adotam legislação que reconhece esta união.

O pioneirismo, é claro, coube à Escandinávia. Na Dinamarca, a lei é de 1989; na Noruega, de 1992, e na Suécia, de 1995.

Ainda na Europa, Espanha, Portugal e Bélgica (países fortemente católicos) já reconheceram a união civil. A Holanda também já tem legislação a respeito.

Nos Estados Unidos a legislação é local, e várias cidades já possuem leis a respeito da união homossexual, além dos estados de Massachusetts e Connecticut.

Canadá e México também já reconhecem a união civil.

Na América do Sul, Uruguai e Argentina já aprovaram a lei. A Argentina foi a pioneira na realização de um casamento gay.

Aliás, no Brasil, como em muitos países, o debate foi contaminado, em grande parte, pela adoção da infeliz expressão “casamento gay”.

Religiosos de todas as igrejas, conservadores de todos os matizes reuniram-se para impedir a aprovação de lei que regule a união homossexual.

A Constituição brasileira de 1988 fala, em seu Art. 226, em casamento e em união estável, mas sempre entre homem e mulher.

Em 1995, a então deputada Marta Suplicy apresentou o projeto de lei nº 1.115/95, em favor da regularização da parceria civil entre pessoas do mesmo sexo.

Desde então, o projeto dorme em alguma gaveta da Câmara dos Deputados, à espera de algum deputado (ou deputada) sério e corajoso o suficiente para fazer avançar a legislação.

Antecipando-se a qualquer lei, várias empresas brasileiras já estendem ao companheiro de mesmo sexo os benefícios de planos de saúde e de previdência.

Juízes igualmente já tomam decisões beneficiando companheiros de mesmo sexo em partilhas, heranças e pensões.

Até mesmo a Justiça Eleitoral já reconheceu, em alguns casos, a união homossexual como parte da lei das inelegibilidades.

Portanto, a discussão sobre direitos civis no século XXI precisa avançar. Até para honrar as lutas do século XX.

Está mais do que na hora de a sociedade brasileira realizar uma discussão ampla e aberta sobre a nova pauta dos direitos civis.

União homossexual, aborto e eutanásia são os temas do século XXI.

É preciso discuti-los com coragem e determinação.

Precisamos avançar.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Finalmente, o voto em trânsito

Lucia Hippolito

Voto secreto e Justiça Eleitoral autônoma eram bandeiras da Revolução de 30 e fizeram sua estreia nas eleições de 1933.

De lá para cá, com a concessão do voto às mulheres, aos analfabetos, religiosos e militares de baixa patente, foram ampliados os limites do sufrágio universal, até chegarmos aos mais de 132 milhões de eleitores que poderão votar nas eleições de outubro de 2010.

A Justiça Eleitoral, por sua vez, progrediu muito, punindo irregularidades, diminuindo fraudes e promovendo recadastramentos periódicos para eliminar o eleitorado fantasma.

As urnas eletrônicas, adotadas com entusiasmo pelo TSE, também constituem poderoso instrumento contra a fraude.

Poderiam ser ainda melhores, poderiam emitir um comprovante impresso do voto para o caso de necessidade de recontagem.

Mas, de qualquer maneira, os avanços são indiscutíveis.

Também na área das instruções a Justiça Eleitoral tem avançado bastante, democratizando as oportunidades dos candidatos e tentando diminuir a influência do poder econômico e do uso da máquina do governo a favor de seus candidatos.

Tudo para que o eleitor possa votar com liberdade e ter seu voto reconhecido e apurado com lisura e rapidez.

Mas há um enorme contingente de eleitores que fica de fora do processo. São aqueles que moram fora de seu domicílio eleitoral ou que estão viajando no dia da eleição.

Para os brasileiros que moram no exterior, já existe solução. Eles devem se cadastrar nas embaixadas e consulados do Brasil espalhados pelo mundo e podem votar para presidente da República.

Já é alguma coisa.

Por que não fazer o mesmo com os eleitores que estão no Brasil, mas fora de seu domicílio eleitoral no dia da eleição?

Não é pouca gente. Nas eleições de 2002, 20 milhões de eleitores deixaram de votar no primeiro turno.

Em julho de 2004, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO), apresentou projeto para que eleitores em trânsito dentro do Brasil também pudessem votar para presidente.

Depois de uma lentíssima tramitação no Senado, o projeto foi aprovado e encaminhado à Câmara em dezembro de 2005.

E lá ficou, dormindo em berço esplêndido, vítima desta paralisia que vigora há tempos no Legislativo.

Chegaram as eleições presidenciais de 2006, e 21 milhões de eleitores deixaram de votar porque estavam fora de seu domicílio eleitoral.

Finalmente, em 2009, foi aprovado o projeto, e a lei foi sancionada pelo presidente Lula. Vai valer apenas para as capitais, inicialmente.

A Justiça Eleitoral vai abrir um prazo para o cadastramento daqueles eleitores que residem fora de seus domicílios eleitorais mas ainda não transferiram o título.

No dia da eleição, ao eleitor cadastrado bastará comparecer a uma seção eleitoral e votar para presidente da República.

Ainda não é o ideal, mas já se pode contabilizar como avanço.

Até na Casa Civil

A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, está com a Gripe A.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Notícia em Foco

Os bastidores da cobertura da tragédia de Angra dos Reis e outros episódios envolvendo desabamentos e enchentes; com Élson Liper, repórter da CBN, e Roland Gianotti, chefe de reportagem do jornal O Globo

CBN - A rádio que toca notícia - Notícia em Foco

domingo, 3 de janeiro de 2010

2010, o ano que já entrou para a História

Lucia Hippolito

Independentemente de quem venha a ser eleito (ou eleita) presidente em 2010, este ano já entrou para a História.

Isto porquenós, brasileiros, assistiremos a um evento que não acontece no país desde 1926. Isto mesmo.

Há 84 anos ocorreu a última sequência de três presidentes da República eleitos diretamente pelo povo.

Epitácio Pessoa governou entre 1919 e 1922. Passou a faixa ao eleito, Arthur Bernardes, que governou até 1926, quando empossou o eleito, Washington Luís.

De la para cá, jamais o evento se repetiu. A instabilidade política no Brasil vinha sendo uma constante.

Washington Luís foi deposto pela Revolução de 30. Getúlio Vargas, que não foi eleito, governou entre 1930 e 1945, quando foi deposto pelos militares.

Eurico Dutra, eleito em 1945, passou a faixa para Getúlio, eleito em 1950. Mas Getúlio suicidou-se em 1954.

Juscelino Kubitschek, eleito em 1955, recebeu a faixa do presidente do Senado, Nereu Ramos, então ocupando a presidência da República. JK passou a faixa a Jânio Quadros, eleito em 1960. Mas Jânio renunciou depois de apenas sete meses de governo.

João Goulart, empossado na presidência, foi deposto pelo golpe militar de 1964.

Aí veio a ditadura, com sua coleção de generais-presidentes, todos eleitos pelo Alto Comando do Exército.

Com a redemocratização em 1989, Fernando Collor, eleito diretamente pelo povo, recebeu a faixa de José Sarney, que não foi eleito por ninguém, apenas recebeu a presidência de presente depois da tragédia da morte de Tancredo Neves.

Mas Collor foi afastado da presidência, depois de sofrer um processo de impeachment.

Em 1995, Itamar Franco, que não sido eleito, passou a faixa a Fernando Henrique Cardoso, eleito duas vezes. Em 2003, Fernando Henrique passou a faixa a Luiz Inácio Lula da Silva, presidente também por dois mandatos.

Em outubro de 2010, finalmente, teremos novamente a sequência de três presidentes sucessivos, todos eleitos diretamente pelo povo.

O que isto representa em termos de consolidação da democracia no Brasil é uma enormidade.

A democracia é um processo que só se sustenta pela adesão quotidiana e voluntária dos cidadãos. Adesão a seus valores, de eleições livres e diretas, instituições sólidas e independentes, alternância no poder, tolerância com o diferente.

Eu já disse aqui, mas nunca é demais repetir: a ditadura nos dá o direito de sermos iguais. Mas só a democracia nos dá o direito de ser diferentes. De pensar diferente, de falar diferente, de tolerar o outro que não pensa como você.

A democracia é a única causa pela qual vale a pena viver. E morrer.

Em 1985 o país conquistou a liberdade política. A partir de 1994, com o Plano Real, os brasileiros começaram a conquistar a estabilidade econômica, com moeda estável e controle da inflação.

Mas só agora em 2010 estamos conquistando a estabiliade política.

Por isso mesmo, 2010 já é História no Brasil.