sábado, 21 de junho de 2008

O Rio está entregue aos "Amigos dos Amigos"

(Leia a coluna da Ruth de Aquino, diretora sucursal de Época no Rio)

Esse é o nome da facção do tráfico no Morro da Mineira que executou três jovens da favela rival, no Morro da Providência. Os jovens foram entregues de bandeja por soldados que queriam “dar um corretivo” neles. Os militares estavam sob o comando de um tenente de apenas 25 anos. “Amigos dos Amigos” é um nome carregado de simbolismo e ajuda a entender a calamidade moral no Rio de Janeiro. De um lado, temos o presidente Lula e seu amigo, o Bispo Crivella, da Igreja Universal, candidato à Prefeitura do Rio. Do outro, 11 militares do Exército e seus amigos traficantes.

É evidente que os elos não estão todos ligados. Lula ficou indignado com o crime e quer indenizar as famílias dos mortos. Mas muitos equívocos foram cometidos nessa história arrepiante.

A primeira questão é básica, rala, reles, anterior aos nobres debates: uma semana depois do crime bárbaro, nenhum dos traficantes assassinos, amigos dos soldados, foi identificado e entregue à Justiça. Repetindo, nenhum nome, nenhum rosto apareceu. Não é estranho? Não é preciso trabalho de inteligência. Afinal, os militares que faziam a segurança das obras do projeto Cimento Social, de Crivella, na Providência, subiram com desenvoltura, familiaridade e sem medo o Morro da Mineira e entregaram a encomenda humana aos bandidos. O tenente Vinicius Guidetti, um segundo-sargento e dois soldados estão presos. Onde estão os traficantes que deceparam, trituraram e espancaram as três vítimas arrematando o crime com 46 tiros? Quem são eles? É segredo? Os traficantes que ajudaram a manchar a reputação do Exército não podem continuar soltos.

As outras questões são mais complicadas. Envolvem o Palácio do Planalto. E o mau funcionamento das instituições que regem a política, as leis e a segurança.

Com tantas favelas precisando de urbanização no Rio, uma delas, na Providência, recebeu R$ 12 milhões do Ministério das Cidades e foi ocupada pelo Exército desde dezembro do ano passado. Por quê? Os 250 militares garantiam a segurança das obras assistencialistas de Crivella, candidato de Lula à Prefeitura do Rio. As obras são de uma empresa particular. Crivella pertence ao partido do vice-presidente, José Alencar (PRB). E ninguém deu um pio.

"O nome da facção do tráfico, carregado de simbolismo, ajuda a entender a calamidade moral no Rio"

Ali, os soldados, sem aprovação formal do Congresso, mas sob as ordens do general Enzo Peri, comandante do Exército, atuaram como polícia. Envolveram-se em atritos com moradores e não incomodaram o tráfico local. Seis meses de ocupação culminaram nas atrocidades do sábado passado. E, aparentemente, o ônus acabará só nas costas do tenente, como caso isolado de desvio. O inquérito militar concluirá que o tenente agiu por conta própria, contrariando superiores.

O general chamou o episódio de abominável. O ministro Nelson Jobim, da Defesa, subiu a Providência para confortar os parentes. O governador do Rio, Sérgio Cabral, chamou os militares de bandidos, mas lá de Berlim. Suas freqüentes viagens internacionais começam a constranger até seus assessores.

A outra questão é o uso das Forças Armadas como recurso para garantir a segurança no Rio, hoje refém de traficantes encastelados nos morros. A juíza Regina Coeli mandou o Exército desocupar a Providência: “Os militares são formados para a guerra, treinados para matar e, por isso, não poderiam atuar como a polícia, treinada para reprimir e só matar em legítima defesa”.

Senhora juíza, não creio que o Exército seja treinado para entregar jovens a bandidos. Além disso, hoje, no Rio, aparentemente todos são treinados para matar. Assaltantes comuns viraram homicidas, policiais matam duas vezes antes de pensar, milícias aterrorizam e matam, traficantes torturam e matam nas horas de lazer.

Portanto, esse não é o melhor argumento para mandar o Exército embora. Nem para mandar o Exército ficar. Se as leis fossem claras e respeitadas, se amigos não fossem favorecidos, e se criminosos fossem punidos, a realidade seria outra.

O problema é que o Rio de Janeiro está entregue aos Amigos dos Amigos.

Revista ÉPOCA

O esquema do PAC

A Polícia Federal envolve deputados em desvio de verbas destinadas à construção de casas populares
Matheus Leitão e Murilo Ramos
Os moradores de 119 municípios brasileiros presenciaram uma cena diferente na manhã da sexta-feira. Com suas roupas negras, armas de bom calibre e caminhonetes importadas, mais de mil homens da Polícia Federal bateram à porta de prefeituras, empresas de consultoria e escritórios políticos em sete Estados e no Distrito Federal. Embora esse tipo de ação tenha se tornado um espetáculo freqüente nos últimos anos, a Operação João de Barro trouxe duas novidades.

A primeira é que pouquíssimas vezes a Polícia Federal teve necessidade de mobilizar mil homens numa única operação. A segunda é que, desta vez, o alvo das investigações e destino da maior parte das equipes policiais eram pequenas cidades do interior de Minas Gerais, especialmente no Vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais pobres do mundo. Com baixa renda, subnutrição e alta mortalidade infantil, agravadas pela falta de saneamento básico e baixa qualidade das habitações, a região registra um Índice de Desenvolvimento Humano, o indicador das Nações Unidas que mede a qualidade de vida, semelhante ao de países africanos (0,665). Nessa região miserável, a Polícia Federal descobriu um esquema de desvio de verbas da ordem de R$ 700 milhões.

As investigações da PF começaram com auditorias realizadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em convênios entre o governo federal e municípios do interior de Minas. Em 2003, o TCU apontou irregularidades em repasses que vinham desde o fim dos anos 90, para 29 cidades do nordeste de Minas. Havia fraudes em contratos com os ministérios da Saúde, do Esporte, da Integração Nacional e da Previdência Social, destinados a obras de saneamento, construção de casas populares e quadras poliesportivas.

" R$ 700 milhões foi o total de recursos destinado para os projetos
apresentados pelo esquema "

As principais irregularidades encontradas eram: conluio entre as empresas licitantes e os gestores municipais, falta de execução de obras contratadas, emissão de notas fiscais frias e desvio de recursos federais. Por meio da auditoria, verificou-se em algumas obras o uso de material de qualidade inferior ao previsto no edital e a contratação de construtoras fantasmas.

Cinco anos depois, a PF confirmou aquelas irregularidades, agora irrigadas por recursos do PAC – que contratou R$ 69 bilhões em obras de saneamento e habitação popular para pequenos municípios – e também por emendas de parlamentares ao Orçamento da União. O esquema detectado pela PF envolve lobistas, funcionários de prefeituras e donos de empreiteiras, contra os quais havia 38 mandados de prisão na manhã da sexta-feira. A PF apreendeu documentos em 114 prefeituras mineiras e, com autorização do Supremo Tribunal Federal, fez buscas no gabinete de dois deputados ligados ao Vale do Jequitinhonha: João Magalhães (PMDB-MG) e Ademir Camilo (PDT-MG). “Os indícios de participação dos parlamentares são muito fortes”, diz o delegado David Salem, responsável pela operação.

O nome de Magalhães já aparecia nas investigações de 2003. Num documento do TCU, ele é acusado de receber R$ 95 mil diretamente da Construtora Ponto Alto Ltda., uma empresa de fachada, da qual foi sócio com um ex-deputado estadual do PDT de Minas. Magalhães ainda teria se ocupado de transmitir informações sobre a prestação de contas do município Alpercata, em Minas, para o ministério que transferiu os recursos.

Segundo técnicos dos órgãos de controle ouvidos por ÉPOCA, o esquema nas fraudes detonadas pela Polícia Federal é corriqueiro. Parlamentares apresentam emendas para municípios que dirigem os recursos recebidos de ministérios a certas empresas. Enquanto o Orçamento da União estiver sujeito a manobras políticas ditadas pelo interesse individual de lobistas e corruptos, o Estado continuará sendo vítima de quadrilhas que desviam recursos públicos.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Recesso branco

Enviado por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa - 20.6.2008 7h42m

Muitos brasileiros ficarão indignados ao saber que semana que vem o Congresso Nacional entra em recesso branco. As festas juninas são a desculpa do momento. Alegam que o pobre eleitor nordestino não vota em quem não for dançar a quadrilha... No que não creio, posto que deve ser um alívio não ter esses cidadãos empatando a festa.

Só não vejo motivo para estranhamento. Em recesso branco, azul, amarelo, vermelho, listrado, estamos há muito tempo. Só isso explica o fato do Exército Brasileiro estar sendo terceirizado por um candidato a prefeito, Crivella, com o beneplácito de dois ministérios, Cidades e Defesa e, nunca é demais salientar, com a anuência do Presidente da República.

A favela da Providência é a matriz de todas as favelas cariocas. Sua história remonta à Guerra do Paraguai. Sua localização é especial: atrás da Estação de Ferro Central do Brasil, de frente para a Avenida Presidente Vargas, claramente visível para quem vai ao Maracanã, ao Sambódromo, ao Engenhão, ou ao Centro Administrativo da cidade.

Esgotos? Água encanada? Escolas? Postos de saúde? Isso é besteira. Importante é o visual, o que o eleitor lá do asfalto vê. Com uma guaribada nas fachadas e nos telhados, cores fortes e vivas, é um bom cartaz: “Olhem como ficará bela e limpa a sua cidade com Crivella na Prefeitura”.

Um crime hediondo foi cometido. Contra todos nós. O crime não é só dos animais do Morro da Mineira. Nem do tenente e seus comandados. O crime é das autoridades brasileiras que não se respeitam, posto que não nos respeitam. A utilização de tropas brasileiras para fins que o Congresso Nacional não aprovou, pois que nem consultado foi, só veio à tona por conta do crime por demais bárbaro para caber em baixo até mesmo dos grossos tapetes da frágil República brasileira.

As autoridades fluminenses, municipais, estaduais e federais, não estão livres de culpa. Não é possível crer que não soubessem do Cimento Podre que se desenhava na Providência.

O Rio grita por socorro.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

O dilema da "ficha suja"

Postagem enviada pelo celular

Horas depois de dizer que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgaria o nome de candidatos com “ficha suja” - que respondam a processos na Justiça -, nesta segunda-feira (16), o presidente do tribunal, ministro Carlos Ayres Britto, voltou atrás e afirmou que a hipótese está em estudo no TSE.

domingo, 15 de junho de 2008

Por dentro do blog

Caros (as) amigos (as),

estou saindo de férias do blog.

Só voltarei dia 04/07/2008.

No entanto, sempre passem por aqui, pois estarei de olho nas diversas novidades do mundo da política e economia brasileira.

Qualquer comentário ou notícia só será exibido caso seja de alta relevância.

Agora, nas sextas-feiras publicarei o resumo da semana e as costuras para a próxima.

Um grande abraço, Ellyel.