sábado, 3 de maio de 2008

Panorama Econômico - O Globo

Questão da jornada

(leia aqui a coluna publicada neste sábado em O Globo)

No Brasil, quase metade dos trabalhadores está fora do mercado formal, mas o que está no Congresso é uma proposta de redução da jornada de trabalho para 40 horas. É uma forma de aumentar a criação de emprego, como dizem as centrais e o Dieese, ou de reduzir o emprego? Pode ser apenas mais uma demonstração de que os incluídos é que ditam a agenda neste tema.

A redução da jornada é o tema de preferência das centrais sindicais, mas, num mercado de trabalho tão cheio de distorções e carências, será que é essa a prioridade do trabalhador?

A Constituição de 1988 reduziu a jornada de trabalho de 48 para 44 horas. Para o economista José Marcio Camargo, da Tendências Consultoria, o efeito foi, na época, na melhor das hipóteses, nulo. Isso porque muitas pessoas do mercado formal já trabalhavam mesmo as 44 horas.
Ele acredita que, teoricamente, a redução na carga tende não a aumentar, mas a diminuir o nível de emprego. Foi isso que aconteceu no início dos anos 90, pós-Constituição. A conta é feita considerando o custo por hora. Quando se reduzem as horas, aumenta o custo por trabalhador. Dessa forma, na visão de José Marcio, o empregador acaba optando por não contratar mais, mas, sim, aumentar o volume de horas extras ou de funcionários terceirizados.

O Dieese, centro de pesquisas dos sindicatos, tem estabelecido o tema como central nos seus estudos. Desde 2001, eles colocaram essa questão em pauta, mas, no ano passado, ela voltou a se fortalecer, primeiramente com discussões setoriais. O principal argumento do Dieese é que a redução na jornada pode gerar novos empregos e de melhor qualidade. Isso, contudo, teria de ser feito acompanhado de uma "limitação do uso da hora extra e da flexibilização do tempo de trabalho", segundo afirma um estudo técnico do instituto. Quanto à suposição de que isso poderia encarecer ainda mais o custo do trabalho, de forma a desestimular a contratação de novos funcionários, e que uma possível diminuição da carga só beneficiaria a metade formal dos empregados, a técnica do Dieese Ana Claudia Moreira argumenta:

— A discussão é muito semelhante à da época do aumento do salário mínimo. Mas mudanças como essas são capazes de pressionar até mesmo o setor informal. Elas viram uma obrigação para o formal e uma referência para o informal.

Segundo Ana Claudia, nos anos 90, a produtividade do trabalho dobrou no Brasil e continuou crescendo também nesta década, e o custo do salário aqui ainda é um dos menores do mundo. Dessa forma, afirma ela, o peso dos salários no custo total da produção é muito baixo.

Os empresários dizem que mais do que os salários, o que realmente pesa na decisão de contratar são os custos tributários e todos os encargos envolvidos. Qualquer tipo de flexibilização em grandes empresas é reprimido.

França e Alemanha, anos atrás, decidiram reduzir a jornada. Em ambos os casos, segundo conta José Marcio Camargo, foram gerados menos empregos depois da mudança. Na França, a jornada menor, inclusive, aumentou o desemprego. Na Alemanha, a maioria das reduções de jornada foi estabelecida através de negociação coletiva entre sindicatos e patronais. Depois foi feita uma legislação para o tema, da qual o governo acabou tendo que voltar atrás.

O economista acha que o melhor é deixar que a questão da jornada — se for o caso — entre nas negociações coletivas, pois a medida em que a produtividade aumenta, tende a aumentar também a força de negociação dos funcionários. Esses dias, por exemplo, os farmacêuticos conseguiram negociar a queda nas horas trabalhadas.

— A jornada já está diminuindo normalmente no Brasil. Se isso for determinado por lei, pode acabar gerando menos empregos.

No entanto, ele acredita que uma possível mudança na legislação de horas trabalhadas não faria necessariamente com que a informalidade crescesse, apenas poderia afetar nos casos de pessoas que ganhassem perto de um salário mínimo. Isso porque, nesses casos, poderia se tornar pouco vantajoso ter um empregado formal.

O mercado de trabalho brasileiro tem muitas distorções. A informalidade é uma delas. A fiscalização do Ministério do Trabalho é exagerada em empresas urbanas formais que querem apenas ter outros arranjos trabalhistas, mais flexíveis, de interesse tanto do empregador quanto do empregado. Para reprimir inovações, têm todo o apoio dos sindicatos. Dessa forma, inibem a formação de emprego.

Por outro lado, os abusos de empregadores no Brasil rural, mesmo em áreas ricas, como mostram os vários casos de morte por exaustão nos canaviais, não mobilizam os sindicatos. O aparato sindical formal têm se mostrado mais preocupados em aumentar as vantagens para os que já as têm e, em muitos casos, em se imiscuir no aparato governamental — como se vê nos últimos escândalos — para fazer tráfico de influências.

O Brasil precisa de mais empregos, principalmente para os jovens, grupo no qual as taxas de desemprego são assustadoramente altas. No entanto não vai criá-los se os sindicatos fortes e as centrais defenderem pautas que atendam apenas os já incluídos e se o governo continuar paralisado diante de mudanças inevitáveis. O país precisa de uma solução que atenda a quem está sendo barrado no mercado do emprego moderno.

É melhor analisar!

Do blog da Míriam Leitão
O erro três em um no preço dos combustíveis

A decisão do governo sobre os preços dos combustíveis tem três erros básicos: decidiu subsidiar a gasolina para que ela não aumentasse de preço na bomba, permitir que o preço do diesel subisse na bomba, reduzir os recursos para a conservação das estradas.

O subsídio foi concedido através da redução da CIDE. A CIDE é um imposto cujo destino, teoricamente, é o de conservação das estradas que como se sabe estão em péssimas condições, tirando vidas, e aumentando o custo da logística brasileira.

Ao escolher poupar o consumidor de gasolina, o governo está incentivando o consumo de um combustível fóssil, que emite mais carbono para a atmosfera.

Ao escolher que o consumidor de diesel deve pagar mais, ele está onerando o transporte de alimentos e os preços dos alimentos já estão em alta.

Subsídio é sempre um artificialismo e cria distorções econômicas, por isso que ao usá-lo o governo deve ser pensar o que está querendo incentivar.

Recentemente o governo reduziu os impostos sobre chuveiro elétrico que consome muita energia. Faria melhor se incentivasse o uso de energia solar.

Por que hoje é sábado!

ENTREVISTA NA ÍNTEGRA

"A nota do Brasil ainda pode subir muito"

Em entrevista a ÉPOCA, a diretora da Standart & Poor's revela no que o país deve melhorar para subir ainda mais na avaliação das agências de risco


Andréa Leal

O BBB- que o Brasil recebeu da Standard & Poor's na semana passada é apenas a nota de corte para considerar os países que têm credibilidade internacional - o chamado grau de investimento. A diretora da agência, Lisa M. Schineller, diz em entrevista a ÉPOCA o que motivou a agência a conferi-lo ao Brasil e no que o país precisa melhorar para subir ainda mais no ranking.

ÉPOCA - A economia global passa por um momento de desaceleração. No Brasil, os gastos públicos estão aumentando e o déficit nas contas externas também. Por que dar ao Brasil, justamente agora, o investment grade?
Lisa Schineller - É um reflexo dos dez anos de esforço do Brasil para construir uma política econômica forte. Apesar do desaquecimento na economia global, o Brasil vem crescendo e recebendo cada vez mais investimentos externos, reconhecendo o bom desempenho da sua economia.

ÉPOCA - Antes das eleições de 2002, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva era visto por investidores externos como uma ameaça à economia e como um governante que poderia dar o calote nas dívidas do país. A elevação da nota do Brasil no ranking da Standard & Poor’s é uma demonstração de que os investidores confiam no governo brasileiro e na forma como ele vem conduzindo a política econômica?
Lisa - Sim. Isso significa que confiamos na maneira como o governo conduz a política econômica e no esforço que vem sendo feito há dez anos por esse e governos passados para melhorar a economia do país.

ÉPOCA - O que o Brasil deve fazer para melhorar ainda mais a sua nota no ranking?
Lisa - De fato, BBB- é apenas o primeiro patamar de investment grade no ranking. Há o A+, AAA. O Brasil precisa diminuir a relação dívida/PIB. Ele tem um PIB bastante alto. Maior do que muitos países que têm classificação melhor do que a do Brasil no ranking. Isso acontece porque o Brasil precisa diminuir a sua dívida: ela ainda é muito grande. Precisa aprovar reformas no Congresso, fazer reforma tributária, cortar os gastos públicos.

ÉPOCA - Recentemente, as agências deram boas notas a bancos que depois sofreram com a crise do crédito de alto risco no mercado americano. Elas ainda merecem credibilidade?
Lisa - Estamos fazendo uma série de mudanças para melhorar os critérios de avaliação. Vamos torná-los mais precisos e mais transparentes.

Enviado por Standard & Poor's

Leia a íntegra do comunicado da Standard & Poor's

A agência de classificação de risco Standard & Poor's, uma das principais, anunciou nesta quarta-feira que elevou o rating soberano (nota de risco de crédito) do Brasil para grau de investimento, a melhor classificação para receber investimentos estrangeiros. Com a decisão, o rating do Brasil em moeda estrangeira em longo prazo passou de BB+ para BBB-, nota que já está incluída no grupo classificado como grau de investimento.
Confira a seguir a justificativa da agência para a elevação:

Classificação dos papéis de longo prazo brasileiros em moeda estrangeira elevada ao grau de investimento "BBB"

Perspectiva estável
Em 30 de abril de 2008, a Standard & Poor's Ratings Services elevou sua classificação do crédito soberano em divisa estrangeira da República Federativa do Brasil à classificação de investimento "BBB-", de "BB+", e seu crédito de longo prazo em divisa local a "BBB+", de "BBB". A Standard & Poor's também elevou sua classificação do crédito soberano brasileiro de curto prazo em divisas estrangeiras de "B" a "A-3", e seu crédito soberano de curto prazo em moeda local de "A-3" a "A-2". A perspectiva quanto às classificações de longo prazo é estável. A Standard & Poor's elevou sua classificação de transferência e conversibilidade do Brasil de "BBB" a "BBB+". A escala nacional de classificação de crédito da república foi confirmada em "brAAA". A Standard & Poor's retirou sua classificação de recuperação "3" da república; essas classificações só são designadas para classificações em divisa estrangeira que estejam na faixa especulativa.

O Brasil é a 14ª nação a ter sua dívida denominada em divisas estrangeiras elevada à classificação de investimento. Essa promoção reflete o amadurecimento das instituições e da estrutura política brasileira, tal como o evidencia a redução da carga fiscal e da dívida externa, e as melhoras nas perspectivas de crescimento enquanto tendência. Embora a dívida líquida do governo continue a ser mais alta do que em muitos dos demais países classificados como "BBB", um histórico bastante previsível de políticas de gestão fiscal e de dívida atenuam esse risco. A dívida externa do país, excluídos os ativos externos líquidos, se reduziu dramaticamente, e a dívida líquida projetada equivale a apenas 3% das receitas anuais atuais (CAR), em 2008, ante mais de 100% das CAR ainda em 2004. Embora seja provável alguma deterioração à medida que a conta corrente recua ao déficit, esperamos que a elevação na carga da dívida externa seja modesta.

Os pontos fortes do Brasil quanto ao crédito são:

- Um histórico de continuidade política, em meio a transições de poder, sob um regime de metas inflacionárias e de câmbio flutuante;

- Dívida externa líquida inferior a 10% das CAR; e

- Um perfil de dívida governamental cada vez mais alinhado às dívidas soberanas com classificação baixa de investimento.

Os pontos fracos do crédito soberano são:

- Uma grande dívida líquida e carga de juros, para o governo;

- Inflexibilidade orçamentária em meio a gastos correntes altos; e

- Obstáculos estruturais que mantêm o investimento e o crescimento abaixo dos de outras economias de mercado emergente.

Políticas em geral pragmáticas e previsíveis e instituições bastante transparentes ajudaram a sustentar a estabilidade macroeconômica do Brasil. Isso facilitou criar uma fundação mais sólida para o crescimento econômico e a melhora da situação fiscal, nos últimos cinco anos, que deve continuar ao longo dos próximos anos. A manutenção de uma abordagem macroeconômica consistente (ancorada por um regime de câmbio flutuante e uma estrutura de metas inflacionárias), depois da transição política de 2002/3, vem servindo como apoio essencial às classificações soberanas do Brasil.

O banco central operacionalmente independente do país -um ponto forte institucional para a avaliação de crédito soberano brasileira- deu início a um ciclo antecipatório de aperto da política monetária. Isso contrasta com a ausência de medidas políticas corretivas e com as pressões inflacionárias descontroladas em outros países com classificação inferior. A inflação mostrou tendência de alta no Brasil, não só pelas pressões mundiais sobre os preços dos alimentos e energia mas também devido à robusta demanda interna. Uma rápida redução no diferencial de produção ajudou a elevar a inflação anualizada a 4,7% em março de 2008, ante 4,5% em dezembro de 2007 e 3,1% em dezembro de 2006. A inflação nos preços ao consumidor foi projetada em cerca de 5% em 2008/9, dadas as medidas políticas proativas do banco central.

Os indicadores externos brasileiros, no passado uma séria deficiência de crédito, estão no geral alinhados aos países de classificação investimento baixa. A dívida externa, excluídos ativos líquidos, é projetada entre 3% e 10% da CAR em 2008/9. O investimento estrangeiro direto, diversificado em termos de tamanho e destinação, é atraído para o Brasil devido à sua perspectiva de crescimento amadurecido. Depois de atingir o recorde de US$ 34,6 bilhões em 2007, ele mantém ritmo robusto em 2008 e deve bastar para cobrir o déficit de US$ 20 bilhões em conta corrente previsto para 2008.

A política fiscal e os indicadores são as maiores fraquezas de crédito do Brasil. A dívida líquida geral do governo equivalia a 47% do Produto Interno Bruto (PIB) --incluindo 7% do PIB em operações de recompra do banco central-- no final de 2007, e é superior à de muitos países classificados de maneira semelhante e à média de 20% do PIB dos países "BBB". Para atenuar essa pesada carga de dívidas, a Standard & Poor's espera que a política fiscal se mantenha compatível com um histórico de quase 10 anos no cumprimento das metas fiscais estabelecidas, e que o governo continue a melhorar a composição de sua dívida. Esses desfechos, somados a uma fundação mais firme para o crescimento, sustentam um declínio lento e modesto da carga de dívidas brasileira relativamente elevada.

A política fiscal deve se manter expansiva em 2008/9, mas a Standard & Poor's antecipa que o governo vá obter resultados fiscais compatíveis com sua meta de superávit de 3,8%, desconsiderados os juros, para o setor público não financeiro.

O perfil das dívidas do governo continua a se alinhar mais ao dos credores com classificação baixa de investimento. Mais de 90% da dívida é denominada em moeda local, já que o governo vem amortizando a : dívida externa: os papéis pré-fixados respondem agora por 36% da dívida emitida localmente, enquanto os pós-fixados equivalem a 27%. O vencimento médio dos títulos de dívida do governo é de 5,38 anos: 4,76 anos para dívidas emitidas localmente e 12,5 anos para a dívida externa.

Uma política macroeconômica pragmática (sustentada por um clima mundial favorável nos últimos cinco anos) reforçou as fundações de um crescimento real sustentado de entre 4% e 4,5% para o PIB. Um mercado de consumo mais amplo, um mercado de capitais que vem se aprofundando e níveis crescentes de formalização sustentam uma melhora nas perspectivas de investimento. Porém, até mesmo índices mais elevados de crescimento mais alinhados ao de outros países emergentes requerem investimento superior aos atuais 17,9% do PIB. Medidas adicionais para reduzir o "custo Brasil", simplificar o regime tributário, promover maior flexibilidade no mercado de trabalho, reduzir as tarifas de importação e facilitar o investimento privado em energia e infra-estrutura reforçariam o clima de investimento no Brasil e as perspectivas de crescimento em médio prazo. O mesmo se aplicaria, claramente, a uma redução da exclusão do setor privado pelo alto nível de dívida pública, gastos atuais e o nível elevado de tributação requerido.

Perspectiva

A perspectiva estável pondera o alto endividamento do governo brasileiro, de um, lado, e perspectivas econômicas em amadurecimento e um baixo endividamento internacional, no pólo oposto. Uma melhora na situação de crédito pode derivar de um declínio mais pronunciado na dívida e desequilíbrio fiscal do governo. Medidas políticas para reduzir o nível e a rigidez dos atuais gastos do governo reforçariam a posição fiscal brasileira e facilitariam novos declínios nas taxas reais de juros, com implicações positivas para o crescimento e o investimento. A aprovação de reformas tributárias ou da previdência -que não é esperada pela Standard & Poor's no horizonte de tempo avaliado- seria um choque positivo para a confiança e contribuiria para uma posição de crédito ainda melhor. Por outro lado, se o compromisso deste ou de futuros governos para com políticas fiscais e monetárias pragmáticas se reduzir, se revezes políticos que prejudiquem o clima de investimento ocorrerem, ou se o governo não conseguir reagir adequadamente a choques imprevistos, pode haver pressão por uma redução na classificação.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

As diversas fases de "O Fenômeno"




Do JORNAL NACIONAL

CASO ISABELLA

O relatório do inquérito policial

Conheça detalhes da versão da polícia sobre a morte de Isabella. A delegada afirma que Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá mantiveram a mentira de forma dissimulada para permanecerem impunes. Ela pediu a prisão preventiva do casal.

A polícia de São Paulo se baseou em laudos da perícia no depoimento de testemunhas e em deduções para escrever o relatório final do inquérito sobre a morte de Isabella Nardoni. O Jornal Nacional teve acesso ao conteúdo do documento.

O relatório final da polícia é assinado pela delegada Renata Helena da Silva Pontes, que comandou as investigações. O documento tem 43 páginas e faz parte do inquérito que foi entregue à Justiça na última quarta-feira.

A delegada é categórica. Diz que Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá mantiveram a mentira de forma dissimulada, desprezando o bom senso de todos, para permanecerem impunes.

O relatório mostra a versão da polícia para o crime e, segundo a delegada, levou em conta laudo do Instituto de Criminalística, lesões observadas na vítima e depoimentos de testemunhas.

A primeira conclusão é que as agressões começaram no carro da família. Segundo o relatório, Anna Carolina Jatobá feriu Isabella na testa, com um instrumento não identificado. A madrasta segurava esse instrumento com a mão esquerda, virou-se para trás e alcançou o rosto da menina.

A delegada diz que houve sangramento, gotejando sangue no assoalho, atrás do banco do motorista, na lateral esquerda do carrinho do bebê e um esfregaço, uma espécie de borrão de sangue na parte posterior do banco do motorista.

O Jornal Nacional mostrou na quarta que não foi feito o exame de DNA no sangue porque a quantidade era pequena. Para a defesa, isso impediria a polícia de afirmar que o sangue é de Isabella.

Segundo relatório, o sangue observado na lateral esquerda da cadeirinha do bebê tem o perfil genético de Isabella. De acordo com peritos consultados pelo Jornal Nacional, todos os membros de uma família tem o mesmo perfil genético. Ou seja, o exame realizado não é conclusivo.

Depois da chegada à garagem do edifício London, segundo a delegada Renata Pontes, todos subiram juntos ao apartamento. Isabella estava no colo do pai.

Alexandre a jogou no chão, diz o relatório, perto do sofá. Nesse local, observou-se maior concentração de sangue, não visível a olho nu, mas identificado graças a reagentes químicos.

Em outro trecho, a delegada diz que Isabella sofreu duas fraturas devido a um forte impacto, como ter sido atirada no chão. O sangue foi limpo e, ao que tudo indica, segundo a delegada, com uma fralda de criança.

Na noite do crime, a polícia encontrou uma fralda dentro de um balde. Era a única peça já lavada, no meio de outras que estavam no cesto e no chão, sujas. Segundo laudo do Instituto de Criminalística, reagentes químicos identificaram a presença de sangue na fralda.

Para a delegada, o pescoço de Isabella foi apertado por tempo considerável e de maneira forte, a ponto de a menina sofrer asfixia.

O relatório final sobre o caso menciona o fato de duas pessoas terem ouvido gritos de criança chamando o pai, pouco antes da queda de Isabella. A delegada Renata Pontes afirma: por causa das lesões, Isabella não podia gritar.

Portanto, a voz era de do irmão de Isabella, de três anos, que queria que o pai intercedesse no momento em que a menina estava sendo asfixiada. E completa: sendo assim, se deduz que a pessoa que apertou fortemente o pescoço da vítima foi Anna Carolina Jatobá.

A delegada Renata Pontes não indica o motivo do crime, mas afirma, no relatório, que há provas robustas de que Alexandre Nardoni jogou Isabella pela janela. As principais são as marcas da rede na camiseta de Alexandre e as marcas do chinelo que ele usava que ficaram num lençol.

A delegada se diz impressionada com a atitude de Alexandre na noite do crime, que tentava convencer a todos de que havia um ladrão no prédio e não demonstrava abatimento pela morte da filha.

Para a polícia, não há dúvidas do descontrole emocional do casal. Em vários depoimentos, há relatos de brigas, principalmente por causa do ciúme que a madrasta tinha de Alexandre e de Isabella.

Uma vizinha da família Nardoni disse à policia que Anna Carolina disputava a atenção do marido. Chegava a tirar Isabella do colo do pai para ela própria, Anna Carolina, sentar-se no colo dele, mesmo com a menina chorando.

No final do relatório, a delegada pede a prisão preventiva de Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni. Segundo a investigação, não haveria tempo suficiente para uma terceira pessoa ter cometido o crime.

Além disso, as amostras de sangue encaminhadas para exame de DNA apontaram predominância de sangue de membros da família, não havendo vestígios de sangue de uma terceira pessoa. O relatório não esclarece se mais alguém, além de Isabella, se feriu no dia do crime.

No relatório, a delegada justifica o pedido de prisão: garantir a ordem pública, impedir a fuga dos indiciados e assegurar a aplicação da lei.

Diz ainda que o crime é hediondo e classifica o ato como covarde, demonstrando a maldade e o desprezo à vida humana.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

INVESTMENT GRADE

A concessão do investment grade (grau de investimento) ao Brasil traduz-se na possibilidade concreta de entrada de investimentos estrangeiros no setor produtivo.

(Investment grade significa que o Brasil passa a ser visto como um bom pagador, país que respeita contratos, mantém regras estáveis para investimentos. Isto é vital para certos fundos de pensão americanos e canadenses, por exemplo, que são bastante conservadores porque lidam com aposentadorias e pensões de professores, servidores públicos, militares, viúvas etc. e estão proibidos, por seus regimentos internos, de investir em países que não possuem o investment grade.)

Ora, mais investimento no setor produtivo (e não especulativo) significa mais oportunidades de geração de empregos. Empregos formais

O que significa exatamente ter o grau de investimento? É uma boa notícia. Isso significa que o Brasil recebeu um atestado de que tem capacidade de pagar suas dívidas. É um bom pagador.

Na prática, investidores que antes não podiam vir para o Brasil, como por exemplo, o fundo de pensão dos professores de Ontário, no Canadá, e outros fundos de pensão agora podem vir.

Países menores que nós já receberam esse grau, como Botswana, Trinidad e Tobago, Cazaquistão e o Peru. Mas, claro, é diferente quando o país recebe esse grau e é um país grande, que está crescendo e tem muitas oportunidades de investimento. Isso vai trazer mais dinheiro para cá.

Pela natureza desses fundos de pensão eles não querem retorno imediato. Eles olham o longo prazo. Pode vir investimento para infra-estrutura, energia e agricultura. Isso tudo aumenta a oferta de emprego. Tudo só acontece se eles acharem que há um bom ambiente de negócios, que há regras estáveis. O caminho é continuar melhorando o país.

E na inflação? Qual o efeito? Com a entrada de mais capital, a tendência é o dólar cair mais ainda. Isto reduz a pressão inflacionária. O problema é que, ao mesmo tempo, prejudica quem exporta, que já está reclamando de receber menos em reais com suas vendas.

O ministério da Fazenda quer, para evitar novas quedas do dólar, reduzir os juros, porque isso afasta o dinheiro de curto prazo e o dólar se recupera. Só que nos próximos meses o Banco Central vai continuar subindo os juros para garantir a inflação baixa. E isso vai aumentar a tensão entre a Fazenda e o Banco Central.

Mas no médio prazo, os juros podem cair bastante. O país pode ter juros reais, descontando-se a inflação, de até 4%. Mas isso no futuro.

Boa notícia antes do feriado

No fechamento, a alta foi de 6,3% e o IBOVESPA fecha em 67.869 pontos. Veja no gráfico acima como foi o salto após a notícia.

Por essa ninguém esperava. Quer dizer, todo mundo esperava, mas não hoje, véspera de feriado.

A S&P, a agência mais conceituada de risco, deu finalmente o grau de investimento ao Brasil. A notícia fez a Bovespa dar um salto: ela estava com alta de 1,69% às 15h30 e, meia hora depois, já opera com alta de 3,71%.

Uma enxurrada de dólares no Brasil. É isso que os economistas esperam com o grau de investimento conseguido agora.

Isso tem tudo para acontecer sobretudo porque os principais fundos de investimento estrangeiros - que estão sempre em busca de maior rentabilidade - terão agora a permissão para investir em países antes considerados arriscados, como era o caso do Brasil.

Pelo regulamento desses fundos, não é permitido investir em países que não possuem grau de investimento, ou seja, países que possuem risco elevado. Há um outro fator muito importante na mudança que é o fato de que as empresas brasileiras poderão pegar empréstimos no exterior a um custo mais barato.

Dado esse quadro, a expectativa é de o dólar despenque ainda mais. O que pode aumentar a grita dos exportadores, mas será provavelmente muito bom para o Banco Central, que poderá ter uma alívio inesperado na alta dos preços.

O capital que virá é um capital que pode investir em longo prazo, exatamente por serem investidores mais cuidadosos e de olho em retorno que leve mais tempo.

Os setores que podem receber recursos nesse novo momento de grau de investimento são, por exemplo, obras de infra-estrutura. Mas, ao mesmo tempo, ter grau de investimento não resolve tudo: é preciso que haja um bom ambiente de negócios e bons marcos regulatórios.

Outro setor que pode se beneficiar neste momento é o da agricultura. O ex-ministro Roberto Rodrigues disse que já estão no Brasil 14 importantes grupos e fundos investindo em agricultura, inclusive interessados em produzir madeira plantada, o que ajuda a reduzir a pressão sobre o desmatamento.

O setor de construção civil e construção residencial pode também ser beneficidado pela entrada desse novo investidor que antes não podia vir porque por estão submetidos a controles regulatórios mais rígidos e não podem investir em "mercados especulativos", ou seja, aqueles que não têm grau de investimento.

Não é claro, nenhuma panacéia, e parte da valorização dos ativos brasileiros já ocorreu na expectativa dessa chegada de capital.

Por outro lado, haverá também o efeito colateral, ou seja, a queda do dólar que tirará ainda mais rentabilidade da atividade exportadora.

Combustíveis em alta

Gasolina sobe 10% nas refinarias; alta não terá impacto nos postos

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou que a gasolina terá um reajuste de 10% nas refinarias a partir desta sexta-feira. O aumento, no entanto, não terá impacto no bolso do consumidor, assegurou Mantega.

Segundo o ministro, o governo reduzirá a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), o tributo cobrado no combustível, para que o preço final não mude.

Já o óleo diesel sofrerá alta de 15% nas refinarias e ficará 8,8% mais caro nas bombas. O impacto dos reajustes na inflação será praticamente nulo, de acordo com Mantega.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Bonito como um pavão, Quércia é o dote mais rico desta campanha

A ONU procurou o vilão para a alta dos alimentos

Panorama Econômico - O Globo

O mundo e a fome

A ONU descobriu tardiamente o grave problema da crise de alimentos, e fica batendo cabeça atrás de uma solução. Ora a culpa é dos biocombustíveis em geral; ora uma força-tarefa resolveria o problema. Há soluções: o mundo precisa produzir mais alimentos; o comércio de produtos agrícolas tem que ser mais livre; os Estados Unidos precisam mudar a matéria-prima do seu etanol.

A fome não começou ontem. Na verdade, está havendo uma queda do percentual de pessoas que passam fome no mundo. O que houve agora foi um salto nos preços de alguns alimentos básicos.
A ONU está tão confusa sobre essa crise que o mesmo Jean Ziegler, relator para o tema, que manda uma carta para o Brasil elogiando o nosso programa de biocombustível, acusa uma semana depois o biocombustível de ser o culpado de tudo.
A idéia de produzir combustível de origem vegetal é boa. Por enquanto, no atual estágio da tecnologia, não tem condições de substituir o combustível fóssil. Mas pode, dependendo do balanço de carbono de cada proposta, ser uma forma de mitigar os gases de efeito estufa.

Os EUA fizeram a opção equivocada de usar a mesma matéria-prima que é base de alimentação das pessoas e com a qual se faz ração animal. Como é uma economia rica, dá um volume de subsídios tão grande que torna o produto competitivo, mas, ao mesmo tempo, deixou de fazer a conta do balanço energético do modelo. Gastam muita energia fóssil para produzir a energia de origem vegetal. Ambientalmente e economicamente, a opção pelo etanol de milho é um desastre. O lobby americano dificilmente permitirá uma mudança nessa insensatez.

O Brasil tem uma história inteiramente diferente neste assunto: produz biocombustível há quase 40 anos, tem uma rede de distribuição nacional e metade do combustível automotivo usado vem da cana-de-açúcar. Está ampliando a sua produção de cana, de grãos, de fibras (algodão, celulose) e de proteína animal. Tudo ao mesmo tempo. E ainda tem espaço para isso.
O presidente da Embrapa, Silvio Crestana, acha que o problema é conciliar agora as três necessidades:
— A primeira é a econômica, a produção tem que gerar renda para dar lucro ao agricultor; a segunda é social, é preciso saber se a atividade está garantindo emprego de qualidade para o trabalhador; a terceira é ambiental, precisamos garantir que nada será feito em detrimento dos nossos biomas. A produção tem que ser vista dentro do balanço: carbono, água, floresta — diz ele.

Fácil de dizer, difícil de fazer no Brasil em que a produção cresce prejudicando a Amazônia, o Pantanal, o Cerrado e até a magra Mata Atlântica.

— Só que o mercado está estabelecendo novas condições e novas regras, e o Brasil tem que aceitar. E se não aceitar, corre riscos, como o de perder uma de suas grandes riquezas: a água.

Precisar o Brasil não precisa ameaçar bioma algum. Mas basta uma pessoa falar que é preciso aumentar a produção para aparecer alguém com a visão tosca de um Blairo Maggi propondo, como propôs, “vamos desmatar”. O pior é que Maggi falou isso ao mesmo tempo em que apresentava uma proposta de zoneamento econômico ecológico considerada boa por ambientalistas. É mais forte que ele. É atávico. O Brasil cresceu destruindo. Quem duvida deve ler — ou reler — o insuperável “A ferro e fogo”, de Warren Dean, que mostra como foi destruída a Mata Atlântica. Uma destruição que não gerou riqueza só porque este país tem empresários cuja palavra de ordem foi aquela vocalizada por Maggi: “Vamos desmatar.”

Precisar, não precisa. Os dados são impressionantes.

— O número mais conservador é que o Brasil ocupa 200 milhões de hectares com pastagens. Como essa forma de pecuária é improdutiva, você pode ter o mesmo rebanho usando metade dessa terra para agricultura. Sendo mais conservadores e calculando que, no espaço ocupado por 1 boi, pode ficar 1,5 boi: seriam liberados 50 milhões de hectares para a agricultura. Isso significa que o Brasil pode dobrar a área que ocupa para produzir 140 milhões de toneladas de grãos — calcula Crestana.
O Brasil tem outro problema: os lobistas dos subsídios. Apesar da alta produtividade e de todas as vantagens competitivas, o produtor, a cada nova crise, apresenta a conta da dívida ao governo. Aí fica a dúvida: se somos tão competitivos, se essa é a nossa vocação, por que tem que custar tão caro para o Tesouro?

Na área social, a agricultura brasileira tem a mesma contradição: um empregador moderno convive com um empregador arcaico; quase escravocrata. Às vezes, eles convivem na mesma pessoa jurídica, na mesma pessoa física. É moderno em São Paulo, e submete trabalhadores a uma situação degradante em áreas de fronteira.

Se o Brasil perder a hora desta vez, será uma tragédia para o país e para o mundo.

O Brasil pode aumentar a produção, deve aproveitar essa oportunidade e elevar a oferta de alimentos. Não resolverá o problema sozinho, mas será parte da solução. Porém os produtores brasileiros terão que levar a sério os que alertam sobre os riscos ao meio ambiente e a necessidade de proteger o trabalhador.

Até hoje, foi possível o país manter essa relação íntima entre o moderno e o arcaico na lavoura brasileira. Mas agora é a hora da verdade. Cada um deve escolher seu lado. O trigo será guardado, o joio será posto fora.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Panorama Econômico - O Globo


Efeitos do petróleo

O consumo de plásticos no Brasil continua crescendo 10% ao ano, apesar de a matéria-prima, o petróleo, viver uma disparada de preços. Em 2002, a nafta era vendida a US$ 180 a tonelada; agora está em US$ 960. O preço da nafta segue cotação internacional mesmo quando ela é vendida pela Petrobras. O presidente da Braskem, José Carlos Grubisich, explica que parte do aumento é absorvida na cadeia produtiva.

Ontem, o presidente da Opep, Chakib Khelil, disse que, se o dólar continuar caindo, o petróleo continuará subindo. Pelas contas dele, cada vez que o dólar cai 1%, o petróleo sobe US$ 4. Em euro, o petróleo tem alta bem menos expressiva, como se pode ver no gráfico abaixo. Mas também sobe. Mesmo assim, o mundo pensa em dólar quando vê o preço do barril.Na nafta, matéria-prima básica da petroquímica brasileira, o preço é reajustado todo mês pela média da cotação diária do mês anterior ponderada pela média da cotação do dólar. Isso tem batido, em parte, no produto final, mas o mercado interno continua aquecido.

— As vendas de PVC subiram 14% no ano passado por causa do crescimento da construção civil; as de polipropileno subiram 10%, puxadas pela indústria de automóveis. O aumento de obras públicas na área de saneamento vai consumir mais PVC também, de maior densidade — contou Grubisich.

Pelo visto, não é o preço que assusta esse mercado. A Braskem acabou de inaugurar, na semana passada, mais uma fábrica, em Paulínia (SP); vai dobrar a capacidade de produção de PVC da fábrica de Alagoas e toca dois projetos de produção de matéria-prima petroquímica com a Pequiven, a estatal petroquímica da Venezuela. O empresário conta que, apesar das vendas estarem aquecidas, nem todo o preço pode ser repassado, por causa da competição com o produto dos Estados Unidos.O produtor americano usa gás natural (que lá tem preços mais baixos que os dos derivados de petróleo), leva vantagem com o dólar desvalorizado e tem sobra de produto por conta da economia interna desaquecida.

— Para eles, a solução é exportar, e a América Latina tem um custo de logística menor — afirmou o empresário.O mercado de petroquímica enfrenta também as pressões para a redução do consumo por razões ambientais. O plástico é grande candidato a vilão. No mundo inteiro, a pressão é para que se elimine ou reduza o uso de, pelo menos, um dos produtos: as sacolas plásticas.

Grubisich acha que essas sacolas continuarão sendo usadas e que devem se desenvolver formas de reutilização do produto. Por via das dúvidas, a empresa está investindo no projeto do polietileno verde, que vai produzir, até 2010, 200 mil toneladas de plástico vegetal, feito a partir do etanol.

O produto já sairá da fábrica com dois tipos de certificação: de que usa matéria-prima renovável e que o balanço de emissão de carbono na cadeia de produção, desde a plantação da cana, é altamente positivo.— Ele seqüestra duas toneladas e meia de carbono em cada tonelada de carbono que emite. No final, quando não puder mais ser reutilizado, pode virar fonte de energia.

O plástico vegetal da Braskem, antes de ser produzido, já tem mercado potencial para 2,5 vezes o que pretende estar fabricando em 2010. Porém o executivo admite que, quando explica seu projeto, enfrenta perguntas incômodas lá fora.— Eles querem saber se as plantações de cana do etanol estão empurrando a produção de grãos e carne para a Amazônia; perguntam muito sobre o ritmo do desmatamento; querem saber sobre trabalho escravo no país.

Na Amazônia, quem está tentando exportar sua produção vive ameaçado por estes fantasmas produzidos pelo Brasil que não quer se modernizar. A lavoura arcaica cobra seu preço e pode virar barreira até para produtos industriais.

Houve, na petroquímica brasileira, uma grande concentração. Existem menos empresas e, em quase todas, a Petrobras tem participação relevante: seja na Braskem, ou na Petroquímica do Sudeste (soma de Suzano, Petroquímica União, Unipar e Rio Polímeros). No entanto, ao contrário da gasolina e do diesel que não sobem, a nafta sobe na onda da alta do petróleo.A cobrança ambiental tende a ser cada vez maior sobre toda a cadeia produtiva que usar os combustíveis fósseis como fonte de energia ou como matéria-prima. A petroquímica terá que lidar com todas essas pressões.

Pesquisa CNT/SENSUS

A pesquisa CNT/SENSUS publicada ontem deve ser analisada com cuidado.

No entanto, a oposição precisa articular melhor seus aliados afim de modificar esse cenário. E, quem sabe, agir como oposição.

Veja, abaixo, todas as notícias publicadas sobre a pesquisa com a colaboração de sites.

A melhor avaliação do governo Lula desde sua posse

A avaliação positiva do governo Lula bateu recorde e atingiu sua maior marca desde o início da série de pesquisas, em janeiro de 2003, quando 56,6% dos brasileiros o consideravam ótimo ou bom. Na pesquisa CNT/Sensus que será divulgada logo mais, o governo Lula é bem avaliado por 57,5% dos entrevistados. Os que acham ruim ou péssimo somam 11,3%, enquanto 29,6% acham o governo regular.

Em fevereiro último, Lula tinha 52,7% de avaliação positiva, contra 13,7% negativa e 32,5% regular.

- O aumento e consolidação da popularidade do presidente Lula se deve ao crescimento econômico com geração de emprego, aos programas sociais, mais exatamente o Bolsa-Família, ao bom discurso político do presidente e também graças a inauguração de obras sintetizados na sigla Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), dando uma sensação de eficiência do governo, -explicou Clésio Andrade, presidente da CNT.

Foram entrevistadas 2.000 pessoas, entre os dias 21 e 25 de abril, em 24 Estados. A margem de erro é de 3%, para cima ou para baixo.

Desempenho de Lula melhora, maioria aprova 3º mandato

O desempenho pessoal de Lula foi aprovado por 69,3% dos 2000 entrevistados pela mais recente pesquisa CNT/Sensus - maior índice desde janeiro de 2004. E desaprovado por 26,5%. Outros 4,7% não souberam responder. Em fevereiro, esse números eram: 66,8% aprovação, 28,6% desaprovação e 4,7% não sabiam responder.

A pesquisa CNT/Sensus perguntou: "O senhor é a favor ou contra a alteração da Constituição do País possibilitando que Lula se candidate a presidente da República pela terceira vez consecutiva?":

- 50,4% responderam quem são a favor.
- 45, 4% são contra.
- 4,3% não souberam responder.

Se concorresse a presidente mais uma vez contra o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), Lula teria 58,8% dos votos, contra 41,2% de seu adversário.

Em 2002, Lula e Serra e disputaram o 2º turno da eleição presidencial e ficaram respectivamente com 61,3% e 38,7%.

Sem Lula, Serra ainda venceria com folga eleição de 2010

A pesquisa CNT/Sensus preparou quatro cenários para a eleição presidencial de 2010. O governador de São Paulo, José Serra, vence com folga quando seu nome entra na disputa, mas a diferença dele para outros candidatos caiu de fevereiro pra cá.

Já na pesquisa espontânea, Lula lidera com 29,4%. Em seguida vem Serra, com 5%, Aécio Neves, com 2,9%, Geraldo Alckmin, com 2,4%, Heloísa Helena, 1,7% e Ciro Gomes, 1,5%. Os que ainda não tem candidato somam 54,1%.

Cenário 1: “Da seguinte lista de candidatos, em quem o senhor votaria para presidente da Republica se as eleições fossem hoje?”

* 36,4% - José Serra (PSDB). Em fevereiro eram 38,2%.
* 16,9% Ciro Gomes (PPS). Na última tinha 18,5%.
* 11,7% Heloísa Helena (PSOL). Em fevereiro, 12,8%.
* 6,2% Dilma Roussef (PT). Eram 4,5%.
* 29% votariam branco, nulo ou não souberam responder. Antes eram 26,1%.

Cenário 2, com Aécio Neves (PSDB), governador de Minas Gerais, no lugar de Serra:

* 23,5% - Ciro Gomes. Antes eram 25,8%.
* 17,5% Heloísa Helena (eram 19,1% em fevereiro).
* 16,4% Aécio Neves (em fevereiro tinha 16,6%).
* 7% - Dilma Roussef (contra 5,4% de fevereiro).
* 35,7% votariam branco, nulo ou não souberam responder. Antes eram 33,3%.

Cenário 3, com o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, como candidato do PT:

* 34,2% - Serra (em fevereiro tinha 37,5%).
* 17,8% - Ciro Gomes (em fevereiro, 19,6%).
* 14,1% Heloísa Helena (em fevereiro, 14,9%).
* 3,8% - Patrus Ananias (em fevereiro, 3,4%).
* 30,2% não responderam (em fevereiro, 25,8%).

Cenário 4 foi o único inédito. Nele, Geraldo Alckmin seria o candidato do PSDB.

* 23,2% - Ciro Gomes.
* 17,2% - Alckmin
* 16,3% -Heloisa Helena
* 7,6% - Dilma Roussef
* 35,9% - Não tem candidato

Se houvesse um segundo turno entre Serra e Dilma, ele ficaria com 53,2%, contra 13,6% dela. Outros 33,3% não teriam candidato. Em fevereiro esses números eram respectivamente: 57,9%, 9,2% e 33%.

Já numa disputa de segundo turno entre Aécio e Dilma, ele teria 32,1%, ela 18,3% e 49,6% não saberiam em quem votar. Em fevereiro esse números eram respectivamente: 36,9%, 14,%5 e 48,7%.

Se Serra e Ciro Gomes disputassem hoje um segundo-turno de eleição para presidente, o candidato do PSDB ficaria com 43,7% (em fevereiro tinha 46,5%), Ciro com 25,5% (mesmo resultado de fevereiro) e 31% não saberiam responder (antes eram 28,1%).

Contra Patrus Ananias, Serra teria 55,1% (em fevereiro eram 59,1%), seu adversário ficaria com 8,2% (em fevereiro tinha 8%).

Foram ouvidas 2000 pessoas, entre os dias 21 e 25 de abril, com margem de erro de 3%, para mais ou para menos.

Um em cada três desconhece a CPI dos Cartões

A pesquisa CNT/Sensus divulgada há pouco quis saber dos seus 2000 entrevistados: “O senhor tem acompanhado ou ouviu falar na CPI dos Cartões Corporativos?”

* 57,9% tem conhecimento;
* 32,2% nunca ouviram falar;
* 10% não souberam responder.

Entre os que ouviram falar na CPI dos Cartões, 12,7% são a favor de que apenas a gestão do PT seja investigada por ela. 6,1% são favoráveis a uma investigação restrita ao período em que o PSDB governava o Brasil. 57,8% acham que ambos (governo atual e passado) merecem ser investigados. Apenas 12,2% são contrários a qualquer tipo de investigação.

Ainda entre os que ouviram falar da CPI, 29,6% acreditam que ela ocorrerá de forma isenta e 58,1% acham que será partidária.

O dossiê com gastos sigilosos do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) chegou ao conhecimento de 51,2% dos entrevistados, enquanto 36,4% nunca ouviram falar a respeito dele.
Dos que conhecem o dossiê, 21,1% acreditam que ele tenha sido forjado por membros da própria CPI. Para 17,4%, a ministra Dilma Roussef (Casa Civil) teria confeccionado o dossiê e outros 13,1% culpam os assessores dela.

Já a morte da menina Isabella, atirada do 6º andar de um apartamento em São Paulo, é de conhecimento de 98,2% dos entrevistados. Desses, 71,8% acham que a mídia tem feito uma boa cobertura do caso, contra 24,3% que criticaram o papel da imprensa nesse episódio.

Por dentro do Blog

Um pouco de Química

Antes de qualquer análise, deve-se entender a Tabela Periódica.

Organização periódica dos elementos segundo a ordem crescente de seus números atômicos.

TABELA
• COLUNAS (GRUPOS, FAMÍLIAS)
• PERÍODO


a. Colunas - dezoito conjuntos verticais contendo elementos com características e propriedades semelhantes.

• Os elementos de uma mesma coluna apresentam o mesmo número de elétrons na última camada.

COLUNAS
• REPRESENTATIVA (TIPO "A")
• TRANSIÇÃO (TIPO "B")


• Representativos: 1A alcalinos, 2A alcalinos terrosos, 3A família do boro, 4A família do carbono, 5A família do nitrogênio, 6A calcogênios e 7A halogênios, 8A gases nobres.

• Transição 3B, 4B, 5B, 6B, 7B, 8B, 8B, 8B, 1B, 2B.

TRANSIÇÃO
@ EXTERNA
@ INTERNA

• Série dos Actnídeos
• Série dos Lantanídeos

OBS.: o número da coluna representativa corresponde ao número de elétrons da última camada.

Na (1A) - 1 e- na última camada 1s2, 2s2, 2p6, 3s1. Ca (2A) - 2 e- na última camada 1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3p6, 4s2. O (6A) - 6 e- na última camada 1s2, 2s2, 2p4.


b. Períodos: 7 conjuntos horizontais contendo elementos com o mesmo número de camadas na eletrosfera.

OBS.: o número do período corresponde ao número de camadas da eletrosfera. Na (3º período) 3 camadas; Ca (4º período) 4 camadas; O (2º período) 2 camadas na eletrosfera.

c. Elementos na T.P.

Metais:
• localizados à esquerda;
• apresentam menos de 4e- na última camada;
• altas temperaturas de fusão e ebulição;
• apresentam brilho característico;
• condutores de eletricidade e calor;
• maleabilidade (chapas);
• ductibilidade (fios).

Não-metais:
• localizados à direita;
• acima de 4 e- na última camada;
• baixas temperaturas de fusão e ebulição;
• isolantes;
• duros e quebradiços.

Semi-metais:
• limite entre metais e não-metais. São eles Boro (B), Silício (Si), Germânio (Ge), Arsênio (As), Sb, Te e Po (polônio).

Gases nobres:
• estáveis (não se ligam a outros átomos). Coluna 8A.

d. Elementos diatômicos (E2): H2, N2, O2, F2, Cl2, Br2, I2.

e. Estado físico a temperatura ambiente (25ºC, 1 atm). Gasosos: H, N, O, F, Cl e Gases Nobres. Líquidos: Hg e Br. Sólidos: o restante.

Fonte: Peruzzo, Tito Miragaia - Química na Abordagem do Cotidiano, VOL 1, Ed. Moderna, 2006

Trabalhar para pagar

O dinheiro que o contribuinte brasileiro ganhar por meio de seu trabalho até o próximo dia 27 de maio será totalmente destinado ao pagamento de tributos, segundo divulgou o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) nesta segunda-feira (28).

No ano passado, para pagar todos os impostos, taxas e contribuições exigidos pelos governos federal, estadual e municipal, o brasileiro teve de trabalhar 4 meses e 26 dias (146 dias).

Na década de 1970, o cidadão trabalhava 2 meses e 16 dias para pagamento dos tributos; na de 1980, 2 meses e 17 dias e, na década de 1990, 3 meses e 12 dias.

Comprometimento da renda

Segundo o levantamento, ao pagar os tributos, o cidadão brasileiro comprometerá 40,51% de seu rendimento bruto em 2008. Em 2003, este comprometimento era de 36,98%; em 2004, de 37,81%; em 2005, de 38,35% e, em 2006, de 39,72%.

A tributação incidente sobre os rendimentos (salários, honorários) é formada, principalmente, pelo Imposto de Renda Pessoa Física, pela contribuição previdenciária (INSS, previdências oficiais) e pelas contribuições sindicais. Além disso, ainda existem as tributações pelo consumo (PIS, Cofins e outros) e pelo patrimônio (IPTU, IPVA).

Faixa de renda

O levantamento ainda mostrou que a classe média - rendimento entre R$ 3 mil e R$ 10 mil - é a que mais precisa trabalhar para pagar os tributos: 157 dias, comprometendo 42,83% da renda bruta.

A classe alta (rendimento superior a R$ 10 mil por mês) tem de trabalhar 153 dias, comprometendo 41,72% da renda, e a classe mais baixa (rendimento de até R$ 3 mil), 141 dias e 38,63% da renda.

Outros países

Enquanto no Brasil se trabalham 147 dias para conseguir pagar os tributos, nos vizinhos Argentina (97 dias) e Chile (92 dias) não se trabalham nem cem dias. A título de comparação, o levantamento do IBPT ainda mostrou que na Suécia são necessários 185 dias, na França, 149, na Espanha, 137, e nos Estados Unidos, 102 dias.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Do blog do Ricardo Noblat

O momento mais chocante da reconstituição
Foto: Lawrence Bodenard/ Diário de S.Paulo / Ag. Globo
Durou mais de sete horas a reconstituição do assassinato da menina Isabella Nardoni ontem à tarde. Às 13h, policiais simularam por duas vezes a queda da menina. Um boneco que simula peso e tamanho de Isabella foi lançado pelo buraco da tela de proteção, mas não despencou: ficou pendurado por cordas. Por volta das 14h, peritos colocaram a boneca que simula Isabella Nardoni deitada no solo do jardim do Edifício London. Vizinhos que foram testemunhas da morte da menina e o porteiro do prédio, que foi o primeiro a vê-la no solo, colaboraram para ajudar a polícia a simular a cena.

A simulação da queda da menina começou às 13h, quando policiais se aproximaram da janela carregando no colo uma boneca especial com peso e tamanho similares aos de Isabella e tentaram encaixar os pés dela em um buraco feito na tela. Após cerca de cinco minutos, os peritos afastaram-se de novo da janela.Num segundo momento, os peritos fizeram a boneca sair pelo buraco da tela, colocando primeiro os pés para o lado de fora. O manequim foi segurado pelos braços. Primeiro, só o braço esquerdo da boneca foi solto. Depois, o direito. Isso porque a menina apresentava fraturas no braço esquerdo, provavelmente provocada pelo momento em que teria ficado pendurada. Logo depois, o braço direito da boneca foi solto, mas ficou pendurado por cordas, a cerca de dois metros da janela.

A imagem chocou quem assistia à reconstituição. Foi o momento mais dramático desde o início do procedimento. A cena foi repetida às 13h10. Nas duas ocasoões, ela foi fotografada a partir da varanda e filmada a partir da rua.