quinta-feira, 13 de março de 2008

Candidatos a candidatos para 2010

Depois de lançar a ministra Dilma Roussef como a “mãe do PAC”, para tentar viabilizar nacionalmente o seu nome e ver como ela se sai como candidata a candidata, Lula começou ontem a testar o ministro Patrus Ananias.

Grande cerimônia comemorou os quatro anos do Ministério do Desenvolvimento Social.

Diante de 16 ministros entre os quase 1.300 convidados, o próprio presidente Lula revelou a verdadeira razão da festa, ao comentar, no fim do discurso que, se todos os seus ministros decidirem comemorar aniversário de ministério, ele (Lula) não fará outra coisa a não ser comparecer a festas.

(Também, com quase 40 ministros...)

O ministro Patrus Ananias fez discurso de candidato.

Falou mais do que o presidente, uma tremenda gafe, mas como este é um governo muito informal, ninguém reparou.

O Ministério do Desenvolvimento Social tem números muito robustos a apresentar.

Atualmente, 25% das famílias brasileiras, isto é, cerca de 11 milhões de famílias, recebem o Bolsa-Família.

Esses dados só corroboram o fato de que o Bolsa-Família é a mais formidável máquina de fabricar de votos jamais inventada no país.

Segundo o IBGE, o crescimento de 5,4% do PIB em 2007, anunciado ontem – e comemorado, com justos motivos, pelo governo – está fortemente apoiado na expansão do consumo das famílias e na expansão do crédito.

Não sem razão, o presidente associa o aumento do consumo ao Bolsa-Família (“o pobre está comendo mais”, segundo ele).

Consciente da importância eleitoral do programa, o governo Lula editou nos últimos dia de dezembro de 2007 uma Medida Provisória estendendo o benefício a jovens entre 15 e 17 anos, que estejam matriculados na escola.

Ou seja, eleitores certos em 2010.

A MP contornou, assim, as restrições da lei eleitoral, que impede adoção de programas assistencialistas a partir de 2 de janeiro do ano eleitoral. Como se vê, o governo Lula não está de brincadeira.

O próximo a ser testado é o ministro da Educação, Fernando Haddad, que lança um concurso para contratar quase 50 mil professores no país todo.

No ano passado foi lançado o PAC da Educação, que não teve muita repercussão, mas sempre pode ser requentado.

É perfeitamente razoável que o presidente Lula queira fazer o sucessor.

É também razoável que o PT queira capitalizar sua popularidade e apresentar candidato à eleição de 2010.

Entretanto, mais do que nomes, o que o presidente Lula está testando é a sua própria capacidade de transferir votos para o seu candidato.

Lula tem uma espécie de contrato pessoal com as massas, sobretudo com a clientela do Bolsa-Família.

A massa se identifica com ele, se reconhece nele, confia nele.

Apesar dessa imensa popularidade, o presidente não conseguiu reeleger a ex-prefeita Marta Suplicy.

Não consegue eleger o prefeito de São Bernardo do Campo.

(Nas eleições de outubro, seu filho é candidato a vereador em São Bernardo. Vamos acompanhar.)

Conseguirá o presidente Lula transferir pelo menos parte deste enorme patrimônio eleitoral, patrimônio maciço, verdadeiro, para seu candidato?

Este é o grande mistério que Lula tentará decifrar nos próximos dois anos.

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