segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Eleições 2008: Datafolha mostra outro panorama

Agora é para valer

Comentário da cientista política Lucia Hippolito à CBN

A pesquisa Datafolha divulgada ontem mostra importantes alterações no quadro das intenções de voto nas capitais do Triângulo das Bermudas: São Paulo, Rio e Minas Gerais.

(Mais adiante, farei algumas observações sobre outras capitais.)

Em São Paulo, Marta Suplicy vai confirmando sua liderança. Subiu de 36% para 41%. Como venho dizendo aqui, e não é de hoje, o grande problema de Marta é sua taxa de rejeição, altíssima. Caiu de 34% para 31%, o que é boa notícia para ela.

Se conseguir reduzir a rejeição e mantiver o "viés de alta", mesmo que seja ponto a ponto, Marta corre sério risco de liquidar a fatura no primeiro turno.

E por quê? Primeiro, porque vem errando pouco, e vence eleição quem erra menos. Segundo, porque bateu “barata voa” na campanha de seu principal adversário (até agora, pelo menos).

Geraldo Alckmin despencou nas preferências dos paulistanos, depois de praticamente encostar em Marta na sondagem de julho: caiu de 32% para 24%. Não tem programa, não tem propostas, não conta com a maioria dos vereadores tucanos – cabos eleitorais importantes numa eleição para prefeito – nem conta com a máquina municipal e muito menos com a estadual.

O governador José Serra gravou uma mensagem de apoio à sua candidatura, mas ainda não deu o menor sinal de que entrará na campanha para valer.

A rejeição a Alckmin é baixa (18%), mas isto também pode ser sinal de sua desimportância, de alguém que não desperta paixões. Isto, para um político, pode ser fatal.

Enquanto isso, embalado por um bom programa no rádio e na TV, e no controle da máquina municipal, Kassab subiu de 11% para 14%. Mas enfrenta 32% de rejeição, o que é altíssimo, para quem tem pretensões de enfrentar Marta no segundo turno.

Enfim, já não é mais garantido que Alckmin e Marta se enfrentem num segundo. Aliás, não é mais garantido que sequer chegue a haver um segundo turno.

O que representará para os tucanos uma surra histórica, daquelas de criar bicho. Bem feito!

No Rio, começa a haver um movimento de voto útil em Eduardo Paes, que subiu de 13% para 17%, superando Jandira Feghali, que oscilou de 16% para 15%. Ao mesmo tempo, o líder nas pesquisas, Marcelo Crivella, caiu de 24% para 20%, embolando a disputa.

Os outros candidatos oscilaram dentro da margem de erro, não chegando a ameaçar o primeiro pelotão.

No Rio também o índice de rejeição joga papel importante: Crivella é o campeão, com 37% de rejeição, enquanto Eduardo Paes tem apenas14%.

De novo, é de Belo Horizonte que vem a principal novidade. Márcio Lacerda, candidato do governador Aécio Neves e do prefeito Fernando Pimentel, disparou e saltou do quinto para o primeiro lugar: de 6% para 21% das intenções de voto, desbancando a então líder, Jô Moraes, que caiu de 20% para 17%.

O terceiro colocado, Leonardo Quintão, do PMDB, cresceu quatro pontos (de 9% para 13%) e já começa a ameaçar o segundo lugar de Jô Moraes.

A liderança do governador e do prefeito, aliada aos 11 minutos no horário eleitoral (contra um minuto e pouco de Jô Moraes), está fazendo realmente diferença a favor de Márcio Lacerda.

Para quem achava que ele ia ser cristianizado, é uma mudança e tanto.

Olimpíadas encerradas, horário eleitoral rolando na programação de rádio e TV.

A campanha está na rua.

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