segunda-feira, 13 de outubro de 2008

2º turno

Marta x Kassab
Lucia Hippolito

Tremendo barraco

O debate entre Marta Suplicy e Gilberto Kassab ontem à noite na TV Bandeirantes quase descamba para grossa pancadaria.

Marta escolheu uma estratégia arriscadíssima: atacar, atacar, atacar, como homem.

Tudo para desestabilizar Kassab e obrigá-lo a reagir. Aí, ela se defenderia como mulher, vítima de uma grosseria, um preconceito.

Bom, se este era o objetivo, a tentativa foi coroada de fracasso.

Marta ganhou o primeiro bloco. Apanhou o adversário de surpresa, repisando na pergunta: qual é o verdadeiro Kassab, o prefeito que veta determinados projetos importantes para a população de São Paulo, ou o candidato da propaganda, que promete levar a população de São Paulo ao paraíso?

Conseguiu colocar Kassab na defensiva, tendo que explicar vetos e propostas.

Mas aí, ao voltar para o segundo bloco, Marta errou a mão. Não fez mais nada do que repisar e repisar a pergunta, transformando-a num bordão cuja eficácia se perdeu. E mais: começou a acusar o adversário de mentir.

Kassab reagiu. E ganhou. Conseguiu não agredir Marta, impedindo-a de se vitimizar. Quem saiu de vítima foi o prefeito, quando Marta o acusou de mentiroso. Pediu direito de resposta e levou.

Respondendo a uma acusação de Marta sobre as companhias em que ele andava, Kassab a acusou de andar na companhia de Delúbio Soares e de petistas que carregam dólares na cueca, de gente envolvida no mensalão.

Marta pediu dois direitos de resposta. Não conseguiu. Perdeu a serenidade. E perdeu o debate.

Irritadíssima, passou a tratar o adversário com desdém, gesticulando muito, e com a voz visivelmente alterada.

Apelou para o presidente Lula, elogiou rasgadamente sua administração, tentou nacionalizar o debate. Tudo em vão. Ela errou feio na dosagem do ataque e da agressão.

Não custa repetir: ataque pessoal não é para amadores. É recurso perigoso, que só pode ser usado por quem sabe que tem uma bomba nas mãos. Caso contrário, vitimiza o adversário.

Nas considerações finais, Marta foi constrangedora. Falou pequeno, mesquinho, medíocre mesmo. Não estava à altura do que a cidade de São Paulo espera de seu prefeito.

Ah, uma última palavra. Que roupinha mais chinfrinzinha! Marta é uma mulher sempre preocupada com o guarda-roupa, preocupada nos mínimos detalhes. Pois hoje parecia uma sombra: blaser cinza, rosto cinza, cabelo cinza.

O retrato do desânimo.

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