sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Castelo do Edmar Moreira

Comentário do Alexandre Garcia ao Bom Dia Brasil

Edmar Moreira assumiu o cargo dizendo não querer julgar parlamentares, pode acabar enfrentando processo por falta de decoro.

O corregedor, por ser a pessoa que fiscaliza a moral dos demais deputados, é alguém acima de qualquer suspeita. Ele foi eleito com o voto de 238 deputados, que o julgaram o mais honesto entre os honestos. Ele já integrava o Conselho de Ética.

Ele construiu um castelo. Fez uma cópia distante do castelo do Rei Ludwig II, também chamado o Rei Louco, da Baviera, que construiu o Neuschwanstein. O corregedor, que é um homem acima de qualquer suspeita, não fez mais que realizar o sonho da maioria: ter um castelo.

Alguns conseguem fazer castelos de areia, outros de cartas, outros apenas castelos no ar. O corregedor construiu um castelo real - vale o trocadilho. E o construiu antes de ser deputado federal, com o seu trabalho.

Filho de um carteiro e de uma professora primária, fundou uma empresa de segurança. Como se sabe, empresas de segurança conseguem bons contratos com governos, principalmente se o dono é político. Mas o corregedor está acima de qualquer suspeita, quem cuida da empresa não é ele. É a mulher dele.

O castelo está vazio, desabitado. Desperdício, podem pensar os maledicentes, certamente a sugerir que, como o castelo da Cinderela, de Disney, ele tivesse que abrir o castelo para as crianças, seria simpático. Mas cheio de crianças, como vender?

A dificuldade para a venda, nesses anos todos, é que o deputado não encontrou alguém com o perfil dele, que queira um castelo assim. Dizem que ele não declarou o castelo à Justiça Eleitoral. Como poderia? Ele realizou o sonho de todo pai: deu o castelo para seus filhos, um deles é deputado estadual.

A Justiça diz que ele não recolheu a Previdência recolhida de seus empregados. Mas foi a empresa e, como sabemos, quem cuida da empresa é a mulher dele. Logo que foi eleito corregedor, ele defendeu que deputados não sejam julgados por falta de decoro no Conselho de Ética, mas pela Justiça.

O presidente do partido dele lembra que ele não condenou mensaleiros. É que o deputado, acima de qualquer suspeita, e previdente, conhece o conselho: “Não julgueis, se não quiseres ser julgado”.

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