quarta-feira, 1 de julho de 2009

O dilema de Sarney

Cristiana Lôbo

Diante da crescente pressão de partidos para que se licencie do cargo de presidente do Senado, José Sarney mandou um recado por meio de seu partido, o PMDB: se tiver de pedir licença, prefere a renúncia ao cargo. Assim, o Senado teria de escolher um novo presidente no prazo de 45 dias, período em que estaria sob o comando de um senador de oposição, o senador Marcone Perillo (PSDB-GO).

Está claro para as principais lideranças do Congresso que Sarney segue perdendo condições de continuar na presidência do Senado. A partir desta constatação, está sendo buscada uma solução: licença, renúncia ou mesmo a criação de uma comissão de senadores - idéia proposta pelo PSDB e pelo PT, separadamente - para propor mudanças na estrutura administrativa do Senado, sem que Sarney tenha de formalizar uma saída.

O líder do PMDB, Renan Calheiros, tem dito a seus interlocutores que Sarney já saiu pela porta dos fundos quando deixou o Palácio do Planalto para a chegada de Fernando Collor, mas agora não faria o mesmo.

No fim de um dia em que quatro partidos pediram sua licença, Sarney recebeu a visita da ministra Dilma Roussef em sua residência, na Península dos Ministros, com uma mensagem do presidente Lula. O presidente quer que Sarney espere sua volta antes de anunciar qualquer decisão.

A tarde desta quarta-feira era esperada com ansiedade porque Sarney havia anunciado presença no comando da sessão Deliberativa, a partir das 16 horas, momento em que os líderes se pronunciam e poderiam até discursar em favor de sua saída. Porém, com a morte do deputado José Aristodemo Pinotti, deverá ser apresentado pelo PMDB pedido de suspensão da sessão em homenagem a Pinotti. Assim, Sarney evitaria a sessão em que os colegas poderiam voltar a carga por seu afastamento.

O fato é que no Senado todos aguardam para esta semana o desfecho do caso José Sarney: seja com licença, renúncia ou criação de uma comissão de senadores para comandar as mudanças na Casa. Está claro que ele não terá condições de comandar o processo.

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