sexta-feira, 3 de julho de 2009

A saia justa do PT

Lucia Hippolito

O Partido dos Trabalhadores tenta fazer do limão uma limonada.

Depois de passar alguns dias como baratas tontas – não foi a primeira vez, nem será a última –, os senadores petistas tentam agora transformar a avalanche de escândalos que joga na lama o Senado Federal em responsabilização dos Democratas.

A estratégia acertada na reunião da bancada do PT foi colocada em prática durante a sessão do Senado desta quinta-feira.

O senador Aloizio Mercadante foi à tribuna exercer aquilo em que ele ficou especialista: o contorcionismo verbal, a defesa do indefensável.

Justificou o apoio a José Sarney, procurou envolver todos os senadores, inclusive da oposição, num projeto de recuperação do Senado.

E responsabilizou o Democratas, dono há várias legislaturas, da Primeira Secretaria da Mesa, responsável pela administração da casa.

É evidente que os Democratas, desde quando eram PFL, têm muita responsabilidade nos desmandos que diariamente vêm à luz no Senado. Mas não é disso que se trata.

A estratégia petista era de "toma, que o filho é teu".

Aparteado pelos senadores de seu partido, que fizeram coro com suas acusações, o senador Mercadante tentou – e conseguiu, em parte – esquivar-se de discutir o apoio à permanência de José Sarney na presidência do Senado.

É compreensível a aflição dos senadores petistas. Dos 81 senadores, 54 terão que renovar seu mandato em outubro de 2010.

Entre os 12 senadores petistas, nove estão nessa situação: Aloizio Mercadante (SP); Augusto Botelho (RR); Delcídio Amaral (MS); Fátima Cleide (RO); Flávio Arns (PR); Ideli Salvatti (SC); Marina Silva (AC); Paulo Paim (RS) e Serys Slhessarenko (MT).

O PT teve enorme trabalho para se livrar do escândalo do mensalão. Os 40 réus no STF não conseguiram prejudicar os senadores petistas. O mensalão bateu mais forte na Câmara dos Deputados.

E agora? Como vão se apresentar diante do eleitorado com este fardo: sustentaram a permanência de Sarney na presidência do Senado. Aliaram-se ao que existe de mais arcaico, patrimonialista e clientelista na política brasileira.

Alguém que privatizou o Senado Federal para seus interesses, de seus familiares e apaniguados.

Do alto de sua popularidade, o presidente Lula se dá ao luxo de apoiar Sarney, beijar as mãos de Jader Barbalho, passar a mão na cabeça de Severino Cavalcanti, apoiar Renan Calheiros.

A evolução da crise e o processo eleitoral de 2010 vão mostrar se o PT, ao obedecer à ordem de Lula para apoiar Sarney a todo custo, conseguirá recuperar-se a tempo, sem colocar em risco a reeleição de seus nove senadores.

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