quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Brasil: um país maduro (4)

Com informações do Bom Dia Brasil

O Brasil com mais de 60 tem inúmeras oportunidades de bons negócios. É um tipo de consumidor especial, fiel a marcas, disposto a fazer compras sempre nos mesmos lugares e com dinheiro no bolso.

Se eles deixaram os velhos clichês sobre a velhice de lado, a publicidade acompanha. Uma agência resolveu apostar em modelos de terceira idade.

“Me senti uma rainha por um dia”, comenta uma das “novas” modelos.

Senhores e senhoras empolgados com a descoberta de uma nova profissão. “Fiquei entusiasmado e resolvi fazer um teste. Ronaldo Fraga ficou meu amigo”, conta um dos modelos.

No início do ano, foram convidados para fazer um desfile da grife do estilista Ronaldo Fraga. Um momento emocionante de reverência: “Tudo requer uma certa experiência, uma certa liberdade. O ambiente estava muito gostoso, legal, nos deixou À vontade”, conta um idoso.

Eles se portam com mais distinção, ponderam antes de agir. Mas são firmes. Se há mais tempo e disposição para aproveitar a vida, por que não aproveitar o mundo? Jovens de idade avançada não perdem um minuto do resto de suas vidas. Pelo menos quatro vezes ao ano, a aposentada Ana Fraraccio vai a uma agência organizar roteiros de viagem para fazer com as amigas: “Tem uma programação boa, estou indo”.

A agente de viagens Marília Figueiredo é agente há 22 anos. Especialista em vender pacotes para esse público, diz que mostrar confiança é fundamental para os passageiros com mais de 60 anos: “O principal é a segurança, tanto na empresa em que estão comprando e o que compram também”.

Os idosos representam 50% do faturamento da agência. Para o diretor comercial, Salomão Barros Costa, que está há 35 anos no mercado, é um bom negócio: “É um povo maravilhoso, uma gente fácil de lidar, pessoas educadas, divertidas. A inadimplência é zero”.

Os prestadores de serviço, a indústria e o comércio já perceberam. O chamado mercado maduro tem enorme potencial de negócios: representa 10,5% da população brasileira. São chefes de família de 25% dos domicílios do país, quase 20 milhões de pessoas que precisam de serviços e produtos diferenciados. Um cliente que está disposto a gastar com responsabilidade.

Segundo uma pesquisa de perfis e hábitos de consumo do programa de pesquisas do varejo da faculdade de administração da USP, uma vez satisfeitos com a loja, os idosos voltam sempre: 78% visitam supermercados pelo menos uma vez por semana.

“A relação com os funcionários, com as pessoas que lá estão e que o recepcionam de uma maneira que ele considera calorosa ou aconchegante”, avalia o presidente do PROVAR Claudio Felisoni de Araújo.

A maturidade vem acompanhada de exigências. A maior delas é por qualidade. Conservador ou moderno, questionador ou festeiro, o novo idoso está provocando mudanças nos produtos e, principalmente, no atendimento.

Em várias atividades é possível desenvolver um projeto diferenciado, específico para os idosos, como em uma academia de ginástica. A aula foi feita para eles. Alguns profissionais já entenderam que este é um grande filão.

A professora de Educação Física Patrícia Albertini é especialista na fisiologia do exercício, na saúde, na doença, no envelhecimento. É uma espécie de anjo da guarda da turma. “Para trabalhar com idoso, tem que ter o dom, amor, paixão. Se não tiver, não vai”, diz.

Com a ajuda de Patrícia, eles desafiam os limites do corpo de forma saudável.

A aposentada Zilda Chiavone teve um derrame. Nem parece. Ela se emociona com a própria recuperação: “Fiquei um mês fora. Voltei. Exercício traz autoestima, você tem uma qualidade de vida muito melhor, tem condições de frequentar lugares onde jovens frequentam”

A aposentada Francis Medina da Silveira tem 82 anos e uma vitalidade invejável: “Elas dão aula para a gente raciocinar. Você se sente bem, maravilhosa”.

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