quinta-feira, 11 de março de 2010

PIB cai, mas economia mostra resistência

Míriam Leitão

O PIB ficou ligeiramente negativo, como previam os analistas. As projeções estavam em torno de zero, -0,1%, - 0,2%. E foi isso que deu: queda de 0,2%, o que não é um mau resultado, dadas todas as circunstâncias.

É preciso olhar para os dois ângulos. Tem uma notícia ruim que é: o país não cresceu, ficou estagnado e perdemos um ano. Trata-se do primeiro resultado negativo desde 1992, quando vivemos uma recessão forte no governo Collor. Não é bom não crescer.

E quanto custou não crescer? O economista Regis Bonelli fez essa conta para mim. Deixamos de acumular R$ 180 bilhões, levando em conta o ritmo de 6%. Então, é um tranco, não vamos nos enganar.

Por outro lado, quando você olha o resultado dos países, o Brasil teve um número muito melhor do que o da maioria. É o 10º melhor resultado no mundo, apesar de ser -0,2%, o que é bom, levando -se em conta o contexto mundial de grande crise.

E quem salvou a pátria? Foi o setor de serviços, com crescimento de 2,6% no ano. A agropecuária, que teve uma quebra de safra, caiu 5,2%, enquanto a indústria registrou queda de 5,5%. Apesar de ter sido muito ajudada pelo governo, pelas políticas anticíclicas, pela redução de impostos, a indústria fechou em -5,5%.

A economia mostrou capacidade de resistência, musculatura para aguentar um tranco desses, uma crise internacional de grandes proporções. O IBGE diz que voltou ao nível pré-crise, porque quando compara o último trimestre com o terceiro, dá uma alta de 2%, o que é maior do que a taxa registrada no terceiro trimestre de 2008, na comparação com o anterior.

O que houve de acerto? A ação rápida do BC, que liberou compulsório, vendeu reservas e foi ágil na hora do pânico. Mas o Brasil gastou mais do que fez investimento; a qualidade da reação, portanto, não é 100% aprovada.

O Brasil foi capaz de passar bem pela crise pelo trabalho feito anteriormente. Outros governos sanearam o setor bancário para que estivesse mais forte para enfrentar a crise. A economia nunca é culpa ou mérito de um período administrativo, mas vem numa trajetória.

Nenhum comentário: