quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

O dia seguinte

A primeira reação do Congresso foi adiar a votação do orçamento para fevereiro do ano que vem.

“Uma decisão que envolve R$ 40 bilhões na economia brasileira é necessários que os três poderes da União estejam envolvidos e dando sua contribuição”, afirma José Pimentel, relator do orçamento.

O ministro da Fazenda disse que a economia não será abalada e que na próxima semana vão ser anunciadas medidas para compensar a perda da CPMF.

“Os programas sociais que o governo pratica não deverão sofrer nenhuma solução de continuidade, serão preservados ao máximo e vamos minimizar alguns prejuízos que a não aprovação dessa lei poderá causar ao país”, diz Guido Mantega, ministro da Fazenda.

Na próxima semana, o governo deve anunciar cortes em despesas e investimentos no orçamento de 2008.

A saúde deve perder quase seis bilhões de reais, que estavam previstos no PAC.

A Fazenda também deve aumentar a alíquota de alguns impostos para compensar a perda de arrecadação, e o governo manterá o esforço fiscal. “Nós vamos manter o superávit primário, isso é um compromisso”, diz Mantega.

No Congresso, governo e oposição falam em aproveitar o momento para aprovar a reforma tributária, que seria negociada a partir da próxima semana, mas não descartam votar uma nova CPMF no ano que vem, com alíquota menor e com mais dinheiro para a saúde.

Em nota, a Federação das Indústrias de São Paulo diz que a reforma tributária é indispensável e defendeu um maior controle dos gastos públicos.

Na Venezuela, o presidente Lula fez apenas um comentário sobre a derrota no Senado: disse que é coisa da democracia.

Sabe-se que muitas votações são decididas por interesses pessoais e regionais, mas essa, da CPMF, embutiu uma briga política, tinha uma bandeira de oposição ali, a de cortar impostos...
É difícil encontrar no congresso quem seja a favor da atual carga tributária. Nessa votação os oposicionistas se organizaram contra o aumento de gastos públicos que leva à necessidade de mais e mais impostos.

No caso da CPMF a resistência da união PSDB-Democratas surpreendeu o Planalto.

A base aliada foi envolvida por uma campanha que começou com o Democratas e que, além dos tucanos, ganhou apoio de empresários, de setores organizados da sociedade.

Quando chegou a Brasília surpreendeu setores do próprio governo e pensar que a estratégia desta guerra política começou em fevereiro.

O José Múcio, ministro de Relações Institucionais, promete desembarcar na segunda-feira em Brasília e ir direto para o congresso negociar.

Um dos líderes do PSDB disse que topa, que a derrota da CPMF comprometeu o financiamento da saúde.

Os tucanos aceitam discutir o desenho de uma reforma tributária e, emergencialmente, um novo imposto específico só para a saúde, uma espécie de CPMF temporária, com alíquota inicial de 0,20% poderia ainda acalmar governadores tucanos.

Eles dizem que também vão perder recursos.

A idéia é esquecer a batalha e seguir em frente.

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