segunda-feira, 5 de maio de 2008

Referendo de Santa Cruz

Decisão acirra conflito e Evo é o grande perdedor

Segundo Míriam Leitão, Evo Morales é o grande perdedor do plebiscito de Santa Cruz. As pesquisas de boca de urna mostram que a maioria absoluta da população de Santa Cruz é pela autonomia da região.

Ela não virá, porque a estrutura jurídica da Bolívia não reconhece a legalidade do referendo, mas o resultado dá força moral ao grupo separatista, aos que querem que haja uma Nação Camba na América do Sul.

Mesmo não acontecendo a separação a divisão da Bolívia vai se acirrar e isso só mostra a fraqueza de Evo Morales e seus métodos. Ele nunca uniu a Bolívia, e seguiu o modelo de Hugo Chavez que é de acirrar os conflitos. Como é muito mais fraco politicamente que Chavez, Morales só consegue com esta política por em risco as possibilidades abertas por um governo de maioria indígena.

O que há de "indígena" em fazer o que ele tem feito com os investidores internacionais? Isso é pura demagogia chavista. Lembrem-se que ele primeiro ocupou militarmente a refinaria, fez um espetáculo patético e agressivo ao Brasil para depois se sentar com a Petrobrás e comprar as refinarias. Se tivesse dito desde o começo que queria comprar as refinarias a empresa brasileira teria vendido tranquilamente. O que nos interessa lá - e interessa a eles também - é a compra do gás boliviano. A Petrobrás reduziu investimentos, outras multinacionais estão reduzindo investimentos, a Bolívia não tem recursos para investir e neste momento Brasil e Argentina gostariam de ter mais gás da Bolívia, mas a riqueza está no subsolo com queda de produção por falta de investimento em prospecção e extração.

A reforma agrária com a qual ele ameaça os produtores tem a mesma característica de muita propaganda e pouco fato. Deveria pensar em políticas que de fato trouxessem vantagens e ganhos para a maioria pobre da Bolívia. Deveria aproveitar esse momento de boom energético para alavancar o país de fato com uma plataforma de união e não de hostilidade aos moradores da região mais rica da Bolívia, Santa Cruz.


Esse plebiscito e os conflitos que aconteceram são resultado de ele ter imposto uma mudança constitucional votada dentro de quartéis. Essa não é a melhor forma de aumentar a própria força, nem de mudar toda a estrutural legal do país.

Portanto, enquanto se guiar pela cartilha de Chavez, Evo Morales vai se tornar dia a dia mais fraco. Um governante, independentemente de suas origens étnicas, tem que governar para todos. Ele deve usar seu governo para reduzir a histórica exclusão da maioria de origem indigena, mas tem que encontrar uma forma de conviver com Santa Cruz. Esse é seu ponto fraco e o referendo deixou isso claro.

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