sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Eleições em São Paulo

Entre farpas e provocações

Nesta quinta-feira (11), a Rede Bandeirantes promoveu seu segundo debate entre candidatos à Prefeitura de São Paulo.

Diferentemente do primeiro, este foi mais emocionante. Deve ser porque falta apenas menos de 25 dias para o primeiro turno!!!

Diversos pontos merecem considerações, aqui, no blog:

A ausência do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), ajudou a solucionar um problema logístico para a produção do debate. É que as poltronas dos convidados no estúdio foram divididas por partidos e coligações. Nesse caso, haveria sempre a dúvida aonde o tucano iria se posicionar.

Até agora, Serra, que incentivou a candidatura de Kassab, teve apenas uma aparição pública ao lado de Alckmin desde o início da campanha. O fato inédito aconteceu a 25 dias do primeiro turno, na noite desta quarta-feira (10), num jantar que reuniu a cúpula paulista do PSDB.

Debate também é um momento de mostrar força política atrás das câmeras. Cada candidato apresenta os seus "apoiadores" na platéia. Kassab exibiu Orestes Quércia, símbolo do acordo firmado com o PMDB, e Marta teve o apoio de Ricardo Berzoini, presidente do PT. Sérgio Guerra, presidente do PSDB, não compareceu. A justificativa foi um comício em Pernambuco.

Num encontro morno, os políticos aproveitam para tirar ao menos algumas lições partidárias. Uma delas é a de que a existência de correntes internas não é mais privilégio do PT. Os tucanos-kassabistas, uma ala dissidente que até hoje não engoliu a candidatura de Alckmin, não deram as caras no debate.

Enquanto os convidados e políticos estavam acomodados nas poltronas, alguns jornalistas optaram por permanecer em pé, na tentativa de obter informações dos bastidores do duelo. Local escolhido? Atrás dos marqueteiros dos principais candidatos.

Há uma explicação do porquê do telespectador se sentir "afogado" em números apresentados pelos candidatos. Nas coxias, os marqueteiros têm em mãos planilhas e dados comparativos sobre a administração de seus pupilos.

Os intervalos do debate são um espetáculo à parte. Assim que entra o aviso do break, marqueteiros, assessores e maquiadores cercam o candidato no intuito de dar os últimos toques e retoques na imagem transmitida ao telespectador. Eles atacam em frentes: o conteúdo e a aparência. Não necessariamente nessa ordem.

O senador Eduardo Suplicy (PT), que havia ficado sem poltrona no primeiro debate da Band, dessa vez estava mais precavido, ele entrou meia hora antes no estúdio, escolheu um lugar no setor petista e não arredou mais o pé.

Suplicy não disfarçou o tédio, o senador chegou a engatar um triplo bocejo durante a fala de Ivan Valente. Isso sem contar as várias "pescadas" ao longo do debate.

Na sua primeira intervenção no debate, Kassab (DEM) plagiou o bordão utilizado por Soninha (PPS): "São Paulo tem jeito". Lisonjeada, Soninha olhou para os assessores e abriu um sorriso.

A sintonia de Soninha com Kassab, aliás, gerou "comoção" entre os petistas. Após a candidata do PPS elogiar a política ambiental de Kassab, o deputado martista Adriano Diogo não se conteve: "o amor é lindo", disse. Soninha trocou o PT pelo PPS e os petistas a acusam de infidelidade partidária.

Enquanto Alckmin desferia ataques contra a gestão Kassab na área do transporte, o atual marido de Marta, Favre, fazia sinal positivo com a cabeça.

O debate desta quinta-feira iria "pegar fogo". Pelo menos era essa a promessa dos anúncios publicitários veiculados pela Band. Na prática, entre pequenas alfinetadas e provocações, a teoria foi outra.

O empresário da noite Oscar Maroni, a estridente doutora Havanir e Osmar Lins ("Peroba Neles") ajudaram a colorir o folclore político do debate.

No mais, informações que devem ser analisadas pelo eleitor e projeto viáveis e necessários à população paulistana.

Agora, um ponto ficou claro nessa discussão: o segundo turno, caso aconteça, será entre Marta e Kassab ou Marta e Alckmin. Vale apostar apenas qual dos dois será o segundo lugar. Particularmente, creio - pelo o que as pesquisas mostram - que será com Kassab, pois a truculência de Alckmin 'rachou' não apenas a sua candidatura, mas o projeto do PSDB na cidade de São Paulo.

Interessante mesmo foi o comentário de Paulo Maluf quando a repórter perguntou sobre sua avaliação, ele respondeu dizendo que "para muitos está ali, hoje, tiveram que vir através das obras do Maluf." Ele ainda tem esperança!!!

Em suma, foi um debate proveitoso, temático, civilizado, informativo, bem conduzido e acima de tudo muito relevante para o eleitor que ainda encontra-se indeciso.

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