sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Haiti: uma história feita de tragédias

O Haiti é um país sem sorte. A história do país mais pobre do Ocidente é marcada por sucessivos golpes de Estado e governos autoritários. O país viveu durante 30 anos sob a ditadura da família Duvalier: com apoio dos Estados Unidos, François Duvalier, conhecido como Papa Doc, que governou de 1957 a 1971; depois seu filho Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc, que governou de 1971 a 1986.

As três décadas de tirania dos Duvalier deixaram uma herança de miséria, bandos armados ligados ao poder e corrupção institucionalizada.

Foi uma junta governamental que levou quatro anos para organizar eleições gerais no país.

Em 1990, sob o olhar atento da comunidade internacional, foi eleito presidente o padre de esquerda Jean-Bertrand Aristide.

Empossado em 1991, Aristide foi deposto no final do mesmo ano com o golpe liderado pelo general Raoul Cedras. Aristide exilou-se nos Estados Unidos.

Então, a ONU e os Estados Unidos impuseram sanções econômicas ao país para forçar a volta de Aristides, que em 1993 assinou um pacto com Cedras, em Nova York, prevendo seu retorno ao cargo.

Com isso, depois de governar até o fim do mandato, em 1995, Arisitide venceu outra eleição, em 2000, com 92% dos votos. Desde então, crises políticas e econômicas enfraqueceram sua liderança de maneira irreversível.

Em 2004, Aristide deixou o país rumo à África do Sul. Naquele ano, Alexandre Boniface, chefe do Judiciário, assumiu a presidência interinamente.

Nos dias que sucederam a renúncia, saques e tumultos foram registrados no Haiti. Fuzileiros norte-americanos desembarcaram no país no final do mesmo ano e, por decisão da ONU, o Brasil foi designado para comandar uma missão de paz no Haiti. Era a primeira vez que o nosso país liderava uma força de paz da ONU.

A difícil missão dessa tropa era assegurar a ordem e desmantelar as milícias locais, dar segurança e proteção aos civis, garantir a restauração do Estado democrático e monitorar o cumprimento dos direitos humanos. Foi uma tarefa muito difícil, pois o pior dos problemas era a resistência às mudanças pelos haitianos.

Apesar de todas essas medidas e dos bons resultados conseguidos, em 2007 o Haiti era um país que apresentava graves problemas sociais e uma economia com baixas perspectivas de crescimento.

O Haiti tem números terríveis. Metade do país é de analfabetos, 80% dos haitianos são pobres, destes, 50% estão em estado de pobreza absoluta. Só 30% de luz elétrica, só 20% das casas têm água encanada. O país já foi vítima da mais sangrenta das ditaduras cuja polícia matou 30 mil pessoas. É atingido por inundações, como a de 2004, em Gonaives, que deixou mais de dois mil mortos, ou os furacões de 2008. E agora, um terremoto que atinge quase todo o país deixando uma rastro de destruição e desesperança no rosto de um povo sofrido.

Em suma, o Haiti teve a sua história marcada por inúmeras tragédias. O trabalho agora será muito grande, e não só o Brasil, mas também os Estados Unidos terão papel fundamental, não só por serem mais ricos, mas também por estarem mais próximos do Haiti.

É um momento de dor, mas o mundo está reagindo de forma importante: com solidariedade.

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