sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Triângulo das Bermudas se prepara

Lucia Hippolito

No Triângulo das Bermudas da política brasileira (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, os três maiores colégios eleitorais do país), os palanques das eleições de 2010 começam a se armar.

Ainda há decisões a tomar, mas os principais candidatos já se apresentaram.

Em São Paulo, a equação passa pela definição do governador José Serra. A cada dia fica mais claro que Serra é candidatíssimo à presidência. Apenas ainda não anunciou aquilo que todo mundo já sabe.

Nesse caso, ninguém tira o lugar de candidato tucano de Geraldo Alckmin, que lidera as pesquisas de intenção de voto. Assim que serristas e alckimistas pararem de brigar e começarem a se entender, a candidatura está sacramentada.

Serra não pode se dar ao luxo de sair candidato deixando uma entre seus correligionários prosperar.

No PT, sem um nome forte, parece que a candidatura se encaminha novamente para o senador Aloísio Mercadante.

Esperemos que os “aloprados” das eleições de 2006 não façam parte dos militantes da campanha do nobre senador.

No Rio, o governador Sergio Cabral é candidato à reeleição. Não deve enfrentar adversários perigosos, nem mesmo o ex-correligionário Anthony Garotinho que, entrincheirado no Norte fluminense (sua mulher, a ex-governadora Rosinha é prefeita de Campos), tenta voltar ao governo do estado.

A oposição, por sua vez, tenta fechar uma aliança entre tucanos e verdes, com o deputado Fernando Gabeira liderando a chapa.

Dessa forma, haveria palanques para Serra e para Marina Silva.

O PT, depois de ensaiar o lançamento da candidatura do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, vai mesmo apoiar Cabral.

Lindberg será candidato ao Senado, na chapa de Cabral. O problema é a ex-ministra Benedita Silva, atualmente secretária no governo Cabral, que deseja voltar ao Senado.

O problema é que a segunda vaga na chapa de Cabral será disputada pelo atual presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani.

Nada de muito grave. Nada que uma boa conversa e a promessa de manter Benedita no secretariado não resolvam.

O palanque mais complicado é o de Minas Gerais. Tem tanta gente, que periga não aguentar o peso.

Na chapa tucana, o candidato é o vice-governador Antonio Anastasia, que nunca disputou uma eleição.

O governador Aécio Neves, candidato ao Senado, parece querer testar até o limite sua imensa popularidade e sua capacidade de fazer malabarismos e eleger candidatos virgens de eleições.

Se deu certo elegendo Márcio Lacerda para prefeito, por que não daria certo para eleger Anastasia?

Os próximos meses nos dirão se o governador está ou não abusando da sorte.

A segunda vaga na chapa de Anastasia será oferecida ao ex-presidente Itamar Franco, outro peso-pesado.

Tudo certo? Nem um pouco.

O vice-presidente José Alencar já declarou que é candidato a senador. Se for, não tem prá ninguém. A vaga é dele.

Se a outra for de Aécio, vai sobrar candidato ao Senado.

Mas os problemas ainda não acabaram. No PMDB, o ministro Hélio Costa afirma que será candidato ao governo – e lidera as pesquisas de intenção de voto.

Numa aliança com o PT, Hélio sairia para governador, e os ex-prefeitos Patrus Ananias e Fernando Pimentel concorreriam ao Senado.

Tudo certo? Nem um pouco.

Patrus e Pimentel disputam ferozmente a indicação do PT, mas para governador.

E querem empurrar Hélio Costa para ser vice na chapa de Dilma Rousseff. O senador é nome forte em Minas e traria para Dilma parte do eleitorado do segundo colégio eleitoral do país, neutralizando um pouco a influência da imensa popularidade de Aécio Neves.

(Alguém precisa avisar o deputado Michel Temer, que já encomendando o terno de vice).

Como se vê, o palanque mineiro tem gente demais. Periga desabar.

O fato é que já está chegando a hora de se organizarem definitivamente os palanques estaduais.

2010 já começou.

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