Nesses últimos dias, nenhuma notícia, por mais importante que seja, supera em grandeza e em miséria as lembranças dos 66 anos da libertação do campo de Auschwitz, na Polônia, ocorrida em 27 de janeiro de 1945, pelas armas do Exército soviético.
Em Auschwitz morreram, por ordem dos nazistas, aproximadamente um milhão de prisioneiros.
Primeiro, prisioneiros políticos poloneses, depois prisioneiros de guerra soviéticos, ciganos,homossexuais, eslavos, doentes mentais e deportados de várias nacionalidades.
A partir de junho de 1942, no entanto, o campo de Auschwitz foi destinado ao programa de extermínio de toda a população de judeus da Europa.
As câmaras de gás de Birkenau, anexas a Auschwitz, exterminaram mais de 75% dos judeus encaminhados ao campo.
Quando os nazistas perceberam que o fim da guerra estava próximo, tentaram apagar todas as evidências das atrocidades cometidas em Auschwitz-Birkenau.
Desmantelaram as câmaras de gás e os crematórios, queimaram documentos e evacuaram todos os prisioneiros que podiam andar.
A chegada do Exército Vermelho permitiu salvar algumas centenas de sobreviventes.
Auschwitz é e deve permanecer um símbolo da estupidez de que é capaz a espécie humana. É daqueles momentos em que a sociedade humana emprega toda a sua inteligência, toda a sua sofisticação e criatividade, toda a sua tecnologia a serviço do Mal.
Auschwitz não é produto de uma nação de botocudos, de indivíduos mal saídos da pré-história.
Ao contrário, Auschwitz foi produzido por um dos povos mais adiantados e sofisticados do mundo, um país que legou à Humanidade Beethoven, Wagner, Goethe, Schiller, Weber, entre tantos outros gênios.
Mas a Alemanha também produziu Hitler, Goering, Himmler, e produziu as atrocidades cometidas nos campos de concentração e de extermínio de Bergen-Belsen, Buchenwald, Dachau, Ravensbruck, Sobibor, Treblinka...
E é melhor parar por aqui, porque a lista é muito mais extensa.
Em tempo histórico, isto tudo aconteceu ontem. Sessenta e cinco anos não são nada.
É importante lembrar sempre, porque, a qualquer momento, mesmo as nações mais civilizadas do planeta podem contribuir decisivamente para mergulhar o mundo no horror, na estupidez e na bárbarie.
Nessas horas em que a loucura se apodera do planeta, ninguém pode pretender ser inteiramente inocente, quando pequenos conflitos localizados se transformam num incêndio de proporções mundiais.
Por isso, relembrar o Holocausto é esperar que ele nunca mais aconteça novamente.
Mas relembrar o Holocausto é também reconhecer que a espécie humana é capaz, sim, de mergulhar na estupidez e de produzir outros Auschwitz.
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
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