sábado, 28 de junho de 2008

Poço de confusões

Enviado por Míriam Leitão - 28.6.2008 às 15h00m

Panorama Econômico
(leia a coluna publicada em O Globo neste sábado)

Está todo mundo confuso. Inclusive os especialistas. Ninguém previu exatamente o que está acontecendo hoje no mercado de petróleo. A consultoria Trendlines, do Canadá, fez uma compilação das previsões de 22 empresas e consultorias internacionais sobre o pico da produção e o fim do petróleo. Na primeira, houve a dispersão de 30 anos; na segunda, de 225 anos. A mesma confusão ocorre nas previsões de preços.

Na lista dos cenários compilados pela Trendlines, estão os de grandes produtoras, como Saudi Aramco, Shell, Exxon, até os da Opep e de consultorias especializadas. Para essas empresas, o pico da produção vai de 2020 a 2050. Cada uma tem um palpite. Os cenários de esgotamento do petróleo variam de 2050 a 2365. A revista "BusinessWeek" ouviu cinco especialistas e perguntou a eles para onde vai o petróleo no futuro próximo. Colheu cinco diferentes respostas. Mathews Simon, da Simon & Co., acredita que o barril ficará entre US$ 200 e US$ 500 num período que vai de seis meses a quatro anos. Jeff Rubin, da CBIC World Markets, aposta em US$ 225 para 2012. Larry Chorn, da Platts, acha que, em 2012, estará entre US$ 130 e US$ 140. Ed Morse, do Lehman Brothers, calcula que, no ano que vem, estará em US$ 83. Tim Evans, da Citi Futures Perspective, está prevendo que, no fim deste ano e começo do próximo, o petróleo estará em US$ 70 a US$ 80. Ou seja, se você está confuso, fique calmo: está em companhia dos maiores especialistas em petróleo do mundo, que andam feito baratas tontas diante desse novo choque, que a maioria subestimou.

Esse choque chegou de forma diferente. Nos da década de 70, houve alta abrupta. Desta vez, os preços subiram de forma constante por cinco anos e, de repente, pularam. Em 1999, o barril chegou a bater mínimas de US$ 14, subiu um pouco e, em 2001, voltou a ficar abaixo de US$ 20. Daí para diante, oscilou, com tendência de alta gradual, e triplicou em cinco anos. Em maio de 2007, estava pouco acima de US$ 60. Ontem abriu rompendo a barreira impensável tempos atrás de US$ 140; foi além, e esbarrou nos US$ 143, voltando depois para os US$ 140. Nos últimos 12 meses, mais que dobrou de preço, e o ritmo da elevação está se acelerando nos últimos três meses. Hoje a maioria dos analistas não acha absurdo se falar em petróleo a US$ 200.

Na realidade, o que há neste mercado de previsões sobre petróleo é muito chute, muita especulação e pouca informação sólida. Há uma falta crônica de dados confiáveis sobre produção, consumo e reservas de inúmeros países que são decisivos na formação do mercado. Os que têm dados auditáveis são economias mais estáveis, onde os números não mudam muito há tempos. Na China, o país em que a demanda mais cresce, há deliberada opacidade de dados. O mercado acha que os números deles de estoque estão errados. Além disso, o país não divulga os dados de consumo, obrigando os especialistas a inferir do total de importação e produção. Mas a produção pode ser maior que a divulgada, pois pequenas refinarias espalhadas pela China profunda produzem quantias que não entram nas estatísticas. Estar errado sobre o consumo ou as reservas chinesas faz uma enorme diferença num mundo onde este país é o grande enigma e o grande formador das expectativas.

Na procura do culpado por tamanha alta de preços, as revistas especializadas em economia tentam isentar a "especulação". Realmente, sempre que não há uma boa explicação, culpa-se esta entidade mítica. Contudo o que essa imprensa especializada tem dito não resiste aos fatos. Existem argumentos assim: há especulação, mas não manipulação. Ou outro: há especulação, mas ela se forma no lado da compra e da venda dos contratos de petróleo, portanto eles se reequilibram. Balela. Formou-se uma corrida dos hedge funds e fundos de riqueza soberana para investimentos em futuro de commodities e, também, em ativos indexados aos preços de commodities, para se proteger da instabilidade no mercado de ações e de juros. Isso virou uma bolha. É impossível explicar alta tão forte de petróleo apenas olhando o que acontece no mundo físico. Recentemente, num depoimento no Senado americano, Michael Masters, administrador de um grande hedge fund, o Master Capital Management, foi de uma sinceridade inesperada e admitiu que grande parte da culpa é de especuladores como ele.

— Nós estamos vivendo um choque de demanda de uma nova categoria de participantes dos mercados futuros de commodities. O aumento da demanda dos especuladores é igual ao aumento de demanda da China — afirmou. Ele deu os dados. Com base em estatísticas americanas, disse que a demanda chinesa aumentou em 920 milhões de barris anuais nos últimos cinco anos e que a demanda dos especuladores cresceu 848 milhões de barris no mesmo período.

Quem quiser entender o que se passa com o louco preço do petróleo tem que olhar em várias direções. Há desequilíbrio entre oferta e demanda, porque o consumo aumentou rápido e o aumento da oferta demora mais a se concretizar; há falta crônica de estatísticas confiáveis; há uma corrida de especuladores para se proteger em futuros de petróleo. Isso permite todos os cenários: de alta continuada a níveis nunca antes imaginados até a queda dos preços após o estouro da bolha especulativa. Os preços do petróleo vão continuar surpreendendo, assustando e confundindo. Inclusive os especialistas.

Porque hoje é sábado

Por isso, vamos contribuir com 1 voto para o Prêmio Troféu Dia da Imprensa.

Pelo terceiro ano consecutivo, em comemoração ao "Dia da Imprensa", o Portal IMPRENSA realiza o "Troféu Dia da Imprensa", destinado a reconhecer o trabalho das redações jornalísticas de veículos de comunicação brasileiros. A premiação tem como objetivo premiar os destaques no jornalismo por meio de indicação e votação públicas.

A votação começou no dia 16 de junho, e vai até o dia 10 de julho.

As categorias para votação são:
melhor jornal diário de TV aberta,
melhor programa jornalístico de TV Aberta,
melhor programa jornalístico em TV Paga,
melhor jornal diário impresso,
melhor emissora jornalística de rádio,
melhor blog de jornalismo e/ou jornalista,
melhor site de notícias,
melhor revista semanal de informação,
melhor Revista segmentada e/ou dirigida,
além da categoria especial, Troféu Dia da Imprensa - Prêmio Especial.

Desde já expresso minha preferência de MELHOR EMISSORA JORNALÍSTICA DE RÁDIO: Rádio CBN.

Basta clicar no link abaixo e votar.
http://www.trofeudiadaimprensa.com.br/2008_2fase_votacao_5categoria.asp

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Panorama Econômico de 26 e 27 de junho

Leia o Panorama Econômico desta sexta-feira.

Dupla face

Esta não é uma conjuntura econômica simples. Por um lado, o país vive a sensação da animação com a economia crescendo, aumentando investimentos, diminuindo a taxa de desemprego; por outro, a inflação está subindo, assim como os juros, o déficit em transações correntes reapareceu, o mundo vive um surto inflacionário e um choque de petróleo. Que remédios usar num contexto assim?

Conversas com empresários de qualquer área mostram sempre a mesma dupla face da economia: as vendas crescendo, empresas com dificuldades de atender à demanda e, por outro lado, a pressão de preços e custos. O governo tem dado sinais contraditórios: aumentos de gastos e juras de manutenção da política de combate à inflação; diagnósticos superficiais sobre riscos inflacionários e altas nas taxas de juros.

Entrevistei dois economistas com visões diferentes no “Espaço Aberto”, da Globonews. Ambos estão preocupados com a alta dos preços, mas vêem de forma diferente a ação do Banco Central sobre a expansão do crédito e têm avaliações distintas sobre os riscos do déficit em transações correntes.

O ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola acha que o BC deve evitar qualquer medida artificial de controle do crédito, mesmo reconhecendo que essa é uma das razões do aquecimento da demanda. Ele acredita que tentativas de controlar o mercado de crédito acabam gerando distorções que levam a novas tentativas frustradas de regulação. Acha que o mercado se ajustará, pois os próprios bancos acabarão restringindo o crédito.

O professor Luiz Gonzaga Belluzzo vê um risco de aumento rápido da inadimplência; e acha que o Banco Central não pode acreditar que o mercado resolverá isso sozinho. Lembra que, nos Estados Unidos, foi exatamente a falta de atuação do Fed que permitiu as inúmeras distorções que levaram à atual crise de crédito. Belluzzo considera que há uma distância enorme entre os excessos que ocorreram lá e os primeiros problemas aqui, mas acredita que a regulação do BC pode prevenir uma crise de inadimplência.

Os números de conta corrente deixam Belluzzo desconfortável, mas Loyola acha que o câmbio flutuante é suficiente para reequilibrar a conta corrente e que agora o déficit está sendo financiado pela entrada de investimentos externos. Belluzzo pondera que, se o câmbio flutuante resolvesse sozinho, o dólar deveria estar subindo, já que o déficit externo reapareceu.

Ambos concordam que o governo deve cortar gastos para ajudar a política monetária e que os juros têm, sim, que subir neste momento. Para Loyola, o governo deveria perseguir a meta de déficit nominal zero; Belluzzo lembra que isso é mais difícil agora, com os juros subindo, o que vai elevar os gastos do governo. Na opinião dele, o Banco Central perdeu chances no passado, quando tudo estava bem, de derrubar mais fortemente a taxa de juros. $evitaria a apreciação forte do real e poderia evitar também o atual déficit em conta corrente. Loyola discorda do reajuste do Bolsa Família neste momento em que o país precisa esfriar o consumo para reduzir o risco inflacionário. Belluzzo acha o reajuste correto, mas discorda da generosidade com que o governo elevou os salários de algumas categorias profissionais do setor público.

Nos últimos anos, os consensos entre os economistas aumentaram, mas, em épocas assim, de decisões difíceis, as divergências voltam. Belluzzo faz parte do conselho de economistas que o presidente Lula reúne para analisar a situação econômica. Conta que lá também há divergências, explicitadas claramente, apesar de dois dos participantes serem o ministro da Fazenda e o presidente do Banco Central. Belluzzo, que no passado já esteve em lado oposto ao do então ministro Delfim Netto, diz que concorda cada vez mais com ele.

O debate deve ajudar o governo nas decisões a tomar nos próximos meses. Não há fórmula mágica, e algumas medidas que parecem certas levam a muitas distorções. Os perigos que estão à espreita não podem ser negligenciados. O déficit em conta corrente aumentou mais rápido que os economistas imaginaram, mas já está caindo. Ainda que o BC tenha elevado para US$ 21 bilhões a sua previsão de déficit para este ano, quando se compara o déficit de cada mês, nota-se que ele está perdendo o fôlego. Há alguns sinais de arrefecimento da demanda, como o nível de atividade da indústria paulista, divulgado ontem. O desemprego continua caindo. O dado de ontem, de maio, de 7,9%, é cinco pontos percentuais mais baixo que o de maio de 2004. Mas o risco, em um mercado de trabalho aquecido, é de religar o círculo de reajuste para compensar a inflação, o que leva a mais inflação.

O choque inflacionário é, em parte, global, contudo chegou ao Brasil quando o crescimento estava se acelerando. É global, mas o combate a ele tem que ser local.
O Banco Central reviu a previsão de inflação do ano para longe do centro da meta, mas ainda na banda de flutuação: 6%. Mas sinais de pressão são vistos em outros índices. O IGP-M que será divulgado hoje pode ficar perto de 2%. Se assim for, levará a inflação acumulada em 12 meses a superar 13%. Esses são tempos desafiadores e escorregadios. Qualquer erro na condução da política econômica é mais perigoso agora do que quando o mundo parecia viver o tempo sem risco do crescimento sem inflação.



Leia o Panorama Econômico desta quinta-feira.

Panorama Econômico
Mulher moderna

Para a mulher independente, sempre dona dos seus próprios pensamentos e posições, que nos anos 50 rompia pela inteligência os limites que sempre aprisionaram a mulher, era difícil aceitar um rótulo de significado tão velho quanto o de “primeira-dama”. Foi por isso — e não por uma idiossincrasia qualquer — que a antropóloga Ruth Cardoso avisou à imprensa que não gostava do termo.

Perdeu essa pequena batalha, porque os jornais continuaram usando o mesmo e surrado rótulo. Ganhou a guerra, ao revolucionar o papel exercido pela mulher do presidente. Não interferia no governo, mas influenciava as políticas públicas; não aceitou ser a repetidora de políticas assistencialistas e mudou o rumo das políticas sociais; conservava sua independência de pensamento e não provocava polêmicas. Hillary Clinton também era mulher independente e inteligente, mas, ao tentar mudar o Health Care americano, invadiu o espaço de quem foi eleito para governar e fez um projeto polêmico. Depois se viu que ela queria mesmo era fazer sua própria carreira na política. Cristina Kirchner já tinha um caminho próprio na política, no entanto, ao suceder ao marido, continua à sua sombra.

Reinventar de forma contemporânea esse papel é uma arte difícil na qual Ruth Cardoso mostrou maestria. Como o velho script não lhe servia, criou um roteiro novo. A LBA, que trazia a marca indelével de assistencialista e que, no governo Collor, foi alvo de denúncias de corrupção, foi fechada. O Comunidade Solidária era um conceito inteiramente novo. O órgão era um articulador e não um executor de políticas, por isso tinha orçamento enxuto e poucos funcionários. Ruth fazia a articulação entre financiadores privados de políticas sociais — fossem empresas ou instituições — e as vítimas das tragédias sociais brasileiras. Uma companhia, por exemplo, era convocada a adotar uma cidade com alto índice de analfabetismo. O Comunidade Solidária ligava quem podia participar desse mutirão e os que necessitavam as ações do Estado e da elite brasileira.

Ruth convocava intelectuais, especialistas, profissionais de diversas áreas para encontros de avaliação das políticas públicas. Ela comandava horas seguidas de reunião em que as pessoas de fora do governo falavam livremente. As críticas mais duras não a abalavam. Com sua experiência de coordenação de debate acadêmico, extraía das críticas e apoios o que era útil para aperfeiçoar as políticas. Foi assim que levou para o governo várias idéias novas.

Ela achava, por exemplo, que o Brasil precisava incentivar o voluntariado que, em outros países, leva multidões à prática de ações, individualmente pequenas, mas que na soma mudam realidades. Conseguiu isso. Hoje o voluntariado é mais disseminado no país. Para construir essa nova atitude, não hesitou em resgatar um velho símbolo do governo militar: o Projeto Rondon, em que universitários vão a áreas remotas do Brasil.
Ruth manteve suas atividades intelectuais, a participação em debates e seminários acadêmicos e até em cursos nas universidades. Durante o governo Fernando Henrique, chegou a passar pequenos períodos em universidades americanas dando cursos na sua área de especialização: a antropologia.
Sua obsessão era a educação, Ruth foi a vida inteira uma educadora num país em que este tem sido — e vai continuar sendo por muito tempo — o grande calcanhar-de-aquiles, mas ela tinha idéias próprias, de como fazer o resgate dos analfabetos até o papel das universidades públicas.

Não é fácil modernizar sem provocar controvérsias, não é fácil revolucionar sendo discreta. Mas Ruth conseguiu isso tanto no papel requerido e esperado da mulher do presidente da República, quanto na orientação das políticas sociais no Brasil. Foi ela quem levou para nível federal uma política que nasceu em Campinas, na administração do PSDB, o Bolsa Escola. Depois de Campinas, a proposta tinha evoluído pela ação de outros partidos, como o PT, então com Cristovam Buarque, e o PSB, na época com Célio de Castro. Quando chegou ao governo federal, o Bolsa Escola acabou sendo o embrião para o Bolsa Família, um programa muito mais amplo. Ruth ajudou, assim, os brasileiros — seja acadêmicos especializados em políticas de combate à pobreza, militantes de causas sociais ou políticos, de diversos partidos — nesta construção coletiva de uma política social mais moderna. Não mais a cesta básica, mas, sim, a transferência de renda direta aos mais pobres. Não mais a dívida eterna dos de menor renda a um político específico, mas a construção do cidadão portador de direitos. Hoje essa idéia se firmou e evolui sob críticas e aperfeiçoamentos, com retrocessos e avanços, mas já é vitoriosa. Ainda que as velhas práticas não tenham sido varridas. O velho sempre teima em ficar, porém, na luta com o novo, vai se enfraquecendo.

Ruth deixou sua marca nessa caminhada coletiva por um país mais moderno e mais justo; deixou sua marca no pensamento brasileiro com seus livros, cursos e teses que orientou; deixou sua marca na história do avanço da mulher brasileira. Não venceu o rótulo, ainda é perseguida pelo título de que não gostava, ainda é definida nos jornais como a ex-“primeira-dama”. Mas sua atitude renovou o rótulo. Hoje o país já sabe que esse papel pode ser contemporâneo.

Lucia Hippolito: " Mais polêmico que o presidente Lula, só mesmo a Dilma Rousseff"

Ouça o comentário de hoje no Jornal da CBN, 1ª edição

" Depois do presidente Lula, naturalmente, Dilma Roussef foi a principal personagem da política brasileira no primeiro semestre de 2008. Por conta dos eventos do PAC, alcançou grande visibilidade. Sempre ao lado do presidente, Dilma teve fantástica presença na mídia.

A personagem é polêmica, e está longe da unanimidade. Muito longe.

Seus aliados a consideram uma técnica competente, rigorosa na fiscalização da atuação dos outros ministros, firme no trato com os subordinados. Sob sua administração, o PAC é um sucesso.

Seus opositores a consideram truculenta, autoritária, ríspida, atrabiliária, e não muito competente, haja visto que muitas obras do PAC são pura ficção, nem saíram do papel, enquanto pipocam notícias de que a Polícia Federal prende envolvidos com corrupção em obras do PAC em várias regiões do país.

(Esta divisão entre aliados e opositores não corresponde necessariamente à divisão entre governo e oposição.)

Dilma também foi protagonista dos dois escândalos que agitaram a política no primeiro semestre: a elaboração e divulgação de dossiê com despesas pessoais do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua mulher, a antropóloga Ruth Cardoso, e o escândalo da venda da Varig.

Quando os gastos com cartão corporativo por membros do governo Lula ameaçavam tornar-se assunto de CPI, Dilma afirmou a empresários, num jantar em São Paulo, que o governo estava preparando munição para reagir às acusações da oposição.

Quando começaram a sair as primeiras notícias de um dossiê com as despesas do ex-presidente, Dilma telefonou pessoalmente a Ruth Cardoso e negou categoricamente a existência do tal dossiê.

Depois, quando foi confirmada a existência do dossiê, Dilma afirmou que se tratava de um “banco de dados”.

Finalmente, descobriu-se que, não só o dossiê existia, mas tinha sido elaborado dentro da Casa Civil da Presidência da República e foi vazado por obra e graça de um alto funcionário da Casa Civil, petista histórico.

No segundo escândalo, Dilma foi acusada por Denise Abreu, ex-diretora da Anac, de pressionar pela venda da Varig, atendendo a interesses do advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula.

Como sempre, quando é apanhada em falso, a ministra Dilma negou tudo, afirmando mesmo que jamais tinha recebido o advogado Roberto Teixeira no Planalto.

Confrontada com a publicação das várias visitas de Roberto Teixeira ao Planalto, Dilma lembrou-se de que, sim, tinha tido duas reuniões com Roberto Teixeira e sua filha, para tratar da venda da Varig.

Fica parecendo que a ministra Dilma Roussef tem relações cerimoniosas e distantes com a verdade.

Finalmente, Dilma termina o semestre investigada pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República. A Comissão vai avaliar se ela pressionou a Anac no caso da venda da VarigLog e se cometeu deslize ético quando teve duas reuniões com o advogado Roberto Teixeira.

(Neste caso, as reuniões não constavam da agenda pública da ministra. O Decreto nº 4.334, de 12.08.2002, que dispõe sobre as audiências concedidas a particulares por agentes públicos – caso das reuniões da ministra com o advogado Roberto Teixeira, nas dependências do Palácio do Planalto – é taxativo: estas reuniões devem ser acompanhadas por outro servidor e registradas, com a anotação das pessoas presentes e dos assuntos tratados. Não foi o que ocorreu.)

É altamente improvável que a Comissão recomende ao presidente Lula a demissão da ministra Dilma Roussef. Mas que ela descumpriu um decreto da Presidência da República, parece não haver dúvida.

Por tudo isso, por toda a exposição e por suas estripulias, a ministra Dilma Roussef é, indiscutivelmente, a personagem do primeiro semestre.

Não tem para ninguém. "

"Farra" de Suplentes - Alternância de Senadores e Suplentes no Senado

O problema se concretizou, hoje são 20 suplentes, em 81 senadores, isto é, 24% da casa.

Isto significa que decisões vitais para o país são tomadas por pessoas que não tiveram um único voto do eleitor.

O escândalo do suplente de senador atingiu seu ponto máximo. Já ultrapassou todos os limites de tolerância.

O suplente de senador sempre foi um problema, desde a Constituição de 88, mas ficou particularmente agudo nos últimos tempos.

A lei eleitoral permite que cada candidato ao Senado concorra com dois suplentes. Em caso de renúncia, cassação, licença ou falecimento do titular, o primeiro suplente assume.

Em geral, candidatos escolhem para suplente o pai, outros escolhem o filho. Aí seria apenas compadrio, clientelismo.

A coisa fica mais séria quando alguns escolhem como suplente o “Espírito Santo”: um empresário, que financia a campanha do titular. Depois o titular se licencia, e o suplente assume, para aprovar ou barrar projetos de seu interesse.

Em vários estados, este acerto já é feito antes da eleição. O empresário financia a campanha do senador, que entra em licença, e o empresário assume para defender seus interesses no Senado.

Pesquisando nas minhas anotações encontrei que no dia 23/11/2007, publiquei neste blog um comentário sobre as vacâncias nas cadeiras do Senado Federal. Relembre-o abaixo.

Isso já vem acontecendo a muito tempo, mas agora como o senado ficou em evidência depois de todos esses problemas embarcados é que estamos vizualizando a coisa como realmente ela é.

O acontece no geral?

Senador é eleito com dois suplentes, mas o nome deles não consta na cédula, então não é preciso dar satisfação à justiça de quem é que ele (senador) está carregando consigo.

No geral é o financiador da campanha, ou o pai, ou o filho, alguém da família e com isso arrasta para o senado gente que não teve um único voto. Mas, acontece que o sujeito assume e decide do mesmo jeito que um senador realmente eleito.

Por exemplo:
Senador Sibá Machado (PT-AC), é suplente da Senadora Marina Silva que foi nomeada ministra do Meio Ambiente pelo presidente Lula, e está no cargo até hoje. Sibá não teve nenhum único voto, mas é um dos três senadores representante do estado do Acre:vota lei, parcela orçamento, libera imendas, paupita sobre recurso, etc.

Outro exemplo:

Senador Wellington Salgado de Oliveira (PMDB-MG), suplente do ministro Hélio Costa, e por aí vai...

O que acontece é que o Brasil está vivendo hoje uma espécie de República dos Senadores, em que o senador não arrisca nada, então ele é eleito e daqui 4 anos, ou é colocado num ministério, ou candidato à presidência da replública, ou vice-presidente, governador, ou...(caso ele renuncie).

Desde José Sarney até agora com José Alencar, quando os dois não foram senadores, um deles foi,e tornou-se presidente ou vice. com isso os suplentes vão assumindo.

A proposta mais correta seria que o segundo mais votado assumisse como aconteceu em 1978 , Franco Montoro e FHC, ambos candidatos, Montoro foi eleito e FHC ficou em 2° lugar. Em 1982, Montoro renunciou o mandato e FHC assumiu.

Mesmo com a pluralidade partidária, deveria ser o mais votado que assumiria o posto de senador.

Agora, nos EUA a coisa é diferente.

São apenas dois senadores por estado, não há suplente, quando o cargo fica vago o governador daquele estado indica alguém para completar o mandato.

A proposta que está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do senado, hoje, relatada pelo senador Demóstenes prevê o seguinte: toda vez que vagar o cargo de senador, faz-se uma nova eleição no estado, para se escolher o novo senador, agora se a vacância ocorrer no último ano então o suplente assume.

Essa proposta prevê ainda que o senador titular renuncie ao cargo quando se candidatar ao executivo no meio do mandato ou então para assumir ministérios.

Então, analisando novamente o Governo Lula:

O Senador Hélio Costa foi nomeado ministro das Comunicações, renuncia ao cargo,mas como ele ainda está na 1ª metade do mandato , em vez do Senador Wellington Salgado assumir a cadeira faz uma eleição em Minas Gerais, segundo essa proposta. Caso fosse no último ano do mandato aí sim o Senador Wellington assumiria.

Em suma, já é um avanço, pois está se encarando com seriedade está "farra" do suplente de senador, ou seja, senador sem voto que assume e depois passa a participar da vida nacional.

Vamos esperar para ver como esse projeto caminha pela CCJ e depois pelo plenário. mas, é importante essa discussão, pois a hora é essa.

Jornal Nacional de 26/06/08

Festejos de Mossoró lembram a luta contra Lampião

A cidade potiguar era uma das mais ricas do Nordeste quando sofreu invasão do cangaceiro mais temido, Lampião. Hoje, Mossoró comemora São João encenando a história do confronto

O cheiro de pólvora também é marcante em uma festa junina em Mossoró, no Rio Grande do Norte. Veja na reportagem de Michelle Rincon.

Carroça estilizada, forró no trio elétrico. Para quem gosta do ritmo, um convite irresistível. O antigo meio de transporte usado pelos nordestinos que fugiam da seca, o pau-de-arara é adaptado.

Nessa época, quem pega carona é o ritmo junino. A estrela principal da festa se multiplica e ganha nobreza ao se transformar em ‘orquestra sanfônica’.

Tradição e cultura unem o passado e o presente. As marcas de bala ainda estão na torre da igreja de São Vicente. Em junho de 1927, no mês mais festejado pelos nordestinos, o bando de Lampião tentou invadir Mossoró. Era uma das cidades mais ricas da região e foi a primeira a resistir às ameaças de Virgulino. Hoje, a história do confronto entre o povo da cidade e os cangaceiros é encenada no mesmo local onde tudo aconteceu.

Mossoró festeja o São João em um espetáculo ao ar livre. No enredo, o heroísmo da cidade que combateu e venceu a batalha com o bando do cangaceiro mais temido. As lembranças da resistência e a homenagem aos santos juninos se fundem na maior festa popular do Rio Grande do Norte.


Clique aqui para conferir todas as reportagens da série sobre festas juninas.

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quinta-feira, 26 de junho de 2008

O Brasil precisa de profissionais certificados e competentes

Profissional Certificado

A certificação do profissional, atualmente, é de grande relevância para o mercado tão competitivo, como está agora, e necessitado de verdadeiros mestres e doutores.

Em qualquer área, por mais simples que seja, a certificação “verdadeira” desse profissional estabelece um paralelo grandioso na melhoria dos diversos serviços prestados à sociedade.

Agora, é claro que analisar a formação do profissional desde o seu contexto básico torna-se uma tarefa complexa, devido as falhas e precariedades do sistema público de ensino, principalmente no Brasil.

O mesmo segmento é válido, infelizmente, para o curso superior, onde os recursos de melhoria são escassos e mal aplicados.

No entanto, espera-se que nos próximos dias, meses, anos e até décadas gestores tornem prioridade a educação no Brasil e, com isso, esse quadro desastroso possa se reverter.

Portanto, realmente é relevante que todo e qualquer indivíduo – por mais que seja impossível – passe por uma estruturação excelente tanto intelectual quanto cultural, prevalecendo, de fato, a ótima formação certificada como parte do processo formativo do bom profissional.


Profissional Competente

A noção de competências profissionais faz uma “varredura” envolvendo todos os campos de análise social, cultural, étnico, religioso, sexual, econômico e político.

Tudo o que hoje se vive passa através de um contexto classificatório, humanístico e reflexivo. Todas as transformações vivenciadas na sociedade atual são transformações de destaque e de grande importância, por mais que às vezes não seja dada a devida relevância.

Daí, as competências profissionais tornam-se enfáticas ao presenciar os diversos episódios sociais.

A família, a educação, o meio ambiente, as empresas, a sociedade são parcelas que devem ser apreciadas constantemente e de maneira cuidadosa. São, portanto, a base sólida do bom profissional desempenhar suas competências favorecendo positivamente o crescimento pessoal, social e profissional.

As Competências e o Mundo

O mundo, hoje, é globalizado. Isto é, composto por muitos elementos – pessoas – de diversas características. Com isso, cada indivíduo possui competências individuais e diversificadas.

No “Mundo dos Negócios” o panorama repete-se continuamente. As diversas áreas profissionais possuem diversos indivíduos com diversas competências.

No entanto, esse prisma reflete, muitas vezes, à desqualificação de ações coletivas no campo do trabalho, isto é, a dificuldade do trabalho em equipe, a não aceitação de opiniões para evitar o crescimento profissional do outro, a divergência de idéias, entre outros.

Em suma, as competências adquiridas e exercidas é detalhe relevante na vida de um profissional em que deve ser analisado de maneira cautelosa para não tornar-se barreira aos princípios do mercado e favorecer, portanto, a valorização política e social do profissional contemporâneo.

Rodízio no TRE do Rio de Janeiro

TRE-RJ terá de trocar juízes eleitorais

Chico Otavio - O Globo

RIO - A dez dias do início da campanha eleitoral, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou a troca de mais de cem juízes eleitorais no Rio. Liminar concedida pelo conselheiro José Adonis Callou de Araújo Sá, com o referendo do plenário, manda o Tribunal Regional Eleitoral do Estado (TRE-RJ) aplicar, até o dia 5, o critério de rodízio determinado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e dar posse aos magistrados escolhidos para as zonas eleitorais.

O Estado do Rio tem 248 juízes eleitorais. Como a liminar determina a substituição de mais de cem, a decisão pode atrapalhar os planos do presidente do TRE-RJ, desembargador Roberto Wider, de barrar os candidatos com ficha suja. Em duas ocasiões, uma delas recente, ele reuniu os juízes eleitorais do Rio para discutir estratégias de ação.

Juízes favoráveis ao rodízio, feito a cada dois anos, alegam que a decisão demonstra que a medida é "ato relevante e indispensável para o estado de direito, porque implica a seleção do juiz natural que presidirá o pleito eleitoral, mesmo em ano de eleições".

A reclamação apresentada por um grupo de juízes ao CNJ sustenta que o TRE ainda não decidiu sobre as inscrições feitas no mês de abril para a função em diversas zonas eleitorais nem efetivou as designações - já se encerrou o prazo bienal de posse de juízes em 67 zonas eleitorais da capital e 74 do interior.

Na liminar, o conselheiro reconheceu a urgência da reivindicação, uma vez que a data de 5 de julho é o prazo para efetivar alterações na jurisdição eleitoral, de acordo com as regras. Sua decisão foi confirmada por unanimidade.

O rodízio, contudo, ainda não está garantido. O presidente do TRE alegou, por intermédio da assessoria de comunicação do tribunal, que a Advocacia Geral da União vai recorrer da decisão.

Enquanto isso, para atender à liminar sem prejudicar a organização do processo eleitoral, ele pretende designar os novos juízes, mas só vai empossá-los após as eleições do dia 5 de outubro.

Wider entende que os candidatos ao cargo não têm experiência para assumir essa responsabilidade a menos de quatro meses das eleições. O tribunal lembra, ainda, que o TSE proíbe a troca de juízes três meses antes e um depois das eleições. Para não abrir uma crise com os candidatos, ele garante que o prazo de dois anos no cargo para os juízes designados só começará a valer após a sua posse.

De acordo com o TRE, apenas dois dos dez autores do pedido ao CNJ atendem aos requisitos para tomar posse.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Denúncia cai sobre Lindberg

De O Globo Online

Peço-lhes desculpa pelo atraso na publicação desta reportagem.
(Esta matéria foi publicada segunda-feira, 23)

A Procuradoria-Geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro ofereceu, nesta segunda-feira, denúncia contra o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, e mais sete pessoas, pelo crime de fraude em licitação.

Além do prefeito, foram denunciados André Luiz Ceciliano, secretário de Governo do Município; Jayme Orlando Ferreira, Janaína da Conceição Gomes dos Santos Silva e Marília de Oliveira Machado, respectivamente, presidente e membros efetivos da Comissão de Licitação de Nova Iguaçu; e Carlos Marcos Colonnese, Francisco de Oliveira Junior e Alexandre Paschoa Monteiro, sócios da empresa Supernova Mídia e Comunicação.

O Ministério Público apurou que, logo após assumir o cargo de Prefeito, em 2005, Lindberg determinou a realização de uma licitação, em caráter emergencial, para a prestação de serviços de publicidade ao Município, no valor aproximado de R$ 600 mil. Como justificativa foi apresentada a necessidade de divulgação institucional das ações desenvolvidas pela Prefeitura.

Segundo o MP, a licitação violou diversos dispositivos legais e realizou-se de forma direcionada, para favorecer a empresa Supernova, que era credora de Lindberg em R$ 250 mil, pela prestação de serviços durante a campanha eleitoral de 2004.

O MP afirma que, por conta dos expedientes fraudulentos utilizados na licitação, apenas duas empresas se inscreveram: a Supernova, que é de São Paulo, e a Identigraf Design e Impressos, do Rio de Janeiro. Posteriormente, a Identigraf foi desclassificada e a Supernova declarada vencedora do procedimento licitatório.

O Ministério Público só não pediu a prisão preventiva dos acusados por não ser possível nesse tipo de crime, que é punido com detenção de dois a quatro anos. Se condenados, o prefeito e o presidente da Comissão de Licitação do Município poderão ter suas penas aumentadas por terem comandado a atividade criminosa dos demais acusados.

A Procuradoria-Geral ressalta, ainda, que a denúncia contra Lindberg poderá ser utilizada na Justiça Eleitoral para a impugnação da candidatura à Prefeitura de Nova Iguaçu, já que ele pretende se reeleger. A situação do prefeito é agravada por diversos inquéritos civis e investigações criminais, além de três ações de improbidade administrativa já propostas contra ele, uma das quais pelos mesmos fatos que deram origem à denúncia desta segunda. Lindberg e os integrantes da Comissão de Licitação de Nova Inguaçu estão com seus bens indisponíveis, por decisão da Justiça, a pedido do Ministério Público.

Panorama Econômico - Jornal O Globo

(Leiam a coluna desta quarta-feira) Enviado por Míriam Leitão

Roendo a renda

O aumento da cesta básica nos últimos 12 meses está em 32%; só comparável ao que aconteceu em 2003. A inflação de alimentação no domicílio chegou a 19%, no mesmo período, no INPC. Uma aceleração tão forte terá conseqüências na redução da capacidade de compra do consumidor. O endividamento crescente e a elevação dos juros vão dar mais uma volta no torniquete.

O INPC mede a inflação de famílias com renda menor que as do IPCA. E, nesse índice, a inflação está maior, mostrando que a atual alta de preços atinge mais duramente os mais pobres. Num texto sobre esse assunto, no seu boletim semanal, economistas do Banco Itaú concluíram que, “se tivéssemos um índice de custo de vida específico para a faixa até um salário mínimo, veríamos então um aumento do custo de vida muito maior que o do INPC”. No período de apenas 10 meses, desde o último reajuste do Bolsa Família, os aumentos da cesta básica chegam a 42%, em Belo Horizonte, e a 50%, em Fortaleza. Claramente isso vai tirar renda dos mais pobres e reduzir o nível de consumo e da atividade; principalmente no Nordeste.

Cereais, leguminosas e oleaginosas — item em que estão incluídos arroz e feijão — foi o que teve mais peso em maio tanto no INPC quanto no IPCA. No acumulado em 12 meses, a alta foi de 62%. Também nesse período, os feijões mulatinho, preto e carioca subiram todos acima de 100%.

As altas não são estritas só a arroz e feijão; 14% dos 160 produtos pesquisados subiram acima dos 30% no acumulado em 12 meses. Entre eles, há carnes (30,4%), tomate (71,9%), cenoura (44,6%), farinha de trigo (39,3%). Na cesta básica, há alguns desses. Os 13 itens que a compõem são: carne, leite, feijão, arroz, farinha, batata, tomate, pão, café, banana, açúcar, óleo e manteiga. Todos subiram; a maioria, bastante. Só o café aumentou bem pouco e o açúcar teve queda. Fora da cesta, caíram também, no acumulado, os preços de vários tipos de peixe, abóbora, abacate, chuchu e repolho.

Esta alta atual dos preços só não é maior do que aquela que ocorreu no começo do governo Lula, quando a economia vivia o choque do câmbio, que elevava os preços de todas as commodities. Agora, o que está acontecendo é o oposto. O dólar, em queda há muito tempo, continua baixo e caindo, mas isso não está tendo mais o efeito de inibir a alta de preços.

A inflação, desta vez, encontra as famílias muito mais endividadas, portanto com partes mais significativas da renda comprometida com o pagamento das dívidas. Fazendo uma conta simplificada, segundo o IPC-C1, índice da FGV para famílias com renda de 1 a 2,5 salários mínimos, os alimentos equivalem a cerca de 40% das despesas. A Fecomércio-SP calcula, para a cidade de São Paulo, que as pessoas que ganham até 3 salários estão com um comprometimento 37% da sua renda total com dívidas. Assim, quase 80% já estão comprometidos. Havendo qualquer aperto, vai ficar difícil dar conta de tudo. Segundo levantamento da Serasa, nos cinco primeiros meses do ano, a inadimplência cresceu 6%.

— Não fazemos pesquisa por renda, mas as classes mais inadimplentes são, normalmente, aquelas que são menos acostumadas com o crédito — comentou Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa.

No resto do mundo, a inflação está acontecendo por pressão dos alimentos e da energia. O Brasil vive numa redoma; aqui os preços dos combustíveis quase não subiram. Nem parece que o preço do petróleo dobrou nos últimos 12 meses. Essa situação artificial não poderá ser mantida para sempre, portanto há uma inflação reprimida na área da energia. Os alimentos também têm um impacto bem menor nos índices de preço no país, mas isso devido à qualidade do nosso setor agrícola.
Quando o presidente Lula afirma que a inflação está sob controle e que aqui ela não deslanchou, deve ser porque ele está olhando apenas o dado do IPCA. É preciso olhar todos os dados da inflação para ver os riscos de ela “deslanchar”.

O professor Luiz Roberto Cunha diz que o IPCA-15, que sai hoje, deve ficar um pouco abaixo do 0,79% do mês passado. No entanto, se o IPCA do final do mês registrar 0,72%, chegará a 6% em 12 meses. E a tendência é continuar subindo:

— A carne está em alta em plena safra; com a quebra de safra de milho nos Estados Unidos, devem continuar em alta milho, trigo e soja. Mas a inflação está também indo além dos alimentos. No último IPCA, 73% dos preços haviam subido.
Os preços da gasolina não subiram, mas isso não significa que a alta do petróleo não está sendo sentida no país. Os produtos que consomem matérias-primas de petróleo, como os petroquímicos, estão encarecendo.

— Material de limpeza é um dos itens que têm subido mais — conta o professor.

A inflação está se dispersando na economia e afetando vários outros produtos, como, por exemplo, material de construção.
O aumento da produção de alimentos certamente ajudará, mas será necessário mais que isso. Para alguns produtos, basta chuva e crédito, como é o caso do feijão, que tem três safras anuais. Mas nas commodities há a pressão da alta no mundo inteiro, a influência de fatores climáticos e de aumento dos custos de produção.

A Justiça Eleitoral só interpretou a Lei

A Justiça Eleitoral do Rio embargou, na manhã desta terça-feira , as obras do chamado projeto "Cimento Social", no Morro da Providência, no Centro do Rio, que tem a proteção do Exército. A decisão, assinada pelo juiz Fábio Uchôa, responsável pela fiscalização da propaganda eleitoral no município do Rio de Janeiro, considera que a obra tem cunho eleitoral, beneficiando o senador e pré-candidato do Rio Marcelo Crivella, em detrimento dos demais interessados no pleito de 2008.


A decisão da Justiça Eleitoral de embargar a obra eleitoreira no Morro da Providência do candidato a prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella (PR) salvou parcialmente a face do governo Lula. Forneceu-lhe a desculpa para retirar o Exército depois que 10 soldados e sargentos, obedecendo a ordens de um tenente, entregaram três jovens da Providência para serem executados por traficantes do Morro da Mineira.


As eleições brasileiras são regidas pela Lei 9.504/97, sofreu algumas alterações pela Lei 11.300/06, o Artigo 73, parágrafo 10, diz o seguinte:


Art. 73 "São proibidos aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:"


§ 10 " No ano em que se realizar eleição, fica proibida a distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios por parte da Administração Pública, exceto nos casos de calamidade pública, de estado de emergência ou de programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior, casos em que o Ministério Público poderá promover o acompanhamento de sua execução financeira e administrativa."


Ou seja, a partir de 1° de Janeiro do ano eleitoral fica proibido os programas não autorizados por lei que não constam no Orçamento do ano anterior, então o embargo é legítimo, pois está baseado na lei.

No entanto, esperou-se acontecer uma tragédia, envolvendo a morte de três jovens, para que alguma providência fosse tomada.

Portanto, a Justiça Eleitoral apenas interpretou a lei e a executou.

Dia de estréia

Hoje, 25, a cientista política Lucia Hippolito estréia seu novo blog.

Agregado ao Blog do Noblat, o Blog da Lucia tratará da política - nacional e internacional - no segmento de análise e construção de opinião.
A Lucia Hippolito além de ser cientista política é também jornalista e comentarista de política da Rádio CBN e da Globo News. Portanto, excelência em desempenho da tarefa de informar e formar opiniões.

Basta acessar www.blogdalucia.com.br

Daqui, do blog, também pode ser acessado, basta está cadastrado no O Globo Online.

É claro que este blog não ficaria de fora, por isso providenciei logo os procedimentos para agregá-lo (o da Lucia) ao meu, pois é disso que o Brasil precisa, pessoas inteligentes, formadores de opiniões e disseminadoras do conhecimento.

Manchetes do Jornal O Globo

(Leia em O Globo desta quarta-feira)

Minc: governo fará leilão de bois apreendidos

Operação capturou 3.100 cabeças criadas em fazenda clandestina no Pará; dinheiro arrecadado irá para o Fome Zero

De Bernardo Mello Franco:

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, prometeu fazer em até três semanas o primeiro leilão de gado apreendido em áreas desmatadas ilegalmente na Amazônia. Ele apresentou ontem os resultados iniciais da operação Boi Pirata, que capturou, na semana passada, 3.100 cabeças criadas numa fazenda clandestina na Estação Ecológica da Terra do Meio, em Altamira, no Pará. O gado será leiloado pela Companhia Nacional de Abastecimento, que doará o dinheiro arrecadado ao programa Fome Zero. A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) classificou a operação de "populismo ambiental".

O primeiro alvo da operação foi a Fazenda Lourilândia, que começou a devastar a floresta e abrir pastos há seis anos. Desde 2005, quando a reserva ambiental foi criada, o pecuarista Lourival Medrado se recusava a retirar o gado da área, apesar de ter recebido duas ordens de desocupação da Justiça Federal. Depois da apreensão, produtores vizinhos começaram a tirar seus bois às pressas, como mostram fotos aéreas feitas pelos fiscais do Ibama. Segundo Minc, ainda há 40 mil cabeças de gado ilegal na reserva. Leia mais em O Globo



Depoimento de militar gay vetado na TV

Justiça Militar impede veiculação na TV Justiça; jornalistas poderão acompanhar

De Carolina Brígido:

A Justiça Militar proibiu a TV Justiça de transmitir o depoimento do sargento Laci Marinho de Araújo, acusado de deserção depois que assumiu manter um relacionamento homossexual com o também sargento Fernando Alcântara de Figueiredo. Ambos estão presos. Na semana passada, a juíza do caso, Zilah Pertersen, solicitou à emissora que transmitisse o depoimento, marcado para sexta-feira. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, a quem a TV está subordinada, autorizou a filmagem. Ontem, sem dar maiores explicações, a juíza telefonou para a direção da emissora e cancelou os planos. Alegou "motivos de força maior".

Desde o pedido da juíza, a emissora incumbiu sua equipe técnica de criar condições operacionais para a transmissão ao vivo. A direção da TV sugeriu que não fossem divulgadas imagens do réu ou de eventuais testemunhas levadas por ele, para não expor o sargento. Seriam mostradas apenas imagens da juíza e dos demais presentes: o Conselho Permanente de Justiça Militar, composto por quatro militares de patente superior à do sargento, o procurador da Justiça Militar Giovanni Rattaca$e três advogados do sargento. Gilmar concordou com os termos sugeridos. Leia mais em O Globo



CGU aponta corrupção em 720 prefeituras

TCU aprofundou investigações e determinou devolução de R$ 521 milhões

De Evandro Éboli e Maria Lima:

A operação João de Barro, que levou para a cadeia essa semana 25 pessoas de uma quadrilha que desviava recursos de prefeituras em vários estados, é apenas a ponta de um esquema de corrupção que se repete há anos no país. Desvio de recursos, superfaturamento, fraudes em licitação e dezenas de outras irregularidades foram detectadas em todas as 720 prefeituras, com até 500 mil habitantes, auditadas pela Controladoria Geral da União, a partir de 2005, quando estiveram em análise as contas dos atuais prefeitos que buscam a reeleição ou tentam fazer seus sucessores.

Desde 2003, quando começou o programa, a CGU já auditou recursos da ordem de R$ 8,5 bilhões e constatou que em cerca de 80% dos municípios existem irregularidades graves, e outras menos graves nos demais.

Pela amostragem, quase a totalidade dos 5.564 municípios brasileiros tem problemas que vão desde simples erro de documentação, até as mais graves, como obras inacabadas, uso de notas frias, superfaturamento de preços, empresas fantasmas, fraude em licitação. Leia mais em O Globo



Lula minimiza apuração sobre desvio do PAC

Presidente repete dados de Dilma que desmentem PF e acusa imprensa de tratar peixe miúdo como surubim

De Chico de Gois e Luiza Damé:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva minimizou ontem a Operação João-de-Barro, desencadeada pela Polícia Federal semana passada, em que 119 prefeituras foram acusadas de desviar recursos destinados à construção de casas populares e escolas, entre outras obras sociais. A PF informou na ocasião que boa parte das verbas desviadas é do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O presidente fez uma metáfora pesqueira:

— Pasmem, eu me deparo com algumas manchetes assustadoras: "Obras do PAC têm corrupção" ou "Corrupção nas obras do PAC". E, quando a gente vai ver o tamanho do surubim, percebe que tem ali nada mais nada menos que um mandi-chorão, daqueles bem pequenininhos.

Para reforçar seu argumento, ele afirmou, repetindo informação da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que, dos 119 municípios investigados, somente 37 têm obras do PAC e, desses, apenas oito iniciaram os serviços. Foram liberados R$ 15,5 milhões, do total de R$ 1,8 bilhão:

— É menos de 1% dos recursos previstos para as obras.

PF: maioria das prefeituras tinha obras do programa

A informação de Dilma, endossada por Lula, contradiz o que a PF divulgou semana passada, por meio de nota, de que das 119 prefeituras "a maioria" tinha obras do PAC. Segundo a PF, a quadrilha movimentou R$ 700 milhões — e não R$ 15,5 milhões como informou ontem o Palácio do Planalto —, podendo atingir R$ 2 bilhões. Leia mais em O Globo


Eleição terá 111 deputados-candidatos

Para Diap, parlamentares federais concorrem de olho na disputa de 2010

De Adriana Mendes:

Quase um quarto dos 513 deputados federais são pré-candidatos às eleições municipais deste ano. Mesmo que não sejam eleitos, eles não têm nada a perder: podem continuar exercendo plenamente o mandato parlamentar, com todos subsídios e regalias a que têm direito, durante a campanha eleitoral. De acordo com levantamento feito pelo Globo Online, 110 deputados são pré-candidatos, entre eles oito líderes de partidos. Dos 46 deputados do Estado do Rio, 12 já assumiram suas candidaturas ou assumem até o final de semana, prazo final das convenções partidárias. A maior parte dos candidatos, 76%, é da base governista.

De acordo com o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), a média de deputados federais pré-candidatos nas eleições municipais vem se mantendo acima de 100 nos últimos pleitos. Mas, após as convenções partidárias, esse número cai para cerca de 90 e, efetivamente, menos de 50 se elegem. Para o Diap, os parlamentares são motivados pelo modelo eleitoral, que favorece quem tem um mandato. Leia mais em O Globo


Lula quer barrar ‘ficha suja’

Presidente pede reforma contra candidaturas de quem é alvo de processos de corrupção

De Luiza Damé, Chico de Gois e Marcelo Gomes:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem, em solenidade do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no Palácio do Planalto, mudanças na legislação eleitoral para impedir que candidatos com ficha suja na Justiça possam concorrer. Sem citar nomes e falando hipoteticamente, o presidente afirmou não ser mais aceitável que um governador perca o cargo por corrupção e possa disputar uma eleição para o Senado. Disse que é preciso coragem para fazer uma reforma política, mudando essa situação.

Numa crítica velada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que liberou o registro para candidatos com ficha suja que ainda não tenham sido julgados em última instância, Lula disse que a população não pode ficar à mercê da interpretação da Justiça Eleitoral.

— Neste país tem lei em que a pessoa é cassada por corrupção quando é governador e pode ser candidato ao Senado nas eleições seguintes. Ou seja, você tira um mandato de quatro anos e dá um mandato de oito anos — disse Lula, quando condenava, em discurso, os desvios de recursos públicos. Leia mais em O Globo

De Adriana Vasconcelos:

O Senado quer endurecer as regras que definem a inelegibilidade de candidatos com ficha suja, ainda que as mudanças não sejam aprovadas a tempo de serem aplicadas nas eleições deste ano. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) deverá analisar na próxima semana três propostas com esse objetivo.

Entre as propostas em tramitação, há um projeto de lei complementar que estabelece que qualquer condenação criminal, eleitoral, por improbidade administrativa ou decisão dos tribunais de contas da União, estados ou municípios, ainda que apenas em primeira instância, já seria suficiente para impedir uma pessoa de se candidatar. Atualmente, esse impedimento só ocorre depois de a sentença ter transitado em julgado, ou seja, depois de uma condenação em última instância. Leia mais em O Globo

Morre Dona Ruth Cardoso

Dona Ruth Cardoso, mulher do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, morreu em seu apartamento em São Paulo.

Ela havia feito, ontem, um cateterismo ("método diagnóstico pelo qual é possível avaliar a presença ou não de entupimentos nas artérias e/ou veias coronárias"). E implantado dois stents ("próteses metálicas posicionadas no interior de artérias coronarianas obstruídas por placas de gordura, com o objetivo de normalizar o fluxo sanguíneo").

Na última quinta-feira havia sido internada no Hospital Sírio-Libanês com angina (“dor ou desconforto no peito quando os músculos cardíacos não recebem sangue suficiente”).

Leia aqui uma biografia de Dona Ruth.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Principais Notícias do Dia

* Inflação medida pelo IPC-S recuou em cinco das capitais pesquisadas, segundo a FGV.

* Justiça Eleitoral embarga obra do Exército em morro no Rio, alegando uso eleitoreiro. Projeto é de autoria de pré-candidato a prefeito. (Amanhã o meu comentário no blog é sobre esse assunto).

* Após fraudes, Dilma e Lula defendem controle do PAC. Caixa vai pôr na web informações sobre obras do programa.

* Dilma admite que recebeu pelo menos duas vezes advogado amigo de Lula para falar sobre venda da VarigLog.

De volta o "Panorama Econômico - Jornal O Globo"

Depois de uma semana de folga, Míriam volta e publica sua coluna no O Globo.

(Leia a coluna desta terça-feira)

Última fronteira

O episódio do Morro da Providência choca e desconcerta. Ele é a última fronteira de uma seqüência de fatos que vêm deteriorando a segurança pública no Brasil, em geral, e no Rio, em particular. A presença das Forças Armadas nos morros sempre provocou debates. Todos sabiam dos riscos, mas pouca gente imaginava um episódio de conluio tão rápido entre soldados do Exército e o tráfico de drogas.

O ocorrido tem todos os elementos de uma desordem institucional. O primeiro — e mais evidente — é o motivo da ida dos soldados para o Morro da Providência. O país não podia ter tolerado que a Força fosse usada para proteger um programa tão grosseiramente populista e eleitoreiro de um candidato da base do governo às próximas eleições municipais.

O primeiro erro é do governo federal, ao usar politicamente as Forças Armadas. O segundo é do próprio Exército, em aceitar passivamente o inaceitável. O ministro da Defesa deve um segundo pedido de desculpas: desta vez, ao país, por malbaratar os recursos institucionais que devem ser usados como último refúgio.

Há um debate sobre se o Exército pode ou não subir os morros cariocas. O argumento dos que são contra é o de que as Forças Armadas não são forças de policiamento urbano, não são preparadas para esta específica atividade, e, sim, para a guerra. Os que são a favor argumentam que é a elas que o país tem que recorrer quando o poder constituído perde o controle sobre uma parte do território, ameaçando a soberania nacional. Os dois lados têm bons pontos, mas é evidente que o que acontece no Rio vai além de um caso de policiamento urbano; é perda de controle de território para autoridades ilegítimas e tirânicas.

Seja como força policial, seja como defensores da soberania territorial, a atuação das Forças Armadas numa situação como a do Rio vai ser sempre arriscada. O economista Sérgio Besserman me explicou, recentemente, uma diferença importante: “Na Colômbia, os terroristas controlam um grande território com pouca população; no Rio, o tráfico de drogas controla pequenos territórios muito populosos.” Guardadas essas diferenças, há semelhanças nos dois casos. Como atuar numa área em que há tantos riscos de atingir a população?

O Exército vinha se preparando para ser força de atuação nas cidades em momentos específicos. Criou uma brigada especializada, com treinamento dedicado à delicada tarefa de enfrentar inimigos dentro de um espaço urbano, ou ser utilizada com força dissuasória. O Exército já atuou em inúmeras cidades, em momentos de greve da polícia, ou grave desordem pública. Não é a primeira vez, e eles tiveram tempo de se preparar para isso, pois os líderes militares sabem que eles são o refúgio derradeiro a que as autoridades democráticas devem e podem recorrer em diversos tipos de situação de descontrole e perigo. Hoje já não faz sentido o temor de que, uma vez fora dos quartéis, as forças armadas iriam querer o poder político. Portanto, não podem ficar intocadas nos quartéis. Em momentos específicos e na forma da lei, podem ser convocadas.

A ida ao Haiti é parte dessa preparação, segundo já ouvi de oficiais superiores. Lá, no contato direto com a população em situação de conflito urbano, com financiamento da ONU, os militares brasileiros enfrentariam a condição extrema e real para essa preparação necessária. Dois repórteres do “Extra”, Gabriela Moreira e Luis Alvarenga, acabam de passar quatro dias no Haiti. De lá trouxeram relatos que revelam um contraste: “Percebemos que há uma diferença crucial entre as ações policiais que acompanhamos no Rio e as do Brasil no Haiti. Em vez de correrem dos militares, as crianças do local corriam em direção aos militares.” O contraste foi tal que o jornal iniciou a série de reportagens sobre o Haiti com a seguinte manchete: Exército odiado na Providência; Exército amado no Haiti. Lá, as crianças lançando para os militares brasileiros sorrisos confiantes; aqui, a população de uma favela protestando agressiva na frente do prédio do Comando Militar. É o mesmo Exército! O que foi que aconteceu?

O que choca aqui é a rapidez com que se formou a aliança entre o crime e soldados do Exército. O que dói é a morte de três jovens, da mesma idade, da mesma cor, da maioria absoluta dos jovens vítimas de homicídio no Rio. O “presentinho” dado pelos 11 militares aos traficantes terminou na tragédia previsível: eles foram torturados, mutilados e mortos. Ao fim, jogados no lixo, no eloqüente sinal final de quanto vale a vida de um jovem pobre no Rio.

Em inúmeras pesquisas feitas nos últimos anos, as Forças Armadas constam como a instituição na qual os brasileiros mais confiam, acima da imprensa, da Igreja; muito acima do governo e do Congresso. Elas se orgulham disso, e os generais costumam mostrar a quem os visita os dados da confiança da população.

E agora? Além de punir os militares, além de tirar o Exército dessa operação específica que era uma anomalia, o que o país vai fazer? É isso que desconcerta. As Forças Armadas, de fato, não são polícia, mas têm que continuar sendo o último recurso quando o país se sente em perigo. Seu uso não pode ser banalizado, jamais politizado, mas não pode também ser impedido. As Forças Armadas não podem ser uma instituição mítica, cara e neutralizada. A rapidez com que alguns dos seus quadros foram corrompidos e entraram em conluio com o crime foi desconcertante. O episódio é gravíssimo e, sobre ele, devem se debruçar os líderes militares para descobrir a origem dos erros que jamais podem ser de novo cometidos.

Troféu Dia da Imprensa

Pelo terceiro ano consecutivo, em comemoração ao "Dia da Imprensa", o Portal IMPRENSA realiza o "Troféu Dia da Imprensa", destinado a reconhecer o trabalho das redações jornalísticas de veículos de comunicação brasileiros. A premiação tem como objetivo premiar os destaques no jornalismo por meio de indicação e votação públicas.

A votação começou no dia 16 de junho, e vai até o dia 10 de julho.

As categorias para votação são:
melhor jornal diário de TV aberta,
melhor programa jornalístico de TV Aberta,
melhor programa jornalístico em TV Paga,
melhor jornal diário impresso,
melhor emissora jornalística de rádio,
melhor blog de jornalismo e/ou jornalista,
melhor site de notícias,
melhor revista semanal de informação,
melhor Revista segmentada e/ou dirigida,
além da categoria especial, Troféu Dia da Imprensa - Prêmio Especial.

Desde já expresso minha preferência de MELHOR EMISSORA JORNALÍSTICA DE RÁDIO:
Rádio CBN.

Basta clicar no link abaixo e votar.
http://www.trofeudiadaimprensa.com.br/2008_2fase_votacao_5categoria.asp

Está aberta a campanha eleitoral

Depois de formadas as alianças, necessárias para o primeiro turno, agora é hora de pensar nas melhores estratégias de convencimento para o eleitorado brasileiro.

As conjunturas políticas são mais interessantes no chamado "Triãngulo das Bermudas" - Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte - as três principais capitais brasileiras onde o Governo Federal se perde por completo.

No Rio, teremos uma disputa muito fragmentada, pois os candidatos estão buscando a individualidade partidária e montando uma variedade de partidos líderes para a campanha desse ano.

Já em Belo Horizonte, observa-se a hegemonia em que todos os partidos estão em volta do governador Aécio Neves (PSDB-MG), isto é, toda e qualquer formação política passa pelo conhecimento do governador. Interessantemente, isso ocorre tanto na base aliada quanto na oposição.

Por fim, em São Paulo, encontramos uma disputa realmente polarizada, de uma lado o PSDB e de outro o PT, ali temos a mesma situação que se refere ao Governo Federal.

Em suma, será uma disputa eleitoral interessantíssima e estaremos sempre de olho nas principais articulações políticas, pois a partir de agora está aberta a temporada de campanha eleitoral para as Eleições Municipais de 2008.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

É hora de começar as articulações

Este final de semana foi marcado por inúmeras convenções partidárias.

São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Porto Alegre e Salvador foram umas das principais capitais do país que houveram articulações e formação de chapas.

Prefeitos, vice-prefeitos e vereadores foram levados aos palanques para mostrarem-se ao público "fiel e presente".

Em São Paulo, PSDB declarou Geraldo Alckimin como candidato à Prefeitura da capital.

No Rio, PT, PMDB e PV lançam Molon, Eduardo Paes e Fernado Gabeira, respectivamente.

Já em Fortaleza, sem muita surpresa, o nome colocado pelo PDT foi o de Patricia Saboya.

PC do B com Manuela D'Ávila enquanto o PSOL ratifica Luciana Genro, em Porto Alegre.

Essas são algumas das formações políticas para as Eleições Municipais de 2008.

Agora, fazendo uma análise especulativa da semana, temos que no Congresso será votado o último destaque da proposta da CSS.

No Senado, as excelências já declararam que como essa semana é começo das festividades juninas teremos um expediente meio às degas, o recesso branco.

Na economia, a luta contra o fantasma da inflação continuará.

Em suma, será uma semana pouco movimentada.