Os juros básicos da economia caíram hoje para um dígito, o que não acontece no Brasil há mais de 30 anos. O Banco Central (Bacen) cortou a Selic em 1,0 ponto percentual, reduzindo a taxa para 9,25% ao ano. Hoje foi um dia histórico. Juros de um dígito inexistem no país desde o governo militar, quando a inflação era muito baixa. Depois, no próprio governo militar, a inflação subiu e os juros, também. Nunca saíram das alturas. Os juros agora estão caindo.
Esse corte não se resume a crise. Os juros iam cair de qualquer forma. O Banco Central não vai reagir porque o PIB do primeiro trimestre, divulgado ontem pelo IBGE, não caiu tanto quanto se temia. Nós merecemos, fizemos muito dever de casa. Existe quem acha, inclusive, que isso poderia ter acontecido há mais tempo. O Brasil tem juros cronicamente altos.
A Selic é a taxa básica de juros. Não é a que regula, por exemplo, a tomada de empréstimos bancários e de empresas. Mas é a taxa básica da economia, que orienta as outras taxas. É importante que ela caia, o que significa ainda que o governo vai gastar menos com pagamento da dívida.
O mundo pode não entender essa alegria. Todo mundo tem juros de um dígito há milênios. Mas, para nós, é uma absoluta novidade.
Neste semestre, a produção industrial brasileira apresentou uma queda de 14% contra o mesmo mês do ano passado. A produção industrial, normalmente, dá uma pista do desempenho do PIB. Existe a esperança que, comparado ao primeiro trimestre, o segundo trimestre tenha uma pequena recuperação.
A crise pode ter acelerado a redução da taxa básica de juros pelo Banco Central (Bacen), mas o momento histórico que vivemos hoje, com uma Selic abaixo dos 10% ao ano, vem sendo construído há muitos anos. Surge agora uma grande questão: o Brasil tem condições de manter os juros em um dígito? Eu acredito que sim.
A economia brasileira é menos vulnerável do que antes. E isso vem sendo construído há anos, resultado de muitas mudanças e opções feitas pelo país.
Durante o período em que foi oposição, PT entrou na Justiça contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. Era contra o Plano Real e criticava o regime de metas de inflação. Mas depois o governo Lula manteve políticas que garantiram a estabilização.
O câmbio flutuante também foi um conquista, após quatro anos de um regime de câmbio fixo para derrubar a inflação. Ao chegar ao poder, Lula manteve o câmbio flutuante.
No final do governo Fernando Henrique, quando estava claro que Lula ganharia as eleições, o então ministro da Fazenda, Pedro Malan, declarou que o importante não era o partido que chegaria ao poder, mas o projeto em curso. Que a moeda forte era uma decisão da sociedade.
O mérito foi um governo acompanhar o outro. O Itamar Franco era contra a abertura da economia conduzida pelo presidente Collor, mas não a revogou quando assumiu a presidência. Foi uma caminhada longa demais.
O governador José Serra disse o tempo todo que os juros poderiam cair mais cedo. As coisas não são exatamente, portanto, preto no branco, PSDB e PT.
Atualmente, a Selic do Brasil é a mesma que a da Turquia, 9,25%.
Hoje é, portanto, o dia histórico para a economia brasileira comemorar!
quarta-feira, 10 de junho de 2009
O que representa a Selic na prática
O Globo
As elevações e as quedas na Taxa Selic afetam a vida dos cidadãos de várias maneiras:
- Emprego: com dinheiro mais barato, as empresas conseguem investir mais, criando e mantendo empregos.
- Crédito: quando a Selic cai, isso abre o caminho para os bancos e as financeiras reduzirem os juros para o consumidor, mesmo que isso demore. Podem cair as taxas de cartões de crédito, cheque especial e crédito direto ao consumidor.
- Investimentos: o patamar da Selic determina os rendimentos das aplicações em renda fixa. Quanto menor a taxa, menos retorno dão essas aplicações.
As elevações e as quedas na Taxa Selic afetam a vida dos cidadãos de várias maneiras:
- Emprego: com dinheiro mais barato, as empresas conseguem investir mais, criando e mantendo empregos.
- Crédito: quando a Selic cai, isso abre o caminho para os bancos e as financeiras reduzirem os juros para o consumidor, mesmo que isso demore. Podem cair as taxas de cartões de crédito, cheque especial e crédito direto ao consumidor.
- Investimentos: o patamar da Selic determina os rendimentos das aplicações em renda fixa. Quanto menor a taxa, menos retorno dão essas aplicações.
Nota do Copom
Ao final da reunião, o Copom divulgou o seguinte comunicado:
"Tendo em vista as perspectivas para a inflação em relação à trajetória de metas, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 9,25% ao ano, sem viés, por seis votos a favor e dois votos pela redução da taxa Selic em 0,75 ponto percentual. Levando em conta que mudanças da taxa básica de juros têm efeitos sobre a atividade econômica e sobre a dinâmica inflacionária que se acumulam ao longo do tempo, o Comitê concorda que qualquer flexibilização monetária adicional deverá ser implementada de maneira mais parcimoniosa. O Copom acompanhará atentamente a evolução do cenário prospectivo para a inflação até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos da estratégia de política monetária".
A próxima reunião do Copom está agendada para 21 e 22 de julho.
"Tendo em vista as perspectivas para a inflação em relação à trajetória de metas, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 9,25% ao ano, sem viés, por seis votos a favor e dois votos pela redução da taxa Selic em 0,75 ponto percentual. Levando em conta que mudanças da taxa básica de juros têm efeitos sobre a atividade econômica e sobre a dinâmica inflacionária que se acumulam ao longo do tempo, o Comitê concorda que qualquer flexibilização monetária adicional deverá ser implementada de maneira mais parcimoniosa. O Copom acompanhará atentamente a evolução do cenário prospectivo para a inflação até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos da estratégia de política monetária".
A próxima reunião do Copom está agendada para 21 e 22 de julho.
Selic tem taxa de um dígito pela 1ª vez na história, a 9,25%
Copom surpreende mercado e mantém ritmo de corte de juros, reduzindo a Selic em um ponto porcentual
Agência Estado
SÃO PAULO - O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu cortar a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto porcentual, de 10,25% ao ano para 9,25% ao ano, sem viés. A decisão foi tomada por 6 votos a favor de 1 ponto e dois votos, pela redução de 0,75 ponto porcentual. É a primeira vez desde que a Selic foi criada, em 1986, que ela fica em um dígito.
Na reunião anterior, em 29 de abril, o corte também havia sido de 1 ponto porcentual. Em 11 de março, a redução dos juros foi mais agressiva, de 1,5 ponto, e na primeira reunião do ano, em 21 de janeiro, a taxa caíra 1 ponto. Neste ano, portanto, o juro básico acumula uma redução de 4,5 pontos porcentuais.
Em nota à imprensa divulgada após a decisão, o BC sinaliza que deve reduzir o ritmo dos cortes nas próximas reuniões. "Levando em conta que mudanças da taxa básica de juros têm efeitos sobre a atividade econômica e sobre a dinâmica inflacionária que se acumulam ao longo do tempo, o Comitê concorda que qualquer flexibilização monetária adicional deverá ser implementada de maneira mais parcimoniosa", diz o texto.
Na nota, o BC afirma que "acompanhará atentamente a evolução do cenário prospectivo para a inflação até a sua próxima reunião, para então definir os próximos passos da estratégia de política monetária".
Surpresa
A maioria dos economistas do mercado financeiro acreditava que o BC teria uma postura menos agressiva na decisão desta quarta, porém ainda de corte na taxa básica de juros. Conforme levantamento feito pela Agência Estado com 60 instituições, antes das divulgações do relatório de emprego nos EUA e do PIB no Brasil, mais da metade, ou 41, trabalhava com uma expectativa de redução de 0,75 ponto porcentual, contra um grupo de 16 instituições que ainda via espaço para uma redução de um ponto porcentual na Selic e apenas três economistas com estimativa mais conservadora, de diminuição de 0,50 ponto porcentual.
Na terça-feira, após a divulgação do PIB do primeiro trimestre - com taxa negativa, mas não tão ruim quanto as previsões -, o mercado eliminou apostas mais agressivas de corte de juros (de 1 ponto porcentual) e fez as fichas convergirem para a de redução de 0,75 ponto porcentual. Mas acabou sendo surpreendido pelo BC.
O Copom voltará a se reunir para decidir sobre a taxa básica de juros nos dias 21 e 22 de julho deste ano. A ata com as explicações da decisão de hoje será divulgada pelo Banco Central na quinta-feira da próxima semana (dia 18 de junho).
Agência Estado
SÃO PAULO - O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu cortar a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto porcentual, de 10,25% ao ano para 9,25% ao ano, sem viés. A decisão foi tomada por 6 votos a favor de 1 ponto e dois votos, pela redução de 0,75 ponto porcentual. É a primeira vez desde que a Selic foi criada, em 1986, que ela fica em um dígito.
Na reunião anterior, em 29 de abril, o corte também havia sido de 1 ponto porcentual. Em 11 de março, a redução dos juros foi mais agressiva, de 1,5 ponto, e na primeira reunião do ano, em 21 de janeiro, a taxa caíra 1 ponto. Neste ano, portanto, o juro básico acumula uma redução de 4,5 pontos porcentuais.
Em nota à imprensa divulgada após a decisão, o BC sinaliza que deve reduzir o ritmo dos cortes nas próximas reuniões. "Levando em conta que mudanças da taxa básica de juros têm efeitos sobre a atividade econômica e sobre a dinâmica inflacionária que se acumulam ao longo do tempo, o Comitê concorda que qualquer flexibilização monetária adicional deverá ser implementada de maneira mais parcimoniosa", diz o texto.
Na nota, o BC afirma que "acompanhará atentamente a evolução do cenário prospectivo para a inflação até a sua próxima reunião, para então definir os próximos passos da estratégia de política monetária".
Surpresa
A maioria dos economistas do mercado financeiro acreditava que o BC teria uma postura menos agressiva na decisão desta quarta, porém ainda de corte na taxa básica de juros. Conforme levantamento feito pela Agência Estado com 60 instituições, antes das divulgações do relatório de emprego nos EUA e do PIB no Brasil, mais da metade, ou 41, trabalhava com uma expectativa de redução de 0,75 ponto porcentual, contra um grupo de 16 instituições que ainda via espaço para uma redução de um ponto porcentual na Selic e apenas três economistas com estimativa mais conservadora, de diminuição de 0,50 ponto porcentual.
Na terça-feira, após a divulgação do PIB do primeiro trimestre - com taxa negativa, mas não tão ruim quanto as previsões -, o mercado eliminou apostas mais agressivas de corte de juros (de 1 ponto porcentual) e fez as fichas convergirem para a de redução de 0,75 ponto porcentual. Mas acabou sendo surpreendido pelo BC.
O Copom voltará a se reunir para decidir sobre a taxa básica de juros nos dias 21 e 22 de julho deste ano. A ata com as explicações da decisão de hoje será divulgada pelo Banco Central na quinta-feira da próxima semana (dia 18 de junho).
terça-feira, 9 de junho de 2009
BBC Brasil
Entenda o que a recessão técnica significa para a economia brasileira
Os dados sobre o PIB (Produto Interno Bruto) divulgados nesta terça-feira indicam que o Brasil entrou em recessão técnica, caracterizada por dois trimestres consecutivos de queda (em relação ao trimestre anterior).
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o PIB do primeiro trimestre deste ano caiu 0,8% em relação aos últimos três meses de 2008, quando já havia recuado 3,6% em comparação com o terceiro trimestre.
Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, a queda foi de 1,8%.
Apesar dos números negativos, analistas afirmam que a economia brasileira apresenta sinais de recuperação e que o PIB vai voltar a crescer já neste segundo trimestre, encerrando o período de recessão técnica.
Abaixo, a BBC Brasil responde a algumas perguntas sobre os motivos que levaram a economia brasileira a entrar em recessão técnica e os sinais de recuperação já existentes.
Como o PIB é calculado?
O PIB representa a soma das riquezas produzidas pelo país. Quando o PIB é analisado pela ótica de quem produz essas riquezas, entram no cálculo os resultados da indústria (que respondem por 30% do total), serviços (65%) e agropecuária (5%).
Outra maneira de medir o PIB é pela ótica da demanda, ou seja, de quem compra essas riquezas. Nesse caso, são considerados o consumo das famílias (60%), o consumo do governo (20%), os investimentos do governo e de empresas privadas (18%) e a soma das exportações e das importações (2%). Esses dois cálculos devem sempre chegar ao mesmo resultado.
O PIB é um indicador para medir a atividade econômica do país. Quando há queda de dois trimestres consecutivos no PIB, a economia está em recessão técnica.
O que levou o Brasil a entrar em recessão técnica?
A recessão é caracterizada por uma forte queda no crescimento de uma economia e é definida por um conjunto de indicadores. O termo "recessão técnica" é um jargão usado por economistas para definir um período de dois trimestres consecutivos de queda no PIB.
Os dois trimestres consecutivos de queda no PIB brasileiro foram um reflexo da crise econômica mundial, que se agravou a partir de setembro de 2008 e levou vários países a entrar em recessão.
Que setores foram os principais responsáveis pela queda do PIB?
Indústria e comércio exterior foram alguns dos setores da economia brasileira mais afetados pela crise, segundo economistas consultados pela BBC Brasil.
No primeiro caso, o destaque negativo foi para a indústria de bens de capital, que reflete a intenção de investir, diz o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges.
A economista Marcela Prada, da Tendências Consultoria, afirma que, a partir do quarto trimestre do ano passado houve uma reversão da forte alta nos investimentos que vinha ocorrendo até o terceiro trimestre.
Que setores tiveram desempenho melhor?
Segundo o economista Bráulio Borges, o consumo das famílias foi o que evitou uma queda mais pronunciada do PIB brasileiro. Esse indicador responde por 60% do PIB e considera consumo de bens e de serviços, como educação e saúde, por exemplo.
De acordo com o IBGE, as despesas de consumo das famílias tiveram crescimento de 0,7% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o quarto trimestre de 2008.
O consumo do governo também se manteve em crescimento, apesar da crise.
Quais os sinais de recuperação da economia brasileira?
O consumo familiar deve puxar a recuperação da economia brasileira, segundo economistas entrevistados pela BBC Brasil.
De acordo com Borges, medidas adotadas pelo governo, com redução da taxa de juros e a normalização do crédito a pessoa física deverão impulsionar o consumo.
"A confiança vem se recuperando", diz a economista Marcela Prada. Segundo ela, porém, o consumo interno não é o suficiente para que o Brasil volte a crescer no patamar de antes da crise.
No caso dos investimentos, o economista da LCA afirma que ainda não há sinal claro de retomada, mas isso deve ocorrer ao longo do ano.
"Acho que até o final do ano outros componentes vão mostrar recuperação", diz Borges.
A indústria vem se recuperando, mas ainda em ritmo lento. Borges afirma que dados recentes da indústria indicam que a ociosidade está diminuindo.
"Isso significa que a indústria está produzindo mais, que deve demitir menos e que pode voltar a investir mais à frente", diz Borges.
Quando o Brasil deverá voltar a crescer?
Os números divulgados pelo IBGE se referem ao período de janeiro a março. Segundo os analistas consultados pela BBC Brasil, neste segundo trimestre, que se encerra no final de junho, a economia brasileira já terá crescido.
"Estamos falando de uma situação até março deste ano. O Brasil estava em recessão técnica entre o quarto trimestre de 2008 e o primeiro trimestre de 2009. Mas já estamos no fim do segundo trimestre, nossa estimativa é de que o país já está saindo da recessão técnica", diz o economista-chefe da LCA.
A previsão dos economistas consultados pela BBC Brasil é de que o PIB vai voltar a crescer nos próximos três trimestres (na comparação com o período imediatamente anterior).
Alguns economistas afirmam que o PIB de 2009 já vai apresentar crescimento em relação a 2008. Outros analistas ainda prevêem um PIB negativo neste ano.
Na última pesquisa Focus, realizada pelo Banco Central com o mercado financeiro, a previsão era de queda de 0,71% no PIB em 2009.
Todos os consultados pela BBC Brasil, porém, afirmam que em 2010 a economia vai voltar a crescer. A previsão da Focus é de crescimento de 3,5% em 2010.
Um dos fatores apontados pelos analistas é a redução da taxa básica de juros, a Selic, que atualmente está em 10,25% ao ano.
A expectativa dos especialistas consultados pela BBC Brasil é de que o Banco Central mantenha o ritmo de cortes na Selic e chegue ao fim do ano com a taxa em torno de 9%.
Nesta quarta-feira, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central se reúne para decidir o rumo da taxa Selic.
Os dados sobre o PIB (Produto Interno Bruto) divulgados nesta terça-feira indicam que o Brasil entrou em recessão técnica, caracterizada por dois trimestres consecutivos de queda (em relação ao trimestre anterior).
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o PIB do primeiro trimestre deste ano caiu 0,8% em relação aos últimos três meses de 2008, quando já havia recuado 3,6% em comparação com o terceiro trimestre.
Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, a queda foi de 1,8%.
Apesar dos números negativos, analistas afirmam que a economia brasileira apresenta sinais de recuperação e que o PIB vai voltar a crescer já neste segundo trimestre, encerrando o período de recessão técnica.
Abaixo, a BBC Brasil responde a algumas perguntas sobre os motivos que levaram a economia brasileira a entrar em recessão técnica e os sinais de recuperação já existentes.
Como o PIB é calculado?
O PIB representa a soma das riquezas produzidas pelo país. Quando o PIB é analisado pela ótica de quem produz essas riquezas, entram no cálculo os resultados da indústria (que respondem por 30% do total), serviços (65%) e agropecuária (5%).
Outra maneira de medir o PIB é pela ótica da demanda, ou seja, de quem compra essas riquezas. Nesse caso, são considerados o consumo das famílias (60%), o consumo do governo (20%), os investimentos do governo e de empresas privadas (18%) e a soma das exportações e das importações (2%). Esses dois cálculos devem sempre chegar ao mesmo resultado.
O PIB é um indicador para medir a atividade econômica do país. Quando há queda de dois trimestres consecutivos no PIB, a economia está em recessão técnica.
O que levou o Brasil a entrar em recessão técnica?
A recessão é caracterizada por uma forte queda no crescimento de uma economia e é definida por um conjunto de indicadores. O termo "recessão técnica" é um jargão usado por economistas para definir um período de dois trimestres consecutivos de queda no PIB.
Os dois trimestres consecutivos de queda no PIB brasileiro foram um reflexo da crise econômica mundial, que se agravou a partir de setembro de 2008 e levou vários países a entrar em recessão.
Que setores foram os principais responsáveis pela queda do PIB?
Indústria e comércio exterior foram alguns dos setores da economia brasileira mais afetados pela crise, segundo economistas consultados pela BBC Brasil.
No primeiro caso, o destaque negativo foi para a indústria de bens de capital, que reflete a intenção de investir, diz o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges.
A economista Marcela Prada, da Tendências Consultoria, afirma que, a partir do quarto trimestre do ano passado houve uma reversão da forte alta nos investimentos que vinha ocorrendo até o terceiro trimestre.
Que setores tiveram desempenho melhor?
Segundo o economista Bráulio Borges, o consumo das famílias foi o que evitou uma queda mais pronunciada do PIB brasileiro. Esse indicador responde por 60% do PIB e considera consumo de bens e de serviços, como educação e saúde, por exemplo.
De acordo com o IBGE, as despesas de consumo das famílias tiveram crescimento de 0,7% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o quarto trimestre de 2008.
O consumo do governo também se manteve em crescimento, apesar da crise.
Quais os sinais de recuperação da economia brasileira?
O consumo familiar deve puxar a recuperação da economia brasileira, segundo economistas entrevistados pela BBC Brasil.
De acordo com Borges, medidas adotadas pelo governo, com redução da taxa de juros e a normalização do crédito a pessoa física deverão impulsionar o consumo.
"A confiança vem se recuperando", diz a economista Marcela Prada. Segundo ela, porém, o consumo interno não é o suficiente para que o Brasil volte a crescer no patamar de antes da crise.
No caso dos investimentos, o economista da LCA afirma que ainda não há sinal claro de retomada, mas isso deve ocorrer ao longo do ano.
"Acho que até o final do ano outros componentes vão mostrar recuperação", diz Borges.
A indústria vem se recuperando, mas ainda em ritmo lento. Borges afirma que dados recentes da indústria indicam que a ociosidade está diminuindo.
"Isso significa que a indústria está produzindo mais, que deve demitir menos e que pode voltar a investir mais à frente", diz Borges.
Quando o Brasil deverá voltar a crescer?
Os números divulgados pelo IBGE se referem ao período de janeiro a março. Segundo os analistas consultados pela BBC Brasil, neste segundo trimestre, que se encerra no final de junho, a economia brasileira já terá crescido.
"Estamos falando de uma situação até março deste ano. O Brasil estava em recessão técnica entre o quarto trimestre de 2008 e o primeiro trimestre de 2009. Mas já estamos no fim do segundo trimestre, nossa estimativa é de que o país já está saindo da recessão técnica", diz o economista-chefe da LCA.
A previsão dos economistas consultados pela BBC Brasil é de que o PIB vai voltar a crescer nos próximos três trimestres (na comparação com o período imediatamente anterior).
Alguns economistas afirmam que o PIB de 2009 já vai apresentar crescimento em relação a 2008. Outros analistas ainda prevêem um PIB negativo neste ano.
Na última pesquisa Focus, realizada pelo Banco Central com o mercado financeiro, a previsão era de queda de 0,71% no PIB em 2009.
Todos os consultados pela BBC Brasil, porém, afirmam que em 2010 a economia vai voltar a crescer. A previsão da Focus é de crescimento de 3,5% em 2010.
Um dos fatores apontados pelos analistas é a redução da taxa básica de juros, a Selic, que atualmente está em 10,25% ao ano.
A expectativa dos especialistas consultados pela BBC Brasil é de que o Banco Central mantenha o ritmo de cortes na Selic e chegue ao fim do ano com a taxa em torno de 9%.
Nesta quarta-feira, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central se reúne para decidir o rumo da taxa Selic.
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