Depois de lançar a ministra Dilma Roussef como a “mãe do PAC”, para tentar viabilizar nacionalmente o seu nome e ver como ela se sai como candidata a candidata, Lula começou ontem a testar o ministro Patrus Ananias.
Grande cerimônia comemorou os quatro anos do Ministério do Desenvolvimento Social.
Diante de 16 ministros entre os quase 1.300 convidados, o próprio presidente Lula revelou a verdadeira razão da festa, ao comentar, no fim do discurso que, se todos os seus ministros decidirem comemorar aniversário de ministério, ele (Lula) não fará outra coisa a não ser comparecer a festas.
(Também, com quase 40 ministros...)
O ministro Patrus Ananias fez discurso de candidato.
Falou mais do que o presidente, uma tremenda gafe, mas como este é um governo muito informal, ninguém reparou.
O Ministério do Desenvolvimento Social tem números muito robustos a apresentar.
Atualmente, 25% das famílias brasileiras, isto é, cerca de 11 milhões de famílias, recebem o Bolsa-Família.
Esses dados só corroboram o fato de que o Bolsa-Família é a mais formidável máquina de fabricar de votos jamais inventada no país.
Segundo o IBGE, o crescimento de 5,4% do PIB em 2007, anunciado ontem – e comemorado, com justos motivos, pelo governo – está fortemente apoiado na expansão do consumo das famílias e na expansão do crédito.
Não sem razão, o presidente associa o aumento do consumo ao Bolsa-Família (“o pobre está comendo mais”, segundo ele).
Consciente da importância eleitoral do programa, o governo Lula editou nos últimos dia de dezembro de 2007 uma Medida Provisória estendendo o benefício a jovens entre 15 e 17 anos, que estejam matriculados na escola.
Ou seja, eleitores certos em 2010.
A MP contornou, assim, as restrições da lei eleitoral, que impede adoção de programas assistencialistas a partir de 2 de janeiro do ano eleitoral. Como se vê, o governo Lula não está de brincadeira.
O próximo a ser testado é o ministro da Educação, Fernando Haddad, que lança um concurso para contratar quase 50 mil professores no país todo.
No ano passado foi lançado o PAC da Educação, que não teve muita repercussão, mas sempre pode ser requentado.
É perfeitamente razoável que o presidente Lula queira fazer o sucessor.
É também razoável que o PT queira capitalizar sua popularidade e apresentar candidato à eleição de 2010.
Entretanto, mais do que nomes, o que o presidente Lula está testando é a sua própria capacidade de transferir votos para o seu candidato.
Lula tem uma espécie de contrato pessoal com as massas, sobretudo com a clientela do Bolsa-Família.
A massa se identifica com ele, se reconhece nele, confia nele.
Apesar dessa imensa popularidade, o presidente não conseguiu reeleger a ex-prefeita Marta Suplicy.
Não consegue eleger o prefeito de São Bernardo do Campo.
(Nas eleições de outubro, seu filho é candidato a vereador em São Bernardo. Vamos acompanhar.)
Conseguirá o presidente Lula transferir pelo menos parte deste enorme patrimônio eleitoral, patrimônio maciço, verdadeiro, para seu candidato?
Este é o grande mistério que Lula tentará decifrar nos próximos dois anos.
quinta-feira, 13 de março de 2008
quarta-feira, 12 de março de 2008
Governo Lula precisa articular a base aliada
Ontem, o presidente Lula reuniu o Conselho Político e distribuiu pancadas a torto e a direito.
Relatos de participantes do encontro dão conta da irritação do presidente da República com o Congresso.
Segundo a maioria dos participantes, o presidente Lula “exige a aprovação do orçamento”.
Uma primeira leitura nos levaria à conclusão de que o presidente estaria interferindo indevidamente nas atividades do Poder Legislativo.
Duas semanas atrás, o presidente reclamou que o ministro Marco Aurélio Melo, do STF, estaria interferindo nos trabalhos do Poder Executivo.
Mas uma observação mais atenta pode ajudar a entender o atual momento político.
Afinal, o que disse o presidente da República?
Primeiro, que acabou a fase de distribuição de cargos e que está na hora de aprovar os temas de interesse do governo.
O presidente está coberto de razão. Para compor uma base aliada que conta com cerca de 380 deputados, o presidente negociou tudo e qualquer coisa.
Esquartejou a administração pública, subdividiu ministérios, criou secretarias absolutamente desnecessárias, entregou as jóias da coroa da máquina pública aos partidos aliados, permitiu o aparelhamento de ministérios e departamentos.
Cedeu à chantagem do baixo clero da Câmara e do Senado, acomodou companheiros inexperientes, quando não francamente incompetentes na administração pública brasileira.
Liberou emendas parlamentares para ONGs, fundações de parentes, pontes que ligam o nada a lugar nenhum.
Atendeu a tudo e a todos. Agora quer colher o que plantou.
O presidente Lula quer que a base aliada se comporte como base aliada.
Que vote os projetos de interesse do governo. Simples assim.
Segundo, o presidente declarou que é inaceitável o governo ter maioria e ficar a reboque da oposição.
Mais uma vez, ponto para o presidente Lula. Quem tem maioria, põe sua maioria no plenário e vota.
O que não pode acontecer é o governo permitir a rebelião de sua base e depois cobrar patriotismo da oposição.
Quem tem que votar com o governo é a base aliada, e não a oposição.
Nos palanques da vida, o presidente Lula pode esbravejar contra a oposição. É da vida política.
Mas em reunião com seu Conselho Político, o presidente sabe direitinho a quem endereçar sua bronca, seus pitos, seus puxões de orelha.
Claro que a atuação de seus articuladores políticos no Congresso continua muito ineficiente.
O ministro José Múcio é deputado e não lidera senadores. Os senadores da base aliada votam como querem, ausentam-se das votações para derrubar o quórum...
O senador Romero Jucá é acusado de só pensar no PMDB e a senadora Roseana Sarney, acusada de se ausentar nos momentos críticos.
Portanto, o presidente continua sozinho. Sem articuladores e à mercê da chantagem da base aliada.
Não surpreende a irritação do presidente Lula.
Relatos de participantes do encontro dão conta da irritação do presidente da República com o Congresso.
Segundo a maioria dos participantes, o presidente Lula “exige a aprovação do orçamento”.
Uma primeira leitura nos levaria à conclusão de que o presidente estaria interferindo indevidamente nas atividades do Poder Legislativo.
Duas semanas atrás, o presidente reclamou que o ministro Marco Aurélio Melo, do STF, estaria interferindo nos trabalhos do Poder Executivo.
Mas uma observação mais atenta pode ajudar a entender o atual momento político.
Afinal, o que disse o presidente da República?
Primeiro, que acabou a fase de distribuição de cargos e que está na hora de aprovar os temas de interesse do governo.
O presidente está coberto de razão. Para compor uma base aliada que conta com cerca de 380 deputados, o presidente negociou tudo e qualquer coisa.
Esquartejou a administração pública, subdividiu ministérios, criou secretarias absolutamente desnecessárias, entregou as jóias da coroa da máquina pública aos partidos aliados, permitiu o aparelhamento de ministérios e departamentos.
Cedeu à chantagem do baixo clero da Câmara e do Senado, acomodou companheiros inexperientes, quando não francamente incompetentes na administração pública brasileira.
Liberou emendas parlamentares para ONGs, fundações de parentes, pontes que ligam o nada a lugar nenhum.
Atendeu a tudo e a todos. Agora quer colher o que plantou.
O presidente Lula quer que a base aliada se comporte como base aliada.
Que vote os projetos de interesse do governo. Simples assim.
Segundo, o presidente declarou que é inaceitável o governo ter maioria e ficar a reboque da oposição.
Mais uma vez, ponto para o presidente Lula. Quem tem maioria, põe sua maioria no plenário e vota.
O que não pode acontecer é o governo permitir a rebelião de sua base e depois cobrar patriotismo da oposição.
Quem tem que votar com o governo é a base aliada, e não a oposição.
Nos palanques da vida, o presidente Lula pode esbravejar contra a oposição. É da vida política.
Mas em reunião com seu Conselho Político, o presidente sabe direitinho a quem endereçar sua bronca, seus pitos, seus puxões de orelha.
Claro que a atuação de seus articuladores políticos no Congresso continua muito ineficiente.
O ministro José Múcio é deputado e não lidera senadores. Os senadores da base aliada votam como querem, ausentam-se das votações para derrubar o quórum...
O senador Romero Jucá é acusado de só pensar no PMDB e a senadora Roseana Sarney, acusada de se ausentar nos momentos críticos.
Portanto, o presidente continua sozinho. Sem articuladores e à mercê da chantagem da base aliada.
Não surpreende a irritação do presidente Lula.
terça-feira, 11 de março de 2008
Mais um prefeito fluminense
O prefeito de Campos dos Goytacazes, Alexandre Mocaiber (PSB), foi afastado do cargo, por um período de 180 dias, devido a irregularidades em licitações públicas da prefeitura, atendendo a um pedido da Procuradoria Geral da República.
A Polícia Federal prendeu 14 acusados de participar do esquema de fraude para contratação de funcionários terceirizados para obras emergenciais no município do Norte Fluminense, na manhã desta terça-feira.
Entre os presos estão secretários municipais, empreiteiros e funcionários do segundo escalão da Prefeitura de Campos.
A fraude teria causado um prejuízo de R$ 240 milhões aos cofres públicos.
Mocaiber é acusado de envolvimento na fraude. Ele assumiu o comando do município após derrotar o peemedebista Geraldo Pudim, que tinha o apoio do ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PMDB).
Quem assume a prefeitura é o vice-prefeito Roberto Henriques, que rompeu recentemente com Mocaiber e hoje está no PMDB.
Além do prefeito, entre os alvos dos mandados estão o procurador do município de Campos, Alex Pereira Santos, os secretários municipais de Obras, José Luiz Púglia, e de Fazenda, Carlos Edmundo Ribeiro. Este último estaria no exterior.
O assessor do prefeito de Campos, Edilson Quintanilha, o coordenador de bolsas de estudo da prefeitura, Francisco de Assis Martins, e um empresário foram presos.
Dois diretores da Fundação José Pelúcio, Ricardo Pimentel, e um homem identificado apenas como Marcos, também foram presos no Rio.
Um avião da PF está no Aeroporto de Campos para levar todos os presos para o Rio.
Cerca de 150 agentes da PF participam da Operação Telhado de Vidro, que visa a cumprir 20 mandados de prisão na cidade.
A ação é resultado de um processo judicial que apura irregularidades na contratação para a realização de obras emergenciais no município.
As investigações duraram mais de oito meses e envolvem principalmente fraudes em licitações públicas. Campos é a cidade com maior orçamento no interior do estado.
Os agentes da Polícia Federal chegaram a Campos num avião. A primeira incursão foi na casa do prefeito de Campos.
Eles invadiram a residência de Alexandre Mocaiber com mandados de busca e apreensão, mas o prefeito não foi encontrado.
A esposa de Mocaiber, Cristina, teria agredido um repórter da TV Globo que acompanhava a ação.
A Polícia Federal prendeu 14 acusados de participar do esquema de fraude para contratação de funcionários terceirizados para obras emergenciais no município do Norte Fluminense, na manhã desta terça-feira.
Entre os presos estão secretários municipais, empreiteiros e funcionários do segundo escalão da Prefeitura de Campos.
A fraude teria causado um prejuízo de R$ 240 milhões aos cofres públicos.
Mocaiber é acusado de envolvimento na fraude. Ele assumiu o comando do município após derrotar o peemedebista Geraldo Pudim, que tinha o apoio do ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PMDB).
Quem assume a prefeitura é o vice-prefeito Roberto Henriques, que rompeu recentemente com Mocaiber e hoje está no PMDB.
Além do prefeito, entre os alvos dos mandados estão o procurador do município de Campos, Alex Pereira Santos, os secretários municipais de Obras, José Luiz Púglia, e de Fazenda, Carlos Edmundo Ribeiro. Este último estaria no exterior.
O assessor do prefeito de Campos, Edilson Quintanilha, o coordenador de bolsas de estudo da prefeitura, Francisco de Assis Martins, e um empresário foram presos.
Dois diretores da Fundação José Pelúcio, Ricardo Pimentel, e um homem identificado apenas como Marcos, também foram presos no Rio.
Um avião da PF está no Aeroporto de Campos para levar todos os presos para o Rio.
Cerca de 150 agentes da PF participam da Operação Telhado de Vidro, que visa a cumprir 20 mandados de prisão na cidade.
A ação é resultado de um processo judicial que apura irregularidades na contratação para a realização de obras emergenciais no município.
As investigações duraram mais de oito meses e envolvem principalmente fraudes em licitações públicas. Campos é a cidade com maior orçamento no interior do estado.
Os agentes da Polícia Federal chegaram a Campos num avião. A primeira incursão foi na casa do prefeito de Campos.
Eles invadiram a residência de Alexandre Mocaiber com mandados de busca e apreensão, mas o prefeito não foi encontrado.
A esposa de Mocaiber, Cristina, teria agredido um repórter da TV Globo que acompanhava a ação.
O Orçamento caduca
Durante reunião do Conselho Político, nesta manhã, o presidente Lula conclamou a base parlamentar a votar logo o Orçamento da União de 2008 e avisou aos partidos aliados que o processo de distribuição de cargos no governo está encerrado.
- O governo está completo - disse ele, acrescentando que não existe cargo para todos “nem nunca existiu”.
O aviso do presidente Lula foi entendido como uma advertência de que quer a base unida para votar o Orçamento da União nesta quarta-feira, pois ele afirmou:
- O processo de cargos está encerrado; agora é voto. Quem não quiser votar é porque não quer ficar no governo - disse o presidente, indicando que aquele que não estiver com o governo deverá devolver os cargos, segundo a interpretaçao dos al
A aprovação do Orçamento da União está com atraso de dois meses e o presidente Lula disse que isso já está prejudicando o cronograma das obras do PAC e também a execução de políticas do governo.
Até agora, disse a senadora Ideli Salvatti, o governo resistiu à idéia de editar medidas provisórias com complementação orçamentária. Mas se houver mais atrasos, isso será inevitável.
- O governo está completo - disse ele, acrescentando que não existe cargo para todos “nem nunca existiu”.
O aviso do presidente Lula foi entendido como uma advertência de que quer a base unida para votar o Orçamento da União nesta quarta-feira, pois ele afirmou:
- O processo de cargos está encerrado; agora é voto. Quem não quiser votar é porque não quer ficar no governo - disse o presidente, indicando que aquele que não estiver com o governo deverá devolver os cargos, segundo a interpretaçao dos al
A aprovação do Orçamento da União está com atraso de dois meses e o presidente Lula disse que isso já está prejudicando o cronograma das obras do PAC e também a execução de políticas do governo.
Até agora, disse a senadora Ideli Salvatti, o governo resistiu à idéia de editar medidas provisórias com complementação orçamentária. Mas se houver mais atrasos, isso será inevitável.
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