sexta-feira, 26 de junho de 2009
CBN na Travessa
“Comida e sedução: do jiló ao caviar, a gastronomia é o melhor caminho para se viver bem”. Na próxima terça-feira, dia 30 de junho, das 20h às 21h, a crítica gastronômica Danusia Barbara estará na Livraria da Travessa do Barrashopping para falar sobre os prazeres da boa mesa. Comer bem está ao alcance de todos? Quais são os segredos de um prato impecável?
Danusia Barbara é o nome de referência da crítica gastronômica no Rio de Janeiro e seu guia de restaurantes já está na 21ª edição. Danusia também é comentarista da Rádio CBN, de segunda a sexta, no quadro CBN Sabores, que vai ao ar às 11h40min.
O talk show com Danusia Barbara na Travessa do Barrashopping integra a série de encontros “CBN na Travessa”, que se realiza sempre na última terça de cada mês. O evento é aberto ao público e a plateia é convidada a participar com perguntas.
quinta-feira, 25 de junho de 2009
O incomum
Míriam Leitão
Se uma coluna de economia vai abordar uma crise política, espera-se que ela pondere que a paralisia legislativa, decorrente do escândalo, seja ele qual for, impede decisões que ajudarão a enfrentar problemas econômicos. Mas não é isso que direi. Por um motivo simples: o governo não fez qualquer plano para enfrentar a crise internacional. Segue dando deduções de impostos à sua clientela.
Não há qualquer reforma significativa para se construir uma ponte a uma outra etapa da atividade econômica. Outras crises serviram para avançar. Esta não. O Congresso obviamente não vai votar nada de importante. Se quisesse, haveria reforma tributária realmente relevante para votar? Haveria modernização das relações trabalhistas para criar mais emprego formal? Haveria mudança na estrutura da Previdência que permitisse ao país reduzir o temor de colapso do sistema, diante do inevitável envelhecimento da população? Nada disso está sendo proposto.
O Congresso está minado. Há propostas para aumentar a área a ser desmatada da Amazônia; há um movimento para derrubar um veto presidencial que pode custar R$38 bilhões ao Tesouro; há uma negociação para acabar com o fator previdenciário, a meia sola que foi feita quando não se conseguiu fazer uma reforma da Previdência.
Esta crise política não é importante por razões econômicas, apesar de acontecer no meio de uma turbulência global. Ela é importante porque é política. E porque parece ter aprisionado o país num beco sem saída. O que fazer quando falta um ano e meio para eleições gerais e o Senado não se aguenta em pé? Esta semana caiu mais um diretor-geral da Casa, e as denúncias continuam diárias.
Por não haver saída, os escândalos na dimensão que aconteceram transformaram-se em crise institucional. E não há saída visível. No parlamentarismo, o primeiro-ministro poderia convocar eleições gerais.
O senador José Sarney (PMDB-AP) disse na semana passada um pedaço da verdade. A crise é do Senado, de fato. A outra parte da frase é falsa porque a crise é dele também. Dos dois. Difícil separa-los, pelo fato de Sarney estar na terceira presidência, pelo fato de ele ter pendurado parentes, contraparentes, amigos, parentes de amigos nos vários galhos dessa frondosa árvore. Porque Agaciel Maia é cria dele. Sarney é um símbolo tão completo da compulsão de tomar como privada a coisa pública que parece caricatura.
O que faz um homem rico, que tem uma ilha, uma mansão em frente ao mar e um sítio em área valorizada, aceitar "auxílio-moradia"? O que o faz, tendo empresas repletas de cargos e salários a preencher, pendurar sua parentela no Senado? É tão antiga essa compulsão que em 1986 a imprensa já publicava que a então jovem e sem mandato Roseana Sarney conseguira um emprego no Senado sem ter feito concurso (vejam no blog www.miriamleitao.com).
O que espanta é a falta de necessidade de tudo o que Sarney fez. Se ele precisasse e fizesse uso privado da coisa pública já seria um erro. Não precisando, é bizarro. O presidente Lula sugeriu que olhássemos o passado do senador. Ele tem um passado marcante. Por 25 anos foi um dos biombos civis de um regime que matou, torturou, censurou, cassou, fechou Congresso, e rasgou a Constituição. Sarney permaneceu fiel a ele. Esse é o passado que o distingue.
O que torna também sua biografia diferente é que ele teve uma saída honrosa. A história, generosa, pôs na frente dele uma porta de saída e ele se tornou o primeiro presidente civil e teve chance de ajudar a construir as instituições democráticas. A honra não lhe coube por méritos, mas pela fatalidade. Sarney tomou algumas decisões valiosas, outras nem tanto. Destacaria três feitos: o fim da conta de movimento do Banco do Brasil, que foi o primeiro passo para o avanço fiscal no país; a criação da Secretaria do Tesouro; a criação do Ibama. Seu programa do leite era puro assistencialismo, mas melhorou a saúde de milhões de crianças. Seu melhor programa de estabilização foi perdido por sua incapacidade de fazer o necessário ajuste fiscal.
Seria mais uma presidência, com erros e acertos, mas o que pesou contra foi sua insistência num quinto ano de mandato.
Até isso teria se desculpado se, ao final da extrema e imerecida honra de presidir o Brasil, tivesse ido tratar de bons afazeres, de preferência ajudando a resgatar o seu Maranhão do destino de pobreza, desigualdade e analfabetismo que o aprisiona desde sempre.
Não com cargos políticos, mas com doação do seu tempo e energia. Mas ele permaneceu no poder e foi neste tempo, de lá para cá, que montou as bases do atual compadrio, dos atos secretos, dos desvios inaceitáveis dos quais tantos senadores se aproveitam.
O Senado está doente. O país não se sente mais representado pelo Congresso. As iniciativas de reforma política são grotescas pelo despropósito. O voto em lista que vez por outra ronda a vida nacional é o aprofundamento da rapinagem. O roubo seria do próprio voto. O Senado que pense em propostas construtivas como a de acabar com o suplente, esta excrescência só comparável aos biônicos e que hoje domina pelo menos 20% da Casa. A crise do Senado e dos senadores é profunda. Séria. Incomum.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Jornal O Globo
DECRETOS SECRETOS
FATO: Atos administrativos secretos foram usados para nomear parentes, amigos, criar cargos e aumentar salários. Levantamento mostrou que mais de 600 decisões não foram publicadas. Na relação, aparecem as nomeações de parentes e afilhados de Sarney e da ex-presidente da Câmara Municipal de Murici (AL), ligada a Renan Calheiros. Também se descobriu que os atos secretos pagaram o salário de um mordomo da ex-senadora Roseana Sarney, reformas luxuosas e cirurgias estéticas.
PROVIDÊNCIA: O diretor-geral do Senado, Alexandre Gazineo, e o diretor de Recursos Humanos, Ralph Siqueira, foram exonerados dos seus cargos. Sarney anunciou a criação de uma comissão de sindicância acompanhada pelo Ministério Público (MP) e pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para investigar as denúncias.
AUXÍLIO-MORADIA
FATO: O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), admitiu que vinha recebendo R$ 3.800 de auxílio-moradia desde 2008. O benefício não deveria ser concedido a quem, como Sarney, tem moradia em Brasília.
PROVIDÊNCIA: Após pedir desculpas por primeiramente ter dito que nunca recebeu o auxílio, Sarney disse que mandou cortar o recebimento do benefício. Outros senadores que também receberam o auxílio vão devolver o dinheiro em parcelas mensais de 10% do salário até efetuar o pagamento em sua totalidade.
ZOGHBI E A BABÁ COMO LARANJA
FATO: O ex-diretor de Recursos Humanos do Senado João Carlos Zoghbi é acusado de cobrar propina para favorecer empresas interessadas em contratos com a Casa. Também foi acusado de usar a ex-babá como laranja para receber R$ 2,3 milhões do Banco Cruzeiro do Sul, responsável por operações de empréstimos consignados a funcionários do Senado.
PROVIDÊNCIA: Após depoimento, Zoghbi foi indiciado pela Polícia Legislativa da Casa por corrupção passiva e formação de quadrilha, por indícios de práticas ilegais na concessão de empréstimos. O Ministério Público decidiu encaminhar os autos do processo à Polícia Federal.
AGACIEL
FATO: O diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, foi acusado de omitir de seu patrimônio uma mansão de R$ 5 milhões e de fazer contratos irregulares.
PROVIDÊNCIA: Ele perdeu o cargo após 14 anos na função, mas continua atuando nos bastidores. Ouvido pelos integrantes da Mesa, responsabilizou, por esses contratos, os senadores que ocuparam o cargo de 1º secretário durante sua gestão. Da mesma forma, atribuiu aos presidentes da Casa no período a criação de dezenas de diretorias.
HORAS EXTRAS
FATO: Pagamento de R$ 6,2 milhões de horas extras a 3.383 servidores em janeiro, no recesso parlamentar.
PROVIDÊNCIA: Foi sugerida a devolução do dinheiro recebido indevidamente; 24 senadores determinaram isso a seus servidores. Não se sabe quantos devolveram.
NEPOTISMO
FATO: Diretores burlavam a lei antinepotismo empregando parentes por meio de empresas terceirizadas; estima-se que dezenas de parentes estão nessa situação.
PROVIDÊNCIA: Apenas sete parentes de servidores foram demitidos e nenhum processo administrativo contra os diretores foi aberto.
FARTURA DE DIRETORES
FATO: O próprio Senado ficou surpreso com a descoberta de que a Casa tinha 181 "diretores"
PROVIDÊNCIA: Foi anunciada a demissão de 50 desses "diretores", sem redução de salários, mas poucas ocorreram de fato.
CELULAR
FATO: O senador Tião Viana (PT-AC) emprestou um celular do Senado para a sua filha, que viajou de férias para o México.
PROVIDÊNCIA: O senador diz que pagou a conta de R$ 14.758,07, mas não foi punido pelo empréstimo.
DIRETORA EM CAMPANHA
FATO: A diretora de Comunicação Social, Elga Maria Teixeira Lopes, participou de cinco campanhas eleitorais sem pedir licença do cargo de direção do Senado.
PROVIDÊNCIA: Ela entrou em férias e a Diretoria Geral não abriu investigação para apurar o caso. No final de abril, ela pediu demissão. Em seguida, foi recontratada e virou assessora especial de Sarney.
FUNCIONÁRIA FANTASMA
FATO: A funcionária fantasma Luciana Cardoso, filha do ex-presidente FH, admitiu que "trabalha" em casa porque o "Senado é uma bagunça", apesar de estar lotada no gabinete do 1º secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI).
PROVIDÊNCIA: Ela entrou em férias. No final de abril, pediu demissão do cargo.
JATINHO
FATO: O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) usou parte de sua verba de passagens para fretar jatinhos.
PROVIDÊNCIA: Nenhuma. O diretor-geral, Alexandre Gazineo, disse que a operação é legal.
ESCÂNDALO DAS PASSAGENS
FATO: Deputados e senadores levaram parentes e assessores em viagens pelo Brasil e para o exterior usando a cota de passagens aéreas do Congresso.
PROVIDÊNCIA: Câmara e Senado restringiram o uso de passagens. A Câmara anunciou que a cota seria exclusiva aos parlamentares e assessores. Para fazer viagens internacionais, deputado terá que apresentar justificativa prévia. As medidas ainda serão votadas em plenário. No Senado, as novas regras já estão valendo. Os bilhetes só podem ser usados por senadores ou por seus assessores no exercício da função.
FATO: Atos administrativos secretos foram usados para nomear parentes, amigos, criar cargos e aumentar salários. Levantamento mostrou que mais de 600 decisões não foram publicadas. Na relação, aparecem as nomeações de parentes e afilhados de Sarney e da ex-presidente da Câmara Municipal de Murici (AL), ligada a Renan Calheiros. Também se descobriu que os atos secretos pagaram o salário de um mordomo da ex-senadora Roseana Sarney, reformas luxuosas e cirurgias estéticas.
PROVIDÊNCIA: O diretor-geral do Senado, Alexandre Gazineo, e o diretor de Recursos Humanos, Ralph Siqueira, foram exonerados dos seus cargos. Sarney anunciou a criação de uma comissão de sindicância acompanhada pelo Ministério Público (MP) e pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para investigar as denúncias.
AUXÍLIO-MORADIA
FATO: O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), admitiu que vinha recebendo R$ 3.800 de auxílio-moradia desde 2008. O benefício não deveria ser concedido a quem, como Sarney, tem moradia em Brasília.
PROVIDÊNCIA: Após pedir desculpas por primeiramente ter dito que nunca recebeu o auxílio, Sarney disse que mandou cortar o recebimento do benefício. Outros senadores que também receberam o auxílio vão devolver o dinheiro em parcelas mensais de 10% do salário até efetuar o pagamento em sua totalidade.
ZOGHBI E A BABÁ COMO LARANJA
FATO: O ex-diretor de Recursos Humanos do Senado João Carlos Zoghbi é acusado de cobrar propina para favorecer empresas interessadas em contratos com a Casa. Também foi acusado de usar a ex-babá como laranja para receber R$ 2,3 milhões do Banco Cruzeiro do Sul, responsável por operações de empréstimos consignados a funcionários do Senado.
PROVIDÊNCIA: Após depoimento, Zoghbi foi indiciado pela Polícia Legislativa da Casa por corrupção passiva e formação de quadrilha, por indícios de práticas ilegais na concessão de empréstimos. O Ministério Público decidiu encaminhar os autos do processo à Polícia Federal.
AGACIEL
FATO: O diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, foi acusado de omitir de seu patrimônio uma mansão de R$ 5 milhões e de fazer contratos irregulares.
PROVIDÊNCIA: Ele perdeu o cargo após 14 anos na função, mas continua atuando nos bastidores. Ouvido pelos integrantes da Mesa, responsabilizou, por esses contratos, os senadores que ocuparam o cargo de 1º secretário durante sua gestão. Da mesma forma, atribuiu aos presidentes da Casa no período a criação de dezenas de diretorias.
HORAS EXTRAS
FATO: Pagamento de R$ 6,2 milhões de horas extras a 3.383 servidores em janeiro, no recesso parlamentar.
PROVIDÊNCIA: Foi sugerida a devolução do dinheiro recebido indevidamente; 24 senadores determinaram isso a seus servidores. Não se sabe quantos devolveram.
NEPOTISMO
FATO: Diretores burlavam a lei antinepotismo empregando parentes por meio de empresas terceirizadas; estima-se que dezenas de parentes estão nessa situação.
PROVIDÊNCIA: Apenas sete parentes de servidores foram demitidos e nenhum processo administrativo contra os diretores foi aberto.
FARTURA DE DIRETORES
FATO: O próprio Senado ficou surpreso com a descoberta de que a Casa tinha 181 "diretores"
PROVIDÊNCIA: Foi anunciada a demissão de 50 desses "diretores", sem redução de salários, mas poucas ocorreram de fato.
CELULAR
FATO: O senador Tião Viana (PT-AC) emprestou um celular do Senado para a sua filha, que viajou de férias para o México.
PROVIDÊNCIA: O senador diz que pagou a conta de R$ 14.758,07, mas não foi punido pelo empréstimo.
DIRETORA EM CAMPANHA
FATO: A diretora de Comunicação Social, Elga Maria Teixeira Lopes, participou de cinco campanhas eleitorais sem pedir licença do cargo de direção do Senado.
PROVIDÊNCIA: Ela entrou em férias e a Diretoria Geral não abriu investigação para apurar o caso. No final de abril, ela pediu demissão. Em seguida, foi recontratada e virou assessora especial de Sarney.
FUNCIONÁRIA FANTASMA
FATO: A funcionária fantasma Luciana Cardoso, filha do ex-presidente FH, admitiu que "trabalha" em casa porque o "Senado é uma bagunça", apesar de estar lotada no gabinete do 1º secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI).
PROVIDÊNCIA: Ela entrou em férias. No final de abril, pediu demissão do cargo.
JATINHO
FATO: O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) usou parte de sua verba de passagens para fretar jatinhos.
PROVIDÊNCIA: Nenhuma. O diretor-geral, Alexandre Gazineo, disse que a operação é legal.
ESCÂNDALO DAS PASSAGENS
FATO: Deputados e senadores levaram parentes e assessores em viagens pelo Brasil e para o exterior usando a cota de passagens aéreas do Congresso.
PROVIDÊNCIA: Câmara e Senado restringiram o uso de passagens. A Câmara anunciou que a cota seria exclusiva aos parlamentares e assessores. Para fazer viagens internacionais, deputado terá que apresentar justificativa prévia. As medidas ainda serão votadas em plenário. No Senado, as novas regras já estão valendo. Os bilhetes só podem ser usados por senadores ou por seus assessores no exercício da função.
terça-feira, 23 de junho de 2009
No Senado não há inocentes
Lucia Hippolito
Por cumplicidade, conivência, omissão ou mesmo descaso, todos o senadores e senadoras estão envolvidos na lama que escorre por todos os poros do Senado Federal.
Durante décadas, receberam as benesses sem saber de onde vinham. Durante décadas utilizaram dinheiro público indevidamente, sem se preocupar com as razões.
Claro que há diferenças. Não se pode reunir no mesmo saco senadores que apenas não se preocuparam em saber se um ato assinado por eles tinha sido ou não publicado, junto com aqueles que privatizaram o Senado Federal para seus próprios interesses e de suas famílias. (veja abaixo a lista dos 37 senadores beneficiados e dos membros da mesa que assinaram atos secretos)
O que suas Excelências parecem resistir a compreender é que os tempos são outros.
Vejamos os protestos no Irã. Em 1973, o golpe militar no Chile expulsou os jornalistas estrangeiros e fechou as fronteiras. Assim os militares puderam ficar à vontade para chacinar milhares de chilenos, sem ter que dar satisfação à opinião pública internacional.
Já no Irã, estes últimos dias têm mostrado que, mesmo que a imprensa estrangeira esteja sendo proibida de trabalhar, milhões de iranianos estão fazendo o trabalho da imprensa, utilizando a internet para enviar vídeos por celular, fotos, mensagens por twitter e blogs. Consta que existem hoje no Irã cerca de 75 mil blogueiros.
O regime iraniano pode fechar ainda mais o país e matar milhares de pessoas. Mas o mundo vai ficar sabendo praticamente em tempo real.
Da mesma forma, parece que os senadores não perceberam que suas práticas são antigas, seu discurso está embolorado, sua retória indignada está completamente obsoleta. Sua visão do próprio cargo precisa de uma atualização urgente.
Hoje não há mais necessidade de esperar oito anos para julgar o desempenho de um senador. São julgados minuto a minuto. A TV Senado, os emails, os blogs, o twitter, as notícias em tempo real, tudo isto transformou o eleitor, sobretudo o mais jovem e mais antenado, num juiz do comportamento de seus representantes.
Senadores com empregados particulares pagos com recursos públicos através do orçamento do Senado. Senadores com familiares empregados com recursos públicos através do orçamento do Senado.
Senadores se apropriando de verbas indenizatórias através de atos secretos.
Planos de saúde para ex-senadores e familiares garantidos por atos secretos.
É um sem-fim de irregularidades.
Não se pode responsabilizar apenas os agora ex-diretores. Os senadores também são responsáveis.
Em tempo: ano que vem tem eleição. Dos 81 senadores, 54 terão que se apresentar aos eleitores para renovar o mandato.
E o mandato de senador é distrital. Ninguém pode se beneficiar de sobras eleitorais, quocientes elevados ou puxadores de legenda.
Estão todos ameaçados. Vamos ver no que dá.
Mas não tentem iludir a sociedade brasileira, clamando inocência.
LISTA DOS SENADORES BENEFICIADOS POR ATOS SECRETOS (segundo o jornalista Leonardo Colon, do Estado de São Paulo)
Aldemir Santana (DEM-DF)
Antonio Carlos Júnior (DEM-BA)
Augusto Botelho (PT-RR)
Cristovam Buarque (PDT-DF)
Delcídio Amaral (PT-MS)
Demóstenes Torres (DEM-GO)
Edison Lobão (PMDB-MA) licenciado para assumir ministério
Efraim Moraes (DEM-PB)
Epitácio Cafeteira (PTB-MA)
Fernando Collor (PTB-AL)
Geraldo Mesquita (PMDB-AC)
Gilvam Borges (PMDB-AP)
Hélio Costa (PMDB-MG) licenciado para assumir ministério
João Tenório (PSDB-AL)
José Sarney (PMDB-AP)
Lobão Filho (PMDB-MA)
Lúcia Vania (PSDB-GO)
Magno Malta (PR-ES)
Marcelo Crivella (PRB-RJ)
Maria do Carmo (DEM-SE)
Papaléo Paes (PSDB-AP)
Pedro Simon (PMDB-RS)
Renan Calheiros (PMDB-AL)
Roseana Sarney (PMDB-MA) renunciou para assumir o governo do Maranhão
Sérgio Zambiasi (PTB-RS)
Serys Slhessarenko (PT-MT)
Valdir Raupp (PMDB-RO)
Wellington Salgado (PMDB-MG)
LISTA DOS SENADORES QUE ASSINARAM ATOS SECRETOS QUANDO INTEGRAVAM A MESA
Antonio Carlos Valadares (PSB-SE)
César Borges (PR-BA)
Eduardo Suplicy (PT-SP)
Garibaldi Alves (PMDB-RN)
Heráclito Fortes (DEM-PI)
Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR)
Paulo Paim (PT-RS)
Romeu Tuma (PTB-SP)
Tião Viana (PT-AC)
Por cumplicidade, conivência, omissão ou mesmo descaso, todos o senadores e senadoras estão envolvidos na lama que escorre por todos os poros do Senado Federal.
Durante décadas, receberam as benesses sem saber de onde vinham. Durante décadas utilizaram dinheiro público indevidamente, sem se preocupar com as razões.
Claro que há diferenças. Não se pode reunir no mesmo saco senadores que apenas não se preocuparam em saber se um ato assinado por eles tinha sido ou não publicado, junto com aqueles que privatizaram o Senado Federal para seus próprios interesses e de suas famílias. (veja abaixo a lista dos 37 senadores beneficiados e dos membros da mesa que assinaram atos secretos)
O que suas Excelências parecem resistir a compreender é que os tempos são outros.
Vejamos os protestos no Irã. Em 1973, o golpe militar no Chile expulsou os jornalistas estrangeiros e fechou as fronteiras. Assim os militares puderam ficar à vontade para chacinar milhares de chilenos, sem ter que dar satisfação à opinião pública internacional.
Já no Irã, estes últimos dias têm mostrado que, mesmo que a imprensa estrangeira esteja sendo proibida de trabalhar, milhões de iranianos estão fazendo o trabalho da imprensa, utilizando a internet para enviar vídeos por celular, fotos, mensagens por twitter e blogs. Consta que existem hoje no Irã cerca de 75 mil blogueiros.
O regime iraniano pode fechar ainda mais o país e matar milhares de pessoas. Mas o mundo vai ficar sabendo praticamente em tempo real.
Da mesma forma, parece que os senadores não perceberam que suas práticas são antigas, seu discurso está embolorado, sua retória indignada está completamente obsoleta. Sua visão do próprio cargo precisa de uma atualização urgente.
Hoje não há mais necessidade de esperar oito anos para julgar o desempenho de um senador. São julgados minuto a minuto. A TV Senado, os emails, os blogs, o twitter, as notícias em tempo real, tudo isto transformou o eleitor, sobretudo o mais jovem e mais antenado, num juiz do comportamento de seus representantes.
Senadores com empregados particulares pagos com recursos públicos através do orçamento do Senado. Senadores com familiares empregados com recursos públicos através do orçamento do Senado.
Senadores se apropriando de verbas indenizatórias através de atos secretos.
Planos de saúde para ex-senadores e familiares garantidos por atos secretos.
É um sem-fim de irregularidades.
Não se pode responsabilizar apenas os agora ex-diretores. Os senadores também são responsáveis.
Em tempo: ano que vem tem eleição. Dos 81 senadores, 54 terão que se apresentar aos eleitores para renovar o mandato.
E o mandato de senador é distrital. Ninguém pode se beneficiar de sobras eleitorais, quocientes elevados ou puxadores de legenda.
Estão todos ameaçados. Vamos ver no que dá.
Mas não tentem iludir a sociedade brasileira, clamando inocência.
LISTA DOS SENADORES BENEFICIADOS POR ATOS SECRETOS (segundo o jornalista Leonardo Colon, do Estado de São Paulo)
Aldemir Santana (DEM-DF)
Antonio Carlos Júnior (DEM-BA)
Augusto Botelho (PT-RR)
Cristovam Buarque (PDT-DF)
Delcídio Amaral (PT-MS)
Demóstenes Torres (DEM-GO)
Edison Lobão (PMDB-MA) licenciado para assumir ministério
Efraim Moraes (DEM-PB)
Epitácio Cafeteira (PTB-MA)
Fernando Collor (PTB-AL)
Geraldo Mesquita (PMDB-AC)
Gilvam Borges (PMDB-AP)
Hélio Costa (PMDB-MG) licenciado para assumir ministério
João Tenório (PSDB-AL)
José Sarney (PMDB-AP)
Lobão Filho (PMDB-MA)
Lúcia Vania (PSDB-GO)
Magno Malta (PR-ES)
Marcelo Crivella (PRB-RJ)
Maria do Carmo (DEM-SE)
Papaléo Paes (PSDB-AP)
Pedro Simon (PMDB-RS)
Renan Calheiros (PMDB-AL)
Roseana Sarney (PMDB-MA) renunciou para assumir o governo do Maranhão
Sérgio Zambiasi (PTB-RS)
Serys Slhessarenko (PT-MT)
Valdir Raupp (PMDB-RO)
Wellington Salgado (PMDB-MG)
LISTA DOS SENADORES QUE ASSINARAM ATOS SECRETOS QUANDO INTEGRAVAM A MESA
Antonio Carlos Valadares (PSB-SE)
César Borges (PR-BA)
Eduardo Suplicy (PT-SP)
Garibaldi Alves (PMDB-RN)
Heráclito Fortes (DEM-PI)
Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR)
Paulo Paim (PT-RS)
Romeu Tuma (PTB-SP)
Tião Viana (PT-AC)
domingo, 21 de junho de 2009
Entenda os escandâlos que atingem o Senado
Desde o início da atual legislatura, Casa já foi alvo de 18 denúncias. Do caso Renan à revelação de atos secretos: saiba o que aconteceu lendo mais em Entenda os escândalos que atingem o Senado desde 2007
Lula defende os coronéis
Lucia Hippolito
Em visita ao Casaquistão, o presidente Lula saiu em defesa do senador José Sarney. Segundo o presidente, Sarney tem seu lugar na História e não pode ser julgado como uma pessoa comum.
Espantosa declaração.
Lula, que sentiu na pele o preconceito e a exclusão, tornou-se um conservador, um burguesão, que justifica o injustificável. Privilégios de uma elite decadente, coronelista, patrimonialista, inaceitáveis no Brasil de hoje.
Sarney, Jader Barbalho (cujas mãos Lula beijou), Severino Cavalcanti (a quem Lula defendeu, como injustiçado), Renan Calheiros (aliado e interlocutor do presidente).
O presidente repete comportamentos anteriores, quando passou a mão na cabeça da turma do mensalão. Ou quando passou a mão na cabeça dos aloprados.
O presidente Lula costuma utilizar todo o peso de sua popularidade para absolver quem comete ilegalidades.
Mas o gesto de Lula em relação aos coronéis tem muito de cálculo político.
Os maiores índices de popularidade do presidente encontram-se justamente do Norte-Nordeste, áreas politicamente controladas por esses coronéis, o que há de mais obsoleto na política brasileira.
Nessas regiões, o Bolsa-Família e outros programas federais de transferência de renda contribuíram fortemente para gerar um sólido vínculo entre a população e o presidente Lula.
Boa parte dos moradores dessas regiões, sofrendo sob o jugo de chefetes e de coronéis, vê nos programas do governo Lula uma chance de escapar ao cabresto do coronelismo.
Por isso, cheio de si, talvez Lula não se dê conta de que, ao justificar as ações de Sarney, Jader e companhia, está legitimando ações de quem privatiza o Senado para seus interesses pessoais e familiares.
De quem se apropria de recursos públicos para empregar parentes, cabos eleitorais e apaniguados, impedindo que essas populações tenham acesso a saúde, habitação, saneamento, transporte.
E o presidente Lula é o primeiro líder político do país que tem uma relação direta com essas populações, um vínculo forte e quase instransferível.
Tudo o que essas populações, que vivem sob o jugo do cabresto desses coronéis, querem é a liberdade.
Por isso, quando defende José Sarney, quando beija a mão de Jader Barbalho, quando defende Severino Cavalcanti, em suma, quando defende o indefensável, o presidente Lula está legitimando o mando coronelista sobre estas populações.
Lamentável.
Em visita ao Casaquistão, o presidente Lula saiu em defesa do senador José Sarney. Segundo o presidente, Sarney tem seu lugar na História e não pode ser julgado como uma pessoa comum.
Espantosa declaração.
Lula, que sentiu na pele o preconceito e a exclusão, tornou-se um conservador, um burguesão, que justifica o injustificável. Privilégios de uma elite decadente, coronelista, patrimonialista, inaceitáveis no Brasil de hoje.
Sarney, Jader Barbalho (cujas mãos Lula beijou), Severino Cavalcanti (a quem Lula defendeu, como injustiçado), Renan Calheiros (aliado e interlocutor do presidente).
O presidente repete comportamentos anteriores, quando passou a mão na cabeça da turma do mensalão. Ou quando passou a mão na cabeça dos aloprados.
O presidente Lula costuma utilizar todo o peso de sua popularidade para absolver quem comete ilegalidades.
Mas o gesto de Lula em relação aos coronéis tem muito de cálculo político.
Os maiores índices de popularidade do presidente encontram-se justamente do Norte-Nordeste, áreas politicamente controladas por esses coronéis, o que há de mais obsoleto na política brasileira.
Nessas regiões, o Bolsa-Família e outros programas federais de transferência de renda contribuíram fortemente para gerar um sólido vínculo entre a população e o presidente Lula.
Boa parte dos moradores dessas regiões, sofrendo sob o jugo de chefetes e de coronéis, vê nos programas do governo Lula uma chance de escapar ao cabresto do coronelismo.
Por isso, cheio de si, talvez Lula não se dê conta de que, ao justificar as ações de Sarney, Jader e companhia, está legitimando ações de quem privatiza o Senado para seus interesses pessoais e familiares.
De quem se apropria de recursos públicos para empregar parentes, cabos eleitorais e apaniguados, impedindo que essas populações tenham acesso a saúde, habitação, saneamento, transporte.
E o presidente Lula é o primeiro líder político do país que tem uma relação direta com essas populações, um vínculo forte e quase instransferível.
Tudo o que essas populações, que vivem sob o jugo do cabresto desses coronéis, querem é a liberdade.
Por isso, quando defende José Sarney, quando beija a mão de Jader Barbalho, quando defende Severino Cavalcanti, em suma, quando defende o indefensável, o presidente Lula está legitimando o mando coronelista sobre estas populações.
Lamentável.
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