sábado, 20 de setembro de 2008
Onda de continuísmo no Brasil
Na edição desta semana, a revista Época traz uma matéria sobre o possível continuísmo no Brasil.
Vale o registro, aqui no blog, da matéria na íntegra.
Na disputa municipal, os eleitores tendem reeleger prefeitos, fortalecer Lula, o governo e o PT.
Vale o registro, aqui no blog, da matéria na íntegra.
Na disputa municipal, os eleitores tendem reeleger prefeitos, fortalecer Lula, o governo e o PT.
Na campanha de Cuiabá, em Mato Grosso, o prefeito Wilson Santos, candidato à reeleição pelo PSDB, transformou a comerciante Ledinalva da Silva num de seus principais cabos eleitorais. Ledinalva é famosa na cidade por ser irmã do presidente Lula. Na disputa de Salvador, na Bahia, o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto, do DEM, líder nas pesquisas até o momento, passou a pedir desculpas a Lula por tê-lo ameaçado com uma “surra”, durante a crise do mensalão. Na eleição de São Paulo, veio a capitulação final da oposição. Em queda nas pesquisas, o candidato do PSDB, o ex-governador Geraldo Alckmin, adversário de Lula na eleição presidencial de 2006, passou a veicular um vídeo contra a candidata Marta Suplicy (PT) com um elogio indireto ao presidente Lula. Lida por um locutor, a propaganda tucana diz o seguinte: “Com o Lula, tudo bem. O problema é o PT”.
Não há mais dúvida. Do alto de 64% de aprovação, o maior índice da História, o presidente Lula sairá da campanha municipal como um dos maiores vencedores. A oposição parece ter sumido dos palanques, como mostram os exemplos citados. A economia cresce a um ritmo médio de 5% ao ano (agora só ameaçado pela crise nos mercados financeiros globais). Tudo isso favorece Lula. “Ele está sendo consagrado nestas eleições pelo comportamento da oposição”, diz o sociólogo Marcos Coimbra, do instituto Vox Populi. “A oposição está em silêncio ou, de forma canhestra, tenta se associar ao sucesso de Lula.”
Uma regra não-escrita das eleições municipais diz que elas são eminentemente locais – e temas nacionais, em geral, pouco interferem no resultado. Na História recente, houve exceções. Em 1988, o país, recém-saído da redemocratização, viu a eleição de Luiza Erundina, na época no PT, para a Prefeitura de São Paulo, depois que operários foram mortos pelo Exército numa invasão da usina da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Neste ano, os assuntos locais continuam relevantes, claro. Mas há vários sinais de que a popularidade de Lula, a aprovação do governo e o bom estado da economia terão forte impacto no resultado das eleições. A duas semanas do primeiro turno, é possível identificar três fortes tendências que marcarão a eleição.
1. Esta será a eleição do continuísmo
Não há mais dúvida. Do alto de 64% de aprovação, o maior índice da História, o presidente Lula sairá da campanha municipal como um dos maiores vencedores. A oposição parece ter sumido dos palanques, como mostram os exemplos citados. A economia cresce a um ritmo médio de 5% ao ano (agora só ameaçado pela crise nos mercados financeiros globais). Tudo isso favorece Lula. “Ele está sendo consagrado nestas eleições pelo comportamento da oposição”, diz o sociólogo Marcos Coimbra, do instituto Vox Populi. “A oposição está em silêncio ou, de forma canhestra, tenta se associar ao sucesso de Lula.”
Uma regra não-escrita das eleições municipais diz que elas são eminentemente locais – e temas nacionais, em geral, pouco interferem no resultado. Na História recente, houve exceções. Em 1988, o país, recém-saído da redemocratização, viu a eleição de Luiza Erundina, na época no PT, para a Prefeitura de São Paulo, depois que operários foram mortos pelo Exército numa invasão da usina da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Neste ano, os assuntos locais continuam relevantes, claro. Mas há vários sinais de que a popularidade de Lula, a aprovação do governo e o bom estado da economia terão forte impacto no resultado das eleições. A duas semanas do primeiro turno, é possível identificar três fortes tendências que marcarão a eleição.
1. Esta será a eleição do continuísmo
De acordo com os dados mais recentes do Ibope, os candidatos à reeleição ou os candidatos apoiados pelos atuais prefeitos lideram as pesquisas em 19 das 26 capitais. Levando em consideração os prefeitos ou candidatos ligados a administrações municipais que não estão em primeiro lugar, mas aparecem com boa chance de vitória, é possível que a continuidade ocorra em até 22 capitais (ou 84%). Este índice, se confirmado, será a grande novidade desta eleição. Ele é muito superior ao da eleição passada. Em 2004, apenas 12 prefeitos de capital conseguiram ficar no cargo ou eleger um sucessor.
O que explica essa tendência ao continuísmo?
O que explica essa tendência ao continuísmo?
Uma das razões é o contentamento do eleitor com a situação geral do país, um sentimento difuso, já identificado por diversas pesquisas, segundo o qual “as coisas vão bem”. Parece estar na cabeça dos eleitores a máxima “em time que está ganhando não se mexe”. É um sentimento de boa vontade que tende a ajudar quem está no poder. “O bom desempenho da economia não ajuda só o presidente Lula, mas também os prefeitos em geral. Onde os prefeitos estão mais ou menos bem avaliados, eles vão ser reeleitos”, diz o sociológo Antônio Lavareda, consultor em pesquisas eleitorais.
Esse sentimento de continuidade tende a favorecer também prefeitos de partidos de oposição, quando seu desempenho é bem avaliado pela população. Um exemplo é o tucano Beto Richa, que tenta a reeleição em Curitiba, no Paraná. Nesta eleição, Richa enfrenta a petista Gleise Hoffmann, mulher do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, apoiada pelo governo Lula e pelo governador Roberto Requião (PMDB). Mesmo com esses oponentes, com 88% de aprovação, Richa tende a sair das urnas como um dos campeões de votos. Segundo a última pesquisa do Ibope, ele tem 74% das intenções, contra 13% de Gleise. Outro exemplo é o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, do DEM. Nesta campanha, ele saiu de um patamar baixo, mas com uma boa avaliação de sua gestão. Com crescimento lento e constante nas pesquisas, ele já superou Alckmin por uma pequena margem. Agora passou a ser bem cotado para disputar o segundo turno contra Marta Suplicy, do PT. “Só estão indo mal os prefeitos que fizeram governos desastrosos”, diz Lavareda.
Os casos mais exemplares de continuísmo ocorrem quando o candidato reúne o apoio de prefeitos bem avaliados e ainda dos governos estadual e federal. Um deles é Belo Horizonte, em Minas Gerais, onde o empresário Márcio Lacerda, do PSB (um dos partidos da base do governo Lula) é apoiado pelo atual prefeito, o petista Fernando Pimentel, e também pelo governador, o tucano Aécio Neves. Outro é Recife, em Pernambuco, onde o petista João da Costa, ex-secretário de obras da Prefeitura, concorre com o apoio do prefeito João Paulo (PT) e do governador Eduardo Campos (PSB). Tanto Márcio Lacerda quanto João da Costa eram praticamente desconhecidos até o início da disputa eleitoral. O fato de serem estreantes, no entanto, não atrapalhou. Com apenas poucas semanas de campanha, Lacerda e João da Costa dispararam nas pesquisas. É provável que ambos vençam a eleição no primero turno. Uma prova da força do continuísmo.
2. Os partidos da base do governo devem continuar fortes nas capitais
Esse sentimento de continuidade tende a favorecer também prefeitos de partidos de oposição, quando seu desempenho é bem avaliado pela população. Um exemplo é o tucano Beto Richa, que tenta a reeleição em Curitiba, no Paraná. Nesta eleição, Richa enfrenta a petista Gleise Hoffmann, mulher do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, apoiada pelo governo Lula e pelo governador Roberto Requião (PMDB). Mesmo com esses oponentes, com 88% de aprovação, Richa tende a sair das urnas como um dos campeões de votos. Segundo a última pesquisa do Ibope, ele tem 74% das intenções, contra 13% de Gleise. Outro exemplo é o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, do DEM. Nesta campanha, ele saiu de um patamar baixo, mas com uma boa avaliação de sua gestão. Com crescimento lento e constante nas pesquisas, ele já superou Alckmin por uma pequena margem. Agora passou a ser bem cotado para disputar o segundo turno contra Marta Suplicy, do PT. “Só estão indo mal os prefeitos que fizeram governos desastrosos”, diz Lavareda.
Os casos mais exemplares de continuísmo ocorrem quando o candidato reúne o apoio de prefeitos bem avaliados e ainda dos governos estadual e federal. Um deles é Belo Horizonte, em Minas Gerais, onde o empresário Márcio Lacerda, do PSB (um dos partidos da base do governo Lula) é apoiado pelo atual prefeito, o petista Fernando Pimentel, e também pelo governador, o tucano Aécio Neves. Outro é Recife, em Pernambuco, onde o petista João da Costa, ex-secretário de obras da Prefeitura, concorre com o apoio do prefeito João Paulo (PT) e do governador Eduardo Campos (PSB). Tanto Márcio Lacerda quanto João da Costa eram praticamente desconhecidos até o início da disputa eleitoral. O fato de serem estreantes, no entanto, não atrapalhou. Com apenas poucas semanas de campanha, Lacerda e João da Costa dispararam nas pesquisas. É provável que ambos vençam a eleição no primero turno. Uma prova da força do continuísmo.
2. Os partidos da base do governo devem continuar fortes nas capitais
Em 2004, quando PMDB e PDT não integravam a base de sustentação do presidente Lula, os candidatos dos partidos que apoiavam o governo federal venceram em 15 das 26 capitais. Nesta eleição, segundo as últimas pesquisas do Ibope, os candidatos de partidos de governo lideram em 21 capitais. Em outras duas capitais, os candidatos de partidos governistas ocupam a segunda ou a terceira posição e aparecem com boas chances de vencer.
Antes de comparar esses dados, é preciso fazer algumas ressalvas. Depois da reeleição, em 2006, a base de Lula cresceu. Hoje, oito partidos governistas (PT, PCdoB, PSB, PDT, PV, PMDB, PTB e PP) administram 21 capitais. O domínio deles já é enorme. Se a tendência das pesquisas for confirmada, o quadro atual tende a ser mantido. Não haveria crescimento.
Outra ressalva é que possíveis vitoriosos nas capitais têm identificação baixa com o governo Lula. Um exemplo é José Fogaça (PMDB), prefeito de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e candidato à reeleição com chances de vencer no primeiro turno. Em 2004, quando se elegeu prefeito, Fogaça era filiado ao PPS, partido de oposição a Lula. Numa disputa apertada, ele derrotou o PT. Durante o mandato, voltou para o PMDB, mas continuou a sofrer a oposição dos petistas. Nesta campanha, ele enfrenta duas candidatas próximas do Planalto: as deputadas federais Maria do Rosário (PT) – em terceiro nas pesquisas – e Manoela D’Ávila (PCdoB) – em segundo.
A mesma situação ocorre em Natal, no Rio Grande do Norte. A candidata Micarla de Sousa é filiada ao PV, outro partido governista no plano federal. Além de aliada do senador Agripino Maia (DEM), Micarla enfrenta a deputada federal Fátima Bezerra (PT). Uma análise cuidadosa das circunstâncias locais mostra que faz pouco sentido classificar Micarla como governista.
3. O PT cresce, mas dificilmente haverá uma onda vermelha
Antes de comparar esses dados, é preciso fazer algumas ressalvas. Depois da reeleição, em 2006, a base de Lula cresceu. Hoje, oito partidos governistas (PT, PCdoB, PSB, PDT, PV, PMDB, PTB e PP) administram 21 capitais. O domínio deles já é enorme. Se a tendência das pesquisas for confirmada, o quadro atual tende a ser mantido. Não haveria crescimento.
Outra ressalva é que possíveis vitoriosos nas capitais têm identificação baixa com o governo Lula. Um exemplo é José Fogaça (PMDB), prefeito de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e candidato à reeleição com chances de vencer no primeiro turno. Em 2004, quando se elegeu prefeito, Fogaça era filiado ao PPS, partido de oposição a Lula. Numa disputa apertada, ele derrotou o PT. Durante o mandato, voltou para o PMDB, mas continuou a sofrer a oposição dos petistas. Nesta campanha, ele enfrenta duas candidatas próximas do Planalto: as deputadas federais Maria do Rosário (PT) – em terceiro nas pesquisas – e Manoela D’Ávila (PCdoB) – em segundo.
A mesma situação ocorre em Natal, no Rio Grande do Norte. A candidata Micarla de Sousa é filiada ao PV, outro partido governista no plano federal. Além de aliada do senador Agripino Maia (DEM), Micarla enfrenta a deputada federal Fátima Bezerra (PT). Uma análise cuidadosa das circunstâncias locais mostra que faz pouco sentido classificar Micarla como governista.
3. O PT cresce, mas dificilmente haverá uma onda vermelha
Por causa da popularidade do presidente Lula, há no PT muito otimismo com as eleições municipais. Ele é fruto do acompanhamento minucioso das campanhas nos 77 municípios brasileiros com mais de 200 mil eleitores. Essas cidades são apenas 1,4% do total de municípios brasileiros, mas reúnem 36% do eleitorado. Nesse grupo, de acordo com dados do próprio partido, o PT lidera ou está em segundo lugar em 39 localidades. Em seguida, aparecem o PMDB, com 28 municípios, o PSDB, com 25, e o DEM, com apenas dez. Nem os petistas, porém, arriscam dizer que isso se transformará numa vitória avassaladora: “O PT deve ir bem nas eleições, pode ser o partido mais votado, mas não há condições de estabelecer uma meta de prefeituras”, diz Francisco Campos, da direção nacional do PT.
O crescimento do PT seria a continuidade de uma tendência verificada em eleições anteriores. A cada eleição municipal, os petistas aumentam o número de prefeituras conquistadas. O maior salto ocorreu em 2004, quando Lula estava no segundo ano no Palácio do Planalto. Naquela eleição, o partido passou de 187 para 440 prefeituras. É razoável supor que o partido supere a marca neste ano. “É natural que o partido no governo ganhe mais prefeituras, principalmente no interior do país. Isso é uma tradição histórica no Brasil, desde a época de Getúlio Vargas com o PTB”, diz Lavareda. Durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, o PSDB passou pela mesma experiência. Em 1996, na primeira eleição municipal com FHC no Planalto, o PSDB cresceu de 317 para 921 prefeituras.
No Nordeste, onde o PT se enraizou nas últimas eleições estaduais, por causa da popularidade de Lula, esse crescimento deverá ser mais acentuado. Os petistas têm chance de vencer nas três maiores capitais da região. Além de Recife e Fortaleza, no Ceará, o PT tem boas chances em Salvador, onde o candidato Walter Pinheiro está em ascensão e poderá chegar ao segundo turno. Em Porto Alegre, bastião histórico que governou por 16 anos, o PT enfrenta dificuldades e corre o risco de nem chegar ao segundo turno. Por isso, é uma imprudência falar numa onda vermelha. “O PT está indo bem onde seus prefeitos ou seus governos estaduais estão bem avaliados”, diz Coimbra, do Vox Populi.
Outra razão para evitar a expressão é que o presidente Lula conseguiu impedir o PT de impor o ritmo e os termos da campanha, como aconteceu em 2004. Na última eleição, o PT fez planos de ganhar até mil prefeituras. O sonho de hegemonia política acabou no escândalo do mensalão, em 2005. Neste ano, para evitar um desastre parecido, Lula obrigou o partido a fazer concessões aos partidos aliados. Em muitas capitais, o PT teve de abrir mão da cabeça de chapa para aliados (caso de Goiânia e Belo Horizonte, por exemplo) ou disputa a eleição em condições de igualdade relativa com outros partidos governistas, como o PMDB e o PCdoB(caso de Salvador e Porto Alegre).
O crescimento do PT seria a continuidade de uma tendência verificada em eleições anteriores. A cada eleição municipal, os petistas aumentam o número de prefeituras conquistadas. O maior salto ocorreu em 2004, quando Lula estava no segundo ano no Palácio do Planalto. Naquela eleição, o partido passou de 187 para 440 prefeituras. É razoável supor que o partido supere a marca neste ano. “É natural que o partido no governo ganhe mais prefeituras, principalmente no interior do país. Isso é uma tradição histórica no Brasil, desde a época de Getúlio Vargas com o PTB”, diz Lavareda. Durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, o PSDB passou pela mesma experiência. Em 1996, na primeira eleição municipal com FHC no Planalto, o PSDB cresceu de 317 para 921 prefeituras.
No Nordeste, onde o PT se enraizou nas últimas eleições estaduais, por causa da popularidade de Lula, esse crescimento deverá ser mais acentuado. Os petistas têm chance de vencer nas três maiores capitais da região. Além de Recife e Fortaleza, no Ceará, o PT tem boas chances em Salvador, onde o candidato Walter Pinheiro está em ascensão e poderá chegar ao segundo turno. Em Porto Alegre, bastião histórico que governou por 16 anos, o PT enfrenta dificuldades e corre o risco de nem chegar ao segundo turno. Por isso, é uma imprudência falar numa onda vermelha. “O PT está indo bem onde seus prefeitos ou seus governos estaduais estão bem avaliados”, diz Coimbra, do Vox Populi.
Outra razão para evitar a expressão é que o presidente Lula conseguiu impedir o PT de impor o ritmo e os termos da campanha, como aconteceu em 2004. Na última eleição, o PT fez planos de ganhar até mil prefeituras. O sonho de hegemonia política acabou no escândalo do mensalão, em 2005. Neste ano, para evitar um desastre parecido, Lula obrigou o partido a fazer concessões aos partidos aliados. Em muitas capitais, o PT teve de abrir mão da cabeça de chapa para aliados (caso de Goiânia e Belo Horizonte, por exemplo) ou disputa a eleição em condições de igualdade relativa com outros partidos governistas, como o PMDB e o PCdoB(caso de Salvador e Porto Alegre).
Observe os mapas de projeções para as Eleições 2008.
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
E se fosse hoje...
Se as eleições fossem hoje, veja como ficaria o panorama nas principais cidades.
No Recife, teríamos o petista João da Costa. Já em São Luís seria a vez de um tucano, João Castelo.
Ainda no Nordeste, em Aracaju seria a vez de Edvaldo Nogueira (PC do B), candidato à reeleição.
No Sudeste, especificamente em Belo Horizonte, depois de um suado segundo turno, teríamos o Márcio Lacerda (PSB), apoiado pelo governador Aécio Neves (PSDB).
No Rio, a disputa mudou totalmente de rumo e elegeria o candidato apoiado pelo atual prefeito César Maia, Eduardo Paes (PMDB, PP, PSL, PTB).
Por fim, em São Paulo, sem novidades, Marta Suplicy (PT) venceria muito bem, pois os tucanos estão permitindo esse feito de maneira muito eficaz.
Em suma, todos esse dados mostram como está a situação política das principais cidades brasileiras. Parece que a oposição está dormindo e deixando o Governo e a base governista apoderar-se das máquinas municipais. Não sei o que está acontecendo, pois é óbvio que as Eleições de 2008 refletirão nas Eleiçõs de 2010.
É melhor os tucanos e o Democrata reagirem antes que o país seja varido por uma gigante onda vermelha petista.
É hora de reagir!!!!
No Recife, teríamos o petista João da Costa. Já em São Luís seria a vez de um tucano, João Castelo.
Ainda no Nordeste, em Aracaju seria a vez de Edvaldo Nogueira (PC do B), candidato à reeleição.
No Sudeste, especificamente em Belo Horizonte, depois de um suado segundo turno, teríamos o Márcio Lacerda (PSB), apoiado pelo governador Aécio Neves (PSDB).
No Rio, a disputa mudou totalmente de rumo e elegeria o candidato apoiado pelo atual prefeito César Maia, Eduardo Paes (PMDB, PP, PSL, PTB).
Por fim, em São Paulo, sem novidades, Marta Suplicy (PT) venceria muito bem, pois os tucanos estão permitindo esse feito de maneira muito eficaz.
Em suma, todos esse dados mostram como está a situação política das principais cidades brasileiras. Parece que a oposição está dormindo e deixando o Governo e a base governista apoderar-se das máquinas municipais. Não sei o que está acontecendo, pois é óbvio que as Eleições de 2008 refletirão nas Eleiçõs de 2010.
É melhor os tucanos e o Democrata reagirem antes que o país seja varido por uma gigante onda vermelha petista.
É hora de reagir!!!!
Do Portal G1
Na véspera da chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à cidade de Natal (RN), líderes políticos de diversos partidos estiveram na capital potiguar nesta quinta-feira (18) para pedir votos para as candidatas Micarla Weber (PV) e Fátima Bezerra (PT), as duas primeiras colocadas na disputa pela prefeitura segundo o Ibope.
Deputados e senadores da base aliada e da oposição e até a governadora do estado, Wilma Faria (PSB), participaram de caminhadas ao lado das candidatas. Em seus discuros, destacaram a presença de Lula, que terá agenda como presidente na sexta (19) e participará de comício à noite para tentar alavancar a candidatura da petista.
A última pesquisa Ibope, de 16 de setembro, mostrou Micarla com 45% das intenções de voto, 17 pontos de vantagem sobre Fátima, com 28%. A diferença, no entanto, diminuiu consideravelmente. No começo de agosto, Micarla tinha 54% contra 17% de Fátima.
Os dois comícios foram realizados na mesma região da capital, a Zona Norte, periferia da cidade.
A caminhada de Micarla contou com as presenças do deputado federal Fábio Faria (PMN-RN) e dos senadores José Agripino Maia (DEM-RN) e Efraim Moraes (DEM-PB). No local, carros de som embalavam populares ao som de funk e axé e militantes uniformizados apresentavam coreografias para animar a platéia.
Em seu discurso, Fábio Faria pediu que todos recebam Lula de braços abertos, sem citar que o presidente virá à capital para prestar apoio à candidatura adversária.
"Amanhã o presidente da República vai chegar e vamos recebê-lo de braços abertos. Recomendo que vocês recebam o presidente de braços abertos porque em janeiro quem vai à Brasília levar projetos a Lula é Micarla", disse.
O PT promoveu duas caminhadas, uma com a presença do prefeito Carlos Eduardo Alves (PSB) e da governadora Wilma, e outra com a candidata Fátima, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN). As carreatas petistas se encontraram já sem a presença de Wilma e Garibaldi, que foram fazer campanha no interior do estado.
Ao discursar, Henrique Eduardo Alves disse que "quem for contra o presidente deve votar com a candidata do outro lado". Ao G1, o deputado disse ainda que Lula vai ajudar a candidatura da petista.
"O presidente Lula vai demonstrar a importância de Fátima ser prefeita de Natal. Lula vai dar o depoimento dele. (...) A campanha está na reta final e vamos fazer tudo para estar em primeiro lugar no fim do primeiro turno."
O senador Garibaldi Alves, que deixou o comício para atender ao celular dentro de um carro, foi aguardado por populares que queriam tirar fotos com ele - Garibaldi atendeu aos pedidos.
Em seguida, disse ao G1 que a presença de Lula na campanha de Fátima é um "fato importante" para a candidatura: "Lula vem como o ponto culminante".
Deputados e senadores da base aliada e da oposição e até a governadora do estado, Wilma Faria (PSB), participaram de caminhadas ao lado das candidatas. Em seus discuros, destacaram a presença de Lula, que terá agenda como presidente na sexta (19) e participará de comício à noite para tentar alavancar a candidatura da petista.
A última pesquisa Ibope, de 16 de setembro, mostrou Micarla com 45% das intenções de voto, 17 pontos de vantagem sobre Fátima, com 28%. A diferença, no entanto, diminuiu consideravelmente. No começo de agosto, Micarla tinha 54% contra 17% de Fátima.
Os dois comícios foram realizados na mesma região da capital, a Zona Norte, periferia da cidade.
A caminhada de Micarla contou com as presenças do deputado federal Fábio Faria (PMN-RN) e dos senadores José Agripino Maia (DEM-RN) e Efraim Moraes (DEM-PB). No local, carros de som embalavam populares ao som de funk e axé e militantes uniformizados apresentavam coreografias para animar a platéia.
Em seu discurso, Fábio Faria pediu que todos recebam Lula de braços abertos, sem citar que o presidente virá à capital para prestar apoio à candidatura adversária.
"Amanhã o presidente da República vai chegar e vamos recebê-lo de braços abertos. Recomendo que vocês recebam o presidente de braços abertos porque em janeiro quem vai à Brasília levar projetos a Lula é Micarla", disse.
O PT promoveu duas caminhadas, uma com a presença do prefeito Carlos Eduardo Alves (PSB) e da governadora Wilma, e outra com a candidata Fátima, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN). As carreatas petistas se encontraram já sem a presença de Wilma e Garibaldi, que foram fazer campanha no interior do estado.
Ao discursar, Henrique Eduardo Alves disse que "quem for contra o presidente deve votar com a candidata do outro lado". Ao G1, o deputado disse ainda que Lula vai ajudar a candidatura da petista.
"O presidente Lula vai demonstrar a importância de Fátima ser prefeita de Natal. Lula vai dar o depoimento dele. (...) A campanha está na reta final e vamos fazer tudo para estar em primeiro lugar no fim do primeiro turno."
O senador Garibaldi Alves, que deixou o comício para atender ao celular dentro de um carro, foi aguardado por populares que queriam tirar fotos com ele - Garibaldi atendeu aos pedidos.
Em seguida, disse ao G1 que a presença de Lula na campanha de Fátima é um "fato importante" para a candidatura: "Lula vem como o ponto culminante".
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
As declarações de Mantega são ruins
Lula deu declarações de que não existe crise na economia brasileira. Tudo bem, esse é o papel do presidente, mostrar que tem confiança no país.
Mas Mantega fez uma declaração muito ruim, ao dizer que as pessoas devem continuar comprando e fazendo financiamentos. Um ministro da Fazenda não deveria fazer esse tipo de declaração.
Ele sabe que o volume de crédito no Brasil vai cair porque a liquidez internacional está menor. O crédito está mais caro, e se as pessoas se endividarem muito, elas podem ficar numa situação complicada mais à frente.
Mesmo estando num bom momento, a economia brasileira está inserida num contexto internacional. E isso significa que os bancos brasileiros tomarão dinheiro a um preço mais alto lá fora, e isso será repassado aos consumidores.
Não é o momento para se fazer muitas dívidas, mas sim, de ter cautela para saber o que vai acontecer. Essa crise é grave e levará muito tempo para ser resolvida.
Mas Mantega fez uma declaração muito ruim, ao dizer que as pessoas devem continuar comprando e fazendo financiamentos. Um ministro da Fazenda não deveria fazer esse tipo de declaração.
Ele sabe que o volume de crédito no Brasil vai cair porque a liquidez internacional está menor. O crédito está mais caro, e se as pessoas se endividarem muito, elas podem ficar numa situação complicada mais à frente.
Mesmo estando num bom momento, a economia brasileira está inserida num contexto internacional. E isso significa que os bancos brasileiros tomarão dinheiro a um preço mais alto lá fora, e isso será repassado aos consumidores.
Não é o momento para se fazer muitas dívidas, mas sim, de ter cautela para saber o que vai acontecer. Essa crise é grave e levará muito tempo para ser resolvida.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Bom Dia Brasil
Míriam Leitão comenta no Jornal Bom Dia Brasil, hoje pela manhã
Nervos continuarão à flor da pele
A queda das Bolsas da Ásia hoje é reflexo da queda de ontem nos mercados europeu e americano. Ontem foi feriado em praças importantes como Japão, China e Coréia do Sul, e os preços hoje estão sendo corrigidos para baixo. O mercado só vai se acalmar quando se sentir mais seguro e achar que a crise está contida. Por enquanto, não está, e isso significa que os nervos continuarão à flor da pele.
Agora, todos os olhos estão na maior seguradora do mundo. A AIG foi rebaixada ontem pelas agências de risco. As ações despencaram e ela tenta levantar dinheiro e vender ativos. Mas só o fato de a AIG estar nessa situação já é um sinal de que crise entrou em outra porta: já atingiu as financiadoras imobiliárias e os bancos. Agora chega às seguradoras.
Para acalmar o mercado imediatamente, basta o Tesouro americano fazer o que fez com o Bear Sterns ou com Fannie Mae e Freddy Mac: pôr dinheiro público para cobrir perdas e salvar as instituições, mesmo que seja com outros donos.
Mas este agravamento da crise aconteceu exatamente pela nova postura do Tesouro de dizer não aos pedidos de socorro. O Tesouro fez isso, porque achou que a fila de bancos com o chapéu na mão era interminável. E depois dos bancos viriam as indústrias pedir a mesma coisa. Mas sem o cofre do Tesouro, os bancos estão pisando em areia movediça. Ninguém sabe quem será tragado ou não.
Crise pode afetar o Brasil, mas o pior não está na nossa porta
Nesta crise, o Brasil está mais forte e mais imune, mas isso não significa que não sentiremos efeitos. As exportações vão perder força, porque o mundo vai crescer menos por muito tempo. Mas as importações também devem reduzir o ritmo de crescimento. O Brasil vai continuar crescendo este ano, mas tudo fica muito mais difícil com um cenário tão complicado lá fora.
O primeiro impacto já está sendo sentido: a Bolsa está nesta queda desde maio e vai ficar na montanha-russa. Nos três últimos dias da semana passada, a Bolsa conseguiu se recuperar: subiu 8% e só ontem já caiu 7,5%. A alta não se segura nesse tempo difícil.
Mesmo o país estando bem, o Risco Brasil deu um pulo ontem. O crédito externo ficará mais difícil e mais caro. Com isso, qualquer empresa brasileira grande ou qualquer empresa estrangeira aqui que queira investir vai ter mais dificuldade para ter financiamento externo.
Na economia globalizada, longe é um lugar que não existe. Uma crise no centro da economia mundial nos afeta de várias formas, mas os bancos brasileiros estão sólidos. Portanto, o pior da crise – que é a crise bancária – não está na nossa porta.
Nervos continuarão à flor da pele
A queda das Bolsas da Ásia hoje é reflexo da queda de ontem nos mercados europeu e americano. Ontem foi feriado em praças importantes como Japão, China e Coréia do Sul, e os preços hoje estão sendo corrigidos para baixo. O mercado só vai se acalmar quando se sentir mais seguro e achar que a crise está contida. Por enquanto, não está, e isso significa que os nervos continuarão à flor da pele.
Agora, todos os olhos estão na maior seguradora do mundo. A AIG foi rebaixada ontem pelas agências de risco. As ações despencaram e ela tenta levantar dinheiro e vender ativos. Mas só o fato de a AIG estar nessa situação já é um sinal de que crise entrou em outra porta: já atingiu as financiadoras imobiliárias e os bancos. Agora chega às seguradoras.
Para acalmar o mercado imediatamente, basta o Tesouro americano fazer o que fez com o Bear Sterns ou com Fannie Mae e Freddy Mac: pôr dinheiro público para cobrir perdas e salvar as instituições, mesmo que seja com outros donos.
Mas este agravamento da crise aconteceu exatamente pela nova postura do Tesouro de dizer não aos pedidos de socorro. O Tesouro fez isso, porque achou que a fila de bancos com o chapéu na mão era interminável. E depois dos bancos viriam as indústrias pedir a mesma coisa. Mas sem o cofre do Tesouro, os bancos estão pisando em areia movediça. Ninguém sabe quem será tragado ou não.
Crise pode afetar o Brasil, mas o pior não está na nossa porta
Nesta crise, o Brasil está mais forte e mais imune, mas isso não significa que não sentiremos efeitos. As exportações vão perder força, porque o mundo vai crescer menos por muito tempo. Mas as importações também devem reduzir o ritmo de crescimento. O Brasil vai continuar crescendo este ano, mas tudo fica muito mais difícil com um cenário tão complicado lá fora.
O primeiro impacto já está sendo sentido: a Bolsa está nesta queda desde maio e vai ficar na montanha-russa. Nos três últimos dias da semana passada, a Bolsa conseguiu se recuperar: subiu 8% e só ontem já caiu 7,5%. A alta não se segura nesse tempo difícil.
Mesmo o país estando bem, o Risco Brasil deu um pulo ontem. O crédito externo ficará mais difícil e mais caro. Com isso, qualquer empresa brasileira grande ou qualquer empresa estrangeira aqui que queira investir vai ter mais dificuldade para ter financiamento externo.
Na economia globalizada, longe é um lugar que não existe. Uma crise no centro da economia mundial nos afeta de várias formas, mas os bancos brasileiros estão sólidos. Portanto, o pior da crise – que é a crise bancária – não está na nossa porta.
Emergência marca encontro da Unasul
O repórter Roberto Lameirinhas descreve, no Jornal O Estado de São Paulo, o começo das negociações da Unasul
Os nove presidentes sul-americanos reunidos ontem em Santiago, no Chile, num encontro de de emergência da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), aprovaram o envio de uma missão especial da Organização de Estados Americanos (OEA) à Bolívia para ajudar na busca de uma solução para a crise política naquele país. O secretário-geral da OEA, o chileno José Miguel Insulza, viaja hoje para La Paz para dar início à missão, que consiste em abrir um canal de negociação entre governo e oposição. O anúncio foi feito após seis horas de discussões a portas fechadas no Palácio la Moneda.
Durante o encontro, o presidente boliviano, Evo Morales, condicionou a instalação de uma mesa de diálogo pela OEA à desocupação dos prédios públicos tomados pela oposição e à investigação do que chamou de "massacre de Pando" - numa referência aos 15 mortos no departamento do norte da Bolívia nos últimos dias. Insulza declarou que a OEA estaria capacitada para realizar a apuração.
Os líderes de Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Paraguai, Uruguai e Venezuela expressaram apoio a Evo no documento final, além de respaldarem a integridade territorial boliviana. Segundo o chanceler do Peru, José Antonio García Belaúnde, a Unasul também estuda a possibilidade de acompanhar a investigação sobre as mortes em Pando e, após consultas ao governo e à oposição da Bolívia, acompanhar paralelamente a instalação da mesa de negociação.
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, resumiu, ao final do encontro, o objetivo dos líderes. "Evo precisa ter o apoio da região, ele é o presidente legitimamente eleito", afirmou. "E essa legitimidade foi ratificada por 67% dos bolivianos", acrescentou Lula. Segundo ele, "questões relativas ao tema do gás não foram tratadas na reunião".
Antes do encontro, os dois principais desafios de Lula eram tentar abrir um espaço para o diálogo sincero entre Evo e a oposição e conter a retórica intervencionista do presidente venezuelano, Hugo Chávez. Lula tinha apoio do recém-empossado presidente paraguaio, Fernando Lugo, e do colombiano, Álvaro Uribe. Declarações de Chávez e de Evo, que acusaram os EUA de estarem tentando envolver a argentina Cristina Kirchner no escândalo conhecido como "caso da maleta" - no qual um cidadão venezuelano foi preso com US$ 800 mil no aeroporto de Buenos Aires durante a campanha presidencial da peronista no ano passado - causaram certo mal-estar entre os participantes da cúpula, segundo declarou ao Estado uma fonte chilena. Entre os mais incomodados, estavam a chilena, Michelle Bachelet, e Uribe.
Um diplomata latino-americano baseado no Chile disse anonimamente ao Estado que, em seu primeiro grande teste, a Unasul corria o risco de nascer morta, caso se convertesse apenas em um palco para que Chávez tivesse a oportunidade de propagandear seu discurso de confronto com os EUA.
Os nove presidentes sul-americanos reunidos ontem em Santiago, no Chile, num encontro de de emergência da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), aprovaram o envio de uma missão especial da Organização de Estados Americanos (OEA) à Bolívia para ajudar na busca de uma solução para a crise política naquele país. O secretário-geral da OEA, o chileno José Miguel Insulza, viaja hoje para La Paz para dar início à missão, que consiste em abrir um canal de negociação entre governo e oposição. O anúncio foi feito após seis horas de discussões a portas fechadas no Palácio la Moneda.
Durante o encontro, o presidente boliviano, Evo Morales, condicionou a instalação de uma mesa de diálogo pela OEA à desocupação dos prédios públicos tomados pela oposição e à investigação do que chamou de "massacre de Pando" - numa referência aos 15 mortos no departamento do norte da Bolívia nos últimos dias. Insulza declarou que a OEA estaria capacitada para realizar a apuração.
Os líderes de Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Paraguai, Uruguai e Venezuela expressaram apoio a Evo no documento final, além de respaldarem a integridade territorial boliviana. Segundo o chanceler do Peru, José Antonio García Belaúnde, a Unasul também estuda a possibilidade de acompanhar a investigação sobre as mortes em Pando e, após consultas ao governo e à oposição da Bolívia, acompanhar paralelamente a instalação da mesa de negociação.
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, resumiu, ao final do encontro, o objetivo dos líderes. "Evo precisa ter o apoio da região, ele é o presidente legitimamente eleito", afirmou. "E essa legitimidade foi ratificada por 67% dos bolivianos", acrescentou Lula. Segundo ele, "questões relativas ao tema do gás não foram tratadas na reunião".
Antes do encontro, os dois principais desafios de Lula eram tentar abrir um espaço para o diálogo sincero entre Evo e a oposição e conter a retórica intervencionista do presidente venezuelano, Hugo Chávez. Lula tinha apoio do recém-empossado presidente paraguaio, Fernando Lugo, e do colombiano, Álvaro Uribe. Declarações de Chávez e de Evo, que acusaram os EUA de estarem tentando envolver a argentina Cristina Kirchner no escândalo conhecido como "caso da maleta" - no qual um cidadão venezuelano foi preso com US$ 800 mil no aeroporto de Buenos Aires durante a campanha presidencial da peronista no ano passado - causaram certo mal-estar entre os participantes da cúpula, segundo declarou ao Estado uma fonte chilena. Entre os mais incomodados, estavam a chilena, Michelle Bachelet, e Uribe.
Um diplomata latino-americano baseado no Chile disse anonimamente ao Estado que, em seu primeiro grande teste, a Unasul corria o risco de nascer morta, caso se convertesse apenas em um palco para que Chávez tivesse a oportunidade de propagandear seu discurso de confronto com os EUA.
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
É Lula, lá!!!!!
Estava lendo os comentários do Ricardo Noblat, em seu blog, e li duas vezes este comentário que reproduzo aqui.
Campanha eleitoral é um período fértil para a proliferação de bobagens. Exemplo? Uma onda vermelha poderá varrer o país conferindo ao PT esmagadora vitória.
Outra? O governo sairá mais forte das eleições porque os partidos que o apóiam elegerão a maioria dos prefeitos. Mais uma: com a popularidade em alta, Lula certamente elegerá Dilma.
Só há uma verdade indiscutível a essa altura do jogo: o presidente da República que alcançou na semana passada o recorde histórico de 64% de aprovação fechará o ano batendo seu próprio recorde. Elementar.
O país tem 5.562 municípios. Disputam o cargo de prefeito 15.365 candidatos. E de vereador cerca de 400 mil. Quantos desses candidatos se arriscam a caçar votos falando mal de um presidente tão querido? Só falam bem.
O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto, candidato do DEM a prefeito de Salvador, liderava com folga as pesquisas de intenção de voto. Até que seus principais adversários decidiram relembrar o que ele dissera sobre Lula em 2005. Da tribuna da Câmara, em tom agressivo, ele ameaçou Lula com uma surra se fosse espionado pela Agência Brasileira de Inteligência.
Resultado: ACM Neto pode ficar fora do segundo turno da eleição.
Os presidentes da República sempre se empenharam em desfederalizar as eleições municipais. Com isso imaginavam escapar de um eventual julgamento no meio do mandato. Lula fez o contrário. Primeiro antecipou a escolha do suposto candidato à sua sucessão – Dilma Rousseff. Depois saiu por aí a pretexto de autorizar obras, inaugurar obras e se necessário reinaugurá-las.
Com a economia bombando, aumentou seu cacife.
A oposição atribui “à sorte” os 64% de aprovação a Lula. De fato, a única sorte de Lula é contar com uma oposição incompetente. O resto é mérito exclusivo dele. E por exclusivo não beneficiará necessariamente os que o cortejam ou que por ele são cortejados.
Lula apóia Marcelo Crivella (PR) para prefeito do Rio e detesta Eduardo Paes, candidato do PMDB. Empurrado pelo governador Sérgio Cabral, Paes tem tudo para derrotar Crivella.
Lula foi a Curitiba e gravou mensagem pedindo votos para a candidata do PT à prefeitura. Ali, o prefeito Beto Richa (PSDB) se reelegerá com folga. Lula foi a São Paulo e desfilou com a candidata do PT Marta Suplicy. Uma semana depois, Marta caiu nas pesquisas.
A culpa não foi dele. Marta estava com um índice de intenção de votos superior ao que o PT sempre obteve no primeiro turno.
Onda vermelha? Como falar em onda vermelha com alianças esdrúxulas e efêmeras montadas só para disputar a eleição?
Em 1.063 municípios, PT e PSDB apóiam o mesmo candidato a prefeito. Em 194, o candidato a prefeito é do PSDB. Em 158, do PT.
A prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), concorre à reeleição com o apoio do PSB. Mas Ciro Gomes, a principal estrela do PSB no Ceará, apóia a candidata do PDT.
Sem dúvida, os partidos aliados do governo elegerão o maior número de prefeitos e de vereadores, mas também pudera: 16 partidos são aliados do governo. Jamais um governo atraiu o apoio de tantos partidos.
Nem por isso se poderá atribuir a vitória deles ao governo ou a Lula. É o caso de João da Costa (PT) no Recife. Antes de tudo, deverá vencer graças ao prestígio do prefeito João Paulo (PT) e do governador Eduardo Campos (PSB).
Quanto à eleição presidencial de 2010... É cedo para se especular sobre a capacidade de Lula de manter de pé em torno do seu candidato o consórcio de 16 partidos que hoje o apóiam. E de transferir para ele a maioria dos votos que são unicamente seus.
De resto, como garantir desde já que um presidente candidato à beatificação não possa ser constrangido a disputar um terceiro mandato consecutivo?
A carne é fraca. Lula é uma metamorfose ambulante. Não se mexe em time que está ganhando. A voz do povo é a voz de Deus. E o Congresso costuma escutá-la desde que preserve seus interesses.
Campanha eleitoral é um período fértil para a proliferação de bobagens. Exemplo? Uma onda vermelha poderá varrer o país conferindo ao PT esmagadora vitória.
Outra? O governo sairá mais forte das eleições porque os partidos que o apóiam elegerão a maioria dos prefeitos. Mais uma: com a popularidade em alta, Lula certamente elegerá Dilma.
Só há uma verdade indiscutível a essa altura do jogo: o presidente da República que alcançou na semana passada o recorde histórico de 64% de aprovação fechará o ano batendo seu próprio recorde. Elementar.
O país tem 5.562 municípios. Disputam o cargo de prefeito 15.365 candidatos. E de vereador cerca de 400 mil. Quantos desses candidatos se arriscam a caçar votos falando mal de um presidente tão querido? Só falam bem.
O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto, candidato do DEM a prefeito de Salvador, liderava com folga as pesquisas de intenção de voto. Até que seus principais adversários decidiram relembrar o que ele dissera sobre Lula em 2005. Da tribuna da Câmara, em tom agressivo, ele ameaçou Lula com uma surra se fosse espionado pela Agência Brasileira de Inteligência.
Resultado: ACM Neto pode ficar fora do segundo turno da eleição.
Os presidentes da República sempre se empenharam em desfederalizar as eleições municipais. Com isso imaginavam escapar de um eventual julgamento no meio do mandato. Lula fez o contrário. Primeiro antecipou a escolha do suposto candidato à sua sucessão – Dilma Rousseff. Depois saiu por aí a pretexto de autorizar obras, inaugurar obras e se necessário reinaugurá-las.
Com a economia bombando, aumentou seu cacife.
A oposição atribui “à sorte” os 64% de aprovação a Lula. De fato, a única sorte de Lula é contar com uma oposição incompetente. O resto é mérito exclusivo dele. E por exclusivo não beneficiará necessariamente os que o cortejam ou que por ele são cortejados.
Lula apóia Marcelo Crivella (PR) para prefeito do Rio e detesta Eduardo Paes, candidato do PMDB. Empurrado pelo governador Sérgio Cabral, Paes tem tudo para derrotar Crivella.
Lula foi a Curitiba e gravou mensagem pedindo votos para a candidata do PT à prefeitura. Ali, o prefeito Beto Richa (PSDB) se reelegerá com folga. Lula foi a São Paulo e desfilou com a candidata do PT Marta Suplicy. Uma semana depois, Marta caiu nas pesquisas.
A culpa não foi dele. Marta estava com um índice de intenção de votos superior ao que o PT sempre obteve no primeiro turno.
Onda vermelha? Como falar em onda vermelha com alianças esdrúxulas e efêmeras montadas só para disputar a eleição?
Em 1.063 municípios, PT e PSDB apóiam o mesmo candidato a prefeito. Em 194, o candidato a prefeito é do PSDB. Em 158, do PT.
A prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), concorre à reeleição com o apoio do PSB. Mas Ciro Gomes, a principal estrela do PSB no Ceará, apóia a candidata do PDT.
Sem dúvida, os partidos aliados do governo elegerão o maior número de prefeitos e de vereadores, mas também pudera: 16 partidos são aliados do governo. Jamais um governo atraiu o apoio de tantos partidos.
Nem por isso se poderá atribuir a vitória deles ao governo ou a Lula. É o caso de João da Costa (PT) no Recife. Antes de tudo, deverá vencer graças ao prestígio do prefeito João Paulo (PT) e do governador Eduardo Campos (PSB).
Quanto à eleição presidencial de 2010... É cedo para se especular sobre a capacidade de Lula de manter de pé em torno do seu candidato o consórcio de 16 partidos que hoje o apóiam. E de transferir para ele a maioria dos votos que são unicamente seus.
De resto, como garantir desde já que um presidente candidato à beatificação não possa ser constrangido a disputar um terceiro mandato consecutivo?
A carne é fraca. Lula é uma metamorfose ambulante. Não se mexe em time que está ganhando. A voz do povo é a voz de Deus. E o Congresso costuma escutá-la desde que preserve seus interesses.
Política Econômica
Enviado por Carlos Alberto Sardenberg
POBRES COM PETRÓLEO
O barril de petróleo foi negociado abaixo dos 100 dólares na semana passada e tudo indica que pode cair ainda mais. O mundo todo está crescendo menos e, pois, gastando menos energia, esse o fato principal. Mas é impossível antecipar qual será a cotação do ao final deste ciclo de baixa, sobretudo em um mercado sujeito a movimentos geopolíticos, além dos furacões.
POBRES COM PETRÓLEO
O barril de petróleo foi negociado abaixo dos 100 dólares na semana passada e tudo indica que pode cair ainda mais. O mundo todo está crescendo menos e, pois, gastando menos energia, esse o fato principal. Mas é impossível antecipar qual será a cotação do ao final deste ciclo de baixa, sobretudo em um mercado sujeito a movimentos geopolíticos, além dos furacões.
Na década de 70, o petróleo foi de 15 para 40 dólares, para voltar aos 15 dólares nos anos 80. Se a história se repete, o barril poderia voltar aos 60 dólares de janeiro de 2007, quando se iniciou o último ciclo de alta, que quase chegou aos 150 dólares.
A queda dos anos 80 resultou de uma combinação de recessão, inflação e descobertas de novos campos. Pois temos tudo isso de novo, mas tudo em grau menor. A inflação de hoje nem de longe se parece com a devastação que foi nos anos 70 e 80. Idem para a recessão de hoje, mais uma desaceleração.
Quanto às descobertas de óleo, são menos numerosas e, sobretudo, muito mais caras, como é o caso do óleo brasileiro na camada pré-sal. O produto está em locais difíceis. Além disso, faltam equipamentos e profissionais, por isso mesmo com preços em alta forte.
Eis por que companhias petrolíferas começam a rever seus projetos. Na semana passada, a francesa Total, que prospecta nas águas profundas do litoral de Angola, informou que esse petróleo não será comercial se a cotação cair abaixo dos 70 dólares. Na conta, a empresa considera uma taxa de retorno de 12,5%.
A Petrobrás não revela qual preço torna comercial o óleo do pré-sal. Gente do setor tem falado em 60/70 dólares, número não admitido por diretores da estatal. Estes dizem confiar em ganhos de produtividade para reduzir os custos de extração. Ou seja, esses diretores entendem que não apenas vão superar o enorme desafio de exploração em águas muito profundas, algo que nunca se fez antes, como farão isso criando novas tecnologias e métodos de exploração.
É uma boa aposta, claro, mas de risco razoável, pois a Petrobrás já desenvolveu capacidade nessa área. De todo modo, ainda não dá para estimar preços e rentabilidades, embora fique claro que o processo todo será muito caro e demorado.
Tudo considerado, é mesmo possível que o pré-sal torne o Brasil um país rico, mas isso não será simples. Será preciso tomar decisões sábias para explorar o petróleo a custos e prazos razoáveis, e serão decisões complexas.
Por exemplo, é interessante a idéia de se aproveitar o óleo para criar aqui uma indústria de navios, plataformas e equipamentos de exploração. Mas é evidente que demora mais e sai mais caro do que recorrer a parques industriais já consolidados em outros países.
Será uma escolha: recolher logo o dinheiro do petróleo, com equipamentos importados, ou esperar o avanço dos fabricantes nacionais.
E quanto ao ganho que as reservas darão ao país, só haverá mais informação quando o governo fizer as primeiras licitações para a exploração no pré-sal. Uma coisa é quanto o dono acha que vale, outra a que o mercado está disposto a pagar.
É por isso que há países pobres, com riquezas naturais. E países ricos, não abençoados pela natureza, como Japão e Coréia do Sul. Também já se disse aqui: Israel, sem petróleo, tem quase o dobro da renda per capita da Arábia Saudita, dona das maiores reservas do mundo. Tudo depende das decisões políticas.
Estatização nos EUA
A intervenção do governo americano nas mega-agências hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac só não foi uma estatização no sentido estrito porque não houve nem compra nem desapropriação das ações. Mas é uma estatização porque o governo assumiu o controle total das companhias, podendo inclusive dissolvê-las ou vendê-las.
E tudo com amplo apoio. Na verdade, raramente a ação de um governo teve apoio tão amplo quanto obteve aquela decisão de Washington. Houve apenas um tipo de crítica: talvez a medida não seja suficiente para conter a enorme crise financeira, talvez tenha demorado. Mas quanto ao pacote em si, aplauso total.
Não deixa de ser curioso. No país do liberalismo, onde se pratica a economia de mercado no seu grau mais avançado, o governo estatiza duas enormes companhias financeiras, e recebe apoio local e global.
Como interpretar? Alguns, como a ministra Dilma Roussef, entenderam assim: é para todo mundo ver que isso de mercado e de liberalismo é só da boca para fora ou do país para fora, quer dizer, vale para os outros não para os EUA.
Outros viram diferente: não há nada de novo nesse episódio. Como sempre, há falhas de mercado ou problemas causados por uma má regulação econômica. É função do governo sanar esses problemas, mas não para se substituir ao mercado.
Em resumo, Fannie Mae e Freddie Mac eram muito grandes para quebrar. Os custos da intervenção são menores do que o custo de não intervir. E tudo bem com o mercado: saneadas, as agências serão reprivatizadas.
Quanto ao fim do liberalismo, só se for mesmo nos EUA. Porque aqui, até o governo do PT aderiu às privatizações.
Comprem Brasil
Se você quer comprar ações de empresas de países emergentes, para onde deve ir?
Para o Brasil, recomenda o banco de investimentos Morgan Stanley, em relatório divulgado sexta passada.
E se você quer investir em títulos de renda fixa?
Para o Brasil, recomenda outro banco de investimento, o Deutsche.
Outra notícia interessante da semana passada. Enquanto os papéis da Vale sofriam, a China, principal cliente da Vale, anunciava recorde de importação de minério de ferro em agosto. E a companhia brasileira negocia aumentos de preços.
Muitas vezes, a negociação de papéis nas bolsas passa ao largo da situação real das empresas. Por isso, as ações, às vezes, ficam incrivelmente baratas.
Publicado em O Estado de S.Paulo, 15 de setembro de 2008
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