Estava lendo os comentários do Ricardo Noblat, em seu blog, e li duas vezes este comentário que reproduzo aqui.
Campanha eleitoral é um período fértil para a proliferação de bobagens. Exemplo? Uma onda vermelha poderá varrer o país conferindo ao PT esmagadora vitória.
Outra? O governo sairá mais forte das eleições porque os partidos que o apóiam elegerão a maioria dos prefeitos. Mais uma: com a popularidade em alta, Lula certamente elegerá Dilma.
Só há uma verdade indiscutível a essa altura do jogo: o presidente da República que alcançou na semana passada o recorde histórico de 64% de aprovação fechará o ano batendo seu próprio recorde. Elementar.
O país tem 5.562 municípios. Disputam o cargo de prefeito 15.365 candidatos. E de vereador cerca de 400 mil. Quantos desses candidatos se arriscam a caçar votos falando mal de um presidente tão querido? Só falam bem.
O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto, candidato do DEM a prefeito de Salvador, liderava com folga as pesquisas de intenção de voto. Até que seus principais adversários decidiram relembrar o que ele dissera sobre Lula em 2005. Da tribuna da Câmara, em tom agressivo, ele ameaçou Lula com uma surra se fosse espionado pela Agência Brasileira de Inteligência.
Resultado: ACM Neto pode ficar fora do segundo turno da eleição.
Os presidentes da República sempre se empenharam em desfederalizar as eleições municipais. Com isso imaginavam escapar de um eventual julgamento no meio do mandato. Lula fez o contrário. Primeiro antecipou a escolha do suposto candidato à sua sucessão – Dilma Rousseff. Depois saiu por aí a pretexto de autorizar obras, inaugurar obras e se necessário reinaugurá-las.
Com a economia bombando, aumentou seu cacife.
A oposição atribui “à sorte” os 64% de aprovação a Lula. De fato, a única sorte de Lula é contar com uma oposição incompetente. O resto é mérito exclusivo dele. E por exclusivo não beneficiará necessariamente os que o cortejam ou que por ele são cortejados.
Lula apóia Marcelo Crivella (PR) para prefeito do Rio e detesta Eduardo Paes, candidato do PMDB. Empurrado pelo governador Sérgio Cabral, Paes tem tudo para derrotar Crivella.
Lula foi a Curitiba e gravou mensagem pedindo votos para a candidata do PT à prefeitura. Ali, o prefeito Beto Richa (PSDB) se reelegerá com folga. Lula foi a São Paulo e desfilou com a candidata do PT Marta Suplicy. Uma semana depois, Marta caiu nas pesquisas.
A culpa não foi dele. Marta estava com um índice de intenção de votos superior ao que o PT sempre obteve no primeiro turno.
Onda vermelha? Como falar em onda vermelha com alianças esdrúxulas e efêmeras montadas só para disputar a eleição?
Em 1.063 municípios, PT e PSDB apóiam o mesmo candidato a prefeito. Em 194, o candidato a prefeito é do PSDB. Em 158, do PT.
A prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), concorre à reeleição com o apoio do PSB. Mas Ciro Gomes, a principal estrela do PSB no Ceará, apóia a candidata do PDT.
Sem dúvida, os partidos aliados do governo elegerão o maior número de prefeitos e de vereadores, mas também pudera: 16 partidos são aliados do governo. Jamais um governo atraiu o apoio de tantos partidos.
Nem por isso se poderá atribuir a vitória deles ao governo ou a Lula. É o caso de João da Costa (PT) no Recife. Antes de tudo, deverá vencer graças ao prestígio do prefeito João Paulo (PT) e do governador Eduardo Campos (PSB).
Quanto à eleição presidencial de 2010... É cedo para se especular sobre a capacidade de Lula de manter de pé em torno do seu candidato o consórcio de 16 partidos que hoje o apóiam. E de transferir para ele a maioria dos votos que são unicamente seus.
De resto, como garantir desde já que um presidente candidato à beatificação não possa ser constrangido a disputar um terceiro mandato consecutivo?
A carne é fraca. Lula é uma metamorfose ambulante. Não se mexe em time que está ganhando. A voz do povo é a voz de Deus. E o Congresso costuma escutá-la desde que preserve seus interesses.
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