Ontem, Lula disse que estamos vivendo uma crise "certamente 30 vezes maior que a da Malásia", e que nem por isso o Brasil foi atingido.
A crise, na verdade, foi na Tailândia, e começou em julho de 1997. Ela ficou conhecida como a crise da Ásia.
Depois, se alastrou para a Indonésia, foi para a Coréia e chegou à Malásia.
Um ano depois de ter começado, chegou também à Rússia e seis meses depois, em janeiro de 1999, atingiu o Brasil. Esse é o passado recente do país e muita gente se lembra.
Acontece, que ao contrário daquela turbulência, a crise de agora possui outras características.
Aquela foi uma crise cambial, que atingiu países com desequilíbrio nas contas correntes. Por isso, se alastrou por todos os países que possuíam a mesma dificuldade: déficit comercial alto e déficit no balanço de pagamento em contas externas.
A gente não tem esse problema agora, estamos bem nas contas externas.
Mas a crise americana é outra, é uma crise bancária na maior economia do mundo.
É importante perceber também, que a crise da Ásia começou em julho de 1997 e só chegou ao Brasil em janeiro de 1999. Não foi um contágio imediato, demorou um ano e meio.
A crise americana é muito grave e alguns economistas estão dizendo que ela pode ser a pior desde a Segunda Guerra.
Ela começou por causa de inadimplências no mercado imobiliário e aí se descobriu que os bancos estavam com problemas graves nos balanços. Eles estão com muitos ativos imobiliários podres e o prejuízo, no total, pode chegar a US$ 1 trilhão.
Ainda não fomos atingidos e isso é ótimo. Mas ninguém acha que o Brasil está numa bolha protegida porque possui contas externas boas.
Dependendo do tamanho da crise, todo mundo vai ser atingido.
A melhor coisa a fazer, ao invés de ficar batendo no peito dizendo que agora tudo vai dar certo, seria o governo pensar em todos os cenários, bons e ruins, para tomar todas as medidas preventivas.
Aquele remédio das contas externas serve para um outro tipo de crise, que é diferente da que estamos vivendo.
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