Por essa ninguém esperava. Quer dizer, todo mundo esperava, mas não hoje, véspera de feriado.
A S&P, a agência mais conceituada de risco, deu finalmente o grau de investimento ao Brasil. A notícia fez a Bovespa dar um salto: ela estava com alta de 1,69% às 15h30 e, meia hora depois, já opera com alta de 3,71%.
Uma enxurrada de dólares no Brasil. É isso que os economistas esperam com o grau de investimento conseguido agora.
Isso tem tudo para acontecer sobretudo porque os principais fundos de investimento estrangeiros - que estão sempre em busca de maior rentabilidade - terão agora a permissão para investir em países antes considerados arriscados, como era o caso do Brasil.
Pelo regulamento desses fundos, não é permitido investir em países que não possuem grau de investimento, ou seja, países que possuem risco elevado. Há um outro fator muito importante na mudança que é o fato de que as empresas brasileiras poderão pegar empréstimos no exterior a um custo mais barato.
Dado esse quadro, a expectativa é de o dólar despenque ainda mais. O que pode aumentar a grita dos exportadores, mas será provavelmente muito bom para o Banco Central, que poderá ter uma alívio inesperado na alta dos preços.
O capital que virá é um capital que pode investir em longo prazo, exatamente por serem investidores mais cuidadosos e de olho em retorno que leve mais tempo.
Os setores que podem receber recursos nesse novo momento de grau de investimento são, por exemplo, obras de infra-estrutura. Mas, ao mesmo tempo, ter grau de investimento não resolve tudo: é preciso que haja um bom ambiente de negócios e bons marcos regulatórios.
Outro setor que pode se beneficiar neste momento é o da agricultura. O ex-ministro Roberto Rodrigues disse que já estão no Brasil 14 importantes grupos e fundos investindo em agricultura, inclusive interessados em produzir madeira plantada, o que ajuda a reduzir a pressão sobre o desmatamento.
O setor de construção civil e construção residencial pode também ser beneficidado pela entrada desse novo investidor que antes não podia vir porque por estão submetidos a controles regulatórios mais rígidos e não podem investir em "mercados especulativos", ou seja, aqueles que não têm grau de investimento.
Não é claro, nenhuma panacéia, e parte da valorização dos ativos brasileiros já ocorreu na expectativa dessa chegada de capital.
Por outro lado, haverá também o efeito colateral, ou seja, a queda do dólar que tirará ainda mais rentabilidade da atividade exportadora.
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