Há 16 dias o país inteiro faz a pergunta: quem matou a menina Isabella? A polícia diz que as investigações estão quase concluídas. Faltam os laudos do Instituto Médico-Legal (IML) e do Instituto de Criminalística.
Dezenas de testemunhas já foram ouvidas e outras ainda serão chamadas a depor. No domingo (13), pela primeira vez desde a tragédia, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá visitaram os dois filhos do casal na casa da avó materna.
As perguntas básicas da investigação ainda não foram respondidas – longe disso. Enquanto isso, outras perguntas vão surgindo. Ontem, Alexandre Nardoni e a mulher, Anna Carolina Jatobá, viram os filhos pequenos pela primeira vez desde que foram libertados.
Os filhos do casal estão na casa da família da madrasta de Isabella. Apenas Alexandre falou ontem com os jornalistas que estavam em frente à casa do pai dele.
Ainda não se sabe se eles passaram a noite na casa da família da madrasta de Isabella. Três carros saíram do prédio com os vidros totalmente escuros e não foi possível ver quem estava dentro.
O apartamento do pai de Anna Carolina Jatobá fica no nono andar de um prédio, virado para os fundos. O prédio fica em uma movimentada rua de Guarulhos. Segundo o porteiro, ninguém está autorizado a entrar – nem amigos e nem parentes.
Na casa do pai de Alexandre Nardoni, na Zona Norte de São Paulo, ninguém entrou ou saiu durante a madrugada. A última vez que o portão foi aberto foi com a chegada de um casal, no fim da noite de domingo. Eles se disseram primos de Alexandre, trouxeram várias sacolas e foram embora depois de 50 minutos.
Um pouco antes, às 23h, um carro entrou na garagem. Era do mesmo modelo que levou Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá até a casa dos pais dela, em Guarulhos. Mas, desta vez, não foi possível enxergar quem estava dentro do carro. As luzes da casa foram totalmente apagadas à 1h.
A movimentação foi grande na casa da família Nardoni durante todo o domingo. A polícia espera receber ainda esta semana os resultados dos laudos que podem apontar quem matou Isabella.
Na casa da família Nardoni, o fim de semana foi movimentado. No domingo (13), parentes carregaram caixas de leite e fraldas para um carro. É o mesmo carro que levaria Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá para o reencontro com os filhos, depois de dez dias de separação. Na saída, Alexandre até falou com os jornalistas.
“Bom dia”, disse Alexandre Nardoni aos jornalistas.
O casal foi direto para a casa do pai de Anna Carolina, em Guarulhos, onde estavam o bebê de 11 meses e filho mais velho, de 3 anos. Alexandre e Anna Jatobá passaram o dia no apartamento. No final da tarde, várias pessoas apareceram na sacada. Na delegacia que concentra a investigação, cinco vizinhos foram chamados para depor.
“Eu não ouvi briga nenhuma, gente. Eu estava na rua, cheguei depois”, contou uma testemunha.
Quinze dias depois do assassinato de Isabella, 48 pessoas foram ouvidas. Ainda há perguntas que precisam de respostas: de quem é a pegada encontrada no lençol do quarto de onde a menina foi jogada? O sangue encontrado em vários pontos do apartamento é de Isabella? Qual o resultado da análise das roupas usadas por Anna Carolina Jatobá na noite do crime? E o que causou a morte da menina?
Dependendo das respostas, a polícia diz que poderá pedir a prisão preventiva dos suspeitos.
“Isso é uma hipótese. Se for feito pela Polícia Civil, eu terei tempo suficiente para analisar todos os fundamentos, todas as provas até então obtidas, e me manifestarei”, afirmou o promotor de Justiça, Francisco Cembranelli.
“Desde o início, quando nós ingressamos neste inquérito, nós temos sustentado isso: a questão da precipitação. A falta de elementos que justificassem a decretação de uma prisão, seja da provisória, seja da preventiva”, disse o advogado do casal, Marco Pólo Lavorin.
A delegada que comanda a investigação vai decidir se convoca 22 pessoas apontadas como testemunhas pela defesa. Nos próximos dias, devem ficar prontos os laudos do Instituto de Criminalística e do Instituto Médico-Legal (IML). Com eles, a polícia poderá marcar a reconstituição do crime.
“Em princípio, [eles] vão participar”, confirmou o advogado do casal, Marco Pólo Lavorin.
‘Nosso objetivo é achar quem fez isso’, diz pai de Alexandre
A família Nardoni decidiu vender os dois apartamentos que tem no prédio onde Isabella morreu. O repórter César Tralli entrevistou, com exclusividade, o pai de Alexandre, Antônio Nardoni.
“Nós não temos condição nem de ir a um cemitério, nós não temos condição de levá-lo nem lá para visitar o túmulo da filha. Então, tudo isso é muito difícil. O que a gente vê são fotos e vídeos que nós temos alguns em casa”, contou Antônio Nardoni.
Antônio Nardoni, pai de Alexandre, conta que virou prisioneiro dentro de sua própria casa, onde estão o filho e a nora, Anna Carolina Jatobá.
“O filho e a sua nora deixaram a cadeia, mas a percepção que se tem é que eles vivem hoje uma prisão domiciliar?”, pergunta o repórter.
“Na verdade, eles e o resto da família. Então, na verdade todos nós estamos em prisão domiciliar, infelizmente. Mas espero que seja uma situação passageira”, comentou Antônio Nardoni, pai de Alexandre.
A lembrança da neta é o maior motivo de dor e comoção na família Nardoni.
“Em todas as festas, nós estávamos e ela adorava estar com a gente. Em casa, adorava estar com o pai, sempre gostou muito de ficar com o pai e com os irmãos. Então, para nós, essa falta é muito complicada, muito difícil. A gente não consegue falar disso, desculpe”, disse o pai de Alexandre Nardoni, emocionado.
Seu Antônio confirma que, logo depois da queda de Isabella, os pais dela não ligaram para o resgate. A família é que foi avisada.
“Talvez algumas pessoas estranhem esse tipo de comportamento. Nós temos uma regra dentro de casa, isso é desde criança. Meu filho hoje é um homem casado, tem filho. Então, desde quando eles saíram de casa, nós temos uma norma que é assim: quando você tem algum problema, um liga para o outro primeiro”, conta Antônio Nardoni.
Naquela noite, do outro lado da linha, era Anna Carolina Jatobá, a madrasta de Isabella.
“Ela estava muito nervosa, falando muito alto e dizendo que tinha acontecido alguma coisa com a Isabella, que dava a impressão de que a Isabella tinha caído ou tinha sido jogada. A partir daí, eu desliguei o telefone e saí correndo para lá. Eu fui um dos primeiros a chegar lá”, contou o pai de Alexandre Nardoni.
Logo depois, chegou a filha de Antônio Nardoni, Cristiane, a irmã de Alexandre. Ela estava num restaurante quando o pai ligou.
“Meu celular tocou, eu vi ‘meu pai’, e falei: ‘Vou atender’. Atendi e ele falava, mas não dava para ouvir. O barulho, a música era muito alta. Só ouvia que era alguma coisa relacionada a Isabella, mas eu não entendia o quê. Levantei da mesa e disse: ‘Aconteceu alguma coisa com a Isabella.
Vou no banheiro ligar para saber’”, disse Cristiana Nardoni, irmã de Alexandre.
Na segunda ligação, Cristiane teve certeza de que algo terrível tinha acontecido, mas ela nega que tenha dito qualquer coisa que pudesse incriminar o irmão.
“Eu só avisei: ‘Olha, aconteceu alguma coisa com a Isabella, eu não sei exatamente o quê, mas vamos embora que eu preciso saber o que está acontecendo’. E fui embora. Não falei nada em momento algum”, continuou a irmã de Alexandre Nardoni.
Pouco antes do crime, vizinhos ouviram uma violenta discussão entre Alexandre e a madrasta de Isabella, Anna Carolina. É o que diz a promotoria, com base em depoimentos de testemunhas. Mas Antônio Nardoni, pai de Alexandre, contesta a suspeita de uma briga entre o casal.
“Não houve briga, eu tenho absoluta certeza. Se alguém está dizendo que ouviu briga deve ter ouvido em algum dos prédios em volta e pode ter tido a impressão de que fosse lá, mas com absoluta certeza não teve nada disso”, afirmou o pai de Alexandre Nardoni.
A família Nardoni revelou que nunca mais voltará a morar no prédio onde Isabella morreu. Os dois apartamentos do sexto andar serão vendidos. Para Seu Antônio, esta é uma das poucas certezas diante de uma realidade ainda cercada de mistério e de um futuro incerto.
“Seu filho está totalmente disponível para investigação? Quantas vezes ele for chamado para depor?”, pergunta o repórter.
“Quantas vezes. Nós, desde o fato que nos fomos para o hospital, de lá fomos para o necrotério, falamos com a delegada, o apartamento está lá, as roupas estão lá, está tudo lá. Ou seja, em nenhum momento eles criaram nenhum obstáculo, porque o objetivo nosso é, realmente, chegar no final e achar quem fez isso”, finalizou Antônio Nardoni.
No domingo, três pessoas prestaram depoimento sobre o crime. Eram todos vizinhos do casal. Hoje a delegada que comanda a investigação decide se vai convocar as testemunhas indicadas pela defesa.
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