Agripino desatinou
Inaceitável. Indelicada. Grosseira. E politicamente desastrosa.
A atitude do líder do DEM, senador José Agripino, na abertura dos trabalhos da Comissão de Infra-estrutura do Senado, na manhã de hoje, já pode ser inscrita nos Anais do Congresso como uma das mais grosseiras agressões desferidas contra uma autoridade que vai ao Congresso Nacional prestar contas dos atos de sua pasta.
Ao agredir a ministra Dilma Roussef, ao trazer de volta eventos, dores e peripécias de sua juventude, de sua prisão e tortura na cadeia da ditadura, o senador José Agripino manchou a própria biografia.
Homem fino, educado, adversário por vezes duro (mas isto faz parte do embate político), Agripino jamais foi descortês.
E não se diga que do outro lado estava uma mulher. Nós, mulheres, dispensamos este tipo de paternalismo.
Do outro lado estava um ministro, uma autoridade da República. Que merecia ser duramente questionada, mas respeitada.
Autoridades devem prestar contas de seus atos. É da regra da democracia a prática da accountability.
Mas não foi isso o que se viu e ouviu.
O senador José Agripino foi grosseiro, indelicado, agressivo. Desnecessariamente desrespeitoso.
Até porque, como tática política, sua intervenção foi coroada de fracasso. Colheu o contrário do que plantou. Fortaleceu a ministra, ajudou a erguer uma barreira de proteção a ela.
A resposta de Dilma Roussef, emocionada, nervosa, mas firme e corajosa, rendeu-lhe aplausos de governistas e oposicionistas.
Todos(as) aqueles(as) que me honram com sua participação neste blog sabem que a ministra Dilma não é santa do meu altar.
Tenho severas observações a respeito de seu comportamento, de sua postura e, sobretudo, de sua tão propalada competência.
Mas não posso deixar passar em branco o que aconteceu hoje.
Como analista política, mulher e ex-militante da geração de 68, estou solidária com a ministra Dilma Roussef.
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