sexta-feira, 16 de maio de 2008

Mudanças no Planalto

A saída de Marina Silva e a nomeação de Carlos Minc revelam uma mudança de padrão no Planalto.

Marina Silva estava isolada há algum tempo. Desrespeitada em público pelo presidente, ultrapassada por outros ministros (e ministras), derrotada em praticamente todas as batalhas em que se envolveu, Marina decidiu sair.

Por que foi diferente das outras demissões? Porque Marina não estava envolvida em nenhum escândalo de corrupção nem de formação de quadrilha, não decidiu voltar à iniciativa privada, não decidiu disputar eleições. Apenas não queria mais permanecer como uma jóia cara, brilhante e inútil na coleção do presidente Lula.

Diferente, porque Marina não saiu alegando motivos particulares. Ao contrário, enumerou em sua carta de demissão todas as razões de seu desconforto no governo.

Diferente porque Marina decidiu não atender a apelos para que permanecesse no cargo até que o presidente escolhesse um sucessor.

Sabe que o presidente Lula é ruim de demitir e ruim de nomear. Interinos têm-se eternizado em várias pastas. Marina decidiu sair sem consultar o presidente.

Mas Lula também foi diferente desta vez.

Acostumado à bajulação, a auxiliares que preferem ser desrespeitados em público a se afastar do círculo de um presidente no auge da popularidade, Lula foi realmente apanhado de surpresa. E reagiu com o fígado.

Não esperou, não ouviu ninguém, não hesitou. Carlos Minc é rápido no gatilho para obter licenças ambientais? Pois será ele o novo ministro. O fundamental era não deixar o cargo vago, porque a repercussão internacional à saída de Marina Silva foi a pior possível.

E o presidente Lula, por seu temperamento e por sua obsessão com o sonho do Brasil Grande Potência, é um presidente particularmente sensível ao que dizem do Brasil e de seu governo lá fora.

Assim, contrariando sua tendência à indecisão para nomear e a promover interinos, só para não ter que decidir, Lula escolheu o secretário de Meio-Ambiente do Rio, Carlos Minc.

Voltou atrás, convidou Jorge Vianna, que recusou – outra novidade, alguém recusando um convite de Lula para ser ministro –, e decidiu-se finalmente por Carlos Minc.

Indiscutivelmente, tanto da parte da ministra que sai, quanto da parte do presidente que decide rapidamente, foi uma novidade.

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