Enviado por Lucia Hippolito
Mais um semestre esquisito, em que a política freqüentou quase diariamente as páginas policiais. Praticamente todos os grandes partidos foram envolvidos em confusão.
Grossa corrupção no Rio Grande do Sul, com direito até a pedido de impeachment da governadora tucana Yeda Crusius. Lembro que tratei desse assunto aqui mesmo no blog em 27 de abril e em 9 de junho.
CPI em funcionamento na Assembléia Legislativa constatou desvio de pelo menos 44 milhões de reais do Detran-RS. O principal envolvido, o tucano Lair Feist, foi um dos coordenadores da campanha de Yeda ao governo em 2006.
Secretário de Planejamento é fotografado pelo jornal Zero Hora tomando chope com o principal envolvido no escândalo. Resultado: pede demissão.
Vice-governador Paulo Feijó (DEM) inimigo de Yeda desde antes da posse, grava conversa comprometedora com o chefe da Casa Civil.
Resultado: chefe da Casa Civil e mais quatro secretários pedem demissão. Yeda praticamente entrega a coordenação do governo aos partidos da sua base aliada.
O escândalo ainda não chegou ao seu final.
Grossa corrupção em São Paulo. Empresa francesa Alstom confessa ter pagado propina a membros do governo Mário Covas-Geraldo Alckmin para ser beneficiada com obras no estado, principalmente metrô, Eletropaulo e Sabesp.
Tratei deste assunto em 4 de junho, concluindo: “Este escândalo da Alstom pode até ser escondido dentro do armário. Mas vai assombrar a campanha do ex-governador Alckmin, se ele insistir em ser candidato a prefeito em 2008.
Mas o governador José Serra se ilude, pensando que isto é assunto do governo Covas-Alckmin. Este esqueleto também vai sair do armário para assombrar a campanha do governador em 2010, seja para presidente da República, seja para se reeleger governador de São Paulo.
Como diz com muita precisão o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), “safadeza não prescreve”.
Grossa corrupção em Minas Gerais, onde o prefeito de Juiz de Fora, Alberto Bejani (PTB), continua preso mesmo depois de ter renunciado ao cargo. Bejani está envolvido em falcatruas para liberação de verbas do Ministério das Cidades.
Apanhado em vídeos e fitas, embolsando dinheiro (imagens quase pornográficas!), Bejani tratou logo de envolver o ex-ministro José Dirceu, acusando-o de intermediário de um negócio que teria rendido ao atual consultor José Dirceu uma “comissão” de R$ 7 milhões!
(Para quem não se lembra, a campanha de Bejani em 2004 foi uma das “irrigadas” por verbas do mensalão, repassadas por Delúbio Soares ao então deputado Roberto Jefferson.)
Grossa corrupção envolvendo o BNDES. Denúncia de desvio de recursos do banco atingiu em cheio o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), cujo processo de cassação está sendo analisado pelo Conselho de Ética da Câmara.
Independentemente disso, o STF acolheu o pedido do procurador-geral da República e Paulo Pereira da Silva já está sendo processado.
Grossa corrupção na Bancoop, a cooperativa habitacional dos bancários de São Paulo, envolvendo até o atual presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini. (Que vocação para o abismo tem sua Excelência! Volta e meia está associado a escândalos.) Compradores lesados, imóveis que não existiam, enfim, todo o cardápio básico da grande falcatrua.
Mau uso do dinheiro público. Além do uso do cartão corporativo do governo para pagamento de despesas pessoais de altos funcionários, tivemos também o caso do magnífico reitor da UnB e suas lixeiras de R$ 1 mil.
No Ceará, o caso emblemático de “privatização” do cargo. O governador Cid Gomes (genro de ouro, sonho de toda sogra) levou a esposa e a sogra para passar o Carnaval na Europa.
Às custas do contribuinte cearense, naturalmente.
Para encerrar com uma nota de otimismo cauteloso. Só estamos podendo falar desses assuntos, graças a uma imprensa livre, uma Polícia Federal operosa, um Ministério Público atuante e uma opinião pública atenta.
Não é dizer pouco.
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