quarta-feira, 4 de junho de 2008

Do Portal G1 - Opiniões sobre o COPOM


Confira o que disseram economistas e representantes de entidades de classe e empresariais sobre a decisão do Copom de elevar os juros básicos do país de 11,75% para 12,25%, anunciada nesta quarta-feira (4).

Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio de São Paulo
"O que mais nos preocupa é a expectativa de que o aperto monetário esteja apenas em seu início. O juro de hoje representa a contração de amanhã. Este ano provavelmente a economia ainda cresce 4,5% ou 5%, mas para 2009 os efeitos tendem a ser devastadores."

Orlando Diniz, presidente da Federação do Comércio do Rio
"Preocupado com uma inflação localizada, o governo opta por gastar mais com o serviço da sua dívida em vez de direcionar ações contra o gargalo da infra-estrutura e os gastos públicos ineficientes, que causam efeitos diretos sobre os preços ao consumidor."

Paulo Sandroni, professor da Fundação Getúlio Vargas
“Junto com o grau de investimento, isso (o aumento dos juros) vai estimular a entrada de dólares no país. Mas o dinheiro atraído pelo grau é dinheiro de permanência maior (investimento na economia). A taxa de juros alta atrai dinheiro especulativo, de mercado financeiro, agora que os juros nos EUA estão muito baixos. A oferta de dólares cresce, e a taxa de câmbio não tem como sair desse patamar de R$ 1,60. Eu acho que isso é ruim porque a balança comercial já começa a mostrar sinais de fraqueza. O nosso déficit em conta corrente cresceu e poderá aumentar ainda mais. Isso tudo em nome do combate à inflação, que para o governo é a coisa mais importante que existe”.

Francisco Carvalho, economista da Corretora Liquidez
"A decisão deixa a expectativa de que nas próximas reuniões o BC vai continuar elevando a Selic em 0,5 ponto. Esperamos pelo menos mais duas reuniões de aumento de 0,5 ponto. Vai depender de como a inflação vai se comportar. Para este ano, já está bem claro que a inflação vai ficar acima da meta, entre 5% e 5,5%, e no final do ano o BC vai ter que fazer aquela cartinha e explicar por que não cumpriu a meta. A preocupação agora é 2009."

Gustav Gorski, economista-chefe da Geração Futuro Corretora
“Diferente do que muitos pensam, o aumento de juros é muito saudável para a economia, porque nós estávamos crescendo mais do que nós podíamos. Íamos crescer mais do que podíamos e ano que vem a inflação iria vir bem mais forte, sem controle e atrapalhar o crescimento de 2009, 2010, 2011. É saudável porque nós temos inflação e o único remédio para inflação é o aumento de juros. O resto não é remédio, são apenas pomadas. Não curam a ferida, só não deixam ela aparecer."

Confederação Nacional da Indústria (nota oficial)
"A alta excessiva dos juros anula os efeitos positivos de políticas de estímulo à produção – pois encarecem o financiamento para investir na produção; e a conseqüente valorização do real reduz a competitividade dos produtos nacionais. Ambos conduzem ao menor crescimento."

Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo)
“Demanda gera progresso. Gastos públicos desnecessários geram dívidas e, conseqüentemente, mais impostos. Aumentar juros para conter a demanda é impedir o crescimento, é apequenar os horizontes do País limitando as oportunidades de seu povo. O que precisamos conter são as despesas do Governo.”

Istvan Kasznar (Associação Nacional das Instituições de Crédito)
"É evidente que a inflação que estamos vivenciando é resultado também da conjuntura internacional, devido a um período de franca elevação das commodities e do petróleo. Mas, mesmo assim, O BC brasileiro vem deixando bem claro que vai tomar providências pontuais para que a meta de inflação seja cumprida. Agora, que somos 'investment grade', temos que preservar o que conquistamos com tanto sacrifício."

Força Sindical (nota oficial)
"É uma insanidade dos tecnocratas do Copom aumentar a taxa Selic sob a justificativa da volta galopante da inflação. O Banco Central precisa entender que o remédio de juros em patamares proibitivos pode acabar asfixiando de forma traumática a economia. Os trabalhadores condenam enfaticamente esta política restritiva do Banco Central que coloca uma trava no desenvolvimento, freia o consumo, a produção e a geração de novos postos de trabalho."

Alexandre Jorge Chaia, do Ibmec São Paulo:
"Esse aumento pode ser visto como duas coisas: a primeira é que o BC continua firme na política de conter a inflação, pelo que está sendo super elogiado fora do Brasil. Até mesmo aqui dentro tem cada vez menos críticas à atuação do BC no controle da inflação.(...) Outro ponto sinalizado com o novo aumento em 0,5 ponto é que o ciclo de alta da Selic provavelmente vai ser mais longo. Uma puxada mais forte (com alta de 0,75, por exemplo", talvez influenciasse esse ano, e a preocupação atual do BC é com a inflação do ano que vem. Mas o BC está querendo evitar clima de incerteza".

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