Enviado por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa - 20.6.2008 7h42m
Muitos brasileiros ficarão indignados ao saber que semana que vem o Congresso Nacional entra em recesso branco. As festas juninas são a desculpa do momento. Alegam que o pobre eleitor nordestino não vota em quem não for dançar a quadrilha... No que não creio, posto que deve ser um alívio não ter esses cidadãos empatando a festa.
Só não vejo motivo para estranhamento. Em recesso branco, azul, amarelo, vermelho, listrado, estamos há muito tempo. Só isso explica o fato do Exército Brasileiro estar sendo terceirizado por um candidato a prefeito, Crivella, com o beneplácito de dois ministérios, Cidades e Defesa e, nunca é demais salientar, com a anuência do Presidente da República.
A favela da Providência é a matriz de todas as favelas cariocas. Sua história remonta à Guerra do Paraguai. Sua localização é especial: atrás da Estação de Ferro Central do Brasil, de frente para a Avenida Presidente Vargas, claramente visível para quem vai ao Maracanã, ao Sambódromo, ao Engenhão, ou ao Centro Administrativo da cidade.
Esgotos? Água encanada? Escolas? Postos de saúde? Isso é besteira. Importante é o visual, o que o eleitor lá do asfalto vê. Com uma guaribada nas fachadas e nos telhados, cores fortes e vivas, é um bom cartaz: “Olhem como ficará bela e limpa a sua cidade com Crivella na Prefeitura”.
Um crime hediondo foi cometido. Contra todos nós. O crime não é só dos animais do Morro da Mineira. Nem do tenente e seus comandados. O crime é das autoridades brasileiras que não se respeitam, posto que não nos respeitam. A utilização de tropas brasileiras para fins que o Congresso Nacional não aprovou, pois que nem consultado foi, só veio à tona por conta do crime por demais bárbaro para caber em baixo até mesmo dos grossos tapetes da frágil República brasileira.
As autoridades fluminenses, municipais, estaduais e federais, não estão livres de culpa. Não é possível crer que não soubessem do Cimento Podre que se desenhava na Providência.
O Rio grita por socorro.
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