sábado, 18 de abril de 2009

"Namorado da Galisteu" some de Brasília

Luciana Nunes Leal

O deputado Fábio Faria (PMN-RN), de 31 anos, seria mais um parlamentar desconhecido do chamado baixo clero não fosse o namoro ilustre. No plenário, era conhecido como "o namorado da Adriane Galisteu", mesmo depois do fim do relacionamento, em março de 2008.

Na última semana, com a revelação de que ele usou mais de R$ 23 mil de sua cota de passagens aéreas para patrocinar viagens da ex-namorada, da mãe dela e de amigos, Faria sumiu de Brasília. Fez nota de esclarecimento, devolveu o dinheiro, mas não apareceu. Com isso, somou 18 faltas não justificadas desde o início do mandato, em 2007. Teve ainda 50 ausências justificadas. Das 254 sessões realizadas nesse período, Faria não esteve presente em mais de um quarto (26,8%), segundo informações oficiais do portal da Câmara. Em seu gabinete, no desprestigiado Anexo 3 - os parlamentares mais influentes ocupam o Anexo 4 -, a informação é de que o deputado teve "agenda no Estado".

Filho do deputado estadual Robinson Faria (PMN), presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, Fábio nunca havia sido eleito até 2006, quando venceu a disputa pela Câmara com 195 mil votos.

Tem uma atuação discreta. Em pouco mais de dois anos, apresentou seis projetos de lei, relatou outros quatro. É titular da Comissão de Desporto e Turismo e, em 2007, fez sessão solene para homenagear atletas dos jogos Parapan-Americanos. Ainda não viu nenhum projeto de sua autoria aprovado.

Na eleição de 2006, Faria declarou à Justiça Eleitoral patrimônio de R$ 249.800. Além de um Toyota no valor de R$ 160 mil, tem cotas em três empresas. Uma delas é a Academia Athletica, dona do camarote mais concorrido do carnaval fora de época de Natal, o Carnatal. Foi para essa festa que Fábio Faria levou os atores da TV Globo Kayky Brito, Stephany Brito e Samara Felippo, em dezembro de 2007, com dinheiro da cota de passagens da Câmara. Na terça-feira passada, o deputado devolveu à Câmara R$ 21.343,60, mas disse que não reembolsaria os valores relativos às passagens emitidas em nome de Adriane Galisteu, porque a apresentadora, na época, era sua "companheira". Na quinta-feira, mudou de ideia e devolveu os R$ 2.405 gastos com as passagens da ex.

Faria aguarda agora a decisão do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e do corregedor, Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA), sobre seu futuro. Há dois caminhos: ou eles consideram satisfatória a justificativa do deputado e a devolução do dinheiro ou abrem processo por quebra de decoro parlamentar.

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