A senadora Marina Silva (PV-AC) afirmou neste domingo (30), em entrevista coletiva em São Paulo, que só no ano que vem discutirá com o PV uma candidatura à Presidência da República. Marina explicou que, desde que iniciou as negociações com a Executiva do PV, deixou claro que a candidatura seria um ponto secundário. Em primeiro lugar, disse ela, vem a revisão do programa do partido. "Fico honrada com o convite para ser candidata e pelo acolhimento popular, mas a minha decisão só será em 2010", afirmou.
Lendo os meus posts anteriores, encontrei este em que a Lucia Hippolito escrevera em seu blog no dia 17 deste mês.
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O Fator Marina Silva
Lucia Hippolito
Em política, dizia o dr. Ulysses Guimarães, só existem dois fatos importantes: o fato novo e o fato consumado.
O fato consumado era a inevitabilidade de uma disputa plebiscitária entre governo e oposição nas eleições de 2010.
Essa era a principal estratégia do presidente Lula para eleger Dilma Rousseff: transformar as eleições presidenciais num plebiscito sobre o seu governo.
Tamanha é a confiança de Lula no próprio taco, que abraçou o projeto: gostou do meu governo? Eleja Dilma.
Não gostou? Eleja Serra (ou Aécio).
E o presidente não tinha a menor dúvida do resultado. A tal ponto que declarou mais de uma vez que seu desejo era liquidar a fatura no primeiro turno.
Pois Lula vai precisar rever seus planos. O fato novo apareceu. E atende pelo nome de Marina Silva.
Convidada a se transferir para o PV e se candidatar à presidência, a doce senadora pelo Acre balançou.
Ainda não se decidiu, mas a notícia foi suficiente para embaralhar inteiramente o jogo para 2010.
Começa que Marina não é a típica oposição a Lula. Bem ao contrário, é sua companheira de militância no PT há muito mais tempo que Dilma Rousseff.
Ministra de Lula durante o primeiro mandato, símbolo mundial da luta em defesa da Amazônia, perdeu a parada para Dilma Rousseff, mas não se tornou uma dissidente raivosa como Heloísa Helena.
Tem mantido posições firmes no Senado, opõe-se à aliança espúria com o pior do PMDB, assinou a carta pelo afastamento de José Sarney.
Está fazendo tudo certo.
Em segundo lugar, Marina tira de Dilma a “candidatura de gênero”. Os marqueteiros terão que mudar a tese de que “o Brasil está maduro para ter uma mulher na presidência”.
Terceiro, uma eventual candidatura Marina Silva traz oxigênio a uma campanha que já estava marcada pela mesmice. Agrega qualidade ao debate. Espanta as teias de aranha.
Serra e Dilma não têm muitas diferenças. Autoritários, carentes de carisma, sabichões, ambos são partidários de uma forte presença do Estado, ambos são críticos da política monetária praticada pelo Banco Central.
O que Serra e Dilma pensam sobre energias alternativas, desenvolvimento sustentável, aquecimento global, economia verde?
Ninguém sabe.
A simples possibilidade de ter Marina Silva na disputa já perturbou articulações para a montagem de palanques estaduais, tornou obsoletas as estratégias urdidas tanto no Planalto quanto nas oposições.
Ciro Gomes já não quer mais concorrer em São Paulo para manter o caráter plebiscitário da eleição presidencial. Já pensa em concorrer à presidência.
Dilma Rousseff faz declarações públicas de apreço a Marina Silva – apreço, diga-se de passagem, que Dilma desprezou quando derrotava seguidas vezes Marina Silva no governo.
Em suma, o Planalto acusou o golpe.
Os próximos passos serão emocionantes.
Uma coisa é certa. O fator Marina Silva injetou oxigênio numa campanha que se anunciava chatíssima e está trazendo de volta o entusiasmo dos jovens pela política.
A coisa promete.
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