quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Que dia!


Lucia Hippolito

E eu que pensava que a data mais triste da história do PT tinha sido o dia 11 de agosto de 2005!

Para os que não se lembram mais, naquele dia o marqueteiro do presidente Lula, Duda Mendonça, declarou, simplesmente e com todas as letras, que o PT pagou parte da campanha eleitoral do presidente Lula, do senador Aloísio Mercadante, da candidata a governadora Benedita da Silva e do candidato a governador José Genoíno com dinheiro de caixa dois.

De contas no exterior para uma conta de Duda Mendonça, também no exterior.

Ao final do depoimento, deputados petistas choraram no plenário da Câmara, a senadora Ideli Salvati passou mal, o senador Aloísio Mercadante fazia ares patéticos, senadores e deputados petistas na CPI dos Correios ficaram completamente atarantados diante da bomba que Duda Mendonça jogou no PT e no governo do presidente Lula.

De lá para cá, nunca mais o partido foi o mesmo.

Um grupo, liderado pela então senadora Heloísa Helena, saiu do PT para fundar o PSOL. Militantes e eleitores, desencantados, procuraram outras paragens.

O PT não desapareceu, apenas mudou de personalidade. Perdeu quase todo o seu patrimônio ético, dilapidou seu capital. Tornou-se um partido inteiramente dependente da imensa popularidade do presidente Lula.

Tornou-se refém do PMDB.

Os antigos dirigentes do PT hoje são réus no Supremo Tribunal Federal, acusados de pertencer – e alguns, de liderar – uma “sofisticada organização criminosa”.

Quanto ao presidente Lula, descolou-se do partido e decolou em carreira solo. Criou o lulismo, tornou-se aliado do que há de mais execrável na política brasileira e segue em frente, feliz da vida.

Deixa no PT um rastro de destruição.

Pois hoje o Partido dos Trabalhadores viveu mais um dia daqueles!

Mais uma vez o PT abandonou às traças o melhor de si mesmo.

Enquadrado pelo presidente Lula, o partido foi o principal responsável pelo salvamento de José Sarney, assim como tinha sido o principal responsável pelo salvamento do mandato de Renan Calheiros.

E no mesmo dia, perdeu a senadora Marina Silva, representante maior do que restava do patrimônio ético do partido.

Perdeu também o senador Flavio Arns, do Paraná, descontente com os rumos tomados pelo PT.

Finalmente, perdeu totalmente a compostura.

Que dia! Nem a oposição mais assanhada se animou a comemorar. Pois não há nada a festejar. Não se festeja uma tragédia.

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