Com informações do Bom Dia Brasil, de hoje
O Brasil já foi um país do futuro, um país de jovens. Mudou. Está maduro, caminhando depressa para o envelhecimento e isso é boa notícia.
Hoje, 21 milhões de brasileiros são o que se convencionou chamar de idosos. Mas esses novos velhos deixaram de lado as convenções há muito tempo. É o que o Bom Dia vai mostrar, ao longo desta semana, em mais uma série especial: o Brasil com mais de 60. As mulheres têm um papel importante nessa transformação.
Tainá é uma brasileira recém-nascida. Saudável, forte, veio ao mundo com pouco mais de três quilos. “Meu grande sonho é que ela seja alguém na vida, estude”, diz a mãe de Tainá, Lessandra Alves.
Tainá é parte de uma transformação. No Brasil de hoje, as pessoas vivem mais. Na última década, a população cresceu 21%. Mas o número de pessoas com mais de 60 anos cresceu o dobro. O grupo com mais de 80 anos subiu ainda mais. Nos últimos 40 anos, a cada nova pesquisa, o Brasil aparece com uma nova cara.
De volta aos anos 1960, um outro país. Éramos 66 milhões de brasileiros. Quem nasceu nesta década, diziam as estatísticas, viveria no máximo até os 54,6 anos. Bebês como Tainá vão chegar aos 72 anos, pelo menos. Para os meninos, a expectativa cai 7,5 anos, principalmente por causa de mortes violentas - no trânsito ou no crime.
“O Brasil está deixando de ser um país de jovens e a população está envelhecendo. Isso se deve, em primeiro lugar, porque a partir dos anos 70 as mulheres estão tendo menos e menos filhos”, explica a pesquisadora do IPEA Ana Amélia Camarano.
Mudou a cabeça da mulher, mudaram as estatísticas.
“As mulheres passaram a se casar mais tarde, ou a estabelecer uma relação estável mais tarde, por volta dos 28 anos. Querem investir na sua carreira. Querem primeiro ganhar uma estabilidade para depois pensarem na maternidade”, destaca a psiquiatra Carmita Abdo.
Quem tem filhos, tem poucos. A taxa de natalidade caiu de 6,3 filhos por mulher em 1960 para menos de dois filhos. Em números de 2008, 1,89 filho por mulher. Tão importante quando o menor número de nascimentos foi a queda na mortalidade infantil. De 124 por mil crianças nascidas, para 23,5 por mil, em 2008.
O saneamento básico ainda precisa ser ampliado, mas já fez a diferença. As condições de moradia também. Por último, os avanços na saúde, que começam com a vacinação em massa das crianças e os novos tratamentos.
“Quando nós comparamos o ar, a água, a comida do início do século para agora, obviamente, as condições são muito melhores. As novas doenças hoje em dia são atacadas com maior rapidez, o que permite esse alongamento do tempo de vida”, compara o diretor-geral da UnaTI/UERJ Renato Veras.
Essa soma de fatores leva ao que se costuma chamar de envelhecimento. É uma boa notícia. Até porque a vida mudou, os tempos mudaram. Agora é o tempo dos novos velhos.
“Eu digo que a gente não está envelhecendo. Nós estamos rejuvenescendo. A população está envelhecendo, a sociedade, mas as pessoas estão rejuvenescendo. Você chega aos 60 anos, hoje se convencionou que é idoso, mas em plena condição de saúde, com condições cognitivas. Você pode ainda ter um tempo produtivo pela frente”, explica a pesquisadora do IPEA Ana Amélia Camarano.
“Faço consultoria na área de relações públicas, faço seminários, estou sempre em atividade”, enumera um senhor.
“Se parar, enferruja. É igual a um carro. Você coloca na garagem, no dia que vai tirar está sem bateria”, compara um homem.
O problema do Brasil é que muita gente se aposentou cedo. O afastamento precoce de tantas pessoas vai pesar por muito tempo nas contas públicas. Daqui para frente, haverá menos trabalhadores para pagar a Previdência e cada vez mais gente recebendo.
Basta olhar para a nossa pirâmide etária. A previsão é de que a população pare de crescer em 2030 ou antes. Em 2050, 20% da população brasileira vão estar acima de 60 anos.
Segundo o IBGE, a proporção pode ser ainda maior. Em quatro décadas, os idosos representariam 29% da população. Menos jovens, mais velhos e um sistema de Previdência em colapso.
“A cada ano que passa são mais de 650 mil idosos que entram na nossa pirâmide populacional”, alerta o diretor-geral da UnaTI/UERJ Renato Veras.
O Brasil com mais de 60 anos tem tantos novos desafios, que a nossa equipe saiu aqui da redação e foi às ruas, em diversas partes do país.
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