Stephen Kanitz
Nos 8 anos de FHC, efetivamente tivemos:
1. Saneamento dos Bancos, Proer.
2. Lei da Responsabilidade Fiscal.
3. Banco Central informalmente independente.
4. Criação do Bolsa Escola.
( O Plano Real foi do governo Itamar, propriamente dito.)
Isto, do lado positivo.
Do lado negativo:
1. Câmbio fixo e âncora cambial, que geraria a crise de 1998.
2. Reservas Internacionais zero, que piorou a crise de 1998.
3. Dívidas internas com juros em aberto, e indeterminados, que agravaria a crise de 1998.
4. Dívidas internas em dólar, e elevadíssimas.
5. Destruição dos sistemas de controle gerencial das empresas proibidas, a partir de 1995, de publicarem seus verdadeiros resultados financeiros. Instituiu-se o fim da correção dos balanços das empresas, um absurdo gerencial, mas como seu principal efeito é mostrar um lucro maior do que o verdadeiro, administradores, gerentes, analistas de ações, ficaram quietos.
6. Elevação da taxa de tributação do lucro das empresas em quase 100%, ao taxar a partir de 1995 o lucro nominal e não mais o lucro real das empresas. Consequência do ítem acima.
7. Elevação da taxa de tributação dos juros da dívida pública em quase 100%, ao taxar a partir de 1995 os juros nominais e não mais o juro real. Por isto, a carga tributária aumentou e o crescimento das empresas ficou aquém do potencial esperado.
Ao atual governo ficará atribuído:
1. O fim do conceito de que o Social é atribuição da Primeira Dama, e sim do Governo, e que a parte econômico-administrativa deve ser delegada a profissionais do ramo.
2. Reservas Financeiras como Política Administrativa de segurança contra crises.
3. Juros da Dívida Interna pré-determinados no momento da assinatura do contrato.
4. Dívida Interna denominada em Real e não mais em Dólar.
5. Conquista do Investment Grade.
6. Juros de um Dígito, 12 anos depois do Plano Real ter fracassado neste intento, e que nenhum Governo arriscará tornar 2 dígitos novamente.
7. Consolidação de Empresas criando Empresas de Classe Mundial e administradas por administradores profissionais e não por filhos de empresários e acionistas controladores.
8. Expansão do Bolsa Escola e Família.
Apesar de tudo disto, economistas como Eduardo Gianetti, um dos professores mais conceituados do IBMEC, ao ser entrevistado pelo jornal de negócios mais conceituado do Brasil diz textualmente:
"Valor: Não houve melhoras nos últimos anos?
Giannetti: Por mais que eu me esforce, eu não vejo". Valor, 30 de Novembro de 2009.
Isto de um professor de uma escola de Administração!
Escrevi estes 7 artigos devido a comentários como este, minimizando conquistas que nós administradores lutamos tantos anos para se tornar realidade.
Não estou aqui defendendo o PT nem o Governo Lula, estou defendendo o que sempre defendi e que o PSDB teve inúmeras chances de implantar, e recusou. Ao contrário do que muitos pensam não sou petista de carteirinha, sou somente intelectualmente honesto, e prezo minha integridade intelectual.
Posso não gostar do mensalão e de muita coisa deste governo, mas posso garantir que não foram os administradores socialmente responsáveis que colaboram com o PT que o criaram.
Minha luta sempre foi a de termos um país bem administrado, não por professores que nada vêem, mas por administradores previamente treinados e testados na prática para administrar nosso país, como foi o caso de Henrique Meirelles, que era do PSDB, diga-se de passagem, e agora é o primeiro administrador a comandar o Banco Central do Brasil, e o mais longevo.
Algumas destas 8 medidas não poderiam ter sido possíveis se não existisse o Governo FHC, sem dúvida, como o Investment Grade e o Juro de um Dígito.Todo governo utiliza as conquistas do anterior.
Da mesma forma que nenhum governo mudará a Lei de Responsabilidade Fiscal, nenhum candidato arriscará mudar estes 8 itens do governo atual.
Ou assim espero, mas para isto acontecer, mais jornalistas e intelectuais precisam entender o que foi feito. Esta ladainha de que Meirelles simplesmente manteve as politicas neoliberais do governo FHC, dito inclusive por alas do PT, é o verdadeiro perigo que corremos.
Muitos poderão querer mudá-las. Daí a minha preocupação.
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