Lucia Hippolito
No Triângulo das Bermudas da política brasileira (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, os três maiores colégios eleitorais do país), os palanques das eleições de 2010 começam a se armar.
Ainda há decisões a tomar, mas os principais candidatos já se apresentaram.
Em São Paulo, a equação passa pela definição do governador José Serra. A cada dia fica mais claro que Serra é candidatíssimo à presidência. Apenas ainda não anunciou aquilo que todo mundo já sabe.
Nesse caso, ninguém tira o lugar de candidato tucano de Geraldo Alckmin, que lidera as pesquisas de intenção de voto. Assim que serristas e alckimistas pararem de brigar e começarem a se entender, a candidatura está sacramentada.
Serra não pode se dar ao luxo de sair candidato deixando uma entre seus correligionários prosperar.
No PT, sem um nome forte, parece que a candidatura se encaminha novamente para o senador Aloísio Mercadante.
Esperemos que os “aloprados” das eleições de 2006 não façam parte dos militantes da campanha do nobre senador.
No Rio, o governador Sergio Cabral é candidato à reeleição. Não deve enfrentar adversários perigosos, nem mesmo o ex-correligionário Anthony Garotinho que, entrincheirado no Norte fluminense (sua mulher, a ex-governadora Rosinha é prefeita de Campos), tenta voltar ao governo do estado.
A oposição, por sua vez, tenta fechar uma aliança entre tucanos e verdes, com o deputado Fernando Gabeira liderando a chapa.
Dessa forma, haveria palanques para Serra e para Marina Silva.
O PT, depois de ensaiar o lançamento da candidatura do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, vai mesmo apoiar Cabral.
Lindberg será candidato ao Senado, na chapa de Cabral. O problema é a ex-ministra Benedita Silva, atualmente secretária no governo Cabral, que deseja voltar ao Senado.
O problema é que a segunda vaga na chapa de Cabral será disputada pelo atual presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani.
Nada de muito grave. Nada que uma boa conversa e a promessa de manter Benedita no secretariado não resolvam.
O palanque mais complicado é o de Minas Gerais. Tem tanta gente, que periga não aguentar o peso.
Na chapa tucana, o candidato é o vice-governador Antonio Anastasia, que nunca disputou uma eleição.
O governador Aécio Neves, candidato ao Senado, parece querer testar até o limite sua imensa popularidade e sua capacidade de fazer malabarismos e eleger candidatos virgens de eleições.
Se deu certo elegendo Márcio Lacerda para prefeito, por que não daria certo para eleger Anastasia?
Os próximos meses nos dirão se o governador está ou não abusando da sorte.
A segunda vaga na chapa de Anastasia será oferecida ao ex-presidente Itamar Franco, outro peso-pesado.
Tudo certo? Nem um pouco.
O vice-presidente José Alencar já declarou que é candidato a senador. Se for, não tem prá ninguém. A vaga é dele.
Se a outra for de Aécio, vai sobrar candidato ao Senado.
Mas os problemas ainda não acabaram. No PMDB, o ministro Hélio Costa afirma que será candidato ao governo – e lidera as pesquisas de intenção de voto.
Numa aliança com o PT, Hélio sairia para governador, e os ex-prefeitos Patrus Ananias e Fernando Pimentel concorreriam ao Senado.
Tudo certo? Nem um pouco.
Patrus e Pimentel disputam ferozmente a indicação do PT, mas para governador.
E querem empurrar Hélio Costa para ser vice na chapa de Dilma Rousseff. O senador é nome forte em Minas e traria para Dilma parte do eleitorado do segundo colégio eleitoral do país, neutralizando um pouco a influência da imensa popularidade de Aécio Neves.
(Alguém precisa avisar o deputado Michel Temer, que já encomendando o terno de vice).
Como se vê, o palanque mineiro tem gente demais. Periga desabar.
O fato é que já está chegando a hora de se organizarem definitivamente os palanques estaduais.
2010 já começou.
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