A extinção da CPMF é uma chance que o governo tem de reorganizar os gastos e "cortar gorduras", de acordo com economistas que participaram nesta quinta-feira (13) do seminário Barreiras Econômicas ao Crescimento, promovido pela Vale do Rio Doce, no Rio de Janeiro.
Segundo o economista José Scheinkman, professor da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, a extinção da CPMF poderá fazer com que o país busque uma racionalização dos impostos. Segundo ele, o governo, em todos os níveis, gasta muito e mal.
"A qualidade dos serviços prestados mostra isso. Por isso acredito que o país tem gordura para cortar. E seria melhor que esse corte fosse em despesa corrente", disse o economista.
O economista Aloísio Araújo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), concorda que o fim do tributo terá um efeito disciplinador para o governo.
"O Brasil já tem uma sobra de arrecadação de recursos prevista. Agora, vai ter de fazer um esforço para gastar bem", disse Araújo.
Ele lembrou que o Brasil vive uma carência social muito grande e de infra-estrutura também.
Ou seja, vai ser preciso ter responsabilidade com os gastos, segundo ele.
"É verdade que a quantidade de recursos é grande, mas vai disciplinar o governo", disse o economista.
José Scheinkman acredita que a perda de arrecadação será inferior aos cerca de R$ 40 bilhões calculados pelo governo.
O economista lembra que se a política de congelamento de despesas correntes do governo, elaborada pelo ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci tivesse sido levada adiante, o quadro hoje seria melhor.
O economista da Universidade de Princeton diz que nas próximas semanas, o governo deverá apresentar uma alternativa para a perda a CPMF.
Segundo ele, existem quatro alternativas: aumentar impostos, cortar despesas correntes, cortar investimentos ou alterar o superávit primário.
"A CPMF tem um lado muito ruim, porque é um imposto que causa muitas distorções. Mas tem um lado bom porque é um impostos razoavelmente bem coletado, ao contrário de outros impostos do país.
Mas é bom que se veja que em nenhum país desenvolvido do mundo tem CPMF", afirmou Scheinkman.
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Um comentário:
Pelo menos agora, será a própria população que decidirá, como e onde, aplicar esses "40 bilhões".
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