Comentário do Alexandre Garcia, sobre o clima quente da CPI dos Cartões Corporativos.
O governo tem maioria tranqüila nessa CPI dos Cartões Corporativos. Será que a “gota de veneno”, como disse o senador Tião Viana (PT-AC), vai mesmo fazer algum estrago? O senador tem percepção e percebeu o estrago.
Há dois anos, o presidente Lula chamou de “aloprados” assessores do diretório nacional do PT que foram flagrados com a mala cheia de dinheiro – que ainda não foi reclamado – para comprar um dossiê sobre José Serra. Agora parece haver um novo aloprado, que vazou informações dos cartões do presidente Fernando Henrique e da primeira dama, dona Ruth.
Como nem a oposição nem o próprio ex-presidente teriam acesso a essas contas, admite-se que o aloprado deva estar no governo. Um aloprado sem luzes, um primário em estratégia. Fez o vazamento no momento mais errado possível, justo quando a oposição se enfraqueceria, pois o PSDB ameaçava se retirar da CPI dos Cartões.
O aloprado deu à oposição a prova de que ela precisava: de que a divulgação dos gastos de um presidente não afeta a segurança nacional. E se vazar os gastos do topo, de um presidente, não afetou a segurança nacional, muito menos afetaria a divulgação dos gastos dos demais escalões do Palácio do Planalto.
Percebendo passar o cavalo com sela e arreios, Fernando Henrique montou: mandou anunciar que ele e Dona Ruth abrem todas as contas de seus cartões no seu período presidencial, deixando no ar o desafio para que o atual governo faça o mesmo. Tudo estrago do neo-aloprado.
Hoje vão para o voto se a CPI abre ou não a caixa-preta dos cartões da presidência. O governo tem maioria, mas na argumentação fica a gaguejar. A oposição fica a sorrir. Os tucanos, que pensavam em sair, ganharam alento. E a CPI esquentou.
O presidente Lula deve estar furioso com o primarismo de quem quer ajudar mas deixa gotas de veneno, com mensalões, dossiê comprado ou vazamentos de conta de caseiro ou de ex-presidente.
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