"A nota do Brasil ainda pode subir muito"
Em entrevista a ÉPOCA, a diretora da Standart & Poor's revela no que o país deve melhorar para subir ainda mais na avaliação das agências de risco
Andréa Leal
O BBB- que o Brasil recebeu da Standard & Poor's na semana passada é apenas a nota de corte para considerar os países que têm credibilidade internacional - o chamado grau de investimento. A diretora da agência, Lisa M. Schineller, diz em entrevista a ÉPOCA o que motivou a agência a conferi-lo ao Brasil e no que o país precisa melhorar para subir ainda mais no ranking.
ÉPOCA - A economia global passa por um momento de desaceleração. No Brasil, os gastos públicos estão aumentando e o déficit nas contas externas também. Por que dar ao Brasil, justamente agora, o investment grade?
Lisa Schineller - É um reflexo dos dez anos de esforço do Brasil para construir uma política econômica forte. Apesar do desaquecimento na economia global, o Brasil vem crescendo e recebendo cada vez mais investimentos externos, reconhecendo o bom desempenho da sua economia.
ÉPOCA - Antes das eleições de 2002, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva era visto por investidores externos como uma ameaça à economia e como um governante que poderia dar o calote nas dívidas do país. A elevação da nota do Brasil no ranking da Standard & Poor’s é uma demonstração de que os investidores confiam no governo brasileiro e na forma como ele vem conduzindo a política econômica?
Lisa - Sim. Isso significa que confiamos na maneira como o governo conduz a política econômica e no esforço que vem sendo feito há dez anos por esse e governos passados para melhorar a economia do país.
ÉPOCA - O que o Brasil deve fazer para melhorar ainda mais a sua nota no ranking?
Lisa - De fato, BBB- é apenas o primeiro patamar de investment grade no ranking. Há o A+, AAA. O Brasil precisa diminuir a relação dívida/PIB. Ele tem um PIB bastante alto. Maior do que muitos países que têm classificação melhor do que a do Brasil no ranking. Isso acontece porque o Brasil precisa diminuir a sua dívida: ela ainda é muito grande. Precisa aprovar reformas no Congresso, fazer reforma tributária, cortar os gastos públicos.
ÉPOCA - Recentemente, as agências deram boas notas a bancos que depois sofreram com a crise do crédito de alto risco no mercado americano. Elas ainda merecem credibilidade?
Lisa - Estamos fazendo uma série de mudanças para melhorar os critérios de avaliação. Vamos torná-los mais precisos e mais transparentes.
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