A Fitch Ratings concedeu nesta quinta-feira o grau de investimento ao Brasil. Foi a segunda grande agência de classificação a elevar a nota do país, que passou de 'BB+' para 'BBB-', com perspectiva estável. A primeira agência a elevar a classificação de risco do Brasil para grau de investimento foi a Standard & Poor's (S&P), em 30 de abril. Na quarta-feira, a agência de classificação de risco canadense DBRS também havia elevado a nota do Brasil . Já a Austin Rating diz que a nota do Brasil será elevada na semana que vem de BB, atribuída em 2006, para BB+ . Segundo Alex Agostino, economista-chefe da classificadora de riscos, esse patamar, todavia, ainda estará um degrau abaixo do grau de investimento, pela régua da Austin.
Entretanto, o diretor-executivo da agência no país, Rafael Guedes, disse hoje, em entrevista à Globo News , que o Brasil ainda tem muito o que melhorar para chegar a patamares superiores.
- Nós simplesmente mudamos de um apartamento de um cortiço e chegamos em um edifício, mas nós estamos no menor apartamento e no primeiro andar. Ainda tem muito que nós podemos melhorar - afirmou Guedes.
O ex-ministro Antônio Delfim Netto não concorda com a tese de alguns economistas de que, com o grau de investimento, o país fica mais confortável para conviver com déficit na conta corrente. Delfim também ironizou o anúncio feito pela Fitch, afirmando ser "um ato de arrependimento porque (a agência) chegou atrasada", uma referência ao fato de a Standard & Poor's ter promovido o Brasil antes.
De acordo com relatório da Fitch, a decisão de conceder o grau de investimento ao Brasil reflete a melhora dramática nas condições das suas contas externas e da economia doméstica. Isso teria reduzido bastante a vulnerabilidade do país e trazido estabilidade macroeconômica, além de perspectivas de crescimento a médio prazo.
- A melhora significativa nas contas externas, em parte devido à alta dos preços das commodities, mas também devido a uma boa política administrativa, assim como status de credor externo, tornou o Brasil muito mais resistente a crises financeiras globais. Com isso, o país conquistou credibilidade para sua estrutura de política macroeconômica - afirmou o diretor da Fitch, Shelly Shetty, em nota.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, comemorou a decisão de agência de classificação de risco Fitch de conceder ao Brasil o grau de investimento, dizendo que foi um reconhecimento da solidez fiscal do país . Ele lembrou que o anúncio da Fitch foi feito um dia depois de divulgados os dados sobre as contas públicas do primeiro quadrimestre, quando foi registrado um superávit nominal e houve redução da dívida pública.
Já o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que a elevação da classificação de risco do Brasil para grau de investimento feita pela Fitch vai beneficiar "as empresas e famílias brasileiras" . Meirelles comemorou essa mudança, afirmando que ela trará ao país mais investimentos internacionais e de melhor qualidade.
No momento do anúncio da nota da Fitch, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) que operava em queda teve alta de 0,98% a 73.866 pontos. Entretanto, o mercado voltou a cair poucos minutos depois. Por volta das 16h10, o Ibovespa, seu principal índice, recuava 1,40% a 72.127 pontos. De acordo com alguns analistas, o mercado já havia precificado a concessão do grau de investimento quando a S&P fez o anúncio em abril.
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