Enviado por Lucia Hippolito
Região Sul: sem novidades no front
O Rio Grande do Sul tem várias peculiaridades em matéria política.
Dinâmica política quase bipartidária, não importa o nome dos partidos envolvidos. Maragatos contra picapaus, maragatos contra ximangos, PTB contra PSD-UDN, PMDB contra PDT, PT contra PMDB.
Forças minoritárias, como o PL (na República de 46), o PSDB e o PPS (na República de 88) conseguem algum espaço, mas nunca ameaçam as forças hegemônicas.
Mas o Rio Grande do Sul tem outra peculiaridade: os governadores jamais conseguiram fazer o sucessor. E depois de 1997 ainda não conseguiram ser reeleitos.
Na capital, prefeitos até fazem os sucessores, como no período em que o PT dominou a cidade, entre 1988 e 2005. Mas nenhum prefeito ainda conseguiu ser reeleito.
Desconfio seriamente de que, depois de 25 anos de governo de Borges de Medeiros (1898-1908 e 1913-1928), os gaúchos ficaram com trauma de continuísmo.
Nestas eleições de 2008, o atual prefeito José Fogaça tenta romper a tradição e se reeleger.
Fogaça lidera as pesquisas de intenção de voto na capital, numa situação inimaginável no Rio Grande de poucos anos atrás. Enfrenta, ao mesmo tempo, três adversárias mulheres: Maria do Rosário (PT), Manuela D’Ávila (PCdoB) e Luciana Genro (Psol).
Não é fácil. Um comentário mal feito, uma observação que possa ser tomada como machista, e as coisas podem se complicar para o lado do prefeito.
Segundo a pesquisa Datafolha divulgada domingo, Fogaça e suas principais competidoras oscilaram dentro da margem de erro. Apenas a tendência é diferente. O prefeito subiu de 29 para 31%, tendência também seguida por Manuela D’Ávila, que foi de 18 para 19%.
Já Maria do Rosário estacionou em 20%, enquanto Luciana Genro caiu de 8% para 6%.
Embora tenha tido melhorias na avaliação do seu governo (30% em julho e 34% agora), Fogaça ainda não tem uma situação confortável, porque as simulações de segundo turno mostram empate técnico entre ele e Maria do Rosário (44 a 42% para a petista) e entre ele e Manoela D’Ávila (44 a 44%).
Para romper a tradição e conseguir reeleger o prefeito, a campanha de José Fogaça precisa empenhar-se mais.
Já em Florianópolis, pesquisa do Ibope no início de agosto atestou a liderança do ex-governador Esperidião Amin (PP), com 29% das intenções de voto, sete pontos à frente de seu principal adversário, o atual prefeito Dário Berger (PMDB), que tenta a reeleição. O terceiro colocado é Cezar Souza Junior (DEM), com 14%.
Nas simulações de segundo turno, Amin vence os concorrentes.
PP, PMDB e DEM, sejam que nome tenham, são as forças políticas hegemônicas em Santa Catarina, desde que o mundo é mundo. Konders, Bornhausens, Ramos e Amins criaram dinastias políticas espalhadas por vários partidos.
Espiridião Amin divide hoje com a mulher, Angela, o controle de uma parte da política catarinense.
Para o PMDB, a vida não anda sorrindo muito em Santa Catarina. Enquanto o governador Luiz Henrique pode ter seu mandato cassado pelo TSE nos próximos meses (espera-se que a Justiça Eleitoral decida antes de 2010), o prefeito Dário Berger acaba de ser condenado pelo TCU, por unanimidade, por má gestão administrativa, e vai ser obrigado a devolver cerca de R$ 500 mil aos cofres públicos.
Na Região Sul, confortável mesmo só a situação do prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB). Os números da última pesquisa Datafolha são incontestáveis.
Prefeito mais bem avaliado do Brasil, com 81% de aprovação, Beto Richa lidera as pesquisas e pode ser reeleito já no primeiro turno. Tem 71% de intenções de voto, enquanto a segunda colocada, Gleisi Hoffmann (PT), mulher do ministro do Planejamento Paulo Bernardo, subiu de 12 para 15%.
Até mesmo os índices de rejeição trabalham a favor do prefeito. Enquanto ele tem só 7% de rejeição, sua principal competidora tem 20%.
Finalmente, o candidato do governador Roberto Requião, Carlos Moreira, do PMDB, tem 1% das intenções de voto e 18% de rejeição.
Amanhã vamos investigar algumas capitais do Nordeste.
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