Míriam Leitão
O Plano Real completa 15 anos de existência hoje, com muito a comemorar. Apesar dos altos e baixos, dos períodos de inflação maior, este fez com que saíssemos de um ambiente para outro totalmente diferente. Não conseguiu resolver todos os problemas da economia, como nenhum plano consegue sozinho, mas foi capaz de controlar a hiperinflação, um tormento que o país enfrentava há décadas.
Antes do Real, cada plano foi uma grande esperança. Foram vários que fracassaram, o mais famoso deles, o Cruzado. Hoje, grande parte da população não sabe o que é isso, já que 100 milhões de brasileiros tem menos de 30 anos. Só viram esse filme na infância.
A época da hiperinflação era um tumulto, um tormento na vida das pessoas. Quem tinha muito dinheiro, ganhava com suas aplicações. Quem tinha pouco dinheiro não conseguia nem ir ao banco, ter conta bancária. Quanto menos você tinha para investir, menor era a remuneração. O dia-a-dia da Casa da Moeda era um tumulto, sempre substituindo notas que perdiam o valor, trabalhando em três turnos. As pessoas tinham que comprar as coisas na hora, com medo do preço aumentar no dia seguinte. E que empresa poderia fazer planos para o futuro, planejar abrir um negócio daqui a seis meses? Em compensação, tinha muita gente que ganhava. Até o governo ganhava, cortando o prazo de pagamento de impostos, mas alongando o que ele pagava seus compromissos.
O Plano Real foi testado várias vezes e conquistou o mérito de criar uma engenharia monetária que livrou o Brasil daquele passado da hiperinflação. Foi adotado até pelo governo seguinte, do PT. Mas qual será o segredo dele? O plano funcionou porque os brasileiros queriam uma organização melhor da economia. Se Lula tivesse demonstrado durante a campanha que podia trazer de volta aquela inflação, por exemplo, certamente não teria sido eleito. O Plano Real funcionou em parte devido à engenharia monetária que criou, mas em grande parte também pelo desejo das pessoas de ter uma moeda confiável.
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