Cristiana Lôbo
Diante da crescente pressão de partidos para que se licencie do cargo de presidente do Senado, José Sarney mandou um recado por meio de seu partido, o PMDB: se tiver de pedir licença, prefere a renúncia ao cargo. Assim, o Senado teria de escolher um novo presidente no prazo de 45 dias, período em que estaria sob o comando de um senador de oposição, o senador Marcone Perillo (PSDB-GO).
Está claro para as principais lideranças do Congresso que Sarney segue perdendo condições de continuar na presidência do Senado. A partir desta constatação, está sendo buscada uma solução: licença, renúncia ou mesmo a criação de uma comissão de senadores - idéia proposta pelo PSDB e pelo PT, separadamente - para propor mudanças na estrutura administrativa do Senado, sem que Sarney tenha de formalizar uma saída.
O líder do PMDB, Renan Calheiros, tem dito a seus interlocutores que Sarney já saiu pela porta dos fundos quando deixou o Palácio do Planalto para a chegada de Fernando Collor, mas agora não faria o mesmo.
No fim de um dia em que quatro partidos pediram sua licença, Sarney recebeu a visita da ministra Dilma Roussef em sua residência, na Península dos Ministros, com uma mensagem do presidente Lula. O presidente quer que Sarney espere sua volta antes de anunciar qualquer decisão.
A tarde desta quarta-feira era esperada com ansiedade porque Sarney havia anunciado presença no comando da sessão Deliberativa, a partir das 16 horas, momento em que os líderes se pronunciam e poderiam até discursar em favor de sua saída. Porém, com a morte do deputado José Aristodemo Pinotti, deverá ser apresentado pelo PMDB pedido de suspensão da sessão em homenagem a Pinotti. Assim, Sarney evitaria a sessão em que os colegas poderiam voltar a carga por seu afastamento.
O fato é que no Senado todos aguardam para esta semana o desfecho do caso José Sarney: seja com licença, renúncia ou criação de uma comissão de senadores para comandar as mudanças na Casa. Está claro que ele não terá condições de comandar o processo.
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